Os Vingadores: Blackout escrita por Tenebris


Capítulo 2
Tensão


Notas iniciais do capítulo

Oi genteeee :-)
Nesse capítulo já começa uma introdução da vida de Anne Stein... Espero que vocês gostem. Nesse capítulo, ela ganha os seus poderes hehehe o/



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Capítulo 2: Tensão


Anne Stein chegou ao escritório pela manhã.

Em se tratando de começo de fevereiro, a manhã de Nova York estava cinzenta e gélida. Ela tirou a neve dos cabelos longos e lisos e suspirou. Estava cansada demais, mas as coisas precisavam continuar.

Anne tinha 23 anos e trabalhava de engenheira elétrica no escritório de seus irmãos: Alexander Stein e Andrew Stein. Nesse mesmo dia, Alexander tinha ido ao depósito de construção comprar fiação para realizarem seus serviços, de modo que ela ficou sozinha no escritório. Andrew tinha ido para a faculdade, onde ainda cursava Engenharia Elétrica.

Anne mexia em seu computador, absorta no trabalho, quando aconteceu.

A luz piscou algumas vezes, alternando entre escuro e meia fase. Depois, com algumas faíscas reluzindo, a energia acabara.

– Droga. – Murmurou Anne, furiosa, diante do monitor escuro. – Justo hoje que eu tinha bastante serviço! Deve ser essa porcaria de fiação nova...

Anne dirigiu-se pesadamente até o painel da parede, no qual havia vários interruptores e fios. Lá, toda a energia do escritório e do prédio poderia ser controlada. Ela observou que daquela caixa na parede saiam vários fios coloridos, cuja significação ela compreendia muito bem. Era extremamente inteligente e dedicada ao trabalho.

– Epa... O que é isso? – Ela se perguntou.

Um dos fios que saiam do painel estava desencapado e totalmente fora do lugar. Anne, temerosa, pegou-se pensando no que teria causado aquilo. Talvez, por causa do fio fora do lugar, a energia do escritório tivesse acabado. Ela pegou-o nas mãos.

Era um fio simples de cobre encapado em plástico preto. Ela conectou o fio no local onde julgou mais preciso e observou o painel com as chaves elétricas.

Nada aconteceu.

– Como sou idiota! Ligar... É óbvio. – Ela falou, dando um tapa na testa.

Com o fio conectado, bastava agora apenas apertar o botão ligar. Simples.

Mas isso não tirava o teor estranho da situação. A súbita energia desligada, o fio desencapado, o botão desligado. Mas Anne preferiu afastar essas circunstâncias da cabeça e fez o que tinha que ser feito.

Ela levou o dedo até o botão e o apertou, ligando a energia. Porém, imediatamente após ligá-lo, sentiu que mal conseguia se mover. Uma descarga elétrica percorrera seu corpo, fazendo-a tremer convulsionadamente. Algo dera errado.



Anne sentiu que um choque passou por ela. Uma descarga muito poderosa, já que sentiu apenas que caía no chão, sem possibilidade de reação e tremendo vertiginosamente. A corrente elétrica usara seu corpo como condutor. Não podia dizer que sentia dor, porque era como se seu corpo já não tivesse domínio de suas reações. Era como um terrível vazio. Não sentia nada, mas sabia que era a descarga elétrica que a impedia de se levantar ou parar de tremer.

Esperou por minutos sinais de queimaduras, parada cardíaca e até mesmo pela morte. Mas era como se estivesse aprisionada em seu próprio torpor, como se estivesse trancada numa sala escura, sabendo haver algo ruim acontecendo e sem capacidade de defesa. Não soube quanto tempo se passou, mas ficou deitada no chão por um bom tempo, apenas aguardando o inevitável. Ora, com um choque de tamanha tensão, tremendo violentamente, ela aceitou seu destino. Provavelmente, não sairia viva.



– Anne! Você está bem? – Perguntou Andrew.

Anne obrigou-se a raciocinar.

Quem a chamava era Andrew, seu irmão de 17 anos, que provavelmente estava voltando da faculdade. E, como uma boa irmã, Anne deveria acordar e certificá-lo de que ela estava bem. Mas será que ela estava mesmo? Porque, como Anne poderia estar morta, sendo que podia ouvir o chamado do irmão? Não seria tudo isso apenas uma ilusão da sua mente?

– Caramba, Anne. Acorda! – Gritou Andrew, preocupado.

Anne sentiu-se ligeiramente feliz: Não deveria estar morta, pois sentia que aos poucos recobrava sua consciência. Pôde até mesmo sentir os empurrões e tapas que recebia de Andrew.

Ela abriu os olhos pausadamente, ainda tonta. Percebeu que focalizava dois Andrews a sua frente, mas, se era capaz de abrir os olhos, aos poucos voltaria ao normal.

– Andrew... – Balbuciou Anne.

A julgar pela posição em que estava, deveria ter caído no chão e agora se encontrava no colo de um desesperado Andrew que a chacoalhava de todos os modos possíveis.

Bom, Andrew era o irmão mais novo de Anne. Tinha os cabelos loiros desconexos e em geral bagunçados demais. Os olhos eram verdes e muito expressivos, com uma rebeldia oculta e travessa. Com 17 anos, ele era magro, alto, e estava no primeiro ano de engenharia elétrica, ajudando os irmãos no escritório sempre que chegava da faculdade. Deveria ser nesse momento, chegando da escola, que encontrara Anne no chão.

– O que houve, Anne? – Indagou Andrew, puxando Anne de modo que ela ficasse apoiada nele e sentada no chão, ao mesmo tempo.

Anne inspirou com alguma dificuldade pelo fato de ter sido posta sentada tão depressa. Piscou várias vezes até que visse somente uma coisa de cada vez e reuniu forças para falar novamente:

– Eu levei um choque, Andrew... – Ela vacilou e Andrew amparou-a. – Eu mexi na caixa de fiação do escritório... Eu levei um choque, tenho certeza!

Anne tremia as mãos como se lembrasse das convulsões que sentiu quando foi usada de condutor elétrico. Mas, naquele momento, a tremedeira deveria ser só de nervoso. Andrew deu uma risada descrente, como se duvidasse da veracidade do que ela falava.

Anne interrompeu-se ao observar a expressão de escárnio no rosto do irmão.

– O que foi? – Perguntou ela.

– Isso é impossível, Anne. Naquela caixa passa a fiação do prédio todo. Se você tivesse mesmo tomado um choque lá, teria sido de uns 5000 Volts. Você não estaria mais... Aqui.

Anne encarou aquele rosto juvenil que tentava chamá-la à razão. Isso era verdade. Como ela poderia ter sobrevivido a um choque de tamanha intensidade? O pior disso tudo é que ela tinha absoluta certeza de que tomara o choque. Não o tinha inventado. Sentira a dormência e o torpor quando toda a corrente elétrica se apossou dela. Então, chegara a uma ínfima conclusão: Tinha, sim, tomado um choque. E, além disso, o choque poderia tê-la matado. Mas não matou. E, as respostas acerca disso, ela não sabia. Simplesmente, não tinha como saber. E era isso o que mais a atormentou quando se deu conta: Porque tinha sobrevivido? Não teria as respostas tão cedo.

E isso ardeu dentro dela como uma chama.

Engoliu em seco e falou para Andrew inutilmente:

– Andrew, eu tomei aquele choque. Tenho certeza.

Andrew revirou os olhos, como se conversasse com uma criança impaciente e particularmente teimosa:

– Não, Anne. Acho que você imaginou isso... Será que você não caiu? Tem um roxo na sua perna.

Anne o encarou furiosa por um instante, fazendo um beicinho. Mas, depois pousou o olhar em sua perna direita. De fato, havia um roxo. Nada muito grave. Provavelmente, ao tomar o choque, Anne caíra e esbarrara em alguma cadeira, machucando-se. Mesmo assim, decidiu que não insistiria em mais nada em relação a Andrew. Resolveu dar início ao que ele mesmo começara.

– Tem razão. – Comentou ela falsamente, fazendo caretas de dor. – Acho que tropecei em alguma cadeira, caí, e bati a cabeça no chão. Estou confundindo as coisas... Choque... Isso seria impossível.

Andrew balançava a cabeça afirmativamente, parecendo enfim satisfeito.

– Isso mesmo... Olhe só para aquela cadeira... Está revirada no chão. Acho que foi nela que você tropeçou. Agora, vamos levantar que eu faço um curativo na sua perna.

Anne sorriu. Mesmo teimoso, Andrew era um bom irmão. E, mesmo não acreditando na história do choque, mostrara-se prestativo. Ninguém além de Anne ficaria sabendo do ocorrido. Ela cogitou a possibilidade de ter mesmo sonhado, mas lembrava-se do vazio com perfeição demais. Nenhuma imaginação soaria tão real.

Anne levantou-se, hesitando ao passar ao lado da caixa de fiação que originara tudo. Ela parou por um momento, quase levando os dedos à caixa, mas Andrew a chamou.

– Anne, você está bem? – Chamou ele de outra sala.

Anne olhou a caixa na parede pela última vez, decidida a esquecer de tudo isso. Foi mancando até a sala onde Andrew estava e murmurou, confusa:

– Estou... Eu acho.


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Notas finais do capítulo

Reviews para fazer uma escritora mais feliz? :D



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