Os Vingadores: Blackout escrita por Tenebris


Capítulo 1
Liberdade




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Loki suspirou aliviado.

Sentiu que finalmente, após meses, conseguira reunir o pouco de poder que precisava para executar seu plano.

Bom, depois de uma tentativa vã de tentar dominar a Terra e ser impedido pelos Vingadores, Loki fora levado de volta até Asgard, julgado pela justiça local, e condenado a reclusão por tempo indeterminado. Agora, jazia naquela cela fazia cerca de três meses. A prisão asgardiana se localizava a alguns quilômetros do Palácio e Loki só podia se contentar em imaginar o dia em que poderia dominar aquelas terras. Na cela dele não havia janelas e as grades eram feitas de pura magia, como metal sempre fundente, de modo que mal podia se aproximar das barras que o prendiam.

Era de fato uma prisão de segurança máxima. Mas Loki não desistiria. Ao contrário, ela planejava a cada segundo mil maneiras diferentes de infligir dor a quem roubara sua liberdade. Porém, a maioria dos planos dele eram inconcebíveis devido ao estado em que ele se encontrava: com pouco poder e sem seu cetro. Só começou a planejar coisas concretas depois do primeiro mês recluso. Assim, passou horas e dias concentrando-se em tentar reativar seu poder mágico.

Nesse momento, não conseguira reunir poder o suficiente para fugir ou matar os guardas, mas conseguira energia para criar um espaço atemporal e encontrar seu aliado: Menglod – o Rei Jotun. Tudo seria simples, na verdade. Loki duplicaria sua forma. Uma cópia ficaria na cela, com o irônico sorriso inclinado sempre a mostra. O Loki original se teleportaria para uma conversa com Menglod. Loki desejou muito que o poder fosse capaz de direcioná-lo para o mais longe possível dali, mas não tinha forças. O ideal seria pedir ajuda a Menglod e esperar que este o tirasse da cela mais dia, menos dia.

Então, Loki sentiu que se desintegrava. Deixou que seu poder o guiasse de dentro para fora, de modo que já podia sentir os finos grânulos de gelo de Jotunheim caindo sobre seus cabelos.

Ele conseguira.

Abriu os olhos e lançou o seu sorriso inclinado. Os olhos verdes intensos revirando e ansiando pela nova paisagem. O Gigante de Gelo Menglod estava na frente dele, só esperando para ouvir o que o deus da trapaça estava planejando.

- Sabia que viria... – Sibilou Menglod, a voz pontuada por chiados fônicos.

A aparência dele era mais aterradora do que nunca. Corpo em várias tonalidades de azul com a forma humanóide, porém mais alto e mais forte. Olhos com pupilas no tom vermelho sangue e caninos pontiagudos que reluziam até mesmo na escuridão.

- Era questão de tempo até eu reunir algum poder. – Comentou Loki, flexionando os dedos.

- Creio que seu tempo aqui é curto. O que quer de mim? – Perguntou Menglod, remexendo uma lança perigosamente. O sinal era claro: Loki não deveria investir.

- Quero que me liberte da prisão em Asgard. Pretendo encontrar o Tesseract e começar minha dominação. Você me ajuda e fica com o cubo. – Explicou Loki, aproximando-se como se estudasse suas chances no caso de um ataque.

- Não posso negar que é uma bela oferta. O cubo sempre foi objeto de desejo do meu povo. – Pensou Menglod. – Bom... Aceito sua oferta. Te liberto e você me diz onde o cubo está.

Loki levantou as sobrancelhas. Fora mais fácil do que ele previra.

- Sei que você é o único asgardiano capaz de cometer uma traição desse nível, deus da trapaça... – Inferiu Menglod, rindo-se. – Nem tão asgardiano assim, por sinal...

Loki endureceu a expressão. Não gostava muito de lembrar-se de sua verdadeira prole. Ele era um Gigante do Gelo, abandonado pelo pai na infância e adotado por Odin. Mas, de fato, sua origem nunca lhe pesou muito. Concentrava-se no futuro e no que planejava para ele.

- Temos um acordo? – Perguntou Loki, mudando de assunto. Mesmo assim, o brilho perverso nos olhos vermelhos de Menglod não se dissipou.

- É claro que sim, mas antes, dê-me seu braço, filho de Odin... – Pediu Menglod.

Loki, hesitante, estendeu o braço direito para o Gigante. Menglod observou o braço branco e firme do deus e passou os dedos azuis no pulso dele. Uma marca estranha surgiu no local onde a criatura encostara: dois quadrados entrecruzados.

- Esse é o símbolo Jotun. O símbolo de nosso acordo. – Afirmou Menglod.

Loki disfarçou. Não deixara transparecer o receio que tinha. A verdade era que Loki simplesmente queria escapar daquela cela, independente do modo. Com esse juramento, ele agora deveria dar um jeito de cumprir sua parte no acordo. Sua ideia inicial era apenas fugir da prisão. Era capaz de trair Menglod sem problemas. Dizer a ele a localização do cubo nunca fizera parte de seus planos, mas agora, ele deveria dar um jeito de fazer isso. Maldito Gigante, pensou.

- Mas não é só isso. – Advertiu Menglod. – Os Jotuns estão desenvolvendo técnicas mágicas... De previsão do futuro.

Loki olhou-o com vívido interesse.

- Pode mostrar-me, mestre Menglod, de que preciso para dominar o Universo? – Indagou Loki, aproximando-se do Gigante.

Menglod então colocou suas mãos na cabeça de Loki e murmurou palavras que deviam pertencer ao idioma Jotun antigo. Loki decifrou apenas algumas palavras, como “mostrar” e “futuro”. Aguardou até que uma visão perturbadora o assomou.

Loki ouviu gritos. Gritos aterrorizantes mesclados ao barulho de choques e descargas elétricas. Havia também uma moça. Ela parecia ter 20 e tantos anos, cabelos desgrenhados cor de mel e as feições do rosto harmoniosas. Porém, devido a situação dos gritos, era impossível descobrir qualquer coisa além disso.

 Loki deduziu que ela fosse a dona dos gritos perturbadores. Entretanto, aturdido, ele percebeu que não só os gritos, como também as próprias descargas elétricas vinham da garota. Loki não soube interpretar a visão que Menglod lhe impusera, mas de uma coisa sabia: Se queria dominar o Universo, precisava encontrar aquela garota.

Sentiu-se confuso. Seria tudo aquilo uma armação de Menglod? Não poderia. Menglod precisava de Loki para achar o Tesseract. Dessa maneira, ajudando Loki, ajudaria a si mesmo a encontrar o cubo. O que fizesse de bom para Loki, sairia como um lucro para ele. Entretanto, na condição de deus da trapaça, Loki sempre avaliava todas as possibilidades. Não podia confiar inteiramente em ninguém e isso fazia com que ele gastasse tempos e tempos tentando achar um padrão de funcionamento das mentes alheias. Mas, ainda assim, precisar de uma garota? Pior, uma garota que parecia uma mera mortal? Quem era ela? O que fazia? E porque ela? Essas eram perguntas que não se aquietaram na mente de Loki, e que por enquanto ele não veria respondidas. Poderia apenas se empenhar para fugir da prisão e torcer para que o destino colocasse aquela garota na vida dele.

Depois de segundos se recompondo, Loki despediu-se formalmente de Menglod, sentindo o pulso tatuado queimar.

- Mas já, deus da trapaça? – Ironizou o Gigante. – O que você viu? De que precisa para dominar o Universo?

- Preciso de uma garota. – Respondeu Loki antes de se esvair e deparar-se com a parede de sua conhecida cela. 


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