Os Vingadores: Blackout escrita por Tenebris


Capítulo 11
Emergência




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Anne ficou lá por muito tempo.

Umas duas horas sem fazer nada, apenas fitando o rosto de Gambit. Ficou pensando nesses últimos dois meses de convivência com ele. Ora, como colegas de equipe e de quarto, era inevitável que se conhecessem melhor.

Agora que ela o conhecia, Anne se dera conta de que Gambit era um homem divertido, geralmente com humor autodepreciativo, misterioso e sensível. Era o tipo de pessoa que quanto mais se conhece, mais se tem vontade de conviver. Anne se divertia enquanto tentava decifrar uma possível reação dele ou um possível pensamento. Ele era totalmente imprevisível. E ela adorava esse jeito, uma pessoa em mil, como um labirinto. Ela permitia-se aventurar em Gambit e gostava desse ar de surpresa que parecia emanar dele.

Além disso, era inevitável fugir das piadinhas de Stark a respeito dos dois. Frequentemente, ele dizia que os dois faziam o casal perfeito, que viviam juntos, e fez Anne pensar nessas idéias mais do que devia. Inclusive, não sabia se era impressão, mas achava que Gambit andava lhe mandando sutis indiretas em suas conversas. Em um dos treinamentos, no qual Gambit ensinava alguns truques de luta de rua, ao se sentir tocada por ele, Anne ficou arrepiada e podia jurar que Gambit fizera de propósito.

Em suma, não sabia se Gambit a queria ou não. Ele nunca deixou isso claro o suficiente, e isso gerava motivos para Anne pensar nele mais do que nunca. Essa ideia de nunca saber o que ele queria ou o que se passava na mente dele deixava Anne aturdida, com cada vez mais vontade de decifrá-lo.

Foi então que Gambit abriu os olhos, desta vez escuros, e se sentou na maca.

- Pensei que nunca fosse acordar. – Comentou ele, sorrindo.

Anne sentiu que ruborizava, talvez por ter pensado tanto tempo nele de forma maliciosa.

- Você ainda não teve alta, LeBeau. – Anne chamou a atenção. Sabia que o irritaria, porque ele odiava o sobrenome.

Gambit trocou o sorriso por uma expressão ameaçadora, mas, de alguma forma, Anne sabia que ele não faria nada.

- Por causa disso, Senhorita Stein, vou obrigá-la a fazer companhia a mim esta noite. Como um castigo. – Retribuiu Gambit, saltando da maca. O coração de Anne deu saltos como ele.

- Sempre te faço companhia. Dormimos no mesmo quarto... – Disse ela, ao que Gambit puxou-a pelos pulsos, guiando-a para fora da sala.

- Quer mesmo dormir? Eu tenho uma ideia muito melhor... Está uma noite muito bonita para eu ficar deitado aqui... – Comentou Gambit, tirando uma mecha de cabelo do rosto de Anne. Fazendo isso, ele tocou-a levemente no pescoço e Anne arrepiou-se.

Nunca tivera muita experiência com namoros. Na verdade, ela só havia tido um namorado. Durou por dois anos, até ela descobrir que ele se mudaria para a Alemanha. A distância colocara um fim nisso. Desde então, Anne estava sozinha.

Dessa forma, ela se deixou ser guiada por Gambit até que eles entraram em uma sala do quarto andar. A sala tinha uma sacada enorme e ampla com uma bela vista da noite nova iorquina.

- Eles usam isso daqui pra observar a cidade em momentos críticos... Já eu a prefiro para outra coisa. – Disse Gambit, aproximando seu rosto no de Anne.

Assim, Gambit a conduziu até a grade da sacada. Como toda a base, esta era feita de metal, mas era boa o suficiente para se encostar. Desse modo, Anne e Gambit ficaram de mãos dadas na extremidade da sacada, observando a noite escura e suas luzes coloridas.

- É uma bela vista... – Comentou Anne toscamente, olhando a paisagem. Sentiu que os olhos de Gambit estavam nela.

- Pois é... Descobri por acidente há uns dias atrás. – Disse ele, passando uma mão pela cintura de Anne.

- Como as coisas são... No começo, eu te detestava, e agora... Dormimos no mesmo quarto. – Riu Gambit, abaixando a cabeça levemente.

- Você é sempre assim? Misterioso... Reservado... – Perguntou Anne, dando corda ao assunto. Ela virou-se para encarar Gambit nos olhos.

- Me diga você... – Pediu ele.

- Bom... Eu não sei o que pensar... Estou com você aqui e agora, pra mim basta. – Comentou Anne.

Então, Gambit virou-se para ela e a abraçou, trazendo o corpo dela para mais perto do seu. Então, acariciou os cabelos de Anne, passando-lhe as mãos no pescoço, daquele jeito que ele sabia ser fatal para ela. Por fim, sussurrou no ouvido dela, a voz macia e o sotaque sedutor...

- Sabe, Anne, também nunca pensei nisso antes... Mas... Pensar nunca foi o meu forte.

Eles, inevitavelmente, se beijaram.

Foi um beijo caloroso, intenso e urgente. Anne sentia um misto de sensações, à primeira vista indescritíveis. Deixou que o desejo a levasse, e agora, estava completamente abalada por causa do beijo. Deixou que suas mãos percorressem desde o cabelo bagunçado de Gambit até seu corpo atlético e forte. Permitiu-se extrair daquele momento tudo que lhe fosse bom. Assim, Gambit também acariciava os cabelos dela, inclusive puxando-os levemente. E o beijo seguiu assim... Cada vez mais urgente. Como se capaz de fazer os dois amantes perderem-se no tempo.

Obviamente, Anne sabia que a principal causa do beijo fora a atração física, e até mesmo uma questão de afinidade. Conhecia pouco de Gambit para amá-lo, mas o suficiente para desejá-lo. Ora, dois meses era pouco tempo para dizer que o amava. Anne não era dessas coisas. Contudo, mesmo não o amando, já sabia de uma coisa. Gostava de Gambit, e só o tempo diria se isso evoluiria para um amor verdadeiro. No momento, Anne apenas gostava dele, mas não o conhecia de verdade. O beijo foi uma consequência disso. E ela não estava nem um pouco preocupada em relação ao futuro. Se Gambit tivesse que ser dela, seria. De alguma forma inexplicável, sentiu que Gambit pensava o mesmo que ela. Que ainda era cedo demais para complicar as coisas. Por fim, Anne deixou-se apenas ser levada pelo momento e pelo beijo que agora a deixava quase sem ar.

As luzes da emergência piscaram.

O som do alarme soou por toda a SHIELD. Era tão intenso que as paredes pareciam tremer com o impacto. Alguma coisa estava errada.

- Desculpe, Ma chérie, mas acho que temos um problema. – Disse Gambit, arquejando para recuperar o fôlego.

Eles deixaram o lugar, correndo fervorosamente. No caminho, um agente lhes pediu para que fossem até a sala de reunião de Fury. Ao chegarem lá, Anne tentou agir do modo mais normal possível. Mesmo assim, não escapou das piadinhas de Stark:

- Hum... Onde vocês estavam? Parecem sem fôlego... Onde era a festinha? – Disse com um sorriso malicioso.

- Estávamos correndo para chegar aqui logo, caso não tenha notado, Tony. – Falou Anne rispidamente.

Stark sorriu e falou, aproximando-se:

- Não, eu não notei. Mas notei outra coisa. Isso aí é batom no seu sobretudo, Gambit?

Gambit não perdeu a pose. Ele sorriu discretamente e limpou a mancha. Anne ruborizou no seu canto.

- Que olhar atento, Stark. – Disse Gambit, fitando Anne. – Vamos tomar mais cuidado da próxima vez.

Anne quis protestar, mas calou-se. Stark não tirou o olho dos dois.

- Senhores... Algo grave aconteceu. – Disse Nick seriamente, entrando e batendo a porta.

Dessa vez, a coisa devia mesmo ser séria. Ele entrou na sala de reunião com uns cinco ou seis agentes. Inclusive, alguns pesadamente armados. A postura dele era austera e urgente, como se tivesse recebido a pior das notícias.

Thor empertigou-se a um canto, com a mão no queixo. Devia estar pensando no irmão e em sua terra natal.

- Bem... Escutem com atenção. Odin mandou um soldado até Jotunheim checar a situação. O soldado foi morto e um recado foi dado. Jotunheim vai atacar Asgard a qualquer momento. Eles precisam da nossa ajuda. Vocês, Vingadores, precisam ir para Asgard o quanto antes.

Anne paralisou.

Thor avançou, batendo os punhos na mesa central.

- Meu pai está bem? E Loki? Quais são os planos dos Jotuns? – Perguntou ele, aflito.

- Sugiro que se acalme, Thor. Seu pai já organizou as tropas. Não sabemos quando esse ataque acontecerá, mas será dentro de algumas horas. – Informou Fury.

- Estamos prontos. Resta saber como chegar até lá... – Comunicou Steve, preparando algumas armas. Natasha e Clint faziam o mesmo.

- Conte a eles, Thor. – Disse Nick.

Thor tirou do dedo indicador um anel prata com uma pedra vermelha incrustada. Era, com certeza, uma jóia asgardiana bem valiosa.

- Eu ganhei esse anel do meu pai na última vez em que estive em Asgard. É um anel portal... Quando estiverem prontos, eu o ligo. – Contou Thor, que parecia deveras preocupado.

- Bom, vocês têm dez minutos para se arrumar. Encontrem-me aqui daqui a pouco. – Disse Fury, saindo do local cercado pelos agentes.

Então, todos começaram a se aprontar. Menos Anne, que ficou estupefata. Nunca imaginara que a hora de agir de verdade chegaria. Agora, era oficial. E ela só pensou em fazer uma coisa. Não era pegar armas ou escudos, ainda que isso fosse importante. Pensou em ligar para os irmãos e dizer o quanto ela os amava.

Anne aprontou-se rapidamente, gastando em média cinco minutos.

Colocou sua roupa de agente da SHIELD, que era parecida com a usada por Viúva Negra. Arrumou algumas armas de diferentes calibres e tipos, as quais ela pendurou em sua roupa em lugares estratégicos. Sem dúvida, os treinamentos com armas seriam muito válidos agora.

Depois disso, ligou para Alexander, contando-lhe que partiria para Asgard em uma missão perigosa.

- Bom... Eu sei que você consegue, Anne... Treinou e está preparada. – Falou ele, mas não conseguiu conter a preocupação no tom de voz.

- Não sei se treinamento vai ajudar... – Comentou ela, olhando atentamente para o relógio. Tinha quatro minutos.

- Claro que ajuda... Tenho certeza de que você vai ficar bem. Apenas faça o que tem que ser feito. Você é uma Stein, vai sair dessa... – Riu Alexander.

- Obrigada, Alex. Eu te amo...

- HEY! Não ia se esquecer de mim, não é? – Era a voz de Andrew. Anne quase chorou ao ouvi-la tão animada.

- Claro que não, seu besta... – Comentou ela. Dois minutos.

- O Alexander contou... Asgard... Cara, você vai pra outra dimensão! Sei que vai se dar bem... Afinal, você é a Anne Esperteza Stein! – Falou Andrew.

Esse era o irmão mais novo de Anne... Divertido e positivo, sempre vendo o lado bom das coisas. Enquanto isso, o relógio indicava um minuto restante.

- Eu amo vocês, mas tenho que desligar. O Fury vai me matar... Se cuidem. – Despediu-se Anne rapidamente. Não que quisesse evitá-los, mas quanto mais conversava com os irmãos, mais desejava tê-los por perto.

- Todos prontos? – Perguntou Nick, que estava a postos na sala de reunião.

- Sim. – Todos responderam em uníssono, menos Anne.

- Senhorita Stein... – Chamou Nick, parecendo preocupado. – Sei que a senhorita está nervosa. Isso é normal. Já lidei com agentes inexperientes antes, mas nenhum deles possuía o poder que você tem. Lembre-se disso... Blackout.

Anne sorriu ao estímulo. Sem dúvida, o nervosismo era normal. Mas ela era mais do que suas dificuldades e seus medos.

Stark colocou o capacete de sua armadura e falou com a voz robotizada, irônica como sempre:

- é, Blackout... Se tudo der errado, lembre-se. Seus amigos são os Vingadores.

Assim, Thor expôs sua mão com o anel-portal. Ele mantinha-se sereno, mas a preocupação estava estampada em seus olhos. Então, concentrou-se e pareceu emitir um tipo de ordem sobre o anel, porque este começou a emitir uma intensa luz vermelha que logo iluminava toda a sala.

- Firmes, todos vocês! – Exigiu Nick, compenetrado.

- Ele já mencionou a vocês o quanto isso é desagradável? – Perguntou Capitão América, já totalmente vestido com seu uniforme.

Dessa forma, a luz que saía do anel foi ficando mais forte a cada minuto. Parecia quase tangível, tal era sua intensidade. E foi como se um tornado tivesse passado pelo local.

Anne não ousou abrir os olhos, mas sabia que nada veria além de um turbilhão colorido. Assim era a viagem por um portal. Ela sentia que girava freneticamente em todas as direções, como se algo a puxasse e ela não pudesse impedir. Além disso, mal conseguia respirar. Quando achou que não agüentaria mais, tal era sua vertigem, sentiu que caia em solo.

- Ai... – Disse Anne, dolorida com o impacto.

            Ela sentiu que estava deitada em um chão de cimento, e ouviu o gemido dos outros Vingadores conforme estes sofriam o mesmo impacto que ela. Depois, a primeira coisa que fez foi abrir os olhos.

Olhava, lateralmente, para uma grande edificação dourada. Provavelmente, o palácio de Asgard. Observou também quem viera. Além dos Vingadores, lá estavam Fury e mais uns cinco agentes especiais.

            Assim, Anne se levantou. O desconforto inicial causado pela viagem turbulenta passara. Ela manteve-se de pé sem dificuldade e não sentia nenhum tipo de dor. Começou, então, a caminhar pelo local e a admirá-lo.

            Asgard era o lugar mais lindo em que ela já estivera.

            Tudo era feito em dourado ou em marfim, o que dava um aspecto etéreo a cidade. Era uma mistura de futurismo com renascença. Anne notou que estavam na frente do Palácio do próprio Odin, mais precisamente em seu jardim. Aliás, um jardim enorme e bem cuidado. Foi então que Anne notou: Era outra hora em Asgard, porque o sol brilhava intensamente no horizonte, indicando um fim de tarde. Mesmo assim, o astro parecia maior e mais dourado, de modo que tudo naquele lugar parecia emitir uma luz alaranjada própria.

            Os Vingadores se levantavam um por um, cada qual admirando o lugar. Até mesmo Thor, que crescera lá, olhava tudo como se o fizesse pela primeira vez.

- É lindo... – Comentou Anne, aproximando-se dele.

- Eu já estava com saudades, mas não queria voltar nessas circunstâncias... – Disse ele, amargurado.

Então, uma luz prateada brilhou no céu. Era um contraste em relação àquela atmosfera dourada. Era como se um cometa prateado de gelo tivesse passado no meio do céu... Gelo...

- Senhores... Fiquem alerta! Algo que me diz que aquilo no céu não é um simples cometa. – Disse Fury, carregando sua arma. 


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