“Eu não gostava de parques, mas minha mãe insistia em me levar achando que eu poderia fazer alguns amiguinhos, mas talvez a minha hiperatividade afastasse todos de mim. Um dia, encontrei uma garota calada, da minha idade, sentada no balanço, ela era sozinha, assim como eu. Ela não me rejeitou, embora também não falasse nada. Já eu, falava demais e, talvez por isso, combinávamos tanto. Sabe, naquela época eu não sabia que tinha encontrado a melhor amiga que alguém poderia querer. Mas alguma coisa em seu olhar me disse que você era especial. Nunca me enganei sobre isso.”

Boston, Massachusetts - 06/02/2008 (mês/dia/ano)

Sarah,

O dia hoje está bonito, é o que minha mãe me disse no telefone. Mas não quero ir lá fora olhar ou abrir a janela. O dia estava bonito quando te conheci, lembra? Foi no parque perto da casa da minha mãe. Ela sempre me levava lá para tentar fazer amigos. Embora eu nunca tivesse sucesso. Um dia vi você sentada no balanço, muito quieta e com as mãos sobre as pernas. O fato de você não estar brincando com ninguém me chamou a atenção, o que era raro já que quase nada prendia minha atenção. Você não falava nada, depois soube que o choque da morte de seu pai fez com que você ficasse daquele jeito. Depois que cresci, sua mãe me disse que achava que você melhorara por minha causa. Mas eu não acredito nela, você sempre foi mais forte do que parecia, eu sabia que era.  Éramos opostas. Você, muito quieta. Eu, a agitação em pessoa. Acho que por isso nos tornamos melhores amigas. Você era o que me faltava, sua calma virou meu freio e seu silêncio, minha calma. Sabe Sarah, você foi a melhor coisa que me aconteceu. Aquele dia bonito foi o mais importante para mim. Você sabia disso, não sabia? Sinto a sua falta. Nenhum dia pode ser bonito sem você.

Me perdoa.

Sua amiga,

Lisa Kent.