Entre O Sol E A Lua escrita por Lola


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Pois é geente. Ultimamente estou um puco chateada pelos poucos reviews, mas vou continuar escrevendo. Mas me digam se algo estiver ruim ou estranho... pleaaase!
Este cap. é um pouco mais sensível e vai aparecer no finalzinho, o começo do relacionamento de Lucas e NahemahSavannah. Espero que gostem!
Beiiijos.



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Eu não conseguia sentir remorso. E nem queria, acho. Quando olhava para a chuva que caía, lembrava das lágrimas de Lucas. Pilotando a minha moto, eu estava mais energizada do que nunca. Parecia que o frio da tempestade só me atiçava, mais e mais. Mas havia algo de diferente. Apesar da inexistência do remorso por ter matado a garota, eu não conseguia de parar de pensar nos olhos pálidos de Lucas ao ver a menina morta. Aqueles olhos me assombravam.

Minhas primas foram de carro para casa, não esperamos o último horário . Elas pareciam muito mais receptivas comigo depois que souberam que eu havia matado a garota para protege-las.  Queriam contar para sua mãe, e não paravam de comentar como eu era leal a família. E eu era. Elas também. Eu sabia que nenhuma delas iria hesitar para proteger-nos. 

-Mãe! - Bileth saiu do carro gritando.

Entramos na casa, no hall principal. Havia um barulho na biblioteca da casa, um aposento em que eu nunca havia entrado. Nós quatro fomos até a porta grossa de carvalho que protegia os livros e segredos lá dentro. Esperamos ela nos permitir entrar e a porta abriu sozinha, silenciosamente. 

O lugar era grande. Circular, com inúmeras prateleiras de livros. Haviam duas escadas longas encostadas a paredes, provavelmente usadas para apanhar livros nas prateleira mais altas. No centro da sala estava minha tia, sentada em uma poltrona alta e bonita, um livro enorme no colo. Seus cabelos negros estavam amarrados em um coque, e de repente, ela parecia uma dona de casa. Usava aquelas calças largas e camiseta. 

-O que foi? - ela perguntou.

-Nahemah matou uma líder de torcida. -Sara sussurrou, sua voz delicada fazendo eco na sala.

Minha tia se virou, de repente. Ela parecia confusa. Seus olhos faíscaram e ela jogou o livro em uma prateleira do outro lado da biblioteca. Ela se levantou, vindo até nós. Eu estava preparada. Por assim dizer, com trezentas pedras na mão. Ela veio na minha direção com tanta rapidez que tive que sair do lugar para não ser atingida. Seus cabelos pretos balançavam em um vento inexistente.  Eu quase me encolhi, mas aí me lembrei quem eu era.

-O que? Você têm idéia do que fez? 

Eu a observei por alguns segundos, fazendo questão de demonstrar minha cara de desprezo. Eu havia feito aquilo por ela.  Por todos nós. Não era este o conceito de família? Não era sobre isto que meu pai falava desde minha infância? Eu tinha feito aquilo pelo bem maior. 

Eu falei, chegando mais perto a cada passo:

-Eu fiz isto por vocês. Se não fosse por mim esta cidade estaria virando Salem agora, as pessoas doidas por seu sangue. E vocês nem sabiam que havia um Venator na cidade. Patético. O que quer mais? Eu salvei sua vida. Um obrigado estaria bom.

Me sentei no sofá onde minha tia estava sentada, colocando minha perna no alto. Cruzei meus pés e sorri, inocentemente, enquanto ela estava se recuperando do choque. Um Venator em sua cidade. Que horrível. Parecia que ela era uma pessoa irresponsável, colocando em perigo suas próprias filhas.

-Não, não... temos que ir embora. - ela começou a sussurrar, os olhos cemicerrados.

-Não. - falei. - Ela não vai nos incomodar. Não se preocupem.

Bileth me encarou, sua voz ecoou pela sala.

-Não! Você mente! 

-Não, juro. Vamos ficar bem. - murmuro, odiando o sentimento presente em minha voz.

*****************************************************************

Eu me deito na minha cama, observando o teto. Pintado de preto, posso observar os adesivos das estrelas cadentes que eu havia colado no teto. Eles brilham, e a chuva ainda violenta a casa, as gotas grossas batendo em minha janela. 

-Nahemah. - ouvi alguém gritando.

Pulei da cama, surpresa. Cheguei até a janela embaçada pela chuva. Passei a palma da minha mão pelo vidro, o limpando. Pude vê-lo, em pé no quintal, seu cabelo loiro molhado colado em sua testa. Eu tinha certeza que suas lágrimas se misturavam com a chuva que caía. 

-Nahemah! Desça! - Lucas gritou, os olhos azuis me encarando.

Fiquei supresa. A energia má naquela casa era tão grande que devia o causar grande mal estar. Afinal, haviam cinco demônios ali. 

-Lucas...- sussurrei surpresa.

Eu abri a janela. Não pensei em nada. Minhas mãos encostaram no batente frio e eu coloquei meus dois pés para fora. Pisei na janela e pulei para o quintal, caindo em pé como um gato. Cinco metros e nenhum arranhão. Lama se espalhou ao meu redor. Eu andei alguns passos para frente, em direção a Lucas e parei. A chuva chicoteava em meus ombros, em meus cabelos. Eu estava totalmente sem reação. 

-Por que? Por que, Nahemah? - ele gritou, molhando mais ainda.

Eu cheguei mais perto. Não sabia o que estava acontecendo comigo. Algo me movia. Uma força maior. Cheguei mais perto e peguei sua mão. E falei a palavra que eu nunca achei que falaria:

-Desculpa. 

Lucas olhou para mim, como se estivesse sido atingido por um raio. E depois sorriu.  Ele olhou para mim e falou, os olhos azuis brilhando:

-Venha. 

Ele estava de carro. Um carro preto e de janelas escuras. Um BMW. Minhas primas e tia haviam ido até o supermercado da cidade, mas eu desconfiava que elas tinham ido contatar meus pais. Entrei no carro, molhada do jeito que eu estava.  Lucas não parecia se importar. Ele entrou no carro e ligou o aquecedor, dirigindo para a cidade.

Pensei no que eu estava fazendo. Eu não sabia o que estava fazendo. Eu andava contra minha vontade, ia contra minha vontade. Mas ao mesmo tempo ia sem protestar, sem falar. Me encostei no banco do carro, minha mente enovoada. Acho que isto é o que acontece quando você fica perto de um anjo muito, muito chateado.  

-Porque eu estou fazendo isto? - perguntei, meus olhos cansados quase se fechando.

Parecia uma magia, ou algo assim. Ia me envolvendo toda. Meus músculos relaxaram, meu olho pesou. Uma música leve tocava em meus ouvidos, me enfeitiçando.

-Sou eu. Sinto muito, Nahemah. Você, apesar de tudo, é uma boa garota. - Lucas falou, as mãos no volante. 

Eu desisti de tentar. Encostei minha testa no vidro frio e fechei meus olhos. Estava cansada, triste. Meu corpo pesava. 

Em algum momento, Lucas parou o carro. Ainda estava chovendo e não conseguia resistir a névoa que se apoderava se mim. Senti o carro freiando e o anjo saindo. Ele abriu a porta do passageiro e me pegou no colo, como um bebê. Eu não estava nem em condições para andar, e se estivesse, tinha certeza de que não estaria ali. 

Fechei meus olhos e poucos minutos depois acordei deitada em uma cama de casal. Tudo estava embaçado, pesado demais, escuro demais. Fechei os olhos e dormi.


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