Gabriel me levou para um canto afastado da festa e me perguntou o que havia acontecido. Depois da explicação sobre o que eu tinha visto antes ele me olhava confuso. Eu estava chorando de terror. Ver aquelas pessoas mortas não foi lá uma coisa agradável.

Gabriel passou a mão no meu rosto secando as lágrimas e me puxou para ele. O abracei de novo.

–Como eu vi aquilo? Por que eu vi aquilo? –perguntei

–Eu não sei... Talvez sejam lembranças da jaula... –Gabriel falou

–Não são... Não era assim... –disse

–Então eu não sei... –ele falou

Ouvi minha tia chamar meu nome no microfone, já era hora do parabéns... Enxuguei as lágrimas e entrei na festa com Gabriel. Ele tinha ficado sério, parecia que mataria qualquer um naquela hora.

Subi no palco e um bolo gigante foi trazido por garçons. Minha visão ficou turva por um segundo e o bolo ficou vermelho sangue com as escrituras “Parabéns, você irá morrer”. Olhei para os garçons e seus olhos estavam pretos. Andei um paço para trás com medo. Minha visão ficou turva outra vez e tudo voltou ao normal. Percebi que minha tia estava me encarando.

–Bruna? –ela perguntou

–Hã?

–O que houve? Você está bem? Está pálida! –ela falou

–Eu... –ia falar alguma coisa, mas o que fiz foi descer do palco com as mãos na cabeça

Fui até lá fora outra vez, tomar um ar e encarei o nada. O que estava acontecendo comigo? Não podiam ser visões da jaula... Isso só acontecia enquanto eu dormia... E além do mais, não havia nem um bolo com aquelas palavras lá. Percebi Stela, Laura, Sam e Dean vindo atrás de mim.

–Bruna, o que aconteceu? –Stela perguntou

–É, você estava pálida... –Laura disse

–Nada, gente. –respondi

–Outra visão? –Gabriel perguntou aparecendo lá

Assenti com a cabeça.

–O que tá acontecendo aqui? –Miles perguntou

–Nada, Garcia. Volta pro teu canto. –Gabriel disse

–Quer parar de me chamar assim? –ela falou com raiva

Gabriel respirou fundo.

–Olha, eu to bem, ok? Tô ótima! –disse

–Bruna, explica... O que aconteceu, e que história é essa de “visão”? –Stela falou

Depois de uma longa explicação, todos pareciam assustados e confusos. Eu só queria ir pra casa e me enfiar nos meus cobertores.

–Bruna, sua tia está preocupada... E eles querem o parabéns. –Miles falou

Assenti com a cabeça e entramos. Pedi desculpas por ter saído, disse que não estava me sentindo bem e cantamos o parabéns. Logo depois falei com algumas pessoas que estavam na festa e fui para saída me encontrar com Gabriel. Falei com minha mãe que iria para casa mais cedo por causa do meu estado. Ele estava me esperando, sério, do lado de fora. Ele me levou para casa e tirei minhas roupas e a maquiagem. Me olhei no espelho. Estava tão branca quanto um fantasma. Coloquei meu “pijama” me deitei na cama.

Gabriel estava num canto do quarto me encarando. Estendi os braços deitada e fiz um sinal com todos os dedos para ele vir. Ele deu um sorriso de lado e se deitou comigo na cama.

–Não se preocupa, eu to bem... –falei

–Bem? Bruna, você já se olhou no espelho? Está pálida. E essas visões não são normais... –ele disse

Respirei fundo e logo depois dei um beijo nele.

–Eu vou ficar bem. –falei

Ele me puxou mais pra perto e depois de um tempo eu dormi.

***

Novamente eu estava na escuridão. As duas vozes estavam conversando mas como da ultima vez, não consegui distingui-las.

–Traga-a para mim! –uma das vozes disse

–Ainda não, meu senhor... Vamos deixa-la mais apavorada, isso será divertido. –a outra falou

–Não quero diversão, quero ela! –a primeira voz se pronunciou

Ouve um silêncio por um tempo.

–Ela está aqui! –a primeira voz disse

–Impossível! Deve estar enganado! –a segunda falou com um pouco de receio

–Não, ela está aqui!

Senti uma dor como se estivesse sendo esfaqueada e acordei num pulo. Droga de pesadelos.

–Ei, o que foi? –Gabriel perguntou me olhando com preocupação

–Pesadelos... –falei o que já era óbvio

Me troquei e desci. Vi minha mãe preocupada e ela estava chorando...

–Mãe...? –falei e logo depois vi dois policiais caminharem até ela

Não entendi o que estava acontecendo até ver minha madrasta sorrindo de satisfação na minha sala. Ela havia dito que iria chamar a policia se meu pai não aparecesse, e agora minha mãe estava sendo presa... Uma raiva inexplicável explodiu em mim e meus olhos se encheram de lágrimas.

–Sua bruxa! Como pode fazer isso? –falei andando em direção a Gabriella, que tinha um sorriso no rosto

–Essa mulher foi acusada de sequestro... Agora está sendo presa. –ela falou com o maior prazer do mundo e se aproximou de mim –Agradeça pois não a denunciei junto, vadiazinha... –sussurrou

As lágrimas começaram a cair e minha vontade era de dar um murro na cara dela... Mas tinha policiais ali, então eu tentei me controlar...

–Até ela dizer onde está o sequestrado, ela ficará presa. –um dos policiais disse

Isso não podia estar acontecendo... Já perdi meu pai, agora estavam tirando minha mãe de mim. Os policiais saíram com minha mãe algemada e Gabriella deu mais um sorriso vitorioso. Olhei para cima com os olhos repletos de lágrimas e raiva.

–Você disse que estaria comigo! Cadê você agora? –eu gritei para Deus

Queria alguém para colocar a culpa em tudo isso, e Ele foi a primeira pessoa que me veio a cabeça... Se bem que não era culpa dele.

–Bem, espero que meu marido apareça... –Gabriella falou

–E eu que você morra, lenta, e dolorosamente sua vadia. Vá para o inferno que é onde você deveria ficar! –falei

Todos estavam me encarando. Eu olhava para Gabriella com tanta raiva que seria capaz de fazê-la explodir com o olhar. Ela saiu ainda sorrindo e bateu a porta o mais forte que podia. Eu desabei de joelhos, chorando. Todos vieram me socorrer. Eles falavam alguma coisa, mas eu não estava ouvindo nada, tudo que eu queria agora era morrer e acabar logo com essa droga de vida.