Ok, eu admito. Eu adorei ser a namorada do Jacob por todas àquelas horas. E também adorei ver a cara da Ashley, a loira descarada, quando me viu dando um selinho no meu “namorado”. Ela se levantou e foi ao banheiro rapidamente, provavelmente constrangida.

– Nessie! – Jacob protestou. Ele virou o rosto para a janela e disse com a voz seca. - Chega.

– Desculpe, Jake. – eu disse. – É que ela não estava totalmente certa de eu era a sua namorada e...

– Isso não é uma brincadeira. – ele disse me fitando sério demais, talvez até irritado. – Chega, tá legal?

Ele virou o rosto para a janela e a fechou, ele não queria que eu visse seu rosto pelo reflexo. Eu estava chocada e ao mesmo tempo envergonhada. Jurava que Jacob ia rir comigo depois, mas não. Isso o deixou irritado e eu não sei o porquê. Eu estava constrangida demais para falar com ele. A moça tinha voltado e nos olhava a cada cinco minutos. Eu não ia a deixar desconfiar de nada, faltava um pouco mais de uma hora para chegarmos em Forks, então eu decidi fingir que estava dormindo e para a minha sorte, depois de vinte minutos, Ashley dormiu.

Os poucos minutos que faltavam para decolarmos em Forks foram os mais longos de toda a minha vida. E a cada minuto que passava, eu ia ficando mais envergonhada e irritada comigo mesma. Como eu pude ser tão infantil? Pelo amor de Deus, eu tenho 15 anos, tecnicamente. Eu deveria encarar essa situação como uma adolescente madura. Mas não, eu resolvi ser a criança idiota. O que eu deveria ter feito? Era deixar Jacob revolver essa situação sozinho e se ele quisesse ficar com a garota, que ficasse! O que eu tenho a ver com isso? Sou apenas uma amiga, mais nada, não tenho que ficar me intrometendo na vida do Jacob. É, tenho que colocar isso na minha mente.

Ouço a voz do comandante, dizendo que estamos prestes a decolar no aeroporto de Seattle, Forks é pequena demais para ter um aeroporto.

Ajeito meu casaco e meu cabelo. Jacob continua virado para a janela. Eu respiro fundo, pois já estou sem paciência. Sei que fui imatura, mas ele está sendo pior do que eu. Quer saber? Se ele está sendo tão tão imaturo assim, vou ser pior do que ele!

Depois que Ashley levanta apressada, eu saio atrás dela, sem ao menos olhar para o Jacob.

Encontro meus pais na sala de desembarque. Minha mãe e meu pai estão sorrindo para mim e eu sorrio de volta.

– Oi, querida. – ela diz.

– Oi. – eu digo. Não posso dizer mamãe perto de humanos. Não é nada normal uma mulher ter uma filha de 15 anos sendo que ela aparenta ter 18, pelo menos não no mundo dos humanos.

– E Jacob? – pergunta meu pai. – Temos que pegar as malas.

– Deve estar vindo. – eu digo distraída. Não posso pensar no que aconteceu, não posso, não posso...

– O que aconteceu? – meu pai disse preocupado.

– Que demora, Jacob! – disse a minha mãe impaciente. – Vou chamar um táxi. Vá com Edward pegar as malas, por favor. Vamos querida?

– Claro. – eu digo me juntando a minha mãe. Não ouso olhar para o Jacob e nem ele para mim.

Não demoramos muito para conseguir um táxi. Quando o motorista viu a minha mãe, parou o que estava fazendo e disse que estava livre.

– Então... seu pai leu seus pensamentos e quase descobriu o que? – sussurrou a minha mãe.

– Nada. – eu disse. – Esquece.

– Nessie, sou sua mãe. Me conte, por favor. – ela disse ainda sussurrando.

– Não quero falar sobre isso, mãe. Desculpe. – eu sussurrei e entrei no táxi.

Jacob não foi ao banco de trás. Ele se ofereceu para ir ao banco da frente, o que deixou meu pai mais desconfiado. Eu não liguei. Fiquei o tempo todo olhando a chuva fraca que caia sobre a cidade. Estava um dia comum para a cidade. Sorri aliviada ao ver que estávamos chegando a casa dos meus avós.

– Vocês têm certeza que vão parar aqui? – o motorista disse analisando o lugar.

– Sim, temos. – meu pai disse determinado.

– Tem uma casa aqui? – ele começou, mas logo parou ao ver a grande casa no meio da mata. – Ah, sim. Vocês são os Cullen?

– Sim. – meu pai riu.

Quando o táxi estacionou eu saltei dele e pulei nos braços da minha tia Rose, que estava na porta, me esperando junto com as minhas primas.

– Nessie. – ela murmurou. – Senti sua falta, querida.

– Eu também, tia. – eu sussurrei. Ela me fitou por alguns segundos e deixou o caminho livre para eu cumprimentar os outros. Eu abracei minhas primas. – Uau, vocês cresceram.

– Sim, Nessie! Logo vamos fazer 10 e 11 anos! – disse Carly com a voz doce e animada.

Eu abracei meus avós e meu tio Emmet, minha tia Alice e meu tio Jasper. Todos estavam animados com a nossa chegada. Eles cumprimentaram meus pais e Jacob, que ficou calado a maior parte do tempo.

– Bella, você está deslumbrante! – disse minha tia Alice. – Nessie, reprovada. Até o Jacob está considerável.

Ele bufou e riu. Eu não olhei para ele.

– Me libera hoje, tia? – eu disse fazendo biquinho.

Minha tia riu e me abraçou.

– Quer ver seu quarto? – ela perguntou animada. Eu assenti e ela me levou ao meu quarto.

O quarto era lindo. Tinha uma imensa cama de casal com lenções brancos, tinha também uma mesa com um notebook branco, uma televisão de frente para a minha cama. Do lado direito da cama ficava uma sacada, que estava aberta e faziam as cortinas brancas voarem em uma sintonia perfeita. Perto de onde estava a televisão, ficava a entrada para o closet e para o banheiro. O closet estava lotado de roupas novas, como eu previa.

– Então? – minha tia disse animada.

– Nós ajudamos! – disse Blaire me cutucando.

– Está perfeito, obrigada meninas. – eu disse tocando a bochecha das minhas primas e sorri para a minha tia, que piscou para mim e saiu do quarto.

– Podemos ver seu closet? – disse Carly com as mãos juntas para mim.

Eu assenti e elas correram e eu podia ouvir as risadas delas, quando fui espiar, elas tinham tirado a maior parte das minhas novas roupas do cabide e estavam brincando com elas. Eu sorri e deitei na minha nova cama, exausta.

– Nessie? – minha mãe chamou da soleira da porta.

– Sim? – eu disse me virando para vê-la.

– Vamos comer? Você deve estar morrendo de fome, querida.

Eu me lembrei de como eu estava com fome. Eu tinha recusado o almoço do avião e tinha me arrependido disso.

Chamei minhas primas e nós descemos para a cozinha. Estava a família inteira reunida preparando um banquete, como se fosse para uma ceia de Natal.

– Ual, pra que tudo isso? – eu disse lavando as minhas mãos.

– Para a sua chegada, Nessie. – disse a minha avó beijando a minha testa.

– Não vou conseguir comer tudo isso sozinha, vó – eu ri.

– Tem Carly e Blaire para te ajudaram e não se esqueça de Jacob. – meu vô disse.

Eu não respondi e quando fui me sentar, vi Jacob chegando na cozinha, ele mau olhou para mim.

– Está quase pronto, Jacob. – disse a minha vó de costas para ele.

– Não vou ficar para o jantar Sra. Cullen, desculpe. – ele disse.

– Nada disso! – protestou a minha vó. – Não faça essa desfeita comigo, sente e espere.

Antes que Jacob pudesse protestar minha vó olhou para ele e sussurrou um “por favor” que ele não pode recusar. Jacob se sentou de frente para mim. Eu não olhei para ele nem sequer por um minuto. Comi rapidamente e fui para o meu quarto. Tomei um banho e fiquei na varanda, admirando a linda noite que fazia.

– Nessie? – meu pai disse atrás de mim. – Eu e sua mãe vamos para o chalé.

– Por quê? – eu disse me virando de frente para ele.

– Não tem quarto para nós aqui. – ele pigarreou.

– Entendo. – eu ri.

Meu pai me deu um beijo na testa e saiu. Minha mãe não veio se despedir, mas acenou para mim quando estava indo até o chalé.

Eu não estava com sono. Então eu fiquei apenas admirando a noite. Olhando intensamente a lua cheia.