A Saga Crepúsculo Amanhecer - Para sempre escrita por Thaina


Capítulo 29
Capítulo 29 - Perguntas




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Não me surpreendo com a pergunta de Robert. Já tinha passado pela minha cabeça que essa seria uma das primeiras perguntas que ele faria. Não sei se posso falar com ele sobre isso, estaria expondo minha família. Mas, ao mesmo tempo, devo algumas respostas a ele, pois voluntariamente ele me cedeu respostas, sem ao menos me conhecer, simplesmente confiou em mim. Talvez eu possa sim dizer algumas coisas, mas não detalhadamente.

- Eu sou uma híbrida. – começo. Robert franze as sobrancelhas, como se estivesse pedindo por mais detalhes. – Meio humana, meio vampira. Isso acontece quando vampiros e humanos tem... relações.

- Isso não é perigoso para a humana? – pergunta ele.

- Extremamente. – admito.

- E como é isso? – Robert me encara confuso.

O crescimento de um híbrido é anormal. Talvez duas ou três vezes mais que uma criança normal, tanto na gestação quanto depois do nascimento. – explico.

Decido não falar sobre o confronto com os Volturi. Por enquanto, essa informação não é necessária. Me sinto confusa sobre o que falar.  Então, apenas olho o vampiro loiro esperando mais perguntas.

- E sua mãe, ela conseguiu sobreviver? – ele pergunta depois de alguns minutos.

- Sim. Logo foi transformada em vampira. – respondo.

- Incrível. – diz ele sorrindo. – Qual seu poder?

Fico na defensiva quando ele faz essa pergunta. Meu poder é como se fosse meu seguro de vida.

- Minhas memórias podem ser projetadas nas mentes dos outros. – respondo cautelosamente.

Robert apenas acena positivamente a cabeça, olhando para o nada, pensativo.

- E o seu? – pergunto em seguida.

- Não. – diz ele sem me encarar. – Quero dizer, eu não tenho nenhum poder.

Aceno positivamente com a cabeça.

- Mas, Tiffany acredita que minha habilidade é a proteção. – sorri ele. – Embora eu não acredite nisso.

Abro a boca para falar, mas hesito. Não há o que falar. Pelo menos não da minha parte. Robert também não diz nada, apenas se encosta em uma árvore e me observa, fica alguns minutos assim, como se não estivesse acreditando no que vida. De algum modo, seu olhar me assustou, fazendo-me recuar.

- Você ainda acredita que eu possa te fazer algum mal? – pergunta ele com um sorriso torto.

- É... não. – gaguejo. – O jeito que você me olhou... – respondo, mas logo ele me interrompe com as mãos levantadas.

- Desculpe. Só estou um pouco curioso. Nunca vi ninguém da sua espécie.

- Mas você é novo, não teria tempo de ver alguém como eu. – digo dando de ombros.

- Quando eu e Tiffany fomos transformados, logo fomos embora de Forks, dizendo aos nossos pais que iríamos estudar fora. Minha mãe não retrucou, ela estava tão triste, fora de sim. E meu pai, no estado em que se encontrava, não iria se importar se fossemos embora, ou até mesmo se morrêssemos. – responde ele com um olhar vago.

- Não fale assim. – murmuro. – Ele perdeu um filho.

- Eu sei que não era fácil. Mas, ele tinha que cuidar da minha mãe e Tiffany. E de mim. Era sua obrigação nos proteger e estar do nosso lado. – Robert está falando alto, quase gritando. Olhos para os lados e coloco o dedo indicador na boca.

- Meu pai morreu, poucos meses depois de irmos embora. Mamãe me ligou e deu notícia. Na verdade, ela estava pouco se importando.

- E sua mãe, como ela está?

- Num hospício. Ela enlouqueceu. – respondeu ele fazendo uma careta.

- Eu sinto muito. – sussurro.

Estou sendo inteiramente sincera. Robert perdeu sua vida. Primeiro o irmão e depois os pais. Entendo porque Tiffany diz que ele é protetor. O que se pode esperar de um garoto que se vê em um mundo onde só se pode contar com uma única pessoa? Ou melhor dizendo, vampiro. Sinto um aperto enorme no meu coração ao lembrar que minha família tem “culpa” nisso. Estou penalizada com a história de Robert. Como ele pode ser tão forte? Pela irmã, talvez. Não me vejo sem minha família, pensar nisso é como perder a gravidade, como se esquecer de respirar.

- Temos que ir. – diz ele finalmente de movendo. – Recebemos o convite do seu aniversário. Tiffany está muito animada.

- É, eu sei. Você vai, não é?

- Claro. Não poderia perder isso por nada. – diz ele e logo se interrompe. – Será que podemos ser amigos?

- Nós somos amigos.

- Obrigado por me ouvir, eu precisava conversar com alguém. – diz ele sem graça.

Sorrio e percorremos o resto do caminho em silêncio. Logo que colocamos os pés no imenso corredor, posso ouvir o barulho do meu salto batendo contra o chão. Tudo está silencioso. Quando chegamos à porta da sala de aula, viro-me para olhar Robert. Que desculpa iremos dar?

- Vamos falar que passei mal e que você teve a bondade de me ajudar. – sorriu ele maliciosamente.

- Acha que ele acreditará nisso? – pergunto.

- Tiffany o fará acreditar. – ele responde colocando a mão na maçaneta e abrindo depois de um suspiro.

O professor para de falar. Para a nossa sorte, é o Sr. Benson que está dando aula. Ele nos encara com as sobrancelhas franzias. O restante da sala nos encaram surpresos. Posso ouvir risadas e murmúrios ansiosos. Vejo Jacob no canto da sala com um olhar zangado e talvez um pouco magoado. Surpreendo-me ao ver Anna me olhar incrédula e depois desviar o olhar. Não sei o que passou na cabeça dela e porquê.

- O que aconteceu com os dois? – pergunta o professor apontando para nós.

- Eu... passei mal, Sr. Benson. Desmaiei. – completa ele.

- Oh, ele desmaiou! – diz um garoto loiro rindo, levantando as mãos e abanando-as, fazendo os outros rirem.

- Cuidado. Não vai querer que todos saibam que a sua mamãe o manda a fazer aulas de balé. – zomba Robert. Seu tom é casual e um tanto... venenoso. – Oh, já falei.

A sala toda é tomada por vaias e risadas, contra o garoto loiro. A atitude de Robert me deixou chocada. Pensei que ele fosse ignorar o comentário do garoto.

- Quietos! – ordena o professor e se vira para nós. – Sentem-se, por favor. A aula está quase acabando.

Obedecemos ao professor e sentamos em silêncio em nossos lugares. Eu perto de Jacob e Robert perto de Anna, que nem ao menos sorriu ou nos olhou.

O pai de Collin procede à aula e eu tento conversar com Jacob. Desde que sentei ele não me olhou. Permaneceu na posição desde que entrei na sala: de braços cruzados, olhando para frente. Não me atrevo a conversar com ele. Talvez meus pais ainda não tenham conversado com Jake e contado porque eu tenho falado com Robert em particular. Mas, quando souber creio que ele irá entender.

A aula termina e antes que eu possa falar com Jacob, sou cercada pelas meninas que serão minhas damas, inclusive Tiffany. Todas falam sem parar, sobre cabelo, vestido, maquiagem, músicas...

- Parem! – grita Tiffany. – Vão deixa-la louca.

- Tudo bem. – digo com um sorriso. – Bem, vocês terão que ir até minha casa hoje a tarde para experimentarem os vestidos, para os últimos ajustes. Tenho o endereço marcado aqui.

Pego um papel dentro do meu caderno e entrego à Tiffany.

- Eu tenho que ir, desculpe. – digo e corro a procura de Jacob.

Com toda essa gente no corredor parece impossível avistá-lo. Um braço forte e ansioso me puxa para um canto. É Jacob. Suspiro aliviada, mas, em poucos segundos, ao ver sua expressão zangada o alívio desaparece.

- Onde você estava – pergunta ele com os dentes cerrados.

- Desculpe, era importante – sussurro. – Não podemos falar disso aqui.

Jacob olha ao seu redor e acena positivamente com a cabeça. Andamos até o estacionamento em extremo silêncio. Percebo que ele anda apressadamente e coloca as mãos no rosto quando passa por Natalie, que mal o vê por estar entretida conversando com seus amigos.

Jake não diz nada durante todo o caminho, nem ao menos me olha. Está dirigindo em piloto automático. Esse silêncio me incomoda. Tudo o que eu não precisava era meu melhor amigo ficar chateado comigo.

Logo que paramos em frente de casa, Jake não move um músculo. Fica parado olhando para o nada.

- Jake, eu...

Não tenho tempo de terminar a sentença. Minha porta é aberta e Alice me puxa.

- Vem comigo! Logo as meninas chegarão, mas quero que você veja os vestidos antes delas.

Não protesto. Sigo Alice e Jake fica no carro, não sei por quanto tempo.

Os vestidos são lindos. Todos cor de creme e com uma faixa pink abaixo do busto. A saia é composta por várias camadas de tule.

- São lindos. – digo sorrindo. Mesmo assim, sei que não pareço muito feliz.

- Eu sei! – diz minha tia animada, ela mal percebe meu estado.

Alice sai do meu quarto, pulando toda feliz. Sorrio com a cena. Olho para o lado direto, onde fica a varanda. Jacob ainda está lá, dentro do carro. Seu olhar encontra ao meu. Ele fecha seus olhos e liga o carro. Depois de alguns minutos, me olha e acelera o carro, saindo em alta velocidade, tanto que os pneus se arrastam pelo afasto. Arrependo-me imediatamente por ter mentido para ele. Nunca me senti tão mal e inútil em toda a minha vida.

                


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