Duas Linhas Horizontais escrita por Kawaa Chann


Capítulo 3
Yuuta




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Resolvera passar o último dia da Golden Week em casa. Precisava fazer uma faxina decente no apartamento. Apesar da Nana-san insistir em querer sair, eu estava irredutível. Tóquio era grande demais, mas não o suficiente para corações partidos.

Não acreditava que eu conseguira arrumar tudo tão rápido. Sentei um pouco e fiquei olhando o céu pela janela. O mundo era realmente muito bonito. Então, porque só eu não via? Tentei me animar um pouco, pensei em ouvir alguma música mais tradicional, daquelas que eu sempre escutava quando criança. A vida em Tóquio era totalmente diferente, dizia okaa-san. Ela tinha razão, viver em Tóquio era o mesmo que sobreviver a uma sobrecarga de stress do trabalho e do metrô todos os dias.

Fiquei sentado ali por um bom tempo e acabei adormecendo. Acordei assustado com o barulho do interfone, estranhei bastante, afinal, ninguém me visitava em casa.

– Preciso falar com você, Motosuwa-kun...

Aquelas palavras me tomaram de assalto... fiquei paralisado. Pensei que fosse a Nana-san insistindo em me levar para sair, mas a voz do Takahashi pelo interfone atirava pela janela todas as minhas esperanças daquilo não ser um sonho.

Ele deu duas leves batidas na porta. Respirei fundo e abri. Tentei parecer o mais natural possível, mas como fingir naturalidade quando ele me desconcertava por completo?

– O que faz aqui, Takahashi-san?

– Posso entrar? - antes que eu pudesse responder, ele já tinha entrado. - Motosuwa-kun, eu preciso de você.

Quis saborear, por alguns instantes, aquelas palavras. O Takahashi me deixava confuso, mas a verdade era que antes do acontecido no elevador, minha vida era apenas um arrastar de horas.

"Eu preciso de você"... "Eu preciso de você"... era golpe baixo. Takahashi sempre estivera na vantagem... enquanto eu não sabia nada sobre ele, exceto que era casado.

– Você não vai dizer nada?

O que eu poderia dizer? Eu estava confuso, desnorteado, paralisado e mal conseguia fechar a porta. Era uma sensação nova... senti-me como quando a Miu-chan ficou quando a pedi em namoro. Agora eu entendia o que era ter medo mesmo estando feliz.

Senti então que eu não segurava mais a porta. Então caí em mim... o Takahashi fechara a porta... seus braços pressionavam a minha cintura enquanto ele me encurralava contra a parede. Ele se aproximava cada vez mais perto do meu corpo, como da última vez em que estivemos juntos a sós. Eu não me sentia acuado, mas algo não estava direito. O Takahashi não podia chegar assim do nada e fazer o que quisesse de mim. Afastei-o sem parecer brusco e, olhando-o nos olhos, perguntei:

– Doushite ka?

Ele afastou-se sem me encarar... Senti-me um pouco inseguro, receoso, mas não podia deixar de perguntar o porquê daquela visita repentina. Por que o Takahashi estava em minha casa? Por que viera atrás de mim depois de me rejeitar?

– Hideki... Gomen ne... Motosuwa-kun... por que acha que vim?

Gelei. Eu não sabia! Por que ele fazia aquilo comigo? Não era justo. Tentei sorrir, meio consternado... Por acaso eu era uma marionete que cederia aos desejos de outrem por amor?

Nessa hora, um filme passou pela minha cabeça. O Takahashi gentil ia longe em minhas memórias. Aquela manhã no elevador também parecia distante. Nós sucumbimos ao desejo naquele dia. E hoje, ele estava em minha casa depois de dizer com frias palavras que era casado. Eu entendia a interdição daquela relação, por que ele insistia em me ferir, em me magoar?

– Takahashi-san... eu quero que você vá para casa e cuide de sua mulher...

Suas mãos alcançaram meu rosto... acariciavam-me afavelmente... O calor do corpo dele parecia queimar-me a pele feito brasa. Mas eu me sentia triste, insatisfeito e contrariado.

– Takahashi, onegai, vá para casa...

Antes que eu pudesse insistir, ele me puxara para perto de si e me abraçara tão forte quanto pôde. "Não, não faça isso, não abuse de minha carência, de meu amor, Takahashi-san"... eu queria empurrá-lo, afastá-lo de mim... mas seu corpo reclamava o calor do meu e eu não podia ignorar o desejo que explodia dentro de mim.

Quando percebi, estávamos aos beijos... Ele me pressionava contra a parede e sua barba mal feita roçava meu pescoço. Seu cheiro me fascinava e despertava em mim desejos ainda mais fortes. Senti que ele também desejava o mesmo. Não conseguíamos nos conter, eu não queria isso.

Eu tirava a sua roupa tão rapidamente quanto ele tirara a minha. Seu corpo viril me enlouquecia a tal ponto, que não raciocinava direito. Minhas mãos o acariciavam e eu sentia forte ímpeto de morder-lhe as costas... Mas me contive, eu poderia deixar-lhes marcas e não queria prejudicá-lo com sua esposa, porém, tentei não pensar muito na esposa dele, queria aproveitar aquela oportunidade enquanto podia e, se não houvesse mais uma oportunidade como aquela?

Ajoelhei-me e fui percorrendo seu corpo com a língua. Percebi que seu membro latejava, pude sentir a vibração dele assim que o coloquei em minha boca. Eu não pensava em mais nada além daqueles três metros quadrados onde eu tinha o Takahashi em toda a plenitude do meu desejo e êxtase.

Se ele precisava de mim, ele me teria. Soube naquele dia que o Takahashi não me seria mais um estranho... eu o conhecia agora, ele era Yuuta, e eu o amava a tal ponto que poderia aceitar ser seu amante se preciso fosse, porque eu não conseguiria mais viver longe dos seus beijos, das suas carícias, do seu corpo... Poderia ser um egoísmo masoquista, mas eu aceitaria tudo para tê-lo comigo.

Eu não poderia mais ignorar a satisfação de senti-lo dentro de mim... E eu sabia que ele não aguentaria viver contendo seus impulsos mais íntimos, mesmo que ele ainda fosse um homem casado perante as leis do nosso país.


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