O Silêncio Dos Lobos escrita por Reira


Capítulo 2
Numb3rs




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Acordou no meio da noite, com vontade de ir ao banheiro. Mas nem tinha ideia de onde ficava... mas deiva ser no mesmo corredor dos quartos. Saiu silenciosamente da cama, foi na ponta dos pés até o corredor e olhou para um relógio que ficava acima da porta, na sala abaixo dela. Ele marcava exatamente meia noite. Olhou para os dois lados do longo corredor, e decidiu ir pela direita. Mas logo ouviu vozes. Não devia ser certo ouvir a conversa alheia, mas acabou parando para prestar atenção. Olhou discretamente pelas tiras de madeira que formavam uma espécie de sacada no corredor, e de onde estava podia ver Rose e Paul sentados no sofá. E podia escutar a conversa... estranho, eles não estavam muito perto. O lógico seria ouvir as vozes mas não conseguir distinguir as palavras quase sussurradas, mas ela conseguia perfeitamente.

–- Não consegui dormir até agora... vê-la na beira daquele precipício me lembrou a Kamile. Eu não poderia deixá-la fazer aquilo... eu me culparia pelo resto da vida. Se eu não a tivesse deixado sozinha, ela ainda estaria aqui...

–- Paul, meu filho... - Haryan pôde ouvir alguns soluços que deviam ser de Paul. - Kamile teve que encarar algo maior que nós, não podíamos fazer nada... ela perdeu o controle, não foi nossa culpa.

–- Porque ela teve de ir para aquele lugar – Disse Paul, alterando o tom de voz, claramente com raiva. - Isso tem que acabar... - E então o silêncio. Ao olhar, Haryan viu Rose abraçada com seu filho, consolado-o. Nesse momento ele parecia um garoto, uma criança, chorando no colo da mãe, não o homem que mostra ser. Devia ser um problema gravíssimo, para ele chorar dessa forma. Quem seria Kamile ? Pensando nisso, Yume decidiu voltar ao que estava fazendo, procurando o banheiro. Estava curiosa, mas mal conhecia a família, não poderia simplesmente chegar e perguntar, muito menos perguntar onde era o banheiro, interrompendo a tensa conversa.

Foi andando pelo corredor, girando a maçaneta de todas as portas. Algumas se abriam, mas podia ver que era um quarto pela fresta. A vontade foi aumentando e ela estava quase correndo para a sala, para perguntar á Rose onde ficava o dito cujo, até girar a maçaneta da última porta do corredor. Ao abrir a fresta, só viu escuridão. Só podia ser ali ! Já tinha olhado em todas as portas, apesar de não ter ido para o lado esquerdo, mas o certo seriam dois banheiros, um em cada lado. Enfim, resolveu tentar. Abriu a porta devagar, e se deparou apenas com escuridão. Total escuridão. Que estranho, todos os quartos tinham uma leve iluminação de algum abajur. Era mais provável que fosse o banheiro mesmo... procurou o interruptor de luz, tateando as paredes. Até que achou, logo perto da porta, e ao acender a luz, não era o banheiro. Era um quarto, mas não havia ninguém. Apenas porta retratos e vidros, talvez de perfume, quebrados. Pôsters rasgados, a cama bagunçada, uma bagunça enorme. Mas não era qualquer bagunça, alguém colocou aquele quarto abaixo de propósito. Na parede, havia um quadro enorme, o único ainda inteiro, com uma foto de uma garota, ruiva, de olhos verdes como os de Paul. Será que aquela era a Kamile ? Ficou tão impressionada com o que viu, e tão confusa com as perguntas que surgiam em sua mente – já não bastava o esforço em tentar entender sua própria cabeça – que apagou a luz e fechou a porta, rapidamente, mas com cuidado para não fazer barulho. A vontade de ir ao banheiro até sumiu. Voltou para o quarto, os olhos ainda arregalados, o cenho franzido. O que era aquilo ? Porque mantinham aquele quarto completamente bagunçado daquela forma ? Voltou para o quarto, e se deitou, decidida a não sair mais. Parecia que a cada momento, ao invés de respostas, só tinha mais perguntas. Demorou a cair no sono, com tantos pensamentos.




Quando acordou, agradeceu por não ter mais pesadelos. Olhou para o lado e Audi ainda dormia. Quando olhou no relógio do quarto, ainda eram 5:30. Tentou dormir novamente, mas não conseguia.




Olhou em volta, e o único som que ouvia eram as folhas batendo levemente na janela. O abajur iluminava levemente o quarto, e aproveitou para saciar sua curiosidade, já que não tinha mais o que fazer.

Logo á sua frente, havia um baú. Não havia reparado nele quando chegou... se levantou da cama e foi até ele, mas quando se agachou para abri-lo viu que havia um cadeado. Droga, pensou. Deu um sorriso de canto e o puxou só de teimosia. E por incrível que pareça, consegiu abrir.

Olhou estupefata o cadeado em sua mão. De onde vinha toda aquela força ? Franziu o cenho, achando que devia estar sonhando. Colocou o cadeado no chão com delicadeza e abriu o baú.

Dentro havia apenas um diário, algumas bonecas e um vestido de criança. Tirou o diário e o abriu. Apesar de estar meio escuro, conseguia ler perfeitamente. Haviam citações e descrições dos dias de uma garota, e ao ver a contracapa, o nome de Kamile estava ali.

De acordo com o diário, ela era uma menina comum, de apenas 14 anos e... filha de Paul ?!

Ela havia parado de escrever no dia 15/04/2115.

Era seu aniversário. Ela havia saído com o pai e as amigas para comemorar em um enorme salão, seria a festa de seus sonhos. E a partir disso, mais nada. Apenas folhas em branco, e inúmeras perguntas na mente de Haryan.

Enquanto estava distraída, nem viu o tempo passar. O relógio despertou ás 7:00, e Haryan, num salto, guardou o diário e correu para a cama antes de Audi se levantar, suplicando para que ela não reparasse no cadeado mal colocado no baú.


Enquanto estava deitada, fingindo estar dormindo, ficou pensando. Então Kamile é filha do Paul, tem 14 anos – ou melhor, era pra ter quase 16 do tempo que se passou – e aparentemente sumiu, pela conversa que ouviu dele com Rose, e pelo fato de ela ter parado de escrever no diário. Se não bastasse o mistério sobre quem ela era, era o mistério sobre o que aconteceu com Kamile.



Enquanto isso, Rose colocava algumas roupas para lavar. Quando pegou a calça que Haryan estava usando ao chegar aqui, percebeu que havia algo no bolso detrás da calça. Ao ver, era um envelope dobrado. Queria saber o que havia dentro, mas não parecia ser certo. O guardou no bolso do avental para devolver á garota.


Depois de algum tempo que Audi havia saído do quarto, Haryan se levantou da cama, prestando atenção nos sons da casa. Não havia nenhum barulho de garotas conversando, só barulho de louças batendo em alguma superfície de metal, provavelmente Rose devia estar lavando a louça do café.

Quando está confusa, ela se perde em pensamentos e prefere não conversar, até porque pode parecer antipática por não se concentrar no que a outra pessoa está dizendo. Mas ao menos Rose teria de ver, seria muito ingrato da sua parte ficar trancada no quarto o dia todo.

Deslizou dos edredons macios e depois de lavar o rosto, desceu silenciosamente as escadas. No momento em que apareceu na porta da cozinha, Rose se virou e levou um susto ao vê-la.

–- Meu Deus ! Você é arisca como um gato, não fez nem um barulho sequer ! Nem percebi que havia acordado. - Haryan deu um risinho e respondeu com um Bom dia. Rose abriu o forno e retirou um prato com panquecas, e colocou na mesa ainda posta com café, leite, mel, biscoitos e uma xícara. - Só estava esperando você. - Haryan agradeceu e se sentou para comer. Enquanto comia, ficou observando um passarinho que ficava saltando de um lado para o outro, pegando as migalhas que as garotas haviam deixado. Eram tão bonitos, esses bichinhos. Queria ser assim, livre de qualquer preocupação e ainda poder voar.

Seu pensamento foi interrompido por Rose, que a chamou. Olhou para ela enquanto bebericava seu café.

–- Esqueci de dizer, achei uma coisa no bolso da sua calça quando fui lavá-la de manhã. - E tirou o envelope do bolso e estendeu para Haryan, que, curiosa, se levantou na hora e o pegou. O abriu e dentro havia uma foto amassada. Quando a desamassou, viu que era em preto e branco e que nela estavam um garoto e uma garota, crianças, brincando, sentados na grama. A garota era Haryan, com certeza. Os traços confirmavam isso. Já o garoto, ela não sabia. Ele dois vestiam roupas listradas de azul, e no verso da foto, o ano de 1943 estava escrito com tinta permanente preta. Ao ver isso, Rose franziu o cenho.

–- Será que são seus... parentes distantes ? - Perguntou, sem saber como nomear parentes tão antigos assim. Haryan não respondeu na hora, estava tão surpresa com aquilo que não sabia o que dizer. Com certeza não era ela, devia ser isso mesmo, uma parente distante... ou 1943 devia ser um número aleatório... não uma data.

–- Devem ser – Respondeu, quando recuperou a voz. Dobrou a foto, decidida a pensar mais sobre isso mais tarde. Havia mais alguma coisa no envelope... depois de guardar a foto, retirou de dentro um colar dourado, aparentemente de ouro. Rose estava prestes á elogiar a beleza dele, quando viu que o pingente era uma estrela de Davi. Nisso deu dois passos para trás, estupefata, de olhos arregalados.

–- Você... é judia ?? - Havia um tom estranho na voz de Rose. Toda aquela simpatia havia dado lugar á medo e desprezo. Haryan franziu o cenho e olhou para o pigente. Não sabia o que ele significava.

–- Isso é ruim ? - Perguntou. Rose sentiu uma pontada de culpa pela sua reação. A menina não tinha culpa. Nem sequer sabia de nada.

–- Não, é que não existem mais. Os que não renunciaram sua origem foram mortos, todos. E os objetos relacionados á sua origem foram todos destruídos. Qualquer origem ou costume relacionado á espiritualidade foi destruído. - Haryan arregalou os olhos. Como assim ? O que essas pessoas tinham feito ?

–- Porquê ? - Perguntou. Rose engoliu em seco e olhou para o chão. Era uma pergunta para a qual não tinha resposta. Havia um razão, mas estava cansada de pensar e falar sobre isso. Não adiantaria nada, a inocente Haryan não merecia saber aonde a crueldade humana era capaz de chegar por razões sem fundamento.

–- Não sei – Respondeu. Em seguida melhorou a expressão, tentando tirar aquela imagem de desprezo que a menina viu minutos atrás, e colocou uma das mãos nos ombros dela. - Mas não deixe que ninguém veja isso, por favor. É muito sério querida, não deixei absolutamente ninguém ver. - Ela assentiu, um pouco assustada. Será que a matariam também se vissem isso ? Pelo que havia escutado, com certeza. Guardou o colar no envelope e depois de ajudar a guardar as coisas do café, subiu para o quarto.

Lá tirou novamente o colar e a foto de dentro do envelope. Tinha a sensação que o garoto da foto não era estranho, mas não conseguia se lembrar, por mais que tentasse.

De repente, uma sensação estranha. De estar no lugar errado, de não pertencer aquele lugar. De estar distante de casa, uma ansiedade esmagadora em saber seu passado. De repente, ouviu um trovão. Pulou da cama e olhou para a janela, assustada. O céu estava escuro e tons de marrom entravam em contraste com o negro. A tempestade chegou em todos os sentidos. Os barulhos estrondosos de trovão lhe deixavam amedrontada, sem saber porque. Se sentou na cama e se cobriu com os edredons, tentando abafar o som. Tremia da cabeça aos pés, tentando entender aquela sensação de medo irracional. Estava segura dentro da casa, mas mesmo assim sentia medo. Lágrimas brotaram em seus olhos, e se sentia pequena, imprestável... uma sensação angustiante de perda a invadiu. A cada barulho estrondoso dos trovões, o medo aumentava. Queria gritar, mas não queria assustar Rose. E se lembrou daquela voz dizendo: “Permaneça em silêncio”.

Se sentiu pequena, indefesa. Como uma criança. Queria alguém para abraçá-la, queria sua casa, mesmo sem saber quem e onde. Algo lhe dizia que não era a primeira vez que se sentia assim, mas que era a primeira vez que se sentia assim, sozinha.

Isso se misturou á angústia de não saber de onde veio, de não saber nada sobre tudo e todos. Não queria ser indefesa assim, não queria que ninguém visse o quanto estava fraca naquele momento.

Quando a tempestade amenizou e os trovões pararam, Haryan saiu lentamente da cama, e foi até o banheiro lavar seu rosto, que estava cheio de lágrimas. Prendeu os cabelos em um coque desajeitado, ainda um pouco trêmula, ainda com aquelas sensações.


Nesse mesmo instante chegava á casa o neto de Rose, Victor. Um garoto de 19 anos, montando uma Harley Davidson velha e com os cabelos escuros caindo sob a testa. Era sobrinho de Paul, mas a semelhança o fazia parecer ser filho.


Victor era um garoto retraído e estava sempre quieto, perdido em pensamentos. Um pouco frio, apesar de amável com sua avó. Era bonito, por isso vivia sendo asseadiado pelas garotas da casa, por isso sempre aparecia antes de elas voltarem da escola.

Rose estava sempre preocupada com ele. Parecia esconder algum segredo, mas ele dizia que certas coisas não vale a pena contar. O mistério só aumentava com a cicatriz que havia em sua nuca, mas que ele reagia com raiva sempre que perguntavam sobre ela, por isso evitavam tocar no assunto.

Lá, os jovens eram obrigados a ir para o exército e ficar por um ano. Rose acha que foi essa experiência que o deixou assim, pois antes de passar um ano lá, ele era diferente. Mais alegre. E sem nenhuma cicatriz.


Ele pegou as chaves e entrou. Depois de guardar a moto no jardim, entrou na casa e sua avó o recebeu com abraços e beijos, como sempre. Ela estava começando a preparar o almoço, e insistiu para que ele ficasse e conhecesse Haryan. Victor hesitou, já que não estava a fim de ser assediado por mais um dessas garotas idiotas que sua vó abriga, mas acabou aceitando devido á insistência.


Rose, animada, pediu que ele visse o arroz para não queimar e foi chamar Haryan. Ele ficou mexendo o arroz, distraído, pensando em coisas bobas como trocar o pneu da sua moto quando sua avó voltou. Ao ver Haryan, ergueu uma sobrancelha, ela não era estranha.

–- Eu já vi essa garota – Ele disse.

–- Sério ? Onde ? - Ela perguntou, esperançosa. Ele franziu o cenho e desviou os olhos, hesitante. Não queria falar sobre o lugar onde a viu.

–- Ah, por aí. - Haryan suspirou e deixou os ombros caírem.

–- Tente lembrar querido – Disse Rose. - Ela não se lembra nada sobre de onde veio. Paul a encontrou sozinha na estrada... - Victor riu.

–- E o que você acha que uma garota crescidinha estaria fazendo sozinha na estrada ? Como vocês são ingênuos. Depois reclamam da futilidade das garotas que vivem aqui.

–- Eu poderia ter sido sequestrada e fugido. Ou ter sido deixada lá – Retrucou Haryan.

–- Talvez esteja querendo recomeçar a vida, por isso essa de não se lembrar. - Ele foi até ela e começou a mexer nos cabelos da menina, procurando por marcas na cabeça. E nada.

–- Pra ter perdido a memória teria que ter batido a cabeça, e não tem marca nenhuma aqui – A menina tentava afastá-lo, mas em vão. Só o divertia mais.

–- Victor ! - Repreendeu sua vó, o afastando dela. - Pare com isso.

–- Tudo bem, desculpe. - Haryan riu. Ele parecia um cachorro. Há momentos atrás, todo elétrico, agora abaixando o rabo para a voz autoritária da avó. Ele foi pegar um pouco de água na geladeira ao lado dele e ela prendeu os cabelos novamente em um coque, e nesse momento Victor olhou para o pescoço dela. Seu choque ao ver o que viu foi tão grande que deixou o copo escorregar das sua mãos, e ao quebrar fez as duas se assustarem. Rose ia dizer algo para repreedê-lo, mas ele foi mais rápido.

–- Garota, porque você tatuou números na nuca ? - Ele perguntou, não acreditando que aquilo poderia ser o que ele estava pensando. Rose se alarmou na hora. Avó e neto se entreolharam.

–- Não tatuei nada – Ela disse, colocando uma das mãos na nuca. - O que tem aí ?

–- Tire essa garota daqui agora – Disse Victor, claramente nervoso. - AGORA ! - Ele a puxou pelo braço, e ela gritou de susto. Tentou se desvencilhar mas ele era muito forte. Rose ficou sem reação em um primeiro momento, tentando processar tudo. Logo estava tentando separar os dois. Depois de gritar para ele parar, ele se acalmou e soltou o braço da menina.

–- Haryan, por favor vá para o quarto – Disse Rose, com uma voz autoritária. Haryan não estava entendendo nada, seu pulso doía e sua cabeça também. O que era aquela história de números ?

–- Mas... - Retrucou. Rose a encarou friamente.

–- Para o quarto. - Ela recuou, descrente no jeito frio e autoritário da senhora antes tão simpática. Balançou a cabeça, chateada. E correu escadas acima, e fechou a porta com força. Uma judia com números tatuados na nuca. Pelo visto, ela deveria ser um lixo, pelo modo como estavam fazendo com ela. E , dali, podia ouvir Victor gritar com a avó, a mandando ir embora. Queria chorar, mas logo essa vontade foi superada pela raiva. Raiva de si mesma e de todos. Ia sumir dali. Ia pular aquela janela. Foi pensando nisso que pegou o envelope e o guardou no bolso. Mas antes, resolveu ver o que Victor viu.

Abriu o guarda-roupa de Audi e procurou por um espelho. Revirou tudo, desesperada, sem nem pensar na reação da sua amiga quando visse. Ao achar, correu para o banheiro e colocou o pequeno espelho atrás de si, para ver no espelho á sua frente o reflexo de sua nuca. Segurou os cabelos com a outra mão e realmente, haviam números ali.

15894632-001.

Parecia um número de série...

Mas o que era aquilo ?


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo *--* espero que estejam gostando ^^



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