A chuva caía singelamente do céu acinzentado. As nuvens cobriam completamente qualquer mínimo rastro de luz solar, cedendo à paisagem um clima tanto quanto calmo, enquanto também deprimente.

Todas as peças pareciam no lugar. A peculiar paisagem emoldurava o horizonte; nas ruas se seguia um silêncio quase mortal, apenas quebrado pelo som da colisão dos pingos de chuva com o asfalto.

O lugar perfeito para uma despedida.

O local perfeito para substituir algo antigo por algo novo.

Esses eram os pensamentos lastimosos que ecoavam pela cabeça de uma certa maga de água - a mesma que causara a chuva.

No exato momento em que abriu seus olhos, se deparou com uma visão, no mínimo, perturbadora. Havia um número incontável de magos a seu redor, todos caídos e esparramados pelo chão molhado.

Ela olhou ao redor, movendo a cabeça com dificuldade, até ter seu cabelo agarrado brutalmente por uma mão firme. Ela pôde sentir um hálito quente em sua orelha, enquanto a misteriosa voz sussurrava palavras quase inaudíveis.

A mesma mão ergueu sua cabeça o suficiente até que a maga pudesse visualizar um homem forte musculoso com uma cicatriz de formato estranho cortando sua bochecha. O estranho se aproximou novamente, e dessa vez ela pôde distinguir suas palavras.

" Provavelmente não vai sobreviver ao que vai acontecer agora, esses são seus últimos momentos. Use-os pensando no que quiser... é sua última chance de fazer isso. Faça escolhas sábias." A voz rouca do rapaz se fez ouvir a uma distância quase mínima entre seus rostos.

Ele repousou gentilmente sua cabeça no chão e se afastou em passos ligeiros.

J-Juvia... Juvia vai ... morrer ... agora?

N-não!

Eu não quero morrer! A Juvia ainda precisa esclarecer muitas coisas... eu... ela...

Ju... Juvia não pode!

Ela tentou se contorcer, apenas para descobrir-se estaticamente parada no mesmo lugar.

Seu corpo estava paralisado, sim... agora ela era capaz de perceber.

Seus músculos estavam dormentes.

Seu único membro capaz de realizar algum movimento era seu pescoço, mas não iria muito longe apenas com isso. Ela ergueu a cabeça, permitindo que as gostas incessantes de sua própria chuva inundassem suas feições, pelo que parecia ser a última vez.

E então ela chorou.

Chorou como a chuva torrencial que atualmente caia do céu, provocando estrondos e , provavelmente, destruindo qualquer objeto abandonado na estrada.

Se esse era seu fim, que fosse da forma como sempre foi -isso até ele chegar.

Que fosse embaixo da chuva.

Seus soluços não pareciam emitir som e meio aos clarões que desciam do céu e os ruídos incessantes da chuva caindo, mas ainda assim, ela chorava.

Chorou como fez muitas vezes na vida, mas dessa vez era diferente.

Eram lágrimas de adeus.

Adeus chuva.

Adeus amigos.

Adeus Fairy Tail.

Adeus Gray-sama.

Adeus vida.

E a chuva continuou a cair, se tornando cada vez mais potente.

Ela caía pelas lágrimas de Juvia; por todos os sentimentos que ela deixara de expressar.

Por todos os sentimentos que agora escorriam por seu rosto.