O trem mantinha velocidade constante, seus motores rugindo durante todo o longo percurso.

Nesse exato momento, os olhos de Loxar se focavam na paisagem através da janela aberta, mas sua mente estava ainda mais distante. Ela mantinha sua atenção voltada unicamente para o rumo que sua vida seguiria; afinal, agora ela não poderia mais continuar a agir como a "louca apaixonada"- como muitos a chamavam.

Não depois do que ela viu.

Ela não poderia continuar a observar aquele que amava. Ela não poderia nem mesmo olhá-lo de longe; não da forma como sempre fez. O motivo era óbvio; Gray tinha alguém especial em sua vida, alguém ocupando um lugar especial em seu coração - o lugar que ela sempre desejou ocupar.

E, sabendo de tudo isso, Juvia não se atreveria a ficar em seu caminho. Ela simplesmente não poderia cogitar a possibilidade de interferir na felicidade de seus amigos. Ela não tinha esse direito... e ela também não tinha essa vontade.

Então era isso...

Todo o seu esforço havia sido jogado fora;

Sua esperança já não tinha mais sentido.

Estava acabado.

O amor que ela sentia pelo mago, de repente não era mais tão desejado. A gora, ela apenas desejava que sumisse; ou talvez que, pra começar, jamais tivesse começado.

A azulada fechou as mãos com força, formando um punho, quase como se aquilo fosse dar a força ou apoio que ela necessitava agora.

A viagem de trem pareceu durar uma eternidade, apesar do fato de ainda não ter nem mesmo alcançado a metade do percurso.

Juvia devia ter escolhido uma missão em um lugar mias próximo – pensou sombriamente

A paisagem parecia nunca mudar, e depois de algum tempo Juvia desistiu de olhar pela janela. Apenas descruzou os braços e descansou-os em seu colo, recostando a cabeça cansada na parede, encarando o nada.

Aos poucos a ruidosa chuva parecia ceder, até que ao chegar na cidade mencionada, a mesma já era quase nula.

A maga de água se dirigiu rapidamente ao local demarcado no cartaz, desejando subitamente descontar sua frustração em alguém. Capturar criminosos seria apenas a maneira perfeita.

Finalmente alcançando a delegacia da cidade, a maga bateu na porta duas vezes. Na terceira, sendo surpreendida por uma figura robusta enviando-lhe um caloroso sorriso banguela.

Ela não sabia o porquê, mas aquele sorriso lhe enviava calafrios.

Engoliu em seco, e retribuiu o sorriso nervosamente, tentando evitar as orbes que teimavam em inspecioná-la de cima a baixo.

O velho senhor acenou debilmente com a mão livre enquanto a outra segurava cuidadosamente a porta; ele pigarreou e bloqueou seu olhar nos olhos da jovem.

– Suponho que seja uma maga, senhorita? - perguntou cordialmente

–S-sim... Juvia é da Fairy Tail, ela veio por causa do trabalho - gaguejou enquanto procurava o folheto dentro da bolsa.

– Tudo senhorita - disse erguendo a mão em um sinal ordenando atenção - Volte aqui em cerca de meia hora, vou me certificar que tudo esteja pronto até lá.

– H-huh... tudo o quê, senhor? - murmurou incerta

– Vou reunir informações sobre os criminosos que precisa caçar. A senhorita terá todo o recente histórico dos criminosos;lugares onde foram vistos ultimamente, descrição física, retrato falado... apenas volte mais tarde - disse com a voz pachorrenta, fechando aporta em seguida, impedindo qualquer objeção por parte da maga.

Sem muito o que fazer, apenas caminhou por ruas aleatórias até seu relógio marcar exatos trinta minutos. Indisposta a encontrar o velho novamente, demorou-se em seu caminho até a delegacia.

Quando chegou ergueu o braço delgado e a porta se abriu logo na primeira batida, revelando a mais pura escuridão.

–Hum... senhor... - no momento ela se deu conta que não sabia o nome do velho, amaldiçoando-se internamente por isso.

–Entre, madame... estou terminando de empilhar os papéis - falou pausadamente, quase como se fizesse algum esforço.

A jovem hesitou, mas, motivada a completar seu trabalho adentrou no recinto, ouvindo o ranger de uma porta se fechando logo atrás de si.

No entanto, mal teve tempo de se virar, sendo atingida em cheio do estômago e repousando na dura parede, suas mãos se apoiando no áspero piso, tentando conseguir algum equilíbrio.

Antes que fosse capaz de se reerguer totalmente, alguém agarrou seus braços e ela pôde sentir um lenço úmido cobrindo suas narinas, fazendo-a inalar um estranho aroma, que, quase imediatamente encheu seu corpo de agonia, causando a seu corpo uma violenta tremedeira ao mesmo tempo em que se debatia desesperadamente buscando liberdade.

Apesar de todas as tentativas, o lenço não abandonou sua posição, mantendo-se pressionado firmemente contra seu rosto com a lateral cobrindo-lhe o olho já ardente.

A maga sentia-se aturdida e saberia que não iria demorar até desmaiar. Ela fez uma última tentativa, murmurando um quase inaudível " water slice" em uma direção aleatória. Assim, por mais que não conseguisse escapar, aquela marca poderia ser de uso em seu resgate.

Já beira da exaustão, a maga cedeu, fechando completamente os olhos e dando fim a fadiga.

Me salve... Gray-sama... Por favor... - e esse foi seu último pensamento.

No entanto, ela tinha uma ligeira suspeita dizendo-a que ele não viria.