Não demora muito tempo até que eu veja minha relação com Robb crescer, mesmo que sem minha permissão.

  De um ato de compaixão ao me trazer o sanduíche pela primeira vez, ao fato de todos os dias - não importa quanto tempo eu enrole no banheiro tentando esconder meus machucados com minhas roupas ou molhando o rosto - eu o encontrar sentado à mesa excluída das outras, apenas esperando a hora de dizer “Oi, Sarah.”, e me lançar um sanduíche, ou pegar o que eu jogo.

  De esperarmos todos saírem da sala para esperar o outro ir em frente, acabamos nesse olhar de Robb, enquanto a professora sai da sala comendo sua maçã...

  -Caramba, a aula de hoje foi tensa. – Ele diz, sorrindo e aproximando-se de minha carteira.

  Eu não consigo deter um riso, lembrando a cara da professora ao tentar parecer séria e falar sobre testículos de boi ao mesmo tempo. Assinto, pegando o lanche em minha mala, e dou alguns passos para sair da sala.

  Porém Robb me detém, subitamente pegando meu pulso.

  -Espera. – Ele diz.

  Nós dois paramos de respirar por um segundo, enquanto eu viro o rosto até ele. Nós nos encaramos um pouco, os dois meio assustados. Como habitual, ele é o primeiro a reagir: afasta-se um pouco, corado, e coça sua nuca.

  -Hã... Você também trouxe algo pra comer?

  -Eu trouxe. Não era meu dia? – Eu pergunto. Nós nunca combinamos os dias de cada um levar lanche, mas isso havia fluído bem.

  -Eu não sei, achei que era meu. – Ele responde.

  -Oh, bem... Nesse caso, eu tenho uma pergunta a te fazer.

  -Qual? – Robb parece feliz com o fato de que finalmente estamos tendo uma conversa como a de pessoas normais.

  -Você tem medo de ficar gordo?

  Ele ri, me levando junto com ele. E, entre as risadas e nossa estranha –porém familiar - troca de olhares, um pensamento surge em minha mente: Robb está em minha vida desde que eu posso me lembrar, além de ser a única pessoa que eu não odeio nesta construção inteira...

  Talvez seja hora de eu chama-lo de amigo.