Dragons Cold escrita por Adrielli de Almeida


Capítulo 5
4 - Who You Are


Notas iniciais do capítulo

Who you are da Jessie J.
Nunca se esqueça de quem você é
Tem personagem nova na área >.< u-u
ME amem ~só que naum ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/329749/chapter/5

Alysson abriu os olhos. Luz forte a cegou.

- Argh – ela ergueu os braços e protegeu os olhos.

- Use isso – ela seguiu a voz de Charles e agarrou algo com aros de plástico resistente quando esse ia atingi-la. Um óculo de sol. Ela o colocou e se sentiu bem melhor. Com um guincho de horror ela percebeu que estava embaixo do sol. Rapidamente checou o corpo, os braços, o rosto, as pernas. Estavam todos ali. Ela ainda vestia a roupa da boate. Mas como... Ela podia estar embaixo do sol... E não ter queimado feito carvão?

- Não se preocupe – disse Charles e a claridade dificultava a visão dela para encontrá-lo em seu campo visual – não é real.

 Ela franziu as sobrancelhas. O que não era real?

- Como fez isso? – ela perguntou eufórica. Fazia quase três séculos que não via a luz do sol ou saia à luz do dia.

- Eu lhe disse: não é real – Alysson piscou confusa. Charles continuou: - Estamos em uma lembrança.

Ah.

Sim, estava bom demais para ser verdade.

- Minha ou sua?

- Minha – respondeu ele.

 Pela primeira vez ela notou a floresta ao redor. A visão dela começava a se ajustar ao excesso de luz.

- Sei que é desconfortável, desculpe – ele arregaçou as mangas do casaco de couro – mas na época você ainda podia sair no sol.

 Ela piscou outra vez.

- Como?

Um sorriso fraco pintou os lábios de Charles.

- Tenho meus próprios truques, doçura. E, bem, preciso do seu perdão. Novamente. E não diga dá boca pra fora. Eu... nunca pensei em lhe mostrar isso. Mas é...

- Charles, cale a boca. – ela revirou os olhos. – Quero ver, não que me fale tudo.

- Como quiser, doçura – riu Charles.

  Ele andou rapidamente e Alysson não hesitou em segui-lo. O sol podia ser de uma lembrança antiga de Charles, mas a sensação de luz solar tocar a pele dela era maravilhosa. Mesmo que fosse falsa.

  Um casarão europeu que devia estar muito na moda a alguns séculos atrás – três, mais especificamente – apareceu no campo de visão dos dois. Aly ergueu os olhos e xingou baixinho.

- Idiota – murmurou para Charles

- Como sempre – ele admitiu.

- Sempre – concordou ela.

- O dia em que nos conhecemos... lembra?

- É meio difícil não lembrar, Charles – os cabelos castanhos chocolate escuro de Alysson cobriram seu rosto e ela andou mais depressa.

- É isso que vamos ver? – perguntou, ansiosa – Não me lembro muito bem de como eu era na época... – ela mordeu o lábio. E então, tendo uma sensação humanamente incontrolável, baixou os olhos. Envergonhada. Ela se lembrou do beijo de Charles. Do jeito como...

- E ali – Charles indicou uma fonte branca perolada. Eros, ou um cupido qualquer, cuspia água cristalina e na bacia havia coisas pequenas que brilhavam intensamente – está Estephano. Lembra dele? – Charles sorriu timidamente.

- Estephano – ela balançou a cabeça e andou até a fonte. Pescou uma moeda entre as milhares que brilhavam dentro da bacia branca forrada de água cristalina. Girando a moeda nos dedos, Aly ergueu os olhos. A moeda se movia assustadoramente rápida entre seus dedos brancos, longos e ágeis. Ela olhou pra lá e pra cá em busca de algo – ou alguém.

- Não estamos aqui – disse ela, pensativa.

- Não – concordou Charles. – Nos conhecemos no Jardim de Inverno. Achei que lembrasse disso.

- Eu me lembro – falou ela e o encarou nos olhos azuis profundos – mas não faço idéia de onde fica o Jardim de Inverno.

  Charles riu.

  Alysson havia crescido, vivido e morado naquela mansão durante seus curtos dezessete anos de vida humana. Ela estava fazendo piada, era óbvio, e de alguma maneira isso alegrou Charles – sim, era uma piada irônica, mas ainda assim era uma piada. Contava alguns pontos vindo de Alysson. Pontos positivos.

  Eles andaram, lado a lado, até o Jardim de Inverno. Era amplo e havia várias flores e árvores de pequeno porte estrategicamente colocadas pelo Jardim. Charles se lembrava de tudo. Alysson também. Já conseguiam ouvir as vozes vindas de algum ponto logo à frente. Aly e Charles trocaram um olhar cheio de significados e seguiram.

- Ah, Emily... – dizia uma voz doce e melodiosa.

- Minha doce menina – dizia uma outra voz. Era mais velha, mais sábia, mais segura. – não me diga que ainda acredita nas histórias que sua tia lhe contava. – uma risada curta e então a dama de companhia de Alysson, Emily Penterosh, apareceu em seu campo de visão. Usava um vestido branco, de seda. Delicado e feminino, igual à Emily. Logo depois veio Alysson. A velha Alysson. Charles parou e se recostou em uma estátua de pedra que segurava uma harpa e observou com olhos atentos as reações da Alysson que estava ao seu lado.

- Não... – disse Aly ao seu lado. – Não sou eu.

- Coloque um jeans na garota ali, camisetas pólo, ou seja lá qual for a sua favorita, um desses seus coturnos, uma pele pálida e doentia, escureça o cabelo dela...

- Ah, por favor, Charles – Alysson respirou fundo e cerrou os punhos. Então se aproximou de seu antigo “eu”.

- Essa não sou eu agora – sussurrou ela.

- Mas foi você. Quem você era. – respondeu Charles.

  Alysson ergueu os olhos. Ela não mais capaz de chorar, mas seu pudesse... estaria desabando nesse momento. Inclinando a cabeça Aly avançou. E o seu velho “eu” continuou tagarelando como se Charles e Alysson não estivessem ali.

-... Princesas, Dragões, Lobos gigantes... Emily! – a menina Alysson girou com o vestido turquesa dançando ao seu redor e ela riu deliciosamente: - Existem!

- Jolie é realmente uma pessoa terrível – disse Emily com um sorriso doce – Dragões! Ah, por favor! Não me venha dizer que feiticeiros...

- Existem? – uma voz grossa e deliciosa ressoou. Alysson menina, Alysson vampira e Emily ergueram os olhos. Charles estava ali. Ah, não. O velho Charles. O bobo apaixonado. Sem poderes. Ainda. Alysson humana o encarou e então corou e fingiu que ele não tinha falado com nenhuma das duas. Baixou os olhos e os cabelos – que eram mais claros na época – caíram do coque e se espalharam pelo rosto.

- Você também não estava nada mal na época – disse Aly, sorrindo má.

- Eu odiava quando você fazia isso – murmurou Charles – Quando escondia seu rosto de mim.

- Eu tinha vergonha ­– protestou ela.

- E hoje não tem mais, Aly? – ele a olhou de cima, ao lado dela, os ombros se tocando. Alysson desviou os olhos. Ele riu baixinho.

- Lembra da sua tia? – perguntou Charles enquanto o outro Charles cantava galantemente a velha Alysson.

- Lembro – ela assentiu – Ashes. Jolie Ashes.

- Bem... Pelo que sei... ela teve descendentes.

- E...? – Alysson franziu os lábios. A lembrança começou a se desfazer. Charles, Emily e Alysson viraram fumaça e então o chão, as flores, as árvores, a estátua. E eles estavam dentro de um buraco negro. O Charles e a Aly dos dias de agora.

- E... Pelo que andei descobrindo os Ashes evoluíram. Casaram-se, tiveram filhos. – explicou Charles.

- Não estou entendendo – falou Aly o olhando diretamente nos olhos – O que está tentando...?

  Charles ergueu um dedo, um pedido de paciência. Ela franziu a testa.

- Hoje os Ashes se chamam Madson. E pelo que fiquei sabendo você tem uma nova parente, por sua família humana, chamada Jolie Madson.

- Quer que eu visite minha... “Parente” distante? Pra quê?

- Não “pra quê”, Aly, mas sim, “por que”. Diga-me... Qual a Primeira Regra Suprema do Círculo Perfeito?

- Espécies diferentes não se reproduzem. – ela ditou; alto e claro.

- Exatamente – ele concordou – Vampiros se reproduzem com vampiros, feiticeiros com feiticeiros e lobisomens com lobisomens.

- Mas Charles...

  Ele a fitou nos olhos.

- Jolie Madson, sua parente perdida em distantes graus, é uma infratora.

- O quê? Como assim? – Alysson piscou confusa. – O namorado dela é de outra espécie? É isso?

  Charles suspirou pesadamente.

- Aly... ela não é pertencente a nenhuma raça.

- Mas... eu... Ela é humana?

- Não, não é humana – Charles a olhou bem dentro do castanho chocolate de seus olhos e disse – Jolie Madson, carrega seu sangue, de forma distante e pouca, mas carrega. E ela... ela é meio feiticeiro, meio vampira.

- Como é? – Alysson piscou furiosamente e Charles começou a se desfazer lentamente em sua frente.

- Acorde Alysson – disse ele – e eu lhe explicarei o que sei. Sua “prima” é uma Renegada. Uma Proibida. Ela não devia nascer. Ah, sim. Isto tem a ver com sua Marca e também com o Círculo Perfeito. Estamos perto de chegar a algum lugar.

- Maldição – Alysson ergueu os olhos e Charles piscou uma vez para ela... então desapareceu. Sumiu. Como fumaça.

  Alysson abriu os olhos. Sentia algo rugindo dentro do peito.

  Maldição de família.

  Maldição.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem! :33



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dragons Cold" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.