Missão A Dois escrita por Sarah Colins


Capítulo 58
Epílogo - Futuro


Notas iniciais do capítulo

Olá amigos o/
Mesmo com uma semana super corrida, cheia de emoções e etc, consegui escrever o Epílogo que prometi pra vocês e espero que gostem ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/329694/chapter/58

Treze anos depois [...]

Era uma vez uma família feliz que se amava muito. Há muitos anos atrás eu diria que essa era uma perspectiva muito distante da nossa realidade. Hoje porém eu podia afirmar que se tratava de um sonho realizado. Naquele momento eu sentia que tinha tudo o que poderia querer. Mesmo que eu ainda tivesse outros sonhos e metas por cumprir na vida. Eu realmente me sentia completa. Charles já estava com cinco anos, e eu ainda não sabia como meu bebê havia virado um homenzinho tão de repente. Parecia que havia sido ontem que eu o carregava em meus braços para todo o lado e ele dependia de mim para tudo. Sentia falta disso, mas logo eu poderia passar por essa experiência maravilhosa de ser mãe de novo. Percy ainda não sabia, aliás, mas eu estava esperando outro filho seu. Seria maravilhoso poder lhe dar aquela notícia quando ele voltasse para casa àquela noite depois de quase dois meses fora. Eu e Charles estávamos morrendo de saudade. Ele era muito novo mas já sabia demonstrar quando não estava contente com alguma coisa. E estar longe do pai o deixava um pouco desanimado.

O observei brincando quietinho com seus brinquedos e me lembrei de quando ele nasceu e fomos escolher seu nome. Havia sido uma decisão difícil, tanto que acabou ficando para a última hora, momento em que ele já estava nos meus braços. Por fim Percy teve a brilhante ideia de homenagear seu amigo Charles Beckendorf, que morreu no navio princesa Andrômeda durante uma das batalhas contra Cronos, muitos anos atrás. Percy sempre se sentiu culpado pela morte do amigo que não conseguiu sair do navio antes de ele explodir, mesmo que o próprio Charles tenha mandado uma mensagem através de Nico na época dizendo que não o culpava de nada. De qualquer forma havia sido uma forma bonita de lembrar o feito do semideus. Nosso pequeno Charles Jackson era tão forte e carrancudo quanto o seu xará. Era incrível como eu amei nosso filho incondicionalmente desde o primeiro instante em que o vira. E o amava cada dia mais. E não era como se o meu amor por Percy tivesse que ser dividido entre os dois agora. Ele só era multiplicado e agora seria triplicado. Suspirei de felicidade quando ouvi a campainha tocar.

– Hey Charlie, acho que a tia Justice chegou - falei para o garotinho de cabelos castanhos e olhos verdes que não esperou nem meio segundo para sair correndo em direção ao portão.

Acompanhei Charlie até o portão e logo vi que estava certa. Justice e seus pais haviam chegado. Ela era com certeza a melhor tia do mundo e Sally e Paul eram os melhores avós do mundo. Charles simplesmente os adorava. Estava fazendo a maior festa no portão e me mandava abrir logo para eles entrarem. Eu os havia convidado para o jantar, já que Percy estava voltando para casa. Sabia que ele iria adorar ser recebido pela família completa. Justice foi a primeira a entrar e logo pegou Charles no colo, ela sorriu e me cumprimentou em seguida. Era uma adolescente linda e muito carismática. Não era à toa que meu filho era completamente apaixonado por ela. Além do mais, era uma mão na roda ter Justice para cuidar dele quando eu tinha algum compromisso de trabalho ou quando queríamos ficar um tempo a sós. Ele já estava mais do que acostumado a ficar na casa dos avós, e já estava começando a pedir para dormir lá quase todo final de semana. Educar uma criança não era nada fácil, as vezes eu achava que iria ficar louca, pois Charles era bem levado. Mas ao mesmo tempo era um menino educado e carinhoso e com certeza me trazia muito mais alegrias do que preocupações.

Todos entraram e Justice levou Charlie até o quarto no andar de cima porque ele queria lhe mostrar os jogos de vídeo game novos que o pai havia lhe mandado. Sally foi me ajudar com o jantar enquanto Paul ficou na sala vendo tevê. Sei que churrasco não era exatamente ideal para um jantar. Mas, desde que havia reformado os fundos da casa e construído uma churrasqueira enorme, essa era a refeição preferida de Percy. Então achei justo fazer isso para recebê-lo de volta. Eu pretendia ir buscá-lo no aeroporto. Estava morrendo de saudades e queria vê-lo o mais rápido possível. Mas ao que parecia, a Marinha o levaria de transporte oficial até a sede para a entrega dos resultados das pesquisas e só depois ele poderia voltar para casa. Essa havia sido a viagem mais longa que Percy já fizera desde que havia sido promovido a Coordenador de pesquisas do setor de criaturas marinhas da Marinha dos Estados Unidos, pouco tempo depois de terminar o curso na Cornell. Ele passara dois meses no Alasca. Meu coração ficou apertado durante esse tempo todo, não só por causa da distância, mas porque ele estava fora do domínio dos deuses. Se algum monstro o atacasse ele não conseguiria se defender da melhor forma. Por isso eu o fizera ligar e mandar mensagens todos os dias.

Quando o jantar estava quase pronto ele me ligou. Disse que já haviam pousado em Nova York e que estava indo para “o trabalho”. Eu achava estranho quando ele falava daquela forma, afinal o emprego de Percy jamais seria um “trabalho” como outro qualquer. Falei para ele voltar logo para casa porque o jantar estava quase pronto e porque eu estava morrendo de saudades. Ele prometeu que não iria demorar e então desligou. Percy constantemente quebrava essas promessas, mas eu sabia que não era sua culpa. Ele também tinha chefes, então não dependia só dele a hora que conseguiria sair. Especialmente agora que sua função era de muito mais responsabilidade e confiança. Claro que era um preço alto a pagar. Nosso tempo juntos havia ficado mais reduzido. Mas tudo aquilo era pela realização profissional dele. Pelo seu sonho. Que havia se tornado nosso sonho e agora o estávamos alcançando juntos. E era apenas um deles. Ao longo dos anos havíamos compartilhado, construído e concretizado muitos outros.

Um deles era, claro, o nosso pequeno Charles. Nosso primeiro filho havia nos feito renascer de novo. Criá-lo estava sendo nossa maior missão como casal, com certeza. E agora não éramos mais apenas um casal, éramos uma família. Eu tinha minha própria família e ela não podia ser mais perfeita. Digo perfeita, não no sentido de que não tinha defeitos nem problemas. Ela tinha sim e muitos. Mas era perfeita para mim no sentido de que não podia amá-la mais do que eu amava. Não podia ser melhor. Ou talvez, podia sim. Com o novo membro que estava a caminho…

Eu me sentia realizada também por ter conseguido abrir o meu escritório de arquitetura. Alugamos uma sala em um dos prédios comerciais do centro de Manhattan e fomos montando-o aos poucos. Agora eu tinha até uma secretária e anúncios publicados nos principais jornais da cidade. Minha lista de clientes estava cada dia maior, incluindo até mesmo a própria D.S. Construction que sempre me solicitava para consultorias. Nathan encontrava-se em uma posição de chefia por lá e segundo ele não dava para dispensar a orientação de uma arquiteta bem sucedida como eu. Apesar de achar que ele estava exagerando um pouco eu adorava a parceria que fazíamos. E não tinha nada melhor do que ter liberdade de trabalhar livremente com meus projetos, sem a imposição de grandes corporações como havia ocorrido em algumas empresas onde trabalhei depois de terminar a faculdade. Ter meu próprio escritório era mil vezes melhor.

Quando ouviu-se o barulho do carro militar deixando Percy na porta de casa, Charlie foi o primeiro a ir correndo em direção ao portão. Dessa vez ele mesmo já pegou as chaves, que estavam na mesa da cozinha e as levou consigo. Ainda não sabia abrir sozinho, mas ele imaginou que seria mais rápido entregá-las ao pai do que esperar que eu chegasse para abrir. Percy deu a volta pelo quintal e nos encontrou nos fundos, já com o jantar posto à mesa. Ele trazia Charlie no colo que não parava de falar um segundo. Me adiantei, sem pensar em nenhum regra de etiqueta nem nos bons modos que se deve ter na frente de seus sogros, e abracei meu marido calorosamente. Nos beijamos enquanto Charles continuava em seu monologo sobre sua última aventura com seu tio Nico. Nico era o padrinho dele e vinha visitá-lo frequentemente junto com Kurt. A madrinha era, claro, Justice, e os dois eram as pessoas que melhor conseguiam lidar com nosso filho. Eu sentia o carinho que tinham por ele e ficava cada vez mais certa de que havia feito uma excelente escolha para os padrinhos.

Depois que soltei Percy ele foi saludar o restante da família. Logo em seguida fomos comer porque já era quase oito horas da noite e todos estavam famintos. Além dos tradicionais hambúrgueres também havíamos feito espetinhos de linguiça e frango. Também havia aqueles pães de alho prontos para fazer na churrasqueira que Percy adorava. Ele repetiu umas três vezes e os outros também encheram seus pratos pelos menos duas vezes porque a comida realmente estava boa, modéstia aparte. Devo confessar que a ajuda de Sally foi essencial para o sucesso daquele e de muitos outros jantares. Graças a ela eu já não era mais uma negação na cozinha. Até mesmo a sobremesa, uma torta de limão, receita da minha sogra, foi feita por mim. E todos a elogiaram. Na hora de tirar a mesa e lavar a louça os homens da casa assumiram a frente. Era difícil de acreditar, mas tanto Paul quanto Percy sempre ajudavam nos afazerem do lar, ainda mais quando tínhamos sido nós que preparamos a comida. Mesmo eu dizendo que Percy devia estar cansado da viagem ele insistiu e arrumou a cozinha toda com a ajuda do padrasto.

Mais tarde Sally e Paul levaram as crianças para brincar em um parquinho que havia em uma praça a poucos quarteirões de casa. Eu sabia que ela sabia que eu e Percy queríamos ficar um pouco a sós. Fala sério, eu tinha a melhor sogra de todo o mundo! Subimos para o quarto e ele começou a me mostrar várias coisas que havia comprado no Alasca, para ele, para mim e principalmente, para Charlie. Em seguida ele me contou algumas coisas sobre a expedição. Nada muito detalhado nem muito técnico. Mais sobre sua estadia, as pessoas que conheceu e como se sentiu em relação a tudo aquilo. Ver a empolgação em seus olhos e ouvir a forma como ele falava sobre aquilo era contagiante. Não tinha como eu não ficar feliz por ele apesar da distância e de toda a saudade que senti. Logo ele mesmo se interrompeu dizendo que depois teria tempo de falar de tudo aquilo e começou a me beijar me empurrando para a cama. Nos deitamos e eu disse em seu ouvido que logo eles estariam de volta e não teríamos tempo de fazer nada. Ele pareceu frustrado, mas tentou se conter nos carinhos.

Pensei em lhe contar a novidade que eu tinha, mas eu precisava de mais tempo, precisava de um momento mais tranquilo. Beijei Percy até perder o fôlego, e teria continuado se não tivesse ouvido o barulho do portão anunciando que nossos entes queridos haviam voltado. Nos ajeitamos rapidamente e pegamos os presentes para levar até lá em baixo. Até mesmo de Paul Percy havia lembrado ao comprar as lembranças em sua viagem. Ninguém ficou sem presente, nem mesmo o próprio filho de Poseidon. Antes que eu pudesse oferecer um café ou qualquer outra coisa as visitas, eles foram embora. Na verdade Sally, Paul e Justice já eram de casa e ficavam tão à vontade que nem precisavam ser servidos, se tivessem fome eles mesmo iam até a geladeira pegar alguma coisa. Mas já estava tarde e eles disseram que queriam deixar Percy descansar. Não achava que Percy ia querer dormir tão cedo, mas não discuti. Fiquei feliz que eu não ia ter que colocar Charles na cama, essa tarefa seria de Percy naquele dia. Era uma missão difícil, mas ele sempre se dava melhor nela do que eu. Fiquei encostada na soleira da porta, observando-os.

– Gostou do equipamento de patinação no gelo que o papai te trouxe? - perguntou Percy enquanto Charlie subia na cama e fazia de tudo, menos se deitar.

– Acho que sim - respondeu nosso filho pensativo - Mas vou ter que esperar até o inverno pra usar eles - Eu ficava impressionada com a capacidade de raciocínio rápido dele, mesmo sendo meu filho.

– Não precisamos esperar a neve, amigão. Tem uma pista de patinação muito boa lá no centro. Se quiser podemos ir esse final de semana lá conhecer. Você quer?

– Sim, sim, sim - repetiu Charles dando pulinhos na cama a cada palavra que falava.

– E do que você mais gostou? - continuou dizendo Percy e eu sabia que era uma estratégia para manter o menino falando e, manter a mente dele ocupada, para que ele fosse ficando com sono aos poucos.

– Gostei mais do papai voltar pra casa - aquele garotinho tinha o dom de fazer eu me emocionar. Percy tampouco podia resistir a ele. Lhe deu um abraço e o encheu de beijos. Continuei só assistindo e claro, chorando.

– Papai também gostou muito de voltar, querido - falou Percy baixinho no ouvido de Charlie - Agora é hora de dormir pra amanhã podermos acordar cedo e brincar o dia todo - O menino acabou concordando e se enfiou debaixo das cobertas - Boa noite, Charles.

– Boa noite.

– Eu te amo - respondeu o Jackson adulto e deu um beijo na testa do filho.

– Também te amo, papai.

Então Charlie virou para o lado e fechou os olhos. Com o tanto que ele tinha brincado, corrido e pulado pra lá e pra cá naquele dia, não ia demorar para pegar no sono. Me afastei da porta quando Percy saiu e apagou a luz deixando uma fresta aberta para não ficar tudo escuro. A porta de nosso quarto era bem ao lado, ele segurou minha mão e me conduziu até o quarto. Me beijou e disse que ia tomar um banho rápido, que poderíamos ir para cama dormir ou talvez fazer outras coisas. Eu ri e o deixei ir. Enquanto ele estava no banheiro eu fui até o closet e peguei um embrulho. Era uma caixinha pequena. Uma surpresa para Percy. Vesti meu pijama e fui até a cama. Coloquei a caixa em baixo da coberta, próximo ao travesseiro dele e depois me deitei. Quase peguei no sono antes de ele sair do banho e vir se juntar a mim. Ele nem se deu ao trabalho de se vestir direito, apenas colocou uma cueca samba-canção. Veio sorrindo até mim e se deitou ao meu lado. Como eu esperava ele logo percebeu a caixa.

– O que é isso? - perguntou.

– Abra - respondi com um sorriso. Normalmente era ele que me fazia surpresas. Mas eu também adorava quando os papéis se invertiam. Ele desatou o laço, tirou a tampa e viu o que era.

– Ah meus deuses - exclamou ele em voz baixa - É sério mesmo?!

– Sim - confirmei sorrindo e transbordando felicidade - Você será papai de novo!

– Isso é… é maravilhoso - falou Percy olhando os sapatinhos de crochê dentro da caixinha e depois me abraçando e me puxando para cima dele. Depois parou e me olhou com o rosto sério - Esperai ai, você está com mais de dois meses de gravidez, certo?!

– Cala a boca, Cabeça de Alga! - o repreendi por aquele comentário bobo, mas em seguida ri e nos beijamos.

Fomos dormir um pouco tarde aquela noite. Percy fez amor comigo até suas energias se esgotarem. Depois dormimos nos braços um do outro e eu senti de novo aquela sensação de estar em casa e protegida contra tudo. Era ruim quando ele se afastava, mas era tão bom quando voltava. Eu sabia que essas expedições longas e distantes não seriam tão comuns. Que Percy raramente nos deixaria sozinhos por tanto tempo de novo. E isso me acalmava muito. Mesmo os tempos tendo sido de paz nos últimos anos. Eu preferia ter ele ali do meu lado. Para combater qualquer possível ameaça e claro, para não morrer de saudade. Fazia muito tempo que não ouvíamos falar de monstros e outras criaturas. Nem mesmo os deuses estavam dando as caras. Nem Atena, nem Poseidon. Eles nem ao menos vieram conhecer o meu filho quando nasceu. Não sei se fiquei ressentida ou aliviada. Podia estar guardando rancor deles, mas na verdade eu os entendia. Entendia o que estavam fazendo. Estavam querendo deixar a gente viver nossas vidas em paz. Uma vida comum, que na verdade nunca seria comum e normal de verdade. Mas eles estavam dando-nos espaço. Não duvidava que estivessem de olhos em minha família, nos protegendo também. Mas imaginei que estariam tentando interferir o mínimo possível. Agora que eu era mãe eu entendia e os admirava por isso.

Quanto à minha vida: Eu tinha uma perspectiva muito boa a minha frente. Um passado cheio de momentos difíceis e de vitórias. No presente eu sentia que tinha tudo o que poderia querer e tudo o que eu precisava para ir cada vez mais longe. Mas eu também sabia que tudo poderia mudar na noite para o dia. Eu sabia, que, assim como Hera e Afrodite disseram, tragédias acontecem todos os dias por coisas mínimas. Então eu e minha família jamais estaríamos completamente protegidos contra todo o mal. Mas enquanto eu tivesse forças para continuar de pé, não permitiria que nada acontecesse a Percy, a Charles nem ao ser que estava crescendo dentro de mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem pessoal, e me digam o que acharam ;)
AMEI ESCREVER ESSA FIC!! Obrigada por lerem até o final ;P
.
Curtam minha página no Facebook para acompanhar os capítulos novos:
http://www.facebook.com/pages/Sarah-Colins-fanfics/540662009297377
Mande-me uma pergunta: http://ask.fm/SarahColins
.
beijos ;*
@SarahColins_