Missão A Dois escrita por Sarah Colins


Capítulo 20
Capítulo 19 - Despertar


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores! Como estão?
Tenho trabalhado muito nos últimos dias, mas não deixo de escrever e postar a fic jamais! Afinal é uma das coisas que mais me dá prazer na vida *-*
Aviso que o capítulo está cheio de emoções ;) Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/329694/chapter/20

Quando voltei a abrir os olhos estava em um quarto de hospital branco e gelado. Minha cabeça ainda latejava um pouco mas já não doía tanto. Eu nunca estivera num hospital antes, não daquele jeito. Deitada numa cama e debilitada. Meus olhos demoraram a se acostumar com a claridade para eu poder abri-los totalmente. Alguém apertou minha mão e eu instintivamente olhei para lado para ver quem era. Percy me olhava com o rosto cansado, porém feliz. Parecia que tudo que ele mais queria na vida era me ver despertar. Ver seu rosto e sentir o calor da sua pele na minha era reconfortante. Já não me sentia mais tão incomodada naquele lugar. Sua outra mão tocou meu rosto e o acariciou. Quando eu abri a boca para falar percebi que ela estava seca. Percy me deu água em um copo com canudinho.

- Não tente falar nada agora – disse Percy enquanto eu ainda tomava a água do copo – Se quiser eu te explico tudo o que aconteceu com detalhes. Mas agora você precisa de repouso absoluto.

Concordei com a cabeça. Eu realmente não estava com disposição alguma para conversar no momento, mas queria ouvir. Percy disse que iria me explicar tudo e era exatamente aquilo que eu queria que ele fizesse. Queria saber como eu viera parar ali. Se meu acidente fora assim tão grave. E inúmeras outras dúvidas que estavam surgindo em minha cabeça no momento. Então esperei ele voltar a se sentar ao meu lado na cama e começar a contar.

- Bom, você levou uma pancada feia na cabeça, ou devo dizer que a cama levou uma pancada feia sua? - ele conseguia me fazer rir nos momentos mais sérios e tensos. Resmunguei em seguida quando percebi que aquilo fazia minha cabeça doer mais - Me desculpa, prometo que não faço mais você rir! - se desculpou Percy quando percebeu minha expressão - Como eu ia dizendo, a pancada foi feia, mas não teria sido forte o bastante para te machucar tanto. O problema é que havia um parafuso solto no estrado, bem onde você bateu. E para piorar ele estava enferrujado. Já ouviu falar de algum semideus que foi vacinado contra tétano?

Tétano? Mas do que é que ele estava falando? Semideuses não tomavam vacina porque simplesmente não precisavam se preocupar com esse tipo de doenças. Nossa condição divina sempre nos privilegiou nesse aspecto.

- Eu sei, eu sei - completou Percy assim que viu minha cara de dúvida - Você deve estar se perguntando o que isso tem a ver. Bom espere que eu já chego lá. Quando você desmaiou, eu logo fiz um curativo em sua cabeça e fiz você engolir o máximo de ambrósia que consegui. Algumas horas depois, e você não havia melhorado nada, continuava perdendo sangue. Eu fiquei desesperado, não podia te dar mais néctar nem ambrósia, era muito arriscado. Então não tive outra escolha, chamei uma ambulância e te trouxe para cá.

Ele parou para retomar o fôlego. Relembrar toda aquela situação não parecia ser fácil para Percy. Eu fiquei imaginando como ele devia ter se sentido naquele momento. Não foi difícil, era só inverter os papéis, eu com certeza ficaria desnorteada se o visse machucado e não pudesse curá-lo. Aparentemente eu estava melhor, então os médicos daquele hospital devem ter dado um jeito na minha cabeça. Mas a questão principal era, porque a ambrósia não fizera efeito? Qual era o problema comigo? Será que eu pegara algum tipo de vírus divino que me fazia ficar imune ao efeito do remédio?

- Como você sabe não temos plano de saúde - continuou Percy - Tive que ameaçar umas duas ou três pessoas para que você fosse atendida logo. Eles te levaram para a sala de emergências e eu tive que ficar esperando do lado de fora. Foram os quinze minutos mais longos da minha vida. Não sei como é que os mortais fazem para lidar com isso. Deixar a vida das pessoas que amam nas mãos de desconhecidos sem poder fazer nada para ajudar. É torturante! Quando enfim um dos médicos veio me dizer que você ia ficar bem, eu fiquei aliviado, mas só sosseguei quando eles te levaram para o quarto e me deixaram ficar ao seu lado. Uma enfermeira me disse que a ferrugem poderia ter matado alguém que não está imunizado contra o tétano. Que você teve sorte. Eu ainda estava confuso com tudo o que tinha acontecido, então não me dei conta na hora do quanto aquilo era absurdo. Um semideus morrer de tétano, impossível!

- Impossível - repeti com a voz bem baixa e fraca para mostrar que concordava - Você tem certeza que me deu a quantidade certa de ambrósia? - meu cérebro estava fervendo de tanto tentar entender como aquilo era possível. O que fazia minha cabeça doer mais.

- Tenho, te dei o máximo que eu pude. Não podia arriscar te dar mais. Me desculpa Annie, eu também odeio esse lugar, mas não tive outra escolha, eu tinha que fazer alguma coisa...

Eu ouvia as palavras de Percy se explicando, mas já não prestava atenção. Minha cabeça estava começando a doer mais forte agora, talvez porque eu estava lembrando da noite anterior. Se é que realmente fora na noite anterior que tudo acontecera, perdi totalmente a noção de tempo. Lembrei de eu chegando em casa e encontrando Nathan. Lembrei de ler o diário de Percy e ficar profundamente magoada e confusa com tudo o que eu li. Lembrei de não encontrar o diário e ficar desesperada atrás dele pelo quarto. Até que Percy voltou para o quarto e eu bati a cabeça, como fui estúpida! Por uma coisa tão idiota havia vindo parar no hospital. Já não bastava tudo o que Percy estava tendo que enfrentar, todos os segredos que eu estava tendo que esconder dele. Agora eu estava ali dando mais trabalho a ele, deixando-o preocupado.

- Foi tudo culpa minha - falou Percy depois de ficar alguns segundos em silêncio. Eu voltei a encará-lo, sem entender por que estava dizendo aquilo.

- Do que você está falando? Foi um acidente!

- Não, não foi - respondeu ele de cabeça baixa. Percy então foi até sua mochila que estava numa cadeira ao lado da porta. Ele tirou de lá o seu diário e então colocou sobre o meu colo. A cama estava inclinada, então consegui pegar o objeto e olhar pra ele sem ter que levantar a cabeça. Enruguei a testa ainda sem entender - Eu quis fazer uma brincadeira - continuou Percy - Achei ele em cima da cama e imaginei que você tinha esquecido lá. Então eu o peguei e escondi, só pra você ficar procurando. Foi uma tremenda idiotice, como tudo que eu faço! Se você bateu a cabeça e se machucou, a culpa foi minha. Eu fiz isso com você.

- Percy, pare...

- Não, é a verdade! - insistiu ele - Eu achei que toda essa coisa de deixar você ler o que tem escrito aí fosse ser superdivertido e engraçado quando você chegasse no final. Mas acho que me enganei. Não teve graça nenhuma ver você desmaiada e sangrando no meio do quarto. Tenho que parar de agir como um garoto, preciso amadurecer de vez. Por isso vou te contar de uma vez a história toda que eu escrevi nesse diário.

- Você vai me contar? - Aquela última frase havia prendido toda a minha atenção. Muitas coisas estavam acontecendo no momento. Algumas delas muito mais importantes do que descobrir a história do diário de Percy. Porém, era tudo o que eu queria ouvir. O resto podia ser deixado para depois - Quer dizer, vá em frente! - concertei minha resposta.

- Bom, não sei até que ponto você leu. Confesso que à princípio achei que não estivesse lendo, afinal não tinha tentado me matar ainda. Mas ontem quando entrei no quarto e vi o caderno na sua mão tirei minhas dúvidas. E a sua cara ao ver que eu percebi o que fazia, entregou que você estava lendo a parte do “Um amor provavelmente improvável”. Enfim, a garota sobre quem eu escrevo é a Silena Beauregard.

Percy fez uma pausa, provavelmente esperando para ver qual seria a minha reação. A verdade é que eu não sabia nem que reação ter. Nunca teria imaginado que ele estava falando dela. Silena não era o tipo de garota por quem Percy se interessaria. Não era à toa que ele achava aquela paixão tão improvável. Como eu não disse nada, Percy voltou a falar.

- Você me conhece bem o bastante para saber que eu nunca me interessaria por uma garota como ela, né? E você sabe também que não sou muito de escrever, ainda mais coisas românticas. Por isso creio que não vai se surpreender quando eu disser que ela usou o charme divino de Afrodite comigo.

- Ahm - resmunguei enfim esboçando alguma reação. E ela era bem óbvia: ciúmes! - É, faz sentido. Mas achei que ela sempre tivesse gostado do Beckendorf.

- E ela sempre gostou dele. Na verdade a Silena nunca se interessou por mim, essa era talvez a única parte da história que foi verdadeira. Ela não me dava bola. Depois que eu enfim me dei conta do que tinha acontecido, acabei descobrindo que ela fazia isso com vários garotos do acampamento para causar ciúmes em Charles. O caso é que eu acreditei estar realmente apaixonada por ela por muito tempo. E aquilo era tão sem sentido que me tornei cheio de complexos e reflexões. Por isso comecei a escrever.

- Se eu te disser uma coisa, promete que não vai rir? - perguntei me lembrando de algo que pensei enquanto estava lendo a tal da história. Percy concordou com a cabeça parecendo interessado - Por um momento eu pensei que você estivesse falando da Clarisse no diário - claro que ele quebrou a promessa e começou a rir na hora.

- Como pode imaginar uma coisa dessas? - Percy parecia indignado com a minha suspeita, mas continuou rindo.

- Foi por causa daquele apelido que você deu pra ela - me justifiquei - “Comandante”. A primeira pessoa que me veio à cabeça foi...

- Para, nem diga isso de novo. Você errou feio! O apelido era simplesmente porque ela era conselheira-chefe do chalé de Afrodite. E porque todos, inclusive semideuses de outros chalés, viviam seguindo-a por toda parte.

- Ok, se você está dizendo... - desisti de argumentar obre o assunto. Aquilo estava fazendo meu cérebro trabalhar demais, e consequentemente, minha cabeça doer.

- Mas o que importa é que por causa dessa ideia estúpida de te entregar o caderno você acabou se machucando - ele parecia se sentir realmente culpado pelo que me aconteceu. O que não tinha nada a ver, afinal fora um acidente - Eu achei que seria divertido ver sua reação enquanto lia e se perguntava de quem eu estava falando. Ainda mais por que eu nunca chego revelo o nome da pessoa na história.

- Não revela? - perguntei - Ok, acho que isso sim me deixaria muito nervosa. Eu ia acabar tendo que te colocar contra a parede para você me contar tudo.

- Pois é, e eu contava com isso - ele falava de forma triste, como se não acreditasse que por algum momento pensou que aquilo poderia ter sido engraçado - Ah Annie, me desculpe. Eu jamais tive a intenção de fazer você se machucar...

- Eu sei. E é por isso que não tem do que se desculpar. Nenhum de nós podia imaginar que isso aconteceria, por isso é que chamam de acidente.

- Não teria havido acidente algum se eu fosse um pouco menos imaturo e inconsequente - Percy sempre acabava dramatizando demais as coisas, eu tinha que fazê-lo parar - Você não entende a dor e o desespero que eu senti quando percebi que você poderia morrer por culpa minha, e ainda mais por causa de uma brincadeira tão idiota. Acho que pedi a todos os deuses que conheço, inclusive os romanos, para que nada te acontecesse. Por favor, apenas diga que me perdoa. Isso não vai mudar o que eu fiz, mas pode ser que tire um pouco o peso que estou sentindo...

- Nathan me levou para almoçar com ele no dia em que nos conhecemos - aquilo saiu da minha boca quase sem eu perceber. Não aguentei ver Percy se corroendo de culpa por algo que ele nem ao menos podia prever, enquanto eu é que devia estar me sentindo culpada por esconder tantas coisas dele. Acho que eu devo ter pensado que se tinha alguma coisa que podia fazer ele se sentir melhor, era saber que eu não era nenhuma santa naquela história.

- Como? - perguntou Percy, totalmente desnorteado - Acho que não ouvi direito...

- Percy eu...

- Por um momento pensei ter ouvido que você saiu com um cara que acabara de conhecer na faculdade! Que maluquice! - ele balançava a cabeça e mirava o chão. Era como se tentasse realmente se convencer de que não me ouvira dizer aquilo.

- Sei que deveria ter te contado isso - comecei a me explicar já sentindo um nó na garganta e meus olhos lacrimejando - Ou melhor, sei que não devia ter aceitado o convite dele. Mas na hora não me pareceu nada demais...

- Se realmente não fosse nada demais, por que você esconderia isso de mim? - Percy voltou a me olhar, dessa vez com o rosto cheio de raiva e desprezo - Não sei se posso realmente te culpar. Afinal que garota não ficaria impressionada com um cara e um carro daqueles. Aposto que te levou para comer no lugar mais caro da cidade!

- Não fale assim - as palavras dele estavam me doendo muito mais do que o meu machucado por baixo do curativo agora. Ele falava como se eu pudesse realmente me interessar por Nathan, E pior ainda, me interessar pelo dinheiro dele.

-  Por isso ficou tão constrangida quando o encontrou lá em casa não é mesmo? - ele continuou me acusando - Achei estranho mesmo que nenhum dos dois quis comentar muito sobre o assunto. Claro né, não queriam que o chifrudo aqui descobrisse!

- Percy pare. Eu discutiria com você agora, mas como pode perceber não estou exatamente no meu melhor momento para uma briga.

- E eu ainda achei que estava exagerando ao sentir ciúmes - continuou ele sem nem me dar ouvidos. Nem sequer olhava pra mim. Acho que eu nunca o tinha visto tão irritado - Achei que estava sendo machista e possessivo, mas afinal de contas eu estava certo - A respiração dele estava pesada. Ele então tomou folego e foi se acalmando, porém continuava sem conseguir me olhar - Realmente achei que podia confiar em você. Achei que me amasse o suficiente. Por que fez isso?

- Eu... - não sabia o que dizer. Ele estava arrasado e parecia profundamente decepcionado. Isso chegava a ser pior do que vê-lo com raiva e brigando comigo - Me escute ok? Nathan não significa nada pra mim! Somos apenas amigos, nunca me interessei por ele de outra forma...

- Não quero ouvir o que tem a dizer - respondeu ele agora sem emoção alguma na voz - Sério, já ouvi o bastante...

Antes que eu pudesse protestar e continuar tentando fazê-lo entender, a porta do quarto se abriu e uma enfermeira de cabelos negros e pele branca entrou. Ela trazia uma seringa enorme nas mãos. Percy pareceu aliviado de alguém interromper nossa conversa. Eu por outro lado fiquei frustrada. A enfermeira disse que estava me dando uns analgésicos para a dor e que eles me fariam ficar com sono. Ótimo! Tudo que eu precisava depois de uma discussão daquelas era dormir. Infelizmente não teve muito o que eu pudesse fazer. Ela aplicou o medicamento na mangueira do soro que estava ligado ao meu braço e entrava pela minha veia. Fiquei pensando se eu seria a primeira semideusa a estar em um hospital e tomar remédios para mortais. E foi só o que consegui pensar antes de cair no sono.

***

Apesar da nossa recente e turbulenta briga, Percy ainda estava ao meu lado quando eu acordei. Pelo que pude ver através da janela já estava escurecendo. Felizmente os médicos me deram alta naquela mesma noite. Me levaram até o elevador em uma cadeira de rodas, mesmo eu dizendo que me sentia bem para caminhar. Fui conduzida até a parte externa do hospital onde um taxi nos esperava. Percy e eu permanecemos em silêncio durante todo o caminho até o apartamento. O clima entre nós continuava péssimo, e eu não sabia o que fazer para melhorar. Qualquer coisa que eu dissesse provavelmente iria piorar as coisas, então optei por ficar calada. No entanto, quando chegamos em casa eu não consegui ficar sem dizer mais nada. Não diante do que eu encontrei.

- O que essa tevê está fazendo aqui ainda? - No dia anterior eu nem repara que Nathan não a havia levado quando foi embora. Mas de repente aquilo chamou a minha atenção.

- Ela é nossa agora. Seu admirador nos deu de presente - o sarcasmo era palpável na voz de Percy. Ele devia estar arrependido de ter aceitado e estava visivelmente colocando a culpa disso em mim. Na verdade, a culpa era mesmo toda minha!

- Não devia ter aceitado - falei de qualquer forma. Mesmo que eu não tivesse contado nada sobre Nathan a Percy, aquilo era demais. Não podíamos aceitar que nossos amigos nos dessem as coisas assim. Tínhamos que conseguir recuperar o dano do assalto sozinhos.

- Não acha que é muita hipocrisia da sua parte me dizer isso? Não fui eu quem saiu para almoçar com o cara! - ele ainda estava ressentido com aquilo e parecia que não ia esquecer o assunto tão fácil.

- Eu não digo por isso. Aceitar um presentes desses, de quem quer que seja, até mesmo de algum dos nossos amigos mais antigos, não é legal. Só acho que você devia ter recusado.

- E eu acho que você devia ter recusado sair com ele! - aquilo foi como uma bofetada. Me deixou desconcertada e me doeu tanto quanto. Não tinha nada que eu pudesse responder - Mas fazer o que, ambos aceitamos. E agora cada um que arque com as consequências!

Ele saiu e se enfiou no banheiro, me deixando sem chance de resposta. Senti que ia desabar, literalmente. Então me apoiei nas paredes até alcançar o sofá e poder me sentar. Coloquei a mão sobre o curativo em minha cabeça enquanto sentia que ia começar a chorar. Mas aquelas lagrimas não eram de dor física. Eram de uma dor emocional que me corroía e me abalava muito mais. Meu maior medo era que Percy não quisesse saber mais de mim. Que ele terminasse comigo e fosse embora. Se isso acontecesse, eu não sabia o que ia fazer. Só sabia que seria tudo culpa minha. Eu havia provocado aquilo! 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem!!
.
Curtam minha página no Facebook para acompanhar os capítulos novos:
http://www.facebook.com/pages/Sarah-Colins-fanfics/540662009297377
.
beijos ;*
@SarahColins_