Missão A Dois escrita por Sarah Colins


Capítulo 2
Capítulo 1 – Rotina


Notas iniciais do capítulo

Olá amigos ^^ Tudo bem?
Primeiro capítulo dessa história que promete ainda muitas emoções! Agradeço àqueles que comentaram e favoritaram a fic!
Aviso que postarei semanalmente sempre aos domingos, exceto quando houver algum contratempo e eu não consiga terminar o capítulo a tempo ou não consiga acessar a internet :D
Boa leitura ;)



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Meu histórico escolar impecável e as diversas atividades extracurriculares que eu possuía foram essenciais para meu ingresso no curso de Arquitetura da Universidade Cornell. A instituição era a melhor de Nova York e com certeza uma das melhores do país. Eu me sentia confiante em relação ao começo das aulas. Só de olhar para minha grade de horários com as matérias que eu teria naquele primeiro semestre, já ficava ainda mais empolgada. As aulas não seriam problema, eu sabia que me daria bem na parte dos estudos, trabalhos e provas. O que me preocupava mesmo eram meus colegas de classe. Me dava arrepios só de pensar que eu seria rejeitada e excluída da mesma forma que acontecia no colégio. Se eu conseguisse fazer ao menos um amigo, eu já ficaria feliz.

Caminhei pelos largos corredores do campus a procura da minha sala de aula. Aquele lugar era imenso. E como era de se esperar, o design dos prédios era de encher os olhos. Ao todo havia quatro deles, contanto com a biblioteca. Cada um tinha seu estilo próprio, mas ao mesmo tempo havia uma harmonia entre eles. Eu não estava me importando nenhum pouco de passar os próximos cinco anos estudando ali. Com certeza daria um jeito de explorar cada canto daquele lugar com o tempo. Três lances de escadas depois eu avistei o letreiro indicando o número “313”. Essa era minha sala. Francamente, será que eles nunca tinham ouvido falar em elevador? Não que eu estivesse reclamando, mas um pouco de praticidade não fazia mal a ninguém. Bom, pelo menos eram apenas três andares. Pobres daqueles que tinham que subir até o nono. Prossegui de cabeça erguida em direção a minha primeira aula, tentando parecer o mais autoconfiante possível.

Logo que adentrei o local senti novamente aqueles irritantes arrepios que percorriam a minha espinha. Era uma sala bem grande. Uma espécie de auditório. E já estava lotada de alunos, mesmo ainda faltando quase meia hora para começar a aula. Dei uma rápida olhada em volta sem fixar nenhum rosto em específico. Eu sabia que não havia apenas calouros ali. Muitos deviam ser veteranos que estavam repetindo a matéria, ou então que estavam estagiando com o professor. Sem querer negar minha natureza “nerd”, escolhi um lugar na primeira fileira de carteiras. Tentei não me sentar muito afastada das pessoas que já estavam ali, para não parecer antissocial. Coloquei minha mochila em cima das pernas e comecei a tirar os cadernos, livros e outros materiais que talvez fosse precisar.

– Bem vinda a Cornell! – quase cai da cadeira tamanho o susto que levei. Estava com a cabeça baixa e não havia reparado quando aquele entusiasmado garoto se aproximara de mim – Desculpe se te assustei. Sou Daniel, estou no terceiro ano de Arquitetura e estou de monitor aqui hoje para recepcionar os novos alunos – ele exibiu um sorriso cheio de dentes brancos enquanto me estendia uma mão.

– Obrigada, Daniel. Sou Annabeth – retribui com um sorriso um pouco mais singelo enquanto apertava a mão dele.

– Qualquer duvida que tiver quanto aos seus horários, salas, professores ou coisas do tipo pode me procurar, ok? – ele deu uma piscadela para mim e logo se afastou, dirigindo-se a outros alunos que vinham chegando.

Toda aquela apresentação pareceu muito automática e ensaiada. Mas provavelmente o garoto estava fazendo aquilo a manhã toda com cada novo aluno que surgia, então eu não podia culpa-lo. Um par de calouros que acabara de entrar na sala de aula foi abordado por Daniel ainda antes de tomarem assento. Reparei neles especificamente porque suas roupas descoladas me chamaram a atenção. Um garoto louro e alto ao lado de uma garota de pele morena e cabelos encaracolados. Parei de olhar para eles quando percebi que vinham na minha direção. Eles se sentaram bem ao meu lado. Deviam já se conhecer de antes, pois estavam conversando animadamente. Fingi estar alheia a eles, mas não pude deixar de escutar o que diziam.

– Estou te dizendo Sam, os veteranos não serão gente boa assim sempre. Esse dai só está sendo simpático porque está de monitor – falava a garota morena enquanto mascava seu chiclete de forma não muito discreta.

– Você sempre espera o pior das pessoas, Tasha, eu te conheço. Por que não pode relaxar e simplesmente acreditar que seremos bem recebidos por aqui? – respondeu o garoto com uma voz excessivamente tranquila. Só de escutá-lo eu já me sentia mais zen.

– Bem recebidos? Tá bom! Espera só até que descubram que somos bolsistas e que não temos pais que podem pagar a mensalidade desse curso como a maioria por aqui – a garota que provavelmente se chamava Tasha, falava com desdém. Mas eu pude sentir uma pontinha de receio em sua voz.

– Nem todos aqueles que pagam suas faculdade pensam assim. Acha que seremos discriminados, mas você é quem está discriminando primeiro – Sam repreendia a amiga, mas de uma forma amigável – Quer ver só... Ei você – por um breve segundo eu não me dei conta de que o garoto louro ao meu lado estava se dirigindo a mim – Qual seu nome?

– Ann, Annabeth – respondi confusa, ainda sem entender porque ele havia falado comigo.

– Prazer Annabeth, sou Samuel. E essa daqui é minha amiga Tasha – eu acenei de leve com a cabeça para eles ainda sem dizer nada – Desculpe a indiscrição da pergunta, mas você é bolsista?

– Não, não sou bolsista – me limitei a responder sua pergunta. Eu só queria saber onde aquilo iria dar.

– Certo. E você pode me dizer o que pensa daqueles que precisaram de uma bolsa de estudos para entrar aqui? – enruguei a testa sem entender muito bem a princípio, mas depois entendi onde ele queria chegar.

– Bom, honestamente Samuel, eu acho um máximo – respondi com sinceridade – Todo mundo sabe que não é nada fácil conseguir uma bolsa de estudos, ainda mais para uma universidade tão grande como essa. Não é pra qualquer um. Acho que vocês deviam se sentir orgulhosos de si mesmos por estarem aqui – e assim que terminei de falar percebi que havia falado demais. Sam não havia dito me nenhum momento que eles eram bolsistas.

– Estava escutando nossa conversa? – me perguntou ele na cara dura.

Mas então ele começou a rir logo em seguida o que me fez rir também. Minha cara de pau de ter entregado que estava ouvindo a conversa alheia. A cara de pau dele de me perguntar tão diretamente a minha opinião sobre aquele assunto de bolsistas. De repente pareceu tudo muito engraçado. Tasha também começou a rir o que fez eu me sentir ainda mais à vontade com os dois.

– É... pode ser que tenha alguns que se salvem – ela se referia a mim – Sei que não são todos, mas ao menos você parece ser gente boa, loirinha – Loirinha? Nunca haviam me chamado assim antes.

Mas por alguma razão desconhecida aquele apelido inesperado não me incomodou. Apesar do jeito meio carrancudo, Tasha parecia ser uma pessoa legal. Ela me lembrava Clarisse, o que me fez perceber que eu sentia falta dela. Céus, que ninguém jamais descubra que admiti isso para mim mesma. Comecei então uma conversa agradável com aqueles dois desconhecidos. Falamos basicamente sobre de onde cada um vinha e sobre o que fazíamos da vida. Eu obviamente tive que ocultar grande parte do meu passado. Eu não faria nenhum amigo se ficasse dizendo por ai que havia ajudado a salvar o mundo, uma vez contra Cronos e outra contra Gaia. Em meio a conversa eu senti meu celular vibrar no bolso da minha blusa. Peguei o aparelho já imaginando o que seria. Uma mensagem de texto enviada por Percy. Abri na hora e li.

“O Aquário de Nova York talvez fosse um lugar bem interessante se eu não pensasse em você e sentisse sua falta a cada segundo... Boa sorte no seu primeiro dia de aula! Nos vemos a noite?”

Um sorriso bobo se formou em meus lábios sem que eu percebesse. Era incrível o que aquele Cabeça de Alga conseguia provocar em mim com uma simples mensagem. Bastava algumas palavras que eu sabia que haviam sido digitadas por ele, para fazer meu coração acelerar e meu rosto ficar mais quente. E só de pensar em Percy trabalhando em um Aquário público no meio da cidade de Nova York já me dava vontade de rir. Não fora a ideia mais brilhante que ele tivera. Eu já podia prever todos os jeitos possíveis de aquilo terminar mal. Mas ao menos ele parecia empolgado com o trabalho. Eu só podia torcer para que ele não se metesse em problemas e ficar feliz por ele. Digitei uma resposta rápida, pois a qualquer momento o professor poderia chegar:

“O Aquário de Nova York já é com certeza um lugar não-seguro para um semideus, que dirá dois. Obrigada, te conto como foi tudo mais tarde. Até lá”

Resolvi deixar o sentimentalismo para outra hora. Naquele momento eu tinha que me concentrar na minha aula. Tasha e Sam continuavam falando sem parar. Nem ao menos perceberam que eu ficara fora do papo por alguns instantes enquanto respondia a mensagem. Voltei a entrar no assunto, mas logo tivemos que encerrar a conversa, já que o professor havia chegado. Um senhor sério de cabelos grisalhos. Ele tinha uma postura firme e um ar sereno. Eu já havia me informado sobre ele, era Joseph Raymond, professor de Desenho Geométrico e coordenador do curso. Não parecia tão intimidador quanto diziam. Mas é claro que as aparências enganam e eu não ousaria subestimá-lo. Ele se apresentou e logo já nos mandou abrir os livros para começar a aula. Pelo jeito não teríamos moleza com ele.

***

Apertei o botão do sétimo andar e esperei que as portas se fechassem e o elevador começasse a subir. Me recostei no espelho que ficava as minhas costas e larguei minha pesada mochila no chão. Deuses, eu estava exausta. Mas não era um cansaço físico e sim mental. Ficar trancada dentro de uma sala por três horas quase ininterruptas era torturante para alguém com DDA. Mas eu já sabia que seria assim. Sabia que enfrentaria esses contratempos por querer me meter a estudar numa faculdade como um mortal comum. Eu só precisava me acostumar com aquela rotina. Rotina. Só de imaginar essa palavra já me dava certo desconforto. Nós semideuses não fomos feitos para viver todos os dias fazendo as mesmas coisas. Nosso instinto pedia emoção, nossos sentidos clamavam por aventuras. Mas quem é que disse que não existe esse tipo de coisa no dia-a-dia de um mortal também? Eu ainda não sabia, mas estava prestes a descobrir.

Sai do elevador assim que as portas se abriram e fui em direção ao apartamento 73. Peguei o meu chaveiro que agora continha todos os meus pingentes que um dia formaram o meu colar de contas do acampamento. Eu resolvi coloca-los ali porque era uma forma mais discreta de sempre carrega-los comigo. Não seria conveniente andar por ai com um acessório tão pouco discreto no pescoço. Girei a maçaneta e me senti aliviada por estar de volta a casa. Minha casa. Meu lar. Eu podia me acostumar com aquilo. Nada se comparava ao fato de poder ter um espaço só meu. Bom, meu e de Percy também. Mas ter que compartilhar isso com ele fazia tudo ser ainda melhor. Ainda não estava tudo exatamente como queríamos naquele lugar. O apartamento em si ainda não era o lugar perfeito que sonhávamos. Mas era bom o suficiente para começarmos a construir nossa vida.

Joguei a mochila no sofá e fui diretamente para o banheiro que ficava no final do corredor, depois da cozinha e do quarto. Tomei uma relaxante ducha quente. Graças aos deuses tínhamos conseguido ligar o gás para termos água quente ali. Eu detestava ter que tomar banho frio. Sai do banheiro e me troquei rapidamente colocando uma calça jeans e uma blusa preta. Aquele era um padrão de vestuário exigido para se trabalhar no Sally’s Café. Não era o melhor emprego do mundo, mas eu não podia reclamar. Eles me pagavam razoavelmente bem e ainda ficava super perto de casa. Pelo menos eu tinha dinheiro para dividir as despesas da casa com Percy e ainda comprar alguns livros para a faculdade. Obviamente que meu pai é quem pagava as mensalidades do curso na Cornell. Eu jamais conseguiria bancar tudo isso. Mas eu esperava que em breve pudesse conseguir um estágio ou algum emprego melhor para aos poucos poder ficar completamente independente. Esse era o meu objetivo. Além é claro de me tornar uma das maiores arquitetas do país, mas ainda tinha muito chão para eu percorrer.

Fui até a cozinha e preparei um lanche natural para meu almoço. Era cedo e eu ainda não estava com muita fome. E durante a tarde sempre rolava de beliscar algumas coisas por lá no Sally’s. Os salgados e doces que eles faziam eram divinos. Antes de pegar minha bolsa e sair para o trabalho notei que havia um pedaço de papel grudado a porta da geladeira por um imã em formato de coração. O peguei e logo reconheci a caligrafia.

“Seu primeiro dia na Cornell definitivamente merece uma comemoração! Irei te buscar no trabalho, então esteja pronta para... uma surpresa!

P.J.”

Não sei por que ele insistia em assinar seus recados apenas com as iniciais. Passei no quarto mais uma vez antes de sair para pegar uma troca de roupa. Já que ele disse que me encontraria no Café, então eu teria que dar um jeito de me arrumar lá mesmo. Levei o papel comigo enquanto me encaminhava para o trabalho. Reli as palavras que Percy escreveu enquanto tentava adivinhar o que ele estaria aprontando. Desde que nos mudamos Percy sempre arranja desculpas para poder sair e comemorar o que quer que seja. Eu suspeitava que ele queria era fugir um pouco de sua rotina. Eu agora teria a faculdade para me distrair. Mas ele por enquanto só tinha seu trabalho no Aquário, que pelo pouco que eu sabia, devia ter bastante entediante.

Andei por apenas dois minutos e já estava na frente do Café. Ficava na mesma calçada do nosso prédio. Eu havia me candidatado a vaga que eles ofereciam há uma semana e começara a trabalhar logo no dia seguinte. Já havia me familiarizado com os afazeres, e funções do meu “cargo” de garçonete/balconista. Além da senhora Sally, dona do estabelecimento, havia mais outros dois funcionários. Hanna, que era a outra garçonete/balconista, e Caius, que era responsável pelo caixa. Sorri e os cumprimentei assim que adentrei o local. Ouvi o som característico da campainha que a porta fazia cada vez que alguém passava por ela. Fui diretamente para trás do balcão colocar meu avental e começar a atender os clientes. O período da tarde era o mais movimentado, segundo a Sra. Sally. Por isso ela havia me contratado para ficar apenas meio período enquanto Hanna ficava lá o dia todo. Dali até as 19h eu seria “Anna, a atendente”.

Ainda estávamos na segunda-feira, mas o Café ficou cheio quase o tempo todo. Não tive um minuto sequer de descanso. Eu fazia um café atrás do outro e entregava os pedidos de forma ágil e eficiente. A Sra. Sally Watson, minha chefe, sempre me elogiava pela minha eficiência. Eu não entendia porque, afinal só estava fazendo o meu trabalho. Tudo para ganhar o meu prezado e bem vindo salário no fim do mês. Acho que no fundo ela fazia aquilo para me agradar e me manter lá o máximo de tempo possível. Ela sabia que eu fazia faculdade e que por isso, em breve teria que deixar o Café para trabalhar em algum lugar melhor, ou mais adequado eu diria. Não que eu não gostasse do Café. Até que era um ambiente animado e eu me divertia com os tipos mais diferentes e excêntricos de pessoas que passavam por lá. Porém, meus talentos divinos para a arquitetura mereciam ser aproveitados ao máximo.

Consegui convencer a Sra. Watson a me deixar sair cinco minutos mais cedo naquele dia. Corri para os fundos do estabelecimento onde havia um pequeno banheiro para os funcionários. Troquei de roupa e desfiz o coque do cabelo. Não tive alternativa se não trançá-lo da forma habitual para que ele ao menos ficasse apresentável. Guardei as roupas que havia tirado na bolsa e me encaminhei para a saída do Café. Me despedi dos meus colegas de trabalho e deixei o avental no gancho de pendurar que ficava na parede ao lado do balcão. Abri a porta da rua e ouvi novamente o som do sininho indicando que eu estava de saída. Assim que coloquei um pé na calçada já o avistei há alguns metros. Ele estava de costas para mim, vestindo um casaco de frio preto e calça jeans. Prendi a respiração quando vi que havia um buque de rosas em suas mãos.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos comentários *-* Continuem assim ;)
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beijos ;*
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