Missão A Dois escrita por Sarah Colins


Capítulo 14
Capítulo 13 – Contrato


Notas iniciais do capítulo

Olá amigos!
Sem muito tempo aqui, então aproveitem o capítulo ;)



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Eu me encontrava sentada em um moderno e confortável sofá de uma ampla sala de espera. As paredes, o chão e o teto eram brancos. O que se destacava eram os objetos de decoração. Um imenso quadro de um pintura abstrata e colorida com uma linda moldura de vidro. Um vaso de flores, que eu não consegui identificar a espécie, mas que eram de um azul turquesa maravilhoso. Tanto o sofá onde eu estava quanto as poltronas a minha frente eram de um tom bem chamativo de vermelho. De certa forma o design do ambiente era simples, mas ao mesmo tempo enchia os olhos. Eu poderia ficar ali a manhã toda apenas admirando o local. E não me surpreenderia se me deixassm esperando esse tempo todo. Afinal esse pessoal famoso e importante não se importa de chegar atrasado e deixar os réles mortais esperando.

Em todo caso eu já havia deixado de ir a faculdade para estar ali, não tinha mais o que perder por ficar esperando. Peguei uma das revistas deixadas em uma prateleira próxima ao sofá e comecei a folhea-la. Não consegui me concentrar direito no que eu via, apenas virava as páginas para manter minhas mãos ocupadas. Meus nervos estavam à flor da pele. Não só porque eu estava prestes a conversar com Zach Murdock sobre a proposta que ele me fizera uma semana atrás, mas porque eu estava ali as escondidas. Não havia nem cogiado a possibilidade de contar a Percy sobre a minha ideia. Ele com certeza não aceitaria. E eu não estava disposta a brigar por aquilo. Era minha responsabilidade também ajudar a resolver nossos problemas financeiros, e era exatamente isso que eu estava fazendo. Não importava que a profissão de modelo não tivesse nada a ver comigo. Se aquilo iria nos tirar do sufoco, então valia a pena.

Claro que eu não era a única fazendo sacrificios naquela história. Percy estava quase arrando os cabelos de preocupação. Passara todos os dias da semana anterior, inclusive o fim de semana, tentando encontrar um novo emprego. Ele saía cedinho, na mesma hora que eu estava indo para a faculdade e só voltava para casa na hora de dormir. Tentei lhe dizer para pegar leve se não acabaria sendo demitido do Aquário por estar tão cansado e indisposto. Obvio que ele não me deu ouvidos. Infelizmente ainda não havia aparecido nenhuma oportunidade para ele. O que fazia com que eu tivesse ainda mais certeza de que estava fazendo a coisa certa. Não ia de jeito nenhum ficar esperando sentada enquanto Percy corria atrás de uma solução.

– Annabeth Chase – uma voz feminina chamou meu nome. Ela vinha de uma porta de vidro que estava aberta a minha esquerda. A mesma moça que me dissera para aguardar quando eu chegara perguntando pelo Sr. Murdock. Imediatamente me levantei e fui até a pequena sala onde a bela mulher entava sentada a sua mesa atrás de um computador ultramoderno. Ela me olhou por sobre seus óculos quadrados e sorriu.

– O senhor Zach está te esperando, pode entrar - falou ela de forma cordial.

Eu sorri em resposta e fui até a porta que ela me indicou. Ia bater antes de entrar, mas a mesma se abriu antes que eu pudesse tocá-la. Com seu inseparável sobretudo bege, Zach estendeu a mão para me cumprimentar e depois me deu dois beijos no rosto. Fiquei um pouco sem graça com aquela intimidade toda, mas tentei não deixar transparecer. Ele então me pediu que entrasse e me sentasse. Sua sala era tão ou ainda mais deslumbrante que a sala de espera onde eu estivera há alguns segundos. Mas não pude deixa de notar que ali havia algo de diferente, algo mais pessoal. Certamente havia muito da personalidade de Zach naquele cômodo. Se era ali que ele trabalhava eu não podia esperar outra coisa. Desde já eu pude perceber seu bom gosto. As paredes eram de um verde intenso contrastando totalmente com o branco total que havia lá fora. Uma das paredes era texturizada e havia um lustre estilo clássico que pendia sobre nossas cabeças a uma altura média. Sua mesa era de madeira, e apesar dos diversos aparelhos eletrônicos que haviam em cima dela, como notebook, smartphone e um tablet, não perdia o estilo rústico. Me sentei e respirei fundo.

– Confesso que por um momento achei você não iria considerar minha proposta – disse Zach de forma descontraída ao se sentar em sua cadeira – Mas cedo ou tarde todo nós acabamos nos deixando seduzir pelos encantos do mundo da moda.

- Pois é… - eu pensei em dizer a verdade a ele, que eu estava ali apenas por causa do dinheiro, mas desisti logo em seguida. Ele não precisava saber daquilo. Se acreditasse que eu estava mesmo interessada naquela carreira, seria muito fácil. E também ainda tinha a possibilidade de ele perceber que eu não levava jeito nenhum para a coisa e desistir de mim. Não podia me dar ao luxo de ser dispensada agora.

– Mas me diga, minha querida, qual estilo lhe agrada mais? Que tipo de vestuário você está pensando em promocionar? Tem algum estilista preferido?

Arregalei os olhos e prendi a respiração. Mas o que siabos ele estava me perguntando? Que tipo de vestuário eu quero promocionar? Estilista preferido? Eu nem ao menos sabia o nome de estilista algum. A não ser aqueles que dão seus nomes a marcas muito famosas, mas tenho certeza que não era isso que ele queria ouvir como resposta. Comecei a me sentir completamente intimidada. Logo nas primeiras perguntas que ele fizera eu já me sentia como um peixinho for a d’água. Será que ele ainda iria querer me contratar se descobrisse que eu era uma negação no assunto? Tentei controlar meu nervosismo para não dar muito na cara. Forcei um sorriso e tentei responder de forma mais sincera possivel, mas sem parecer uma completa idiota.

– Bom, Zach - o chamei pelo primeiro nome, já que havia percebido que ele não era uma pessoa de muitas formalidades – Sempre preferi usar roupas que me fizessem sentir bonita e confortável ao mesmo tempo. Adoro sapatos mais sofisticados, mas sei que um tênis ou uma sandália baixa também podem ser muito estilosos as vezes. Sem contar que você pode ir muito mais longe com eles, se é que me entende? – eu soube que era um péssima piada assim que terminei de dizer, mas felizmente Zach riu e pareceu realmente achar engraçado. Então continuei – Gosto muito de vestidos estampados, mas só os uso em ocasiões especiais. No meu dia-a-dia uma calsa jeans e uma blusa básica são bem mais práticos para uma jovem universitária como eu. E sobre os estilistas, acho que vou prestar mais atenção ao nome das pessoas que desenham minhas roupas daqui para frente.

– Ai Annis, você é ótima! - afirmou ele rindo animadamente. Eu ainda não tinha certeza se ele estava rindo da minha cara porque minha resposta fora ridícula, ou se estava sendo gentil ao achar o que eu dissera engraçado. E como é mesmo que ele havia me chamado? – Não me leve a mal, mas acho que iremos nos divertir muito trabalhando juntos. Não é todo dia que alguém totalmente sem conhecimentos fashonistas tenta entrar no ramo – Ótimo! Todo meu esforço para não parecer uma completa ignorante havia sido em vão. Eu devia ter imaginado que não o enganaria tão fácilmente - Mas como eu disse, você é uma peça rara, e não estou disposto a abrir mão da minha descoberta! – agora eu era a sua descoberta? Legal – Felizmente para ser modelo fotográfica você não precisa necessariamente entender de moda, querida. Basicamente você tem que vestir o que te pedirem para vestir e ser deslumbrante diante das câmeras – do jeito que ele falava parecia fácil, mas eu já podia imaginar o fiasco que seria eu tentando ser “deslumbrante diante das câmeras” – E então, quando podemos começar? – aquilo foi tão rápido e direto que eu não sabia o que responder.

– É… Quando? Ahm… - gaguegei vergonhosamente - Espera, então quer dizer que eu já estou contratada? Não vai ter nenhum teste ou coisa do tipo? – cala essa boca grande Annabeth! Pra que questionar os metodos do cara? Eu quero o trabalho e ele está disposto a me dar, todos estão felizes. Porque sempre tenho que complicar as coisas?

– Tecnicamente só estará contratada depois que assinar o contrato que nos permite usufruir de sua imagem – não sei porque mas aquilo soava assustador – Mas informalmente sim, já está trabalhando para nós, se assim desejar.

– Eu desejo - disse rapidamente, antes que ele pudesse mudar de ideia – Quero dizer, eu aceito sim. Foi pra isso que vim até aqui. E posso começar quando quiserem! – talvez eu não tivesse pensado muito bem para dizer aquilo, afinal eu tinha a faculdade e o meu trabalho no café que ocupavam boa parte da minha agenda. Mas no momento eu só estava me importando em conseguir aquele trabalho e principalmente aquele dinheiro extra.

– Excelente então. Vou pedir para minha secretária pegar seus dados para fazermos o contrato. E assim que ele estiver pronto e assinado já poderemos começar a sua preparação. As sessões acontecem aos finais de semana, espero que não se importe.

– De forma alguma! - respondi ficando mais entusiasmanda. Era perfeito. Eu não teria que largar meu emprego no café e nem mudar o horário na faculdade.

Lodo em seguida Zach se desculpou e disse que tinha que sair para um compromisso. Ele me levou até a sala de sua secretária e se despediu de mim, depois de orientá-la sobre o que fazer comigo. Levou apenas alguns minutos para a eficiente funcionária, que depois eu descobri que se chamava Rachel, preencher o formulário com meus dados e imprimir duas copias do contrato. Ela então me deu uma caneta para que assinasse. Em pensar que antes de chegar ali eu estava com um pequeno receio de que talvez  polícia estivesse certa em suspeitar que Zach fosse um bandido. Ao analizar o contrato percebi que ele valia por seis meses, o que eu achei bem razoável. Quando vi o valor que eles me pagariam por cada sessão fotográfica fiquei de queixo caído. Era mais do que eu ganhava em um mês inteiro de trabalho no Sally’s. Sem pensar nem um segundo mais assinei no local designado para o “contratado”.

***

Antes mesmo de chegar em casa eu já havia pensando onde eu esconderia o envelope com o contrato da agência de modelos. Percy jamais poderia encontrá-lo. Foi quando eu pensei nisso que me veio outro pequeno detalhe a mente. Como eu iria explicar de onde havia tirado o dinheiro para pagar nossas dívidas? Droga! Isso sim seria um baita problema! Mas eu ainda nem havia começado no meu novo “emprego”, então achei melhor deixar para me preocupar com isso depois que já tivesse com o dinheiro em mãos. Mais importante do isso seria inventar uma bela de uma desculpa para justificar as minhas saídas aos fins de semana. Eu ainda não sabia o horário das sessões, mas de qualquer forma eu provavelmente teria que ficar ausente por um bom tempo. Rachel tinha ficado de me ligar para confirmar se eu começaria a minha “preparação” – ainda não tinha entendido direito essa parte – ainda aquela semana. Até lá eu teria que bolar alguma boa mentira. Ou melhor alguma excelente mentira!

Como de costume, Percy não aparecia mais para almoçar em casa. Provalvelmente ele estaria em mais uma entrevista de trabalho em algum lugar de nível terrivelmente baixo. Ele havia começado procurando algo a altura do que fazia no Aquário, mas depois de ver que não estava dando em nada ele passou a ser bem menos exigente. Outro dia tentou uma vaga de empacotador num supermarcado que ficava no suburbio de Nova York. Mas aparentemente Percy não atendia aos perfis do cargo. Eles provavelmente o acharam novo e bem vestido demais. Pensando naquilo eu peguei a comida da geladeira e a coloquei em uma panela para esquentar. Meu “mestre cuca” particular havia feito um ensopado de carne delicioso no domingo a noite e sobrara um pouco para o almoço de segunda. Depois de esquentar coloquei num prato e comecei a comer. Minha cabeça ainda ia da “carreira de modelo” ao problema com as contas quando o telefone tocou. Larguei o prato ainda na metade para ir atender.

- Alô.

– Gostaria de falar com a srta. Chase, por favor? - disse uma voz grossa de homem.

- É ela mesma.

– Boa tarde srta., aqui é o delegado Marins - ele fez uma pausa e então continuou – Estou ligando para avisar que temos novidades sobre o caso do assalto que ocorreu em seu apartamento na semana passada.

– Descobriram alguma coisa? Pegaram os ladrões? - perguntei com bastante expectativa.

– Ainda não, srta. Chase - respondeu o delegado – Mas nossos investigadores tem algumas suspeitas de quem tenha sido o autor do crime. Ao que tudo indica se trata de um criminoso procurado há mais de cinco anos pela polícia e pelo FBI. Em todos os assaltos cometidos por ele as vítimas alegaram sentir esse mesmo cheiro de rosas que a srta. nos falou. Ele ainda não foi encontrado, mas estamos em seu encalço. Só devo alertar a vocês que tenham cuidado. Esse bandido é conhecido por escolher a dedo suas vitimas. O apartamento de vocês não foi assaltado aleatoriamente, ele tinha um motivo para isso. Provavelmente deve ter algo contra vocês. Mas não quero que fiquem assustados, vamos fazer o possível para encontrar o meliante o quanto antes.

– Ok - respondi sem saber o que mais poderia dizer. O delegado então desligou e eu fiquei ouvido o barulho da linha telefonica em sinal de ocupado durante alguns segundos até me dar conta de que tinha que desligar também.

Recapitulei lentamente o que ele havia acabado de me dizer. Um criminoso procurado pelo FBI roubou minha casa e aparentemente não foi  um roubo qualquer. Ele havia premeditado aquilo porque possivelmente tinha algo contra nós. O que poderia ser pior do que aquilo? Eu estava apavorada. Percy e eu estávamos acostumados a ter inimigos, mas eles costumavam ser monstos ou seres imortais, com os quais sabíamos lidar. Mas ter um mortal que provavelmente tem uma mente doentia e que quer nos fazer mal era algo completamente novo. Ele provavelmente deveria andar muito bem armado e eu não acharia nenhum pouco legal encontrá-lo na rua. Imediatamente me lembrei que estava quase na hora de eu sair para o trabalho. Perfeito! Era tudo o que eu queria naquele momento. Sair na rua enquanto aquele maluco estava a solta por ai.

No entanto parecia que estar naquele prédio também não era lá muito seguro. Talvez no Café, em público, fosse o melhor lugar para me manter fora de perigo no momento. Então reuni toda a coragem que encontrei em mim, peguei minha bolsa e saí. O percurso de menos de cem metros foi tranquilo. Cheguei ao trabalho sã e salva. Mesmo depois de quase uma semana minha chefe e os outros funcionários ainda me tratavam como se eu tivesse descoberto que tinha uma doença terminal. Agiam de forma cautelosa e demasiadamente gentil. Era como se eu levasse em minha testa um letreiro luminoso dizendo “meu apartamento foi assaltado, seja legal comigo!”. Aquilo já estava começando a me dar nos nervos. Mas eu não os culpava, afinal mesmo depois de quase uma semana eu também ainda me sentia abalada, principalmente por causa do problema financeiro que nos impedia de repor o prejuízo.

Para completar meu inferno espiritual, aquela bomba que o delegado Marins jogara em meu colo. Acho que eu preferia não ter ficado sabendo daquilo. Mesmo ali no café, em meio a tanta gente, eu não conseguia mais me sentir segura. Queria ligar para Percy e falar para ele vir correndo até aqui. Mas é claro que eu não podia nem queria fazer isso. Ele ainda devia estar ralando atrás de um novo emprego e eu não iria perturbá-lo com mais aquilo. Resolvi que iria guardar a informação para mim. Afinal só o que podíamos fazer era esperar que a polícia encontrasse o bandido o mais rápido possível.

Mais uma vez tentei me concentrar no trabalho e deixar minha mente longe de todos os problemas. Era difícil, mas com o tempo eu estava ficando boa naquilo. Reparava nas pessoas que eu atendia e puxava assunto com aqueles que eu sabia que gostavam de conversar. Ouvir suas histórias fazia com que eu me desligasse das minhas. Algumas horas depois, já no meio do expediente, eu resolvi ir até minha bolsa pegar o diário de Percy. Voltar a ler aquilo com certeza iria me distrair. Não me deixaria muito mais feliz, mas já era alguma coisa. O movimento no café estava baixo então me enostei na porta das geladeiras de refrigerantes e comecei a virar as páginas. Tinha marcado onde havia parado da última vez. A data marcava exatamente o dia seguinte ao que ele contara anteriormente.

“Querido Amigo,

Sinto que estou começando a te chatear com essa história de amor imporvável. Ainda mais depois das metáforas que usei da ultima vez. Acredite em mim, não é comum eu ficar assim tão poético. Mas como já sabe, é tudo culpa dessa garota que eu conheci e que está me deixando cada dia mais louco. Ela desperta fortes sentimentos em mim, mas também me deixa irritado e nervoso na maior parte do tempo. As vezes queria que ela fosse mais como a minha melhor amiga, Annabeth. Ela sim é uma pessoa com a qual posso conversar e ter uma relação normal. Mesmo que seja um pouco durona e arrogante as vezes, ela não se importa em deixar transparecer que é uma boa pessoa. Ao contrário da… bom, não vou dizer o nome dela, afinal não quero que ninguém descubra sobre isso. Então é melho criar um pseudônimo. De agora em diante vou chamá-la de “Comandante”, acho que combina com ela.”

Parei de ler e fechei o caderno na mesma hora. Eu sabia de quem Percy estava falando.


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Notas finais do capítulo

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beijos ;*
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