Missão A Dois escrita por Sarah Colins


Capítulo 12
Capítulo 11 - Proposta


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores amados! Tudo bem?
Antes que vcs me perguntem porque estou postando no sábado eu respondo: estou sem computador. Então aproveito agora que estou na casa de uma amiga pra postar o capítulo novo ^^ Espero que para semana que vem o meu pc já esteja bom de novo para eu poder continuar escrevendo...
Boa leitura ;)



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- Ah claro! – exclamou Percy com sarcasmo – Como se a gente fosse ser tão idiota para acreditar numa história dessas. Por que não conta isso aos policiais assim que chegarmos a delegacia e...

- Percy, espere – o interrompi enquanto analisava melhor o folheto que havia pegado do bolso do senhor misterioso – Acho que ele está falando a verdade.

E então estendi o papel que segurava mostrando a Percy o que eu tinha visto. Era uma foto de um senhor de sobretudo exatamente igual ao que estava conosco. Ele estava em meio a várias garotas e garotos muito bonitos e bem arrumados. Na legenda da foto estava escrito que o tal homem era Zach Murdock, uma dos mais famosos caça-modelos da cidade de Nova York. Percy analisou a foto por alguns segundos e ficou olhando dela para o sujeito que ainda estava com as mãos atadas as costas. Depois de comparar bem e constatar que era mesmo ele, Percy soltou o pobre coitado. Ele esfregou os pulsos e ajeitou seu sobretudo parecendo muito ofendido com o que acabara de acontecer. Mas não era pra menos, um cara como ele não devia estar acostumado a ser abordado daquela maneira. No entanto ao contrário do que eu imaginava, ele não saiu correndo nem tentou gritar por ajuda. Apenas respirou fundo e se voltou para mim.

- E então minha querida – começou ele agora num tom muito mais tranquilo e descontraído – O que acha de se tornar uma modelo fotográfica de sucesso?

- Bem eu... é... – definitivamente não sabia o que responder àquilo. Jamais havia imaginado que poderia receber esse tipo de proposta na minha vida, logo eu nunca tinha parado para pensar na possibilidade. Então realmente não tinha como eu saber se ia gostar daquilo, tinha que pensar melhor – Digamos que você me pegou um pouco de surpresa...

- Ela não está interessada – falou Percy me cortando. Ele estava de braços cruzados e com a cara fechada ao encarar Zach. Eu o olhei com o cenho franzido, sem entender o por quê daquela atitude.

- Acho que posso responder por mim mesma, Percy – o censurei enquanto ele revirava os olhos e continuava com aquela cara de poucos amigos. Resolvi ignorá-lo por enquanto, aquilo só ia me tirar do sério. Então voltei minha atenção novamente ao senhor agora já não tão misterioso – Olha senhor Murdock – o chamei pelo sobrenome depois de conferir mais uma vez o panfleto – eu agradeço a sua oferta, mas não acho que esse negócio de modelo seja muito a minha praia.

- Não precisa me dar uma resposta definitiva agora, meu anjo – ele pegou na minha mão ao falar e me tratou como se nos fossemos velhos amigos. Aquilo era muito engraçado, mas me esforcei para não rir na cara dele – Pense com carinho e depois me ligue – ele então tirou um cartão do bolso do sobretudo e me entregou – Você tem tudo para se dar nesse ramo, e mesmo que não tenha muito a ver com seu estilo é uma ótima maneira de ganhar dinheiro rápido e fácil.

- Bom, ok – respondi insegura enquanto guardava o cartão do homem na minha bolsa – De qualquer forma obrigada pela proposta e desculpe a nossa indelicadeza. Estávamos achando que você era algum tipo de maluco ou bandido por estar me seguindo por ai.

- Imagina! Eu é que peço desculpas a vocês. Normalmente não faço abordagens assim tão repentinas, mas é que você realmente tem uma beleza rara, mocinha – ele sorriu de forma simpática e eu senti minhas bochechas corarem por aquele elogio.

Percy não disse mais nada desde que eu o repreendera. Nem mesmo respondeu quando Zach se despediu cordialmente de nós. Ele seguia com a mesma cara emburrada. No caminho para casa ele nem ao menos segurou a minha mão. Aquela atitude já estava começando a me irritar, mas eu não ia brigar com ele no meio da rua. Então continuei ignorando-o até chegarmos em casa. Depois de todo aquele estresse de achar que estava sendo seguida por um maníaco e depois descobrir que não era nada disso havia me deixado mais cansada do que de costume. Logo que entramos no apartamento fui até o quarto, larguei minhas coisas em cima da cama e entrei no banheiro para tomar banho. Nem vi onde Percy havia ido, mas provavelmente estava na cozinha preparando o jantar. Torci para que quando eu saísse do banho ele estivesse com uma cara melhor.

Sai do banheiro com os cabelos enrolados numa toalha e vestindo um roupão. Fui até o armário e peguei um pijama de frio. Me enxuguei e me vesti, depois peguei o secador, que ainda estava dentro da bolsa que tínhamos levado para o acampamento, e sequei os cabelos. Enquanto fazia isso vi o caderno de Percy que também estava guardado na bolsa. Ele devia estar terminando de preparar o jantar e provavelmente estaria me esperando. Não tinha muito risco de ele vir me interromper agora. Então aproveitei o momento para pegar o caderno e tentar ler alguma coisa. No dia seguinte eu lembraria de leva-lo comigo para a faculdade e para o trabalho, onde teria muito mais liberdade de folhear aquilo sem deixa-lo constrangido. Então, com o secador ainda ligado, coloquei o caderno em cima da penteadeira e fui virando as páginas. Até que encontrei um trecho que me chamou a atenção.

“É oficial, ela me odeia! E não é nenhuma paranoia da minha cabeça não. Ela não faz questão nenhuma de esconder isso. Só ficaria mais claro se ela dissesse em todas as letras: EU TE ODEIO! Bom, mas isso também não é o fim do mundo. Acho que se ela me tratasse com indiferença e não desse a mínima para mim seria pior. Ao menos eu faço parte de sua vida de alguma forma. As vezes me conformo só em ficar perto dela e poder observar enquanto ela fala com todos de forma autoritária. Pode dizer que sou um completo idiota, mas me sinto importante cada vez que ela dirige a palavra a mim, nem que seja para me xingar.”

Parei de ler quando percebi que minha cabeça estava ficando quente demais. Eu havia me distraído e deixado o secador muito perto do meu cabelo. Achei melhor parar de ler antes que eu me queimasse. Guardei o diário na minha bolsa que usava para ir a faculdade e depois penteei os cabelos com a escova. Quando cheguei a cozinha nossa comida estava pronta e servida, como eu imaginava. Nesse ponto eu podia dizer que era uma mulher de sorte, afinal nem todas podem dizer que têm um namorado/marido que lhes prepara o jantar todas as noites. Eu lhe daria um beijo e um caloroso abraço em forma de agradecimento, mas ele estava com a mesma expressão aborrecida de antes. Já havia começado a comer seu prato, o que não era muito comum, afinal ele sempre me esperava para comermos juntos. Me sentei ao seu lado sem dizer nada e então peguei os talheres para começar a comer. Nenhum dos dois parou de comer até ter terminado tudo. Não tinha certeza se era porque estávamos com muita fome ou se era para manter nossas bocas ocupadas e não precisar falar. No entanto, Percy quebrou o silêncio depois de tomar os últimos goles de seu suco.

- Você não está pensando em aceitar a proposta daquela cara, está? – no fundo eu sabia que ele iria achar algum modo de implicar comigo por causa daquilo. Mas o que mais me irritava era a forma como ele falava. Como se a decisão fosse dele e não minha. Como se sua opinião fosse a verdade universal.

- Não sei, Percy – respondi apoiando os cotovelos na bancada e virando o rosto para ele – Sinceramente não sei. Por quê? Te incomodaria se eu quisesse aceitar?

- Só acho que isso não tem nada a ver com você – respondeu ele na defensiva – Sério, não consigo te imaginar posando para um catalogo nem desfilando em uma passarela...

- Acha que não sou bonita o bastante para ser uma modelo?       

- Não seja boba. Claro que você é bonita o bastante. De outra forma o cara da agência nunca teria ido atrás de você – consertou Percy – Eu quero dizer que não é uma coisa muito cabeça, sabe? Você faz faculdade de arquitetura, adora ler e estudar. O que o mundo da moda teria a te oferecer de bom?

- Dinheiro? – de repente eu me dei conta de que aquele era o principal motivo que me fazia não ter descartado totalmente a proposta de Zach ainda – Não estamos passando necessidade, eu sei. Mas também não estamos na melhor das situações financeiras. Quem sabe um dinheiro a mais pudesse vir bem...

- Não sei se valeria a pena – continuou ele irredutível. Eu ainda não tinha engolido aquela história de que “o mundo da moda não era pra mim”. Com certeza havia outro motivo para Percy não ter gostado da ideia.

- Não estou te entendendo Percy. Por que acha que não valeria a pena? Eu não estou dizendo que vou largar a faculdade nem que vou cair de cabeça nessa profissão. Não é o que eu almejo pra mim e você sabe disso. Seria apenas uma alternativa enquanto não me formo ou não arrumo algum estágio em minha área.

- Eu sei, eu sei – respondeu ele um pouco impaciente – Olha eu não quero que você seja modelo, tá legal? É isso. Será que esse é um motivo suficiente para você esquecer dessa ideia?

- Não sei, Percy. Talvez se você tentasse me explicar o por quê disso, eu possa considerar a hipótese de fazer a sua vontade! – exclamei incrédula.

- Não me olhe como se eu fosse um bicho raro! Tenho certeza que não sou o único homem no mundo que não se sentiria confortável ao ver sua namorada posando com sabe-se lá que tipo de roupas para sabe-se lá que tipo de fotografo.

- Então é isso? – perguntei ainda mais incrédula! – Você não quer que eu seja modelo por puro ciúmes?

- Não se trata de ciúmes! – argumentou ele já num tom mais irritado – Só acho que não tem necessidade de você se prestar a isso. Estamos nos virando muito bem com nossos empregos. Tenho certeza que não vai demorar para você começar a estagiar – ele mudou o foco da conversa deliberadamente.

- Desculpa amor, mas não entendo qual é o drama – falei tentando voltar para a raiz da discussão – Ser modelo é um emprego como outro qualquer, e o que tem de mais fazer umas fotos inocentes?

- Você não sabe se são assim tão inocentes. E se eles quiserem que você faça uma sessão posando de lingerie? – a cada palavra ele parecia ficar mais nervoso – Eu jamais estaria de acordo com isso!

- Até onde eu sei quem tem que estar de acordo ou não sou eu! – rebati também levantado um pouco o tom da voz. Depois, porém respirei fundo e tentei  me acalmar – Quer saber, essa discussão não vai nos levar a lugar algum. Acho melhor esquecermos tudo isso por hora e irmos para cama. Depois resolvemos esse assunto.

- Ótimo então, tanto faz. Já vi que você vai tomar essa decisão sozinha sem nem considerar minha opinião mesmo...

Não sei se eu teria conseguido pensar em uma boa resposta, mas de qualquer forma não tive oportunidade para dizer mais nada. Percy passou por mim e deixou a cozinha de forma apressada e se enfiou no banheiro. Eu não queria mais falar sobre aquele assunto. Detestava brigar com ele. Então a melhor opção era ir pra cama e tentar dormir antes que ele saísse do banheiro.

***

Tentei não pensar na proposta de Zach nem na discussão que tive com Percy no dia anterior. Mas obviamente foi impossível. Vira e mexe eu me flagrava pegando o cartão com o telefone do “olheiro” do bolsa e analisando-o. Minha mente ia longe imaginando como seria trabalhar como modelo. Mesmo que aquela não fosse nem de longe um dos meus sonhos profissionais, eu tinha que admitir que a coisa toda tinha o seu encanto. Me imaginei provando diversas roupas de todos os estilos imagináveis, depois com várias pessoas a minha volta arrumando meu cabelo e me maquiando. Me visualizei fazendo caras e bocas ao posar para um fotografo alto e bonito. Na minha imaginação eu parecia uma modelo profissional, todos pareciam muitos satisfeitos com o meu desempenho. Eu sorria e agradecia os elogios depois que o estilista via o resultados das fotos.

- Srta. Chase? – uma voz familiar chegou aos meus ouvidos, me fazendo voltar a colocar os pés na terra – Srta. Chase! A Srta. estava prestando atenção ao que acabei de explicar? – o professor de aritmética havia me pegado no flagra.

- Ahhh o que? – respondi ainda me situando – Me desculpe professor, estava um pouco distraída – achei que era melhor dizer a verdade do que tentar fingir que sabia do que ele estava falando. Eu com certeza passaria ainda mais vergonha.

O professor foi bem legal comigo e apenas me fez ir até a frente da classe fazer um resumo da aula. Por sorte eu já havia estudado em casa aquela matéria e deu para o gasto. Tentei me focar na aula seguinte, mas estava bastante difícil. Resolvi ao menos tentar não ficar sonhando acordada. Já era alguma coisa. Quando peguei o metrô de volta para casa aproveitei o tempo da viagem para dar uma olhada no diário de Percy. O havia trazido comigo, mas na faculdade não tive tempo para abri-lo, nem mesmo na hora do intervalo. Então aproveitei aquele que era um dos poucos momentos livres do dia. Continuei da página que havia parado na noite anterior.

“Hoje foi um dia interessante. Sempre achei que a garota por quem eu me apaixonasse fosse ser parecida comigo. Mas definitivamente eu estava enganado. As vezes acho que pensamos diferente sobre absolutamente todos os assuntos! Talvez por isso a gente viva discutindo sobre as coisas mais idiotas. Esta manha por exemplo, ficamos cerca de vinte minutos debatendo sobre o jeito como devíamos empunhar uma espada. Ela achava que devíamos segurá-la na altura da cintura em frente ao corpo. Eu já pensava que o melhor era estendê-la a frente bem esticada. No final, obviamente não chegamos a conclusão nenhuma. A maioria do pessoal do acampamento dizia que ambos estávamos certos, mas isso não fez com que parássemos de discutir sobre aquilo.

Essa tarde eu quase acreditei que tivemos um momento de paz. Mas claro que foi muita pretensão da minha parte achar que ela deixaria as coisas acabarem daquele jeito. Acontece que encontramos um animal em perigo na floresta. Um cervo havia sido capturado por uma das armadilhas para monstros. Nós o ajudamos a escapar e cuidamos de seus ferimentos. Eu vi um sorriso em seu rosto, mas quando ela notou que eu a estava encarando começou a me criticar, dizendo que havia feito tudo errado. Realmente não a entendo. Parece que toda vez que temos alguma aproximação, ela faz questão de se afastar e se esconder atrás de uma parede sólida de hostilidade. Não sei se um dia serei capaz de derrubar essa parede, nem mesmo sei se poderei olhar através dela. Só sei que continuarei sem saber disso se nunca tentar...”

Interrompi a leitura antes que as lagrimas escorressem por meus olhos. Aquelas eram situações muito especificas e eu tinha certeza que nunca havia vivido nenhuma delas com Percy. Logo, ele não estava falando de mim. Ele havia tido outra paixão durante o tempo em que esteve no acampamento. Eu não sei por que, mas aquilo me doía muito. Mesmo imaginando que isso ocorrera muito antes de começarmos a namorar. Coloquei a mão sobre a boca para conter os ruídos do meu choro. Peguei um lenço de papel na bolsa, enxuguei as lágrimas e assuei o nariz. Guardei o caderno na bolsa e tentei me recompor. Eu estava exagerando, aquilo não era assim não grave, era? Bom, se ele nunca consumou esse amor improvável do qual falava, não tinha porque eu fazer tanto drama. O problema era que eu não sabia disso. E a única maneira de saber seria lendo o restante da história. Por que Percy me dera seu diário onde sabia que estavam escritas aquelas coisas?Por que será que ele quis que eu soubesse daquilo, ainda mais daquela maneira?

Era melhor eu parar de fazer suposições. Tinha que terminar de ler o diário e depois perguntar a Percy sobre tudo aquilo. Falando assim parecia muito simples, mas eu sabia que não seria. Desci do metrô e fui caminhando em direção ao nosso apartamento. Pegue o elevador com outros três moradores do prédio. Apenas os cumprimentei de forma cordial e fiquei em silêncio o resto do tempo até chegar no meu andar. Ao sair para o hall as luzes automáticas se acenderam ao detectar meu movimento. Percebi que a porta do meu apartamento estava ligeiramente aberta. O que era muito estranho, afinal mesmo se Percy tivesse vindo para o almoço, ele não costumava largar a porta aberta.

Fui então lentamente até a porta, já imaginando que algo ruim poderia ter acontecido. A empurrei com os dedos e me mantive na soleira enquanto olhava o interior. Prendi a respiração e peguei o celular. Era a primeira vez na vida que eu discava para o 911. Meu apartamento havia sido assaltado. 


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Notas finais do capítulo

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