Faz dois meses que entrei para a guilda as pessoas de lá logo fizeram amizade comigo principalmente certo grupinho a quem sou mais intima. Levy McGarden uma baixinha de cabelos azuis amante de livros e minha melhor amiga, Erza Scarlet uma ruiva chamada de Titânia por todos e que sempre separa Gray e Natsu de suas brigas persistentes, Gray fullbuster um moreno alto que tem a incrível mania de se despir e que sempre acaba envolvido em brigas com Natsu, Juvia Lockser uma azulada que refere a si mesma na 3ª pessoa e tem uma súbita paixão por Gray e Natsu o rosado que adora invadir meu apartamento no meio da noite e tomar conta da minha cama. Apesar de todos os defeitos e todas as brigas, eles são boas pessoas e tornam a guilda um ambiente familiar e acolhedor. Para mim a guilda é um lugar que posso chamar de casa e tenho certeza de que não vou me arrepender depois.

Eu, Natsu e Happy formamos um time e sempre fazemos as missões juntos, mesmo assim os dois decidiram fazer uma missão sozinhos; Os outros também saíram em missões me deixando sozinha  na guilda sentada em um banquinho no balcão.

- Por que não faz uma missão mais fácil? – Mira me perguntou enquanto limpava um copo

- Ah Mira-San não tenho certeza – Falei meio desanimada

- Tente uma missão pequena, Por que não olha o quadro de missões? Aposto que vai encontrar uma – Ela sorriu-me gentilmente. Levantei do meu cantinho e dei uma boa olhada no quadro tinha missões de todos  os tipos, e uma me chamou a atenção além da recompensa ser muito boa à missão parecia fácil; Meu trabalho era cuidar de uma bebezinha de um ano e sete meses nesse fim de semana fiquei me perguntando por que precisariam de magos para isso.

- Devem ser pais preocupados- Falei mais alto que o planejado chamando a atenção de algumas pessoas perto de mim – Mira-San eu vou fazer essa – Entreguei o papel que agora ela assinava.

- Boa sorte – Ela sorriu gentilmente

- Arigato! – Retribui o sorriso

Passei em casa e peguei algumas roupas, coloquei em uma bolsa pequena e sai em direção à estação.

[...]

Com certeza o dinheiro que recebi fazendo essa missão não compensaria todas as dores de cabeça e no corpo; Quem diria que um bebê tão pequeno daria tanto trabalho se aquilo era mesmo um bebê. A única coisa que eu quero nesse momento é minha cama: Quentinha, confortável e minha.

Não passei na guilda fui direto para casa, subi as escadas quase morrendo e assim que entrei fui direto para o quarto parando no batente da porta ao enxergar aquela coisa rosa na minha cama. Não sabia o que fazer eu tinha duas opções chuta-lo porta a fora ou abraça-lo e dizer que sentia saudades. Não sabia o que sentir eu poderia ficar zangada com a invasão ou poderia ficar feliz por ele estar de volta. Mas eu não fiz nada, não senti nada, só fiquei parada observando-o dormir. Ele se remexeu na cama e depois olhou para mim.

- Okaeri Lucy, você demorou – Ele sentou-se na cama e coçou os olhos de uma maneira infantil.

- Tadaima – Natsu se afastou na cama dando espaço para eu me deitar e assim eu fiz ele envolveu minha cintura com seus braços levando-me para mais perto dele era tão quente mesmo tendo dormido assim com Natsu tantas vezes agora parecia diferente meu coração batia rapidamente  e minha respiração estava irregular eu estava... Nervosa.

- Fiquei preocupado -  Ele sussurrou no meu ouvido sua voz vazia cocegas e um leve arrepio percorreu meu corpo me ajeitei para olha-lo nos olhos, coloquei minhas mãos em seu rosto ele fechou os olhos.

- Eu estou bem – Respondi enquanto me aninhava mais a ele apoiei minha cabeça em sei peito e ele logo começou a passar a mão em meus cabelos fazendo eu me arrepiar.

- Senti saudades Lucy – Natsu falou sua voz era um sussurro, logo sua respiração ficou regular e os carinhos em meus cabelos pararam.

- Eu também.

[...]

Acordei sozinha procurei por Natsu, mas estava sozinha. Sentia tanta falta assim dele a ponto de sonhar? Um cheiro bom encheu meus pulmões “provavelmente algum vizinho” pensei olhei a janela, mas ela estava fechada (?) o cheiro vinha daqui, vinha da minha cozinha. Levantei da cama e encontrei um Natsu vestido com um avental rosa de cozinha e com um livro de receitas em mãos. Ri da cara que ele fez parece que ele não estava entendendo nada.

- Ohayo Lucy... Acordei você? – Natsu falou encarando o fogão

- Não – Eu disse me aproximando e ficando ao lado dele

- Queria fazer seu café – Ele corou

“Ele fica tão fofo quando esta com vergonha” pensei.

- Precisa de ajuda?

- Muita

- Mas antes... Cadê o Happy? – Percebi a ausência do gato azul, voador e irritante.

- Acho que está com a Charlie.

- Aqueles dois são meio suspeitos – Agora que eu notei Happy e Charlie estavam mais juntos agora sorri maliciosa.

- Concordo... Agora como se usa esse treco? – Natsu apontou para o fogão. Olhei pra ele incrédula e depois de perguntas como “pra que serve esse botão?”, “Como liga essa coisa?” nos finalmente terminamos de fazer o café. Natsu era muito estranho se confundiu a usar um fogão, mas usou com facilidade uma cafeteira que nem mesmo eu conseguia ligar; Nos dois nos sentamos à mesa na sala para comermos.

- Você ainda cozinha muito bem Lucy. – Natsu falou enquanto comia seu 5º sanduiche.

Para tudo ele acabou de dizer “ainda”? Mesmo depois de dois meses na guilda essa era a primeira vez que Natsu comia minha comida; Bom à comida que eu cozinhei, talvez ele seja mesmo o menino das minha memorias despedaçadas. Mas se ele disse “ainda” provavelmente ele se lembra de mim? Tantas perguntas, mas parece que ao encontrar as respostas elas mudam.

[Flashback On]

Comecei a ter sonhos esquisitos é sempre o mesmo; Eu brincando com um garoto no jardim da mansão, nos dois dormindo juntos em uma noite de tempestade, ele me abraçando depois de uma conversa com meu pai consolando-me e enxugando-me as lagrimas insistente. Os sonhos também sempre terminavam do mesmo jeito: Eu e ele abraçados de joelhos no jardim.

Todas às vezes acordei sentindo uma dor terrível no peito mas, o pior é não conseguir me lembrar do rosto o garoto mas tenho a sensação de estar perto dele; E essa sensação aumenta quando estou com Natsu Dragneel, depois de pensar bastante sobre isso decidi ter uma conversa com Makarov.

- Yoo mestre – Falei ao entrar em sua sala

- Lucy? Algum problema?

- Não só queria... Conversar

- Sente-se. Qual o problema? Foi o Natsu?

- Não, talvez envolva o Natsu; Mas ele não fez nada – Sorri e me sentei na poltrona que ficava de frente para sua mesa. Expliquei para ele toda a “situação”, Makarov me ouviu com toda a atenção sem me interromper me perguntei varias vezes se ele prestava atenção. Quando terminei ele ficou em silencio por um tempo; arqueei uma sobrancelha, mas assim que abri a boca para falar ele se pronunciou.

- Pode ser uma magia de esquecimento

- Magia de esquecimento? Então os sonhos podem ser... – Fui interrompida novamente

- Memorias, ou fragmentos de memorias a magia esta enfraquecida, mas só você pode quebra-la.

- Por que alguém colocaria uma magia dessas em mim? – Perguntei mais para mim mesma do que para Makarov

- Não tenho certeza, mas tenho certeza que você vai descobri.

- Mas como eu posso quebrar essa magia?

- Talvez se você encontrasse esse garoto ele poderia te ajudar.

- Mas como vou descobrir quem ele é?

- Confie no seu coração Lucy; Ele não falha – Aparentemente Makarov sabia de alguma coisa e obviamente não iria me falar.

[Flashback Off]

Natsu havia parado de comer e agora me encarava como se eu fosse uma aberração comecei a me sentir desconfortável com seus olhares, era impressão minha ou ele estava me analisando?

- Ne Natsu, podemos conversar?

- Estamos conversando. Sua estranha – Ele agora me encarava de perto. Perto de mais eu podia sentir seu hálito de menta acariciar a pele da minha bochecha corei.

- É talvez eu seja estranha – Ri sem humor

- Sobre o que quer conversar? – Ele perguntou afastando-se um pouco.

- E-Era você não era? – Gaguejei as palavras saíram com dificuldade

- Nani? Eu? – Natsu parecia confuso

“Seja mais direta Lucy” pensei

Lembrei-me vagamente de quando eu o encontrei no jardim da mansão. Olhei-o nos olhos seus lindos olhos negros agora estavam presos aos meus, era ele eu tinha certeza, porém queria ouvir uma confirmação.

- Você é o menino que eu encontrei no meu jardim há sete anos? – Falei rápido para não perder a coragem. Ele não respondeu, mas seu sorriso era mais que um simples “sim” Natsu me abraçou, um abraço quente e carinhoso.

- Finalmente – Ele sussurrou no meu ouvido me causando arrepios.

Natsu e eu não fomos à guilda, nos ficamos em casa conversando ele tentando me fazer lembrar e eu lutando para não rir das suas caretas. Nem percebemos quando começou a nevar. Os primeiros flocos de neves depois de encontra-lo.