Arregalei os olhos, mais uma vez, ao ouvir aquilo. Tudo se encaixou, e eu entendi. Alvo estava cansado de ouvir sempre a mesma história. Ele deve ouvir isso sempre, tanto de seus pais, quanto das pessoas ao seu redor.

–Ah. - Respondi, olhando para a cabeça abaixada de Alvo, como se ele estivesse com vergonha.

A aula continuou. Com o tempo o professor fazia perguntas para os alunos e assim eu tentava aprender os nomes deles e um pouco da matéria.

De vez em quando eu olhava para o Alvo, queria saber se ele ainda estava com aquela cabeça abaixada, e sim, ele sempre estava. Alvo passou a aula inteira com a cabeça abaixada. O professor várias vezes chamou a atenção dele, mas não adiantava nada porque ele passava dois minutos normalmente e depois abaixava a cabeça novamente.

A aula terminou e eu me levantei. Enquanto alguns alunos pegavam seus livros eu fiquei parada sem saber o que fazer. Eu não havia trago nada, e o professor não havia usado o livro.

–Foi bom te conhecer Sophia. - Maya disse, atrás de mim. Eu me virei e ela sorria - Te vejo mais tarde?

Eu assenti com a cabeça e dei espaço para Maya passar. Ela andou para fora da sala agarrada em seus livros. Me virei para a carteira em que Alvo e Rose se sentavam. Eles não estavam mais lá.

"Ótimo, vai ser fácil me perder nesse colégio..." - Pensei.

Comecei a andar em direção à porta, ainda preocupada de para onde eu ia.

–Senhorita Carter. - Ouvi a voz do professor atrás de mim. Aquela voz, de um certo modo me assustava.

–Sim? - Me virei e eles estava ali, flutuando na minha frente.

–A senhorita sabe para onde ir? - Me senti totalmente alivida ao ouvir aquilo.

–Não... - Abaixei a cabeça, envergonhada.

–Imaginei... - Ele disse.

O Professor Binns passou por mim e foi em direção à porta. Eu não iria ficar ali sozinha, por isso o segui. Ele passou pelos corredores e eu fui atrás dele.

–Tiago! - Ele berrou, e um garoto se virou. Provavelmente aquele era o Tiago.

Um garoto muito parecido com o Alvo, mas óbviamente mais velho que ele se aproximou da gente. Ele sorriu falsamente ao se aproximar do professor.

–Sim?

–Poderia levar essa senhorita para... - O Professor Binns olhou para mim, esperando que eu completasse.

–Ha... A sala da diretora Minerva. - Eu respondi, ao me lembrar de que Hagrid havia me dito que para eu entender as coisas teria de falar com ela.

–E quem é ela? - Tiago, o garoto, perguntou, ao olhar para mim.

–Ela é a Sophia Carter, amiga do seu irmão. - Irmão? Mas eu so fiz três amigos aqui até agora. E dois deles são garotas. Então... Tiago é irmão de Alvo.

–Ah! Ok então... Se ela é amiga do meu irmão, a levarei com o prazer até a Minerva. Mas eu acho que ela não está aqui. - Ele respondeu.

–Não tem problema. Eu espero por ela em sua sala. - Eu respondi.

–Está bem... - Ele concordou.

Nos despedimos do Professor Binns e começamos a andar. Eu era um pouco tímida, por isso não falei nada. Mas às vezes Tiago perguntava coisas como : "Quando você conheceu meu irmão?" , "Como você veio parar aqui só agora?" e outras coisas. Ele era bem gentil.

Continuamos a andar, até chegarmos novamente nas escadas. Aquelas escadas faziam com que eu arregalasse os olhos, não importava quantas vezes eu a usasse.

Subimos até o sétimo andar, se não me engano. Andamos mais um pouco e paramos em frente a algo que parecia com uma águia gigante feita de pedra. Eu arregalei os olhos, mais uma vez. Não dava para você não se impressionar com as coisas daquela escola.

Tiago sussurrou algo que eu não entendi, logo depois a águia começou a se mexer.

–Vá naquela escada que você irá subir. Vai logo. - Ele disse.

Eu não demorei e corri para a escada que aparecia enquanto a águia girava.

Em poucos segundos eu apareci em uma sala. No ponto central da Sala havia a escrivaninha, que estava cheia de papeis. Olhei um pouco mais adiante e vi uma porta. Tiago havia me feito entrar por uma águia de pedra enquanto existe uma porta normal por onde eu podia entrar.

Andei pela sala. Havia muitas estantes e livros ao redor da sala. Em uma dessas estantes havia um chapéu, ele me lembrou aqueles chapéis de bruxas em filmes. Continuei a andar e olhar em volta. Alguns quadros estavam pendurados na parede. Os quadros mostravam homens barbudos que se mexiam. Um deles mexeu a mão em um sinal de "Oi" para mim. Eu apenas sorri.

Finalmente encontrei um sofá no meio daquilo tudo. Me sentei, ainda olhando em volta. O sorriso desapareceu do meu rosto quando vi um quadro se mexer, mas ele parecia estar diferente dos outros. Era como se ele me chamasse. Eu me levantei e comecei a me aproximar do quadro. Era um homem idoso. Ele tinha uma barba que ia além do que o quadro mostrava. Ele olhava assustado para mim.

–Minha querida, venha até aqui. - Ele falou, e eu o obedeci.

Assim que cheguei até ele, passei a mão pelo quadro, como ele podia se mecher? Só podia ser magia mesmo.

–Senhorita Carter! - Uma voz um pouco longe de mim me chama. Eu me virei e me deparei com uma mulher.

Ela usava uma roupa difícil de explicar. Era como um vestido e uma capa. Também usava um chapéu assim como nos filmes de bruxas. Ela já devia ter uma idade aproximada da do homem do quadro.

–Vejo que gostou dos meus quadros. - Ela diz, e se senta em sua escrivaninha.

–Ah, sim. - Respondo, me afastando do quadro.

–Esse foi um dos maiores diretores de Hogwarts, professor Dumbledor, Alvo Dumbledor. - Ela sorriu ao falar dele.

–Alvo? - Perguntei, assustada. - Mas o...

–Sim. O Alvo Potter tem o nome dele. Foi uma homenagem de seu pai, Harry Potter. - Ela disse, ainda sorrindo - Você sabe sobre a história do pai desse seu amigo Sophia? - Ela perguntou, o que me fez andar até a sua escrivaninha e me sentar em uma cadeira.

–Sei que ele salvou o mundo da magia, mas não sei como. - Respondi, curiosa.

–Vou lhe contar. Harry Potter, quando fez onze anos veio para Hogwarts, assim como toda criança bruxa. Ele não sabia do que era capaz, ele não sabia o que faria. Ele derrotou o monstro da Câmara Secreta com somente doze anos. Ele descobriu verdades que ninguém sabia com treze anos. Aos quatorze ele lutou no Torneio Tribruxo, ao qual somente se podia participar os maiores de idade. Nesse mesmo ano Harry Potter viu o seu amigo morrer pelo homem que matou sua família, o homem que dali a alguns anos começaria a maior guerra do mundo da bruxaria. Aos quinze anos Harry começou a juntar bruxos e a treiná-los para lutar contra esse mesmo homem. Aos dezesseis Harry começou a matar, aos poucos, esse homem, para salvar o mundo. E finalmente, aos dezessete anos, Harry começou uma guerra, ao qual ele morreu e voltou a vida, ao qual ele lutou a todo momento. Harry sobreviveu muitos anos, e salvou esse mundo, devemos muito à ele. - Ela disse.

Minha boca se abriu ao ouvir aquelas palavras. O pai de Alvo era um herói, tinha uma das melhores histórias que eu já havia ouvido. O pai dele salvou o mundo!

–Mas por que... Espera. - Comecei a pensar - Diretora, se todos os bruxos só veem para cá aos onze anos, por que eu só vim aos treze? - Eu perguntei.

–Porque sua mãe te escondeu de nós durante esses dois anos de atraso. Ela pensava que estava te protegendo, mas ela fazia o contrário. Em Hogwarts você está protegida, não no mundo dos trouxas.

–Trouxas? - Perguntei.

–Aquele que não é bruxo. - Ela mudou de posição na cadeira - Sophia, estamos entrando em uma guerra, novamente. - Ela disse, olhando fixamente em meus olhos.

–Em uma guerra? - Perguntei - Mas o que eu tenho com isso?

–Você é uma bruxa querida, isso te coloca automaticamente nisso. - Eu assenti, ela tinha razão.

A Diretora Minerva se levantou da cadeira e foi para entre as estantes. Eu consegui ver o chapéu que ficava em uma delas sendo movido. Ela voltou para a mesa com ele na mão, mas não se sentou. A diretora veio até mim, virou minha cadeira para ela e colocou o chapéu em minha cabeça.

–Vamos ver de que casa você pertence. - Ela sorriu.