Os Códigos Romênicos - A Descoberta Do Poder escrita por Luke Theon


Capítulo 2
Capítulo 1




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Brasília, Brasil, 2010

Acordei sem fôlego e espantado.

E pelo mesmo motivo de sempre, aquele pesadelo que vinha tendo há algum tempo, e sempre tirava o meu sono. Era sempre a mesma coisa. Os gritos, as explosões, o fogo, a falta de ar, a escuridão opressora.

Apesar do calor angustiante da capital eu tremia e suava frio, como sempre ficava depois do pesadelo. Do outro lado do quarto, Cesar me olhava com uma expressão de desentendimento, antes de relaxar. Logo ele percebeu o motivo do meu susto. Ele já vinha se acostumando com os meus constantes sustos que tinha ao acordar.

— O sonho de novo?

— O quê? — Eu ainda estava atordoado. Minha cabeça pulsar de dor. Meus pensamentos a mil e a respiração ofegante. Precisava me concentrar para manter o foco.

— O sonho? Aquele que faz você acordar toda vez desse jeito. — Cesar fez uma careta para representar meu estado de espanto.

— Não é nada Vou ficar bem.

— Você sempre fala isso, mas ainda assim acorda toda vez com essa cara de terror.

Eu sabia que ele tinha razão. Não entendia por que vinha tendo aquele sonho. Sempre o mesmo sonho. Ele simplesmente apareceu de um dia para o outro e começou a me perturbar, apesar de eu negar até a morte que algo de errado estava acontecendo. Estava até pensando ultimamente em conversar com a psicóloga da faculdade, mas sempre que pensava melhor, descartava a ideia, imaginando o que ela diria: “Isso tudo é coisa da sua cabeça”.

Inspirei lenta e profundamente e tentei espantar tais pensamentos. Cesar do outro lado do quarto tentava em vão, enfiar uma pilha de roupas emboladas dentro de uma mala, enquanto outra pilha se espalhava pela cama.

— Ainda bem que já acordou. Temos de andar logo ou vamos nos atrasar. — Ele andava de um lado a outro do quarto pescando itens no armário e colocando na mala. Até que parou no meio do caminho e me perguntou, fazendo uma careta.

— Tem certeza de que está bem? Está com uma cara péssima.

Esforcei-me para relaxar o rosto.

— Já disse. Estou bem.

— Ótimo, então se apresse.

De primeira, fiquei confuso sobre o porquê precisava me apressar, mas ao olhar a mala de Cesar, logo lembrei o porquê da pressa.

— Hã, quanto a isso, não acho uma boa eu ir. Estou atolado de trabalhos e tenho de estudar. Melhor eu ficar aqui mesmo. — respondi de forma quase inaudível, com a esperança de que Cesar não tivesse escutado. Mas é claro que ele tinha escutado.

Assim que fechei a boca ele desistiu de sua batalha com o zíper da mala e se virou prontamente.

— Ah cara, para com isso. Essa viagem era exatamente por esse motivo. Desenterrar você dos livros. Minha mãe já até mandou as passagens. Ela quer conhecer o gênio que divide o dormitório comigo. E saber por que minhas médias não se parecem com as suas.

— Gênio? — perguntei de forma cética. — De onde foi que você tirou isso?

— Na verdade foram das suas notas. Por acaso você já viu seu histórico? E qualquer um que feche uma prova de exatas, pode ser considerado um gênio.

— Primeiro: era uma prova de economia. Não é como se fosse uma prova de Cálculo. E segundo: você sabe o porquê de eu precisar manter essa média.

Pensei no motivo para ter aquelas notas e cheguei a pensar em dizer: “Eu não tenho um pai rico que pode me sustentar e pagar a mensalidade da minha faculdade”. Mas depois me lembrei dos grandes sacrifícios que a minha mãe fazia para me ajudar na faculdade, desde os plantões no hospital até os empréstimos que pegava, mesmo não podendo pagá-los. Sabia também que, diferente dos outros “mauricinhos” do campus, Cesar não ligava para o dinheiro do pai.

— Eu sei você tem de manter as notas para não perder a bolsa. Mas nem por isso deve ser tirado o mérito. — Cesar emendou, desistindo de sua batalha com o zíper, tirando um bolo de roupas e jogando dentro do armário.

— Ok, valeu. Mas você bem sabe que também poderia ter notas melhores, se usasse seu tempo para estudar em vez de brigar constantemente com a Milena ou paquerar as meninas do vôlei.

— Ok, ok, eu sei. Nem me lembre disso, foi por pouco, só passei graças ao trabalho extra que o Andrade, se não fosse isto estaria perdido. Não quero falar sobre a Milena. Ela anda tendo mais ataques de estrelismo ultimamente e isso está me dando nos nervos. Vamos mudar de assunto. Aliás, mudar não, voltar ao assunto. Não pense que vai escapar da situação e não ir à viagem.

Cesar tinha terminado de arrumar sua mala e agora estava encostado na cama de braços cruzados. Eu havia perdido a guerra. Aquela conversa era apenas um ganho de tempo, a fim fazê-lo esquecer da ideia de eu ir junto naquela viagem, ou pelo menos atrasar o máximo possível. Mas era inevitável, eu sabia que não adiantava discutir mais. Não importaria o argumento, o que quer que dissesse não faria Cesar mudar de ideia.

— Tudo bem. Me dê dez minutos e eu já me apronto.

— Você tem o tempo de eu ir devolver esse livro na biblioteca. Não quero pagar mais uma multa por atraso. — Ele pegou o livro de Cálculo Um na mesa de cabeceira e se encaminhou para a porta do quarto. — Lembre-se, vamos pegar o voo das seis da tarde. Anima-se cara, você tem de sair um pouco, tirar a cara dos livros, divertir um pouco. Vai ser legal.

Suspirei e concordei com a cabeça.

Assim que Cesar fechou a porta atrás de si, segui até o armário em busca de uma mochila. Dez minutos depois já estava pronto e esperando. Não havia escolha, eu teria de passar o Ano Novo com a família Albuquerque no Rio de Janeiro.

Mal sabia eu como aquela viagem mudaria minha vida para sempre.


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