New Perspective escrita por Brave


Capítulo 16
15 - Lyanna Weasley Potter E seus pais...


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pela demora, não estava preparada psicologicamente pra esse capítulo e.e



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Não fazia ideia de quanto tempo estavam ali, mas aproveitava cada segundo. Nunca tinha percebido o quanto desejava um momento como aquele. Entretanto, agora que estava ali, soube que o que mais queria eram os braços paternos. Era estranho, sem dúvidas. De uma hora para outra, este homem se torna seu pai. Mas ainda assim era um sentimento muito bom.

Mergulhada num berço de paz e serenidade, Lyanna adormeceu.

Em seus sonhos, ela estava com Albus. Eles se despediam no barco de volta a Durmstrang. Alguns de seus antigos amigos a saudavam a distancia. Dany choramingava e batia o pé em seu encalço, reclamando que sua irmã a abandonaria de novo por mais um ano. Parecia um ano como qualquer outro.

Ainda assim, faltava algo. Por mais que sentisse que era uma despedida como nos três anos anteriores, alguma coisa estava diferente. A ruiva repassou mentalmente os fatos ao seu redor, só para ter certeza: estava indo para a escola, como nos outros anos; sua irmã reclamava, idem; seus amigos aterrorizavam os calouros, já estava até entediante. Ela abraçou sua família pela ultima vez e começou a subir a rampa do navio, mas ao invés de continuar o caminho, jogou-se em algo mar.

A água invadiu seus pulmões assim como o arrependimento. Por que diabos ela fizera isso? A cada braçada que a impulsionava para cima, a garota era puxada para o fundo do mar, até que desistiu de nadar e se deixou ser levada pela água.

Não via nada além de uma imensidão azul – e isso, por si só, já era desesperador -, a luz ficava cada vez mais escassa e seus sentidos já não estavam em seu melhor estado. Seus olhos pesavam, ela estava cansada de lutar, assim era tão mais simples, a calma ao seu redor, a sensação de estar adormecendo. Se aquilo era morte, Lyanna estava muito confortável, obrigada.

Entretanto, um vulto vermelho a fez saltar os olhos. Aquilo era sangue? Não. Mesmo sem conseguir enxergar direito, Lyanna sentiu um poço de familiaridade quanto àquele vermelho, mesmo no fundo do mar. Algo a segurou firme e a puxou para cima, mas seu corpo pesava mais que o normal, dificultando o trabalho do que quer que fosse.

Já podia ver o sol novamente, o vulto vermelho começava a tomar formas. Uma sereia? Não, tinha pernas.

Então parecia muito óbvio, como se desde o começo ela soubesse o que era: sua mãe.

Quando seus olhares se cruzaram, Lyanna acordou.

Ela estava sozinha no quarto. Levou um tempo para se lembrar de tudo que havia acontecido e onde estava. Mas quando o fez, quase desejou que seu sonho fosse realidade e que ela estivesse de fato se afogando.

Em um pequeno momento de maturidade, Lyanna resolveu se levantar. Arrependeu-se de ímpeto, desejando continuar naquela cama. Apenas não voltou por teimosia, conseguia ouvir uma vozinha no fundo de sua cabeça (muitas vezes chamada de consciência) a desafiá-la a sair de lá e voltar para sua mãe.

Mas o destino já facilitara muito as coisas para a ruiva. Ela não teria que voltar para a mãe, pois esta viera por conta própria. Estava num canto do sofá, e Albus, no oposto, de frente a ela. Ambos possuíam olhares cansados e, mesmo sem anunciar sua presença, eles a notaram.

Primeiro, foram os olhos azuis de Rose Weasley – que a lembraram momentaneamente do mar -, envoltos em círculos vermelhos. Eles se fixaram na filha e a inspecionaram dos pés a cabeça, ao mesmo tempo em que um grito silencioso de desculpas emergia daquele olhar. Não se passaram segundos até os olhos verdes a perfurarem como só ele sabia.

Albus fez um sinal com a cabeça para que ela se juntasse aos dois, e assim Lyanna o fez. Receosa, ela se sentou o mais afastada possível deles, de modo que pudesse vê-los igualmente. Olhou primeiro para sua mãe, sabendo que todas as respostas que queria viriam dela.

– Por que? – Sua voz, não mais alta que um sussurro, foi dirigida à mulher.

Rose não respondeu de cara, desviou o olhar para o chão, mordeu o lábio inferior e respirou fundo, tomando coragem para continuar. Todavia, seus olhos ainda estavam fixos em seus pés.

– Eu não... Eu tive medo. Depois de tanto tempo, eu – Rose não conseguiu terminar de falar, engoliu em seco e ajoelhou-se de frente à filha – Lyanna, eu entendo se você quiser me odiar, gritar comigo ou – Engoliu em seco de novo, se obrigando a falar – ou vir morar com Albus, eu te escondi a verdade durante a sua vida inteira por mero capricho. Só me diga que um dia vai conseguir me perdoar por isso. Por favor.

– Algum dia te perdoar? – A ruiva mais nova repetiu incrédula – Não importa o que aconteça, você sempre será a minha mãe e sempre vou te amar e respeitar, independente dos seus atos. Você deveria ter me contado que o meu pai estava vivo e que você sabia quem era e que ele não era nenhum mafioso ou algo do tipo. Mas agora eu já sei, e é como você sempre me disse: nada pode mudar o passado, mas é o nosso dever mudar o futuro.

– Tudo isso só pra dizer que estou perdoada? – Rose não conseguiu conter uma risada.

– Essa é a parte que você me abraça, diz que me ama e que eu sou a sua filha preferida – Lyanna revirou os olhos, mas também riu e ela mesma envolveu os braços ao redor da mãe.

Ela sentiu o cheiro do perfume da mais velha e deixou-se levar pelas memórias que ele lhe trazia.

– Nunca mais esconda nada de mim, ok? – Ela pediu com a voz manhosa e baixa, apenas para a mãe ouvir – E quanto ao senhor – Afastou-se e fitou Albus seriamente – Não pense que eu vou sair da sua vida tão cedo.

– Não contava com isso, pirralha – Ele riu – Melhor ir se arrumar, vovó nos chamou para jantar n’A Toca.

ROSE

Ela a observou voltando para um dos quartos para poder se lavar e aprontar. Queria ter sido capaz de aproveitar mais esse momento mãe e filha, mas já haviam combinado com sua avó e sabia o quanto Molly Weasley era pontual quanto às refeições.

– Você deveria ir também – Albus chamou sua atenção – Dany ainda está lá e vocês também têm que se arrumar.

– Claro – A ruiva tentou ignorar o tom rude da voz dele, mas foi difícil já que estava explicito em seu olhar – Nós vemos lá então – Ela se levantou e começou a ir em direção à porta, mas parou nela e voltou a olhar a olhar para o primo. – Espero que um dia você também possa me perdoar.

Sem esperar respostar, ela voltou para sua casa.

Encontrou James e Daenerys brincando na sala como se tivessem a mesma idade e se permitiu sorrir, mesmo lembrando-se de todas as palavras que o homem falara contra seu irmão mais cedo no mesmo dia. Rose sabia que ele só queria seu bem.

– Como foi lá? – Ele perguntou assim que notou sua presença.

– Melhor do que eu imaginei – A mulher se sentou ao lado da filha e a puxou para seu colo, afagando o cabelo dela – Obrigada por ficar aqui com ela, estou te devendo uma – Tentou sorrir novamente, mas nem mesmo as palavras doces de sua filha mais velha foram capazes de acalmá-la – Nos vemos n’A Toca?

– Já tinha compromisso pra esta noite, mas vou deixar Brandon lá.

– Compromisso num sábado à noite, James Potter? – Sorriu com segundas intenções.

– Ainda estou na flor da idade, gata – Ele deu uma piscadela marota, mas seu rosto era um misto de preocupação e cansaço – Nos vemos depois então - Depositou um singelo beijo na testa da prima e desaparatou.

Ajudou a filha mais nova a se arrumar sem realmente prestar atenção no que fazia. Seu cérebro a ordenava, indicava o que suas mãos deveriam fazer, sem nenhuma interferência do coração. Mas também, este se encontrava tão longe (num frio apartamento no centro de Londres) que mesmo se quisesse, não seria incapaz de interromper nada.

Dany contava animada sobre seu dia, mas as palavras entravam por um ouvido e saíam pelo outro. O sorriso ficou pendurado em seus lábios, pois Rose já não possuía forças para tirá-lo de lá.

Apenas quando foi tomar banho, a ruiva sentiu seus sentimentos voltando, escorrendo por seu corpo junto com água. E nenhuma toalha seria o suficiente para enxaguá-los. O perdão de sua filha por tantos anos de mentira não parecia ser suficiente para sua consciência ou para aquele olhar de Albus Potter. Ou então para a inocente Daenerys, que um dia enfrentaria a verdade de sua existência.

Desligou o chuveiro antes que ela mesma se escorresse pelo ralo.

ALBUS

Albus nunca fora muito bom em perdoar. Se fosse para se arrepender, para que fazer?

Entretanto, ele perdoara seus pais por ter implicado com cada palavra que ele dizia enquanto morava com eles. Seus irmãos pelas intermináveis discussões e por ter se unido contra ele diversas vezes. Seus primos por ter ignorado sua existência por toda sua juventude. Até mesmo perdoara o fato de Rose tê-lo abandonado em seu auge. Mas não sabia se poderia perdoá-la por suas mentiras.

Ele apenas trocou de roupa e ficou sentado no terraço, esperando pelos mais novos se arrumarem para sair. Sentia-se um pouco desconfortável por deixar os dois sozinhos no apartamento, mas precisava daquele ar fresco batendo em seu rosto.

– Queria entender o porquê de mulheres demorarem tanto para se arrumar – Luke suspirou atrás de si, o assustando.

– Já falei para não aparecer do nada, pirralho.

– Não apareci do nada, subi as escadas e saí naquela porta ali. Se não estivesse dormindo, teria ouvido o batente.

– Não estava dormindo.

– Então está ficando surdo. É a idade...

O moreno optou por não responder, e soube que fez uma péssima escolha, já que assim o assunto seguiria para o assunto de preferencia de Luke. E aquele pirralho era mais que desnecessário em momentos como aquele, pois falava exatamente o que ninguém queria ouvir.

– Ela já pediu desculpas, sua filha está com você... O que mais você quer?

– Escuta pirralho, que tal fazermos um acordo? Eu não me intrometo nos seus assuntos e você faz o mesmo comigo.

– Acordo negado. Você precisa de mim para te manter na linha. Então, não vai me responder?

– Não te devo nada.

– Não mesmo, mas agora vai ficar pensando nisso e ficar se torturando por horas, quem sabe dias, ou anos. Toda vez que ver Lyanna ou a mãe dela, vai se lembrar desse sentimento que está te matando aos poucos e é cultivado apenas por você. Porque as duas já se entenderam. Daqui a pouco, Rose vai se sentir livre para começar uma nova vida e vendo o jeito que você olha pra ela, Lya vai dar total apoio à mãe. Adivinha quem vai ficar chupando o dedo?

– Terminou?

– Acho que sim – Luke deu os ombros e se virou ao ouvir o barulho da porta do terraço – Wow – Sussurrou, o que foi o suficiente para Albus se levantar também.

A ruiva estava com um vestido simples que, como todas as coisas que usava, valorizava seu corpo. O vento batia em seus cabelos e levantava um pouco a saia, mas ela tinha pratica e segurava ambos de modo que não a atrapalhassem.

– Demorei?

– Nem um pouco – Luke ainda estava boquiaberto.

Albus revirou os olhos para o garoto e bateu em sua cabeça, indo em direção à filha e a elogiando enquanto voltavam ao apartamento.

Foram os últimos a chegarem à Toca, recebidos por uma saltitante Daenerys, que estava sob a supervisão de Brandon e Sarah, filha de Lily. Albus se desvencilhou fácil da criança, que estava mais interessada na irmã, e foi cumprimentar os presentes. Nem todos os primos estavam presentes, mas alguns que não faziam parte da família estavam mais do que confirmados. Ele notou logo de cara ao localizar dois loiros idênticos, um a cada lado de Rose.

Lorcan e Lysander Scamander, por algum motivo, estavam na casa de sua avó, conversando com a mãe de suas filhas. Ele pretendia falar com eles, mas foi interceptado por sua mãe, que o atacou como apenas as mães conseguem, com perguntas constrangedoras sobre quando ele ia arranjar uma mulher decente e fixa e dar-lhe outro neto. Albus apenas concordou com tudo que Gina dizia, sem saber como contaria que já lhe dera duas.

Felizmente, vovó já os chamara para comer e ele tinha uma desculpa para manter a boca ocupada. Mesmo assim, seus olhos estavam bem atentos às apresentações que Rose fazia de Lyanna aos gêmeos Scamander. Se pudesse apagar aquela família do mapa, assim o faria. Apenas a Scamander mais nova tinha alguma utilidade, mesmo sendo apenas na cama, já era mais que seus irmãos juntos.

ROSE

Ela mal podia encarar Albus. Sabia o que se passava na mente do moreno ao vê-la com Lorcan e Lysander. Entretanto, se eles estavam ali naquela noite, a culpa era especialmente de Potter. E, de acordo com os gêmeos, ele logo ficaria sabendo disso.

Entretanto, este “logo” chegou mais rápido do que Rose poderia imaginar ao ver Lysander – o mais nervosinho e impaciente dos dois – chamar Albus para fora assim que desocuparam a mesa. A ruiva sabia que sua filha os olhava, desconfiada, de algum ponto da sala, sentia em seu coração de mãe. Lorcan passou a mão ao redor de seus ombros e foram juntos atrás dos dois homens.

Podia ver que Lysander e Albus já haviam trocado farpas antes de se juntar a eles por conta da feição do moreno. Seus olhos verdes vagaram dos gêmeos a ela de modo acusador.

– O que mais você fez Rose? – Perguntou num tom baixo.

– Dessa vez, quem fez foi você, Potter – Lysander sibilou e Rose sentiu Lorcan enrijecendo ao seu lado.

– Hey, aconteceu alguma coisa? – Lyanna apareceu, fechando a porta atrás de si.

– Acho que melhor você ficar lá dentro, querida – Rose pediu, mal olhando para ela.

– Sem mais mentiras, lembra?

Rose respirou cansada e revirou os olhos, voltando para Albus.

– Você nunca me perguntou quem é a mãe biológica de Daenerys.

– Achei que não fosse importante – Ele deu os ombros – Eu provavelmente nem vou me lembrar dela – Confessou, mas logo um brilho de reconhecimento passou pelo seu olhar e ele voltou a questionar a presença de Lorcan e Lysander numa reunião da sua família.

– Eu comentei com Kat sobre Rose e as meninas, ela se entregou que estava nessa história toda mais rápido que eu imaginei, apenas com o olhar.

– Isso é impossível – Albus sussurrou.

– Dany também é sua filha? – Lyanna se assustou, mas se calou com o olhar da mãe.

– Ok, digamos que eu tenha engravidado Kat. Vocês duas se odeiam, porque ela te entregaria a filha dela?

– Porque ela sabia que eu não poderia negar uma filha sua.

Rose pensou em todos os motivos que aquela vaca teve para lhe entregar a criança. Mostrá-la que Kat estava com Albus, não Rose. Que ele achou outra amante assim que pode. Que assim que se recuperasse do parto, a loira voltaria direto para a cama do homem da sua vida. Claro que não falaria nenhum deles em voz alta.

Albus pareceu desolado por um segundo, mas logo voltou ao normal e se dirigiu aos outros homens.

– Ok, eu engravidei a sua irmã, e o que vocês tem a ver com isso? Ela é adulta.

– Garota, acho melhor entrar agora – Lysander avisou.

– Mas eu...

– Filha, já descobriu o que queria, agora entra – Rose mandou.

Lyanna soube na hora que não podia mais chantagear a mãe ou se aproveitar do estado emotivo dela e a obedeceu.

Assim que a porta se fechou, Lysander desceu um soco em Albus.

– Isso foi por engravidar a minha irmã.

ALBUS

Ele se recuperou da agressão na mesma hora, era o segundo soco que levara no mesmo dia e isso o desnorteou um pouco. Todavia, foi rápido ao se vingar e partir para cima de Lysander.

Estremeceu ao sentir o gelo em suas feridas. Seu sofá gigantesco nunca pareceu tão desconfortável como naquele momento.

– Já falei que o senhor não tem mais idade pra essas coisas – Luke debochou deitado no sofá oposto, com a cabeça descansando no colo de Lyanna, que tentou não rir do comentário.

Rose os repreendeu com o olhar, que fez o coração do homem derreter um pouco ao vê-la o defendendo. Claro que ele merecia o apoio dela depois do que passaram n’A Toca ao explicarem o motivo da briga e toda a história de paternidade no geral.

Ele a defendendo e vice-versa . Como nos velhos tempos.

Claro que esta era a única coisa em comum com o passado.

Eles evitavam se olhar e se tocar, até mesmo dirigir a palavra. E isso ardia mais do que aquele gelo em seu rosto, que aos poucos ia amortecendo o machucado causado a partir de um terceiro soco, de Ronald Weasley. Pelo menos já pouparam uma briga no futuro, pois preferiram contar a verdade à Daenerys também, mas de uma forma bem mais simplificada, é claro.

– Por que vocês dois não vão se deitar? Já é tarde – Rose sugeriu, e antes que os jovens começassem a reclamar, lançou-os seu olhar aterrorizante que só as mães tinham – Ah, e quando eu digo “se deitar”, eu digo “vão dormir, cada um no seu quarto”.

Os dois reviraram os olhos, mas trocaram um ultimo olhar antes de se separarem – o qual Albus reconheceu como um “te vejo quando eles forem dormir”, afinal era este que lançava a Rose catorze anos atrás.

– Você me surpreendeu como mãe – Ele começou quando ficaram sozinhos – É tão liberal...

– Não sou liberal, apenas confiou na minha filha. Com o tempo, você vai ver que ela dá bastante motivo para fazê-lo.

– Vai ficar aqui está noite? – Perguntou de súbito – Já está tarde para voltar pra casa.

– Eu sou uma bruxa, sabia? – Ela riu – Posso aparatar e desaparatar de um lugar para o outro em segurança.

– E se eu te pedir pra ficar?

Rose parou o curativo e finalmente o encarou nos olhos. Parecia fazer uma eternidade desde se encaravam assim com as guardas tão baixas.

– Seus dois quartos de hóspedes estão ocupados. É melhor eu ir.

– Dorme no meu quarto, eu fico no sofá.

– Pra você aparecer no meio da noite como costumava fazer quando dormia na minha casa? Não obrigada. – Começou a se levantar - E também não estou nem um pouco a fim de dormir numa cama pela qual já passaram tantas mulheres.

– Nunca trouxe nenhuma aqui – Albus segurou seu pulso, impedindo-a de continuar – Fica.

Ela relaxou os músculos do corpo e tornou a sentar, fitando o chão, sem realmente entender o porquê de não estar indo embora. Albus acariciou o rosto dela com as costas da mão e o virou gentilmente, para que pudesse olhá-la.

– Eu juro que eu não estou tentando entender o seu lado ou os seus motivos, porque eu sei que você sempre fez o certo. E pensando em todas as merdas que eu fiz, você tinha toda razão por mantê-la longe de mim. Você e Kat, na verdade. Eu não sei se naquela época, eu teria conseguido mudar por conta de uma criança. E eu acho que toda essa raiva que eu fiquei de você, era por conta disso. Porque eu nunca fui um homem bom o bastante pra ser pai. Eu é que tenho que pedir para que você me perdoe algum dia. Por nunca ter te assumido, por nunca ter lutado por você, ou ter te procurado, por nunca ter me permitido pensar em você porque doía demais e principalmente, por não ser bom o bastante pra você.

– Albus... Você teria sido um ótimo pai mesmo se eu tivesse engravidado quando tínhamos catorze nos. Eu vejo isso agora. Quando você fica com essas crianças, a paternidade sempre foi o seu destino. Que tal se nós... – Ela limpou uma lágrima que escorria do olho direito – Nós considerarmos quites? Eu te perdoo e você me perdoa, simples. – A ruiva sorriu e segurou a mão dele – Então podemos começar de novo. Tudo do zero.

Albus apertou a mão de Rose e a puxou para junto de si e cobriu seus lábios com o dela. Beijaram-se como se fosse o primeiro e estivessem se conhecendo aos poucos– como deveriam, já que começaram do zero. Estavam tão entretidos juntos que nem perceberam dois jovens se esgueirando do quarto.

Atrevo-me a dizer que mesmo se tivessem notado, não ligariam. Sentiam-se tão bem que queriam poder compartilhar aquilo com todos no mundo.

Pela primeira vez em catorze anos, estão completos. Inteiramente completos, com sua outra metade só para si. Sem ‘mas’, ‘porém’, ‘entretanto’ ou ‘todavia’. Estavam ali e ponto. Ponto final. Começando uma nova história. Ok, talvez não “começando”. Talvez fosse apenas um segundo livro de uma longa coletânea. Mas isso não é importante. O que vem a seguir não importa se o que ocorre no momento te agrada, é assim que os humanos pensam e sentem. E assim devem continuar. Entregando-se e jogando-se de penhascos sem pensar se encontrarão um punhado de rochas ou uma imensidão de água.

Afinal, esses momentos de ansiedade existem para nenhuma outra razão senão fazer com que momentos de calmaria sejam valorizados. Momentos como aqueles no qual você adormece no peito da pessoa amada depois de catorze anos...


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, gostaria de agradecer a todos que acompanharam NP, significou muito pra mim, cada review, cada recomendação. Obrigada.
Segundo: Alguém viu a nova novela da Globo cujo casal principal é um casal de primos? (me julguem, amo assistir às novelas) Eu vi o Albus no Laerte (apesar dos olhos azuis), aquele ciúme doentio *-* (me julguem², acho essa coisa ridícula de ciúmes, fofa).
Terceiro: Esta foi a minha falha tentativa de fazer uma capa com a Rose e o Alb mais novos.
Quarto: Eu sei que eles são bruxos e poderiam acabar com ferimentos leves num piscar de olhos, mas isso cortaria a cena.
Bom, é isso. Obrigada novamente à você que esta lendo isso agora, espero que tenha aproveitado a leitura e que o final tenha sido satisfatório :3 Também espero que se lembrem de mim ou deste tão shippavel casal quando assistir Em Família (a tal novela da Globo) ou quando estiver numa reunião na casa da vó e ver aquele(a) primo(a) gato(a).
Ah, não sumam, ainda tem o epílogo :3



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