Telling Lies escrita por Yokichan
Notas iniciais do capítulo
Shipper: Uzumaki Naruto x Hyuuga Hinata
Classificação: +13
Eles caminhavam juntos em direção ao prédio da Hokage quando as crianças passaram correndo e gritando.
— Naruto no baka! Naruto no baka!
E dando risada.
Ela mordeu o canto do lábio, segurando-se para não rir, e Naruto brandiu o punho cerrado numa ameaça para os moleques que agora já estavam longe.
— Voltem aqui, seus pivetes! — ele berrou. — Eu serei seu futuro Hokage um dia!
Oh, sim. O antigo sonho de se tornar Hokage.
E a certeza de que o seria.
Os músculos relaxaram quando ela o tocou no braço. Então ele virou-se e deparou-se com aqueles olhos que brilhavam sob a luz do sol de Konoha. Que brilhavam para ele.
E quando ela sorriu, Naruto sentiu-se bobo.
— Você é tão confiante, Naruto-kun. — ela disse. — Eu gosto disso.
Ele abriu um daqueles sorrisos amarelos e disse qualquer coisa sem importância apenas porque sentiu que o silêncio o incomodava. E enquanto caminhavam outra vez, lado a lado, Naruto disse a si mesmo que, sim, Hinata só estava sendo legal como era com todo mundo.
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Do chão, ela o viu subir na árvore.
O viu discutir com o gato como se o animal pudesse entendê-lo. O viu descer com o bicho nos braços e entregá-lo à mulher desesperada que havia gritado o tempo inteiro. Viu seu rosto arranhado e viu seu sorriso de herói salvador.
E quando aproximou-se dele, o coração batia forte dentro do peito.
— Você é tão corajoso, Naruto-kun.
Ele ouviu a voz dela como a um suspiro e não soube o que fazer.
— Ah, bem... Isso não foi nada. — acabou dizendo.
Mas, no fundo, orgulhou-se daquela bobagem como não havia se orgulhado nem mesmo de ter salvado Konoha da Akatsuki e da destruição. E quando ela foi embora com aquele sorriso que o fazia sentir borboletas na barriga, ele quis acreditar que Hinata havia ficado apenas impressionada como qualquer outra garota ficaria.
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O sol o estava fritando naquela tarde quente e Naruto sentia-se nadando no próprio suor enquanto treinava sem descanso. Irritou-se com a camiseta molhada que lhe grudava no corpo e jogou-a longe como quem se livra de um estorvo.
O tempo passou num piscar de olhos entre explosões e árvores partidas.
E só então ele a viu.
Sentada sob a sombra de um carvalho, Hinata o observava.
Ele foi até ela como se as pernas tivessem vontade própria.
— Hinata? — piscou confuso. — Não sabia que estava aí.
Ela abriu a boca para dizer que estava passando por perto quando o viu por acaso e resolveu parar para dar um oi — o que era mentira, óbvio —, mas parou de súbito e enrubesceu.
Hinata estava percebendo que nunca antes o havia visto sem camisa.
E, bem, Naruto era bem atraente por baixo daquelas roupas esquisitas.
— Ei, você está bem? — ele perguntou.
E as palavras saíram antes que ela tivesse tempo de pensar nelas:
— Você é tão bonito, Naruto-kun...
Naturalmente, Hinata não teve coragem de encará-lo por uma semana depois disso. Ele, por outro lado, enganou-se pensando que ela tivera uma alucinação por causa do calor.
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Ela viu o ás de espadas que ele tinha escondido entre a perna e o assento da cadeira enquanto jogava com Neji e sorriu em segredo. Aproximou-se com o pretexto de perguntar se eles queriam mais chá e biscoitos — porque estavam no Distrito Hyuuga e ela tinha que fazer as honras da casa, não? — e observou-os.
O primo tinha uma carranca no lugar do rosto e Naruto uma curva de sorriso.
Então um subordinado de seu pai entrou na sala.
— Neji, Hiashi-sama deseja vê-lo em seu escritório.
— Sim, eu já vou.
Neji deixou as cartas viradas para baixo sobre a mesa e levantou-se.
— Hinata, não o deixe trapacear.
— Como se eu precisasse fazer isso pra ganhar de você. — Naruto retrucou.
— Eu já volto.
E quando ficaram sozinhos, ela inclinou-se até ele e falou-lhe baixinho ao ouvido:
— Oh, mas você é tão inteligente, Naruto-kun...
Ele pensou ter notado um tom de malícia na voz dela e todos os pêlos de seu corpo ficaram de pé. Mas quando ergueu o rosto para fitá-la, olhos arregalados e a boca meio aberta de espanto, tudo o que encontrou foi aquele sorriso doce e bondoso com o qual se acostumara.
E riu de si mesmo por ter imaginado aquela bobagem. Afinal de contas, Hinata era tão inocente...
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Numa manhã qualquer, ele a viu saindo da rua do mercado carregada de sacolas e ignorou o sermão que o dono do Ichiraku lhe estava passando por ainda não ter pagado as contas. Deixou o velho Teuchi praguejando sozinho e correu até ela.
— Hinata!
Ela parou, soprou uma mecha de cabelo para longe dos olhos — as mãos estavam ocupadas segurando as compras — e, ao vê-lo ali, abriu um daqueles sorrisos capazes de purificar um demônio. Naruto ofereceu-se para carregar as sacolas até o Distrito Hyuuga e ela agradeceu com um suspiro.
Caminharam juntos pelas ruas que cheiravam a sol e a pão fresco.
Hinata só queria que ele a pegasse pela mão e dissesse o que ela sonhava ouvir há tanto tempo — “sim, eu também te amo” —, mas ao invés disso, Naruto tagarelou o tempo inteiro sobre besteiras como o preço do leite e um novo tipo de shuriken que a ANBU estava usando.
Quando entraram na casa, ele largou as compras sobre a mesa da cozinha e ela recostou-se ao balcão da pia, braços cruzados e os olhos cravados no rosto dele. Estava pensando se deveria sentir raiva ou pena de Naruto — como alguém conseguia ser tão cego? — quando ele sorriu meio sem jeito e coçou a cabeça como quem precisa desesperadamente de uma idéia.
Então ela simplesmente deixou os ombros caírem e toda frustração se foi.
— Então... Obrigada pela ajuda. — sorriu.
— Ah, tudo bem.
— Espero não ter atrapalhado você.
Naruto enfiou as mãos nos bolsos da calça por não saber o que fazer com elas.
— É claro que não, eu só estava... — ele pigarreou nervoso. — Pagando o Ichiraku. Você sabe. — e deu de ombros. — Besteira.
— Oh, entendo.
Silêncio.
Hinata sentiu o rosto queimar porque os olhos dele eram tão bonitos e tão azuis e tão enormes que ela pensou que poderia se perder neles. E se aquilo acontecesse, ela temia nunca mais achar o caminho de volta.
— Então... — ele apontou para a porta ainda aberta. — Eu acho que vou indo.
Ela quis pedir para que ele ficasse, para que ficasse para sempre, mas tudo o que conseguiu dizer foi:
— Naruto-kun...
E depois:
— Você é tão gentil.
E enquanto se afastava do Distrito Hyuuga sem ter consciência de si mesmo ou de para onde diabos estava indo, ele pensou na possibilidade de Hinata estar remotamente interessada nele e abanou a cabeça. Soltou uma risada de sua própria estupidez — oh, Naruto, como você pode ser tão idiota por pensar algo assim? — e amaldiçoou-se mil e uma vezes.
Hinata era uma garota boa demais para ele, não era?
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Sakura havia lhe dito que tudo o que ela precisava para conquistar Naruto era um bom ramen, enquanto Ino a havia incentivado a ser mais ousada. Bem, ela havia apostado na última opção e nem mesmo isso tinha funcionado. Todas as suas tentativas haviam fracassado e a paciência se esgotado.
Naruto permanecia imune a tudo.
Então Hinata mandou as convenções para o inferno e caçou-o por toda a vila com uma determinação que não parecia sua até encontrá-lo num dos armazéns conferindo o estoque de mantimentos como ordenada Tsunade. Não lhe deu tempo para falar qualquer bobagem sem sentido e tampouco para pensar. Simplesmente apareceu na sua frente e segurou-o pela gola do casaco.
E olhou-o nos olhos sabendo exatamente o que queria.
Ele.
— H-Hinata...
— Eu amo você, seu idiota!
Ele a encarou com olhos arregalados e o coração quase parou de bater.
— Você...
— Sim! — ela sacudiu-o pela roupa. — É exatamente isso o que eu disse.
Então um suspiro cansado.
E a pergunta que o fez acordar e ver o que esteve sempre ali, bem debaixo do seu nariz.
— Você não vai me beijar?
Naruto sentiu vontade de rir.
Rir da própria tolice — porque, sim, ele havia sido tão tolo — e das mentiras absurdas que andara inventando para si mesmo na esperança de se convencer de que não fora tão covarde assim durante aquele tempo todo. E agora ela estava ali, tão perto e tão linda em toda a sua doçura selvagem, esfregando-lhe a verdade na cara porque ele não havia feito o que deveria fazer.
Aquela verdade que, àquela altura, toda a nação shinobi conhecia.
Ele abraçou-a pela cintura e abriu um sorriso de quem tinha sido pego.
— Você sabe que seu pai e seu maldito primo vão querer minha cabeça numa bandeja, não sabe?
— Sim.
— E ainda assim quer se arriscar por esse completo idiota?
Hinata ficou nas pontas dos pés para envolver os braços em seu pescoço.
— Se esse completo idiota me amar...
— Ah, pode ter certeza de que ele a ama muito.
Ela sentiu a respiração dele no rosto e estremeceu.
— Só há um problema. — Naruto ergueu uma sobrancelha.
— Qual?
— Ele é meio lerdo às vezes.
E antes que ela dissesse que ele estava mesmo demorando demais, Naruto apertou-a naquele abraço e beijou-a com uma sede semelhante a de um homem que não bebe há dias. Sentiu-a puxando-lhe os cabelos e sentiu como era doce a boca dela. E enquanto a arrastava a passos cegos para trás da pilha de caixotes de madeira, sentindo que, a partir daquele dia, não seria mais capaz de ficar sem ela, ele fez uma nota mental para lembrar-se de não ser tão lerdo quando o pai dela descobrisse.
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