Lua Sangrenta escrita por Heathcliff


Capítulo 5
Capítulo 5




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Stephanie parecia ansiosa em responder a pergunta. A impaciência parecia mesmo estar tomando conta daquele quarto, Yan voltou a checar seu relógio pelo menos duas vezes a cada minuto.

- Ele está demorando... Eu vou buscá-lo. - resmungou o velho enquanto se levantava.

Seguiu em direção à porta e antes que pudesse abri-la, um homem o fez. Era um homem alto de pele parda, vestido como um verdadeiro cavalheiro, seu rosto magro me lembrou o de Tony. Aquele sujeito arrancou um sorriso de todos quando surgiu.

- Com Licença. – disse o homem. – Já posso entrar? – perguntou ainda segurando a maçaneta.

- Mas é claro! Eu já estava indo te procurar... Você se esqueceu do nosso acordo? – respondeu o velho tentando disfarçar a sensação de alivio que o regresso do homem o trouxe.

Após dizer aquelas palavras, Yan meteu a mão no bolso e pegou alguns trocados, parecia uma boa quantia, e entregou nas mãos do cavalheiro, que ainda não havia desviado seu olhar de mim.

- Então o Sr. Thompson finalmente despertou... Seja bem vindo, prazer em conhecê-lo, me chamo Jaden. – disse o cavalheiro, caminhando em minha direção com sua mão direita estendida e abaixando sua cabeça num ato de reverência.

Por um instante me senti envergonhado diante de um cavalheiro tão polido nas palavras e nos gestos, afinal eu usava apenas uma calça simples e uma camiseta ainda mais simples, sentado na cama segurando o lençol todo enrolado.

- Também é um prazer conhecê-lo, Jaden. – disse apertando a mão do homem. – Pode me chamar de Will.

Alex educadamente esperou a apresentação acabar para fazer o que estava esperando há quarenta e cinco dias.

- Ei, vovô, seus sentidos estão mesmo ruins. Será que isso é por causa da sua idade? – o menino ria muito enquanto falava, então virou para mim e continuou todo empolgado. – Will, você nem imagina... O vovô apostou com Jaden se você iria acordar e...

- Ora, garoto, não diga besteiras. – disse Yan, que se virou caminhando novamente para a poltrona, e continuou. – Jaden, você retornou em uma boa hora... Stephanie estava prestes a contar aquela história. Você é o mais novo de nosso grupo então só ouviu uma vez, seria bom ouvir novamente e esclarecer possíveis duvidas.

- Isso é ótimo! Eu gostaria muito de ouvir. Na verdade eu estive caminhando por perto há pouco tempo, mas senti os poderes de Nancy, então decidi voltar mais tarde. Pelo visto, voltei na hora certa. – disse Jaden.

Todos aprovaram as palavras de Jaden com um breve sorriso, inclusive eu. A presença daquele cavalheiro era agradável, o que deixou Stephanie mais a vontade para prosseguir. Ela corrigiu sua postura e relaxou suas mãos sobre seus joelhos antes de começar a falar.

- Antes de dizer quem são elas, existe algo mais que você precisa saber Sr. Thompson. Eu entendo que são informações demais para apenas uma noite, mas não há motivos para adiar esta conversa.

- O que eu preciso saber? – falei.

- Agora que despertou como um vampiro terá algumas responsabilidades. – respondeu ela, dando uma pausa para que eu compreendesse, e continuou. – Existem muitas criaturas que se mantem escondidas da humanidade, seja nas ruas, florestas e montanhas, rios e oceanos, sob a terra ou sobre o céu. A maioria ocorre durante a noite, em segredo, assim será com você. Definitivamente você está morto, vítima de um assassinato, um crime que não poderá ser solucionado. Você não poderá mais ser visto por qualquer humano, a menos que o mate em seguida.

- O que é isso?... Algum tipo de protocolo dos seres não humanos? – ironizei.

- É basicamente isso. – respondeu Stephanie, séria. – Vou dizer de outra forma... Há alguns seres lá fora que detestam os vampiros, eles aguardam até que um de nós quebre esse “protocolo” para encontrar um motivo de iniciar um ataque. Uma batalha entre espécies somente causaria um desequilíbrio natural. – novamente uma pausa para que eu absorvesse as informações, e continuou. – No dia de sua morte, Sr. Thompson, você presenciou uma batalha entre uma fada e um ser desconhecido, o Executor. Possivelmente Anthony Heathstorm viu tudo, porém você viu apenas aquela luz vermelha, uma fada. – Stephanie retirou seu colar, o segurou nas mãos e prosseguiu. – Cherry, a fada vermelha, é uma das sete fadas do arco-íris, ela está aprisionada dentro deste rubi, impossível de ser libertada até que eu recupere o fragmento que foi perdido.

- Uma fada?

- Sim. Aparentemente elas enfeitiçaram Cherry com um encanto de aprisionamento, e o rubi se rompeu selando o lacre.

Eu fiquei surpreso ao ouvir aquela história, pois tudo que estava ouvindo fazia sentido para mim. Stephanie estava com um olhar triste e distante direcionado ao colar, naquele momento eu senti que a fada da qual ela havia falado era muito importante para ela. Um silêncio durou alguns segundos até que eu perguntei algo que estava me incomodando.

- Então se Tony foi testemunha da luta entre a fad... entre Cherry e o Executor, ele está morto agora para evitar o tal desequilíbrio?

- Ele ainda pode estar vivo, de acordo com os fatos, elas podem ter notado algo especial na alma de seu amigo e o sequestrado para estuda-lo.

Naquele momento eu me senti furioso. Pensar que Tony estava sendo objeto de estudo enquanto eu estive dormindo era frustrante. Eu apertei com força minhas mãos que ainda seguravam o lençol, então Stephanie aproximou seu corpo e colocou suas mãos sobre as minhas.

- Sr. Thompson, eu entendo seu sentimento... Aquela pessoa é importante para você como Cherry é importante para nós, e eu acredito que elas estejam com o fragmento do rubi. Nós iremos atrás delas... Junte-se a nós, e então poderemos salvar seu amigo também.

Aquelas palavras ditas daquela maneira com a voz agradável e o olhar característico daquela mulher renovaram minhas esperanças. Eu havia aceitado tudo que tinha ouvido até ali, não restava duvidas de que tudo era real. Minha vida estava completamente mudada, eu estava assimilando rapidamente todas as minhas palavras e memórias, mas havia um quebra-cabeça que não conseguia solucionar.

- Elas... Elas são fadas? – perguntei.

- Não. – Stephanie se afastou voltando na posição que estava. – Elas são bruxas!

- O quê?

- Isso mesmo... Elas são um pequeno grupo de bruxas. Mas certamente diferentes de qualquer história ou lenda que você tenha ouvido. Bruxas e bruxos são humanos que desenvolvem poderes mágicos e aprendem feitiços, assim espalhando o mal para outros humanos, seja por inveja, rancor, contratadas por alguém ou simplesmente por diversão. Mas elas são diferentes... Elas são bruxas boas... E encontraram uma fórmula para a imortalidade. Elas preservam o equilíbrio natural de todos os seres, incluindo os humanos.

- Bruxas... Boas?

- Exato. Antes de prosseguir é melhor que você saiba. Eu era uma delas. – revelou Stephanie. – As atitudes delas até aqui são aprovadas por todos os outros seres e de fato, elas fazem um ótimo trabalho mantendo a paz entre as espécies.

- Isso quer dizer que...?

- Sim, Sr. Thompson, nós somos os vilões.


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