Spirited Away 2 escrita por otempora


Capítulo 18
Empecilho




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/32823/chapter/18

- Vamos sair daqui. – Boh levantou-se, olhando para o outro lado, impedindo Chihiro de ver seu rosto.


- Para onde vamos? – perguntou erguendo-se também, limpando as folhas e a terra de suas roupas.


- Temos que andar para o Sul. Há um lago lá em que eu talvez possa projetar um demônio.


- Esse demônio... Ele é mau? – achou sua pergunta idiota.


- Não necessariamente, ele é uma força projetada de um mago, que toma uma forma física. Ele pode manipular o portal daqui, para que consiga abrir o Lago dos Espelhos. Podemos parar um pouco antes disso, precisamos descansar. Foi um dia longo demais. – acrescentou com pesar.


- Tudo bem. – concordou fracamente, sentindo a mão de Boh juntou a sua.


- Não se preocupe, não vou fazer nada. – garantiu. Chihiro pareceu mais segura depois dessa afirmação, deixando seus dedos apertarem aquela mão, não se importando com o suor e os arranhões na palma, provocados por sua queda.


Boh fez inúmeras tentativas para tentar distraí-la, todas infrutíferas. Decidiu calar-se por fim, assumindo um silêncio taciturno; estancou repentinamente.


- O que foi? – perguntou a garota.


- Droga! Eu me distraí. – girou entorno de si mesmo, perscrutando o ambiente ao redor, procurando algo.


Chihiro começou a ficar mais agitada quando Boh largou-a, com seu movimento frenético.


- O que aconteceu, Boh?


Boh subitamente tomou conhecimento da angústia dela.


- Chihiro, se eu lhe disser para correr vai fazer isso, entendeu? – era uma ordem. Apressou-se em explicar. – Há duas cópias de Sem Rosto vindo para cá, daquela direção. – apontou para um ponto à direita, onde a floresta era mais precária, Chihiro olhou para lá em expectativa. – Creio que conseguirei detê-los, - continuou. – mas isso pode demorar um pouco e um deles pode tentar vir para cima de você, eles estão desesperados por algum sangue. – acresceu morbidamente. – E se sentirem a aura desse prendedor, será pior ainda... Preciso que você corra, caso eu mande. Se nos separarmos ou, principalmente, se acontecer alguma coisa. Não hesite, vá embora. – alertou. – Assim que puder, procure por Yubaba. Ela está agora morando no Fundo do Pântano, na casa de Zeniba.


Boh terminou de passar as instruções, formara um círculo de aproximadamente três metros de diâmetro com um galho solto. Murmurando algumas palavras inelegíveis pela voz entrecortada.


- É tudo que posso fazer, por enquanto. – disse, postando-se na frente de Chihiro.


- Bou? – Chihiro chamou-o pela primeira vez pelo nome verdadeiro.


- Fale.


- Tome cuidado. 


Olhou para ela sobre os ombros e sorriu.


- Você também.


Ouviu-se o rumor antes do aparecimento. A vida era extinta imediatamente, com seu toque pútrido. Eram duas formas anômalas de máscaras negras com veios vermelhos. Os quais eram da mesma cor que os olhos injetados. Um deles abriu a gigantesca boca abaixo da máscara, liberando um hálito fétido. Exalavam podridão, aproximando-se lentamente sob as quatro patas levemente inclinadas devido a seu peso.


- Boh. – Chihiro balbuciou, apertando a camisa dele.


- Acalme-se. – pediu tenso.  


As cópias avançaram para invadir o círculo traçado por Boh, mas foram impedidas por um feixe de raios disparados em sua direção.


- Não se aproximem. – advertiu Boh.


Um riso gutural saiu das bocas dos dois seres.


- Que tentativa patética! – um deles disse, a voz cavernosa quase incompreensível.


Avançou sem cuidado algum, com um movimento de braço cobrindo parte do círculo com uma gosma negra derivada de seu corpo. A máscara contorceu-se maleficamente, um movimento perdido e estava a centímetros dos jovens, o outro o seguiu. Boh empurrou Chihiro para trás, projetando fogo entre suas mãos, lançando-o contra o monstro mais próximo, o qual tentou se esquivar, mas as chamas atingiram-no, incendiando seu corpo. Ele abandonou a parte queimada, resistindo com metade do seu tamanho, voltando-se ágil para a menina. Boh tentava resistir, contra o maior. Paralisá-lo, no mínimo; viu o movimento do remanescente, o seu salto para alcançar Chihiro, os braços estendidos, o sorriso vitorioso. A boca aberta, salivando, na expectativa de carne para suprir o que perdera. E Chihiro, quase caindo, impossibilitada de se mover. Imensamente pálida, os olhos arregalados que se fecharam, preferindo não observar o destino. Gritou, estendeu a palma esquerda para o lado deles, abaixando a guarda.


Um escudo se projetou, repelindo o atacante, fazendo-o voar para trás, caindo, estatelado contra uma árvore que cedeu com o contato com o veneno puro do corpo dele. Boh suspirou um pouco aliviado.


- Corra! – ordenou furioso.


- Mas, Boh!


- Não discuta! Corra, Chihiro!


A garota assentiu, contendo a vontade de chorar. A meio passo de partir voltou-se, a mão na frente do coração, sabia que não poderia fazer nada se ficasse, iria provavelmente atrapalhar, mas não sabia se agüentaria ficar na expectativa de não ter conhecimento do que aconteceria, se Boh iria sobreviver. Ele tinha que viver. Encarou-o, incapaz de se mover, visualizando Boh conjurar uma barreira esbranquiçada, que parecia começar a rachar com as investidas impiedosas das cópias de Sem Rosto. Boh olhou sob seus ombros para verificar se a menina já havia partido, mas verificou com medo que não havia acontecido. Ela estava estancada, olhando para ele horrorizada. Iria falar alguma coisa, mas não conseguiu. Suas energias estavam sendo consumidas pelo esforço de manter aquela barreira entre ele e seus atacantes. Tomou fôlego, tentando fazer com que seus joelhos não dobrassem cedendo. Gritou.


- Vá embora!


- Por favor...


- Já disse para ir!


Chihiro virou as costas para a luta, correndo para a mata, sem notar o rumo, sem ver o golpe que derrubaria Boh. Só pensava em correr, podia conseguir algum auxílio pensou, com pouca esperança. Ninguém morava ali perto, quanto mais alguém com poderes mágicos. Não sabia para que lado ficava a aldeia mais próxima, estava perdida, avançando sempre em linha reta, - era o que esperava internamente, mas já não tinha muita certeza – assustava-se com qualquer ruído, dizendo a si mesma que era somente um animal, o coração preso no combate que não conseguia ver. Parou um pouco, pousando as mãos no joelho para descansar. O peito subindo e descendo rapidamente, tentando recuperar o fôlego. Um movimento nos galhos próximos a fez se sobressaltar.


- É um animal, um pequeno animal. – repetiu em sua mente.


Seu coração disparou quando os mesmos galhos que balançavam a segundos atrás se afastaram permitindo a passagem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Spirited Away 2" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.