Cuore Immortale escrita por Cherryuki


Capítulo 11
Capitolo 10 - Memoria - Solitudine


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 10 - Memória - Solidão
Capítulo narrado por Klaus



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Klaus Seyren.

Esse é o meu maldito nome. Desde cedo aprendi o peso de se nascer em uma linhagem nobre e carregar um título: As pessoas não olham para você como uma pessoa.

Herdeiro único de uma linhagem de marqueses fui educado desde tenra idade a honrar esse título.

Em algum ponto eu chutei aquela porcaria que me obrigavam a chamar de “família” e me uni a um grupo que estava se iniciando para combater as forças malignas que se manifestavam cada vez mais no continente – no qual foi nomeado como Grand Chase.

E no meio de toda essa bagunça de minha vida, encontrei uma figura peculiar – um mero cavaleiro de língua afiada, arrogante e solitário – Erknard Sieghart. Onde fomos forçadamente colocados como dupla e de alguma forma nos tornamos amigos.

Enfrentamos muitas coisas juntos, sejam batalhas contra monstros ou lutas na taverna, mas mesmo estando longe daquele lugar, eu percebi que não consegui deixar totalmente de agir como um nobre, e isso me causava repulsa.

Eu observava Sieghart, que apesar de toda aquela sua atitude arrogante, ele tinha um brilho, algo que eu não tinha – liberdade. Ele exalava liberdade em todas as suas atitudes, enquanto eu tinha correntes amarradas em meu corpo e que sempre me puxavam para baixo. Nós dois éramos contrastantes. Enquanto as pessoas diziam que se pudessem nos representar por cores ele seria o preto e eu o branco, eu afirmaria exatamente o contrário.

                — Hoje ouvi uma conversa interessante. As moças da taverna estavam tentando achar cores que nos definiam. Deram a cor preta pra você e branco pra mim, mas eu não acho  - contei a Sieghart esperando sua reação

                —Você a cor preta? – o moreno riu – Jamais! Não vê que eu até uso a cor preta? Você é a cor branca com toda certeza. Todo certinho desse jeito. Além disso, você vai ligar pra essas conversinhas sem sentido agora? – zombou Sieghart

Eu apenas ri do seu comentário e continuamos andando, mas nesse momento eu entendi o que era aquele sentimento incômodo que eu tinha. Inveja - me tornei consciente desse sentimento sobre aquele espadachim. Esse foi o dia do início de meu declínio – e quanto mais alto você está, pior é a queda.

Uma concha vazia. Era assim que poderia me descrever. Lindo, educado, nobre – e por dentro, nada. As mulheres morriam por encontros comigo e eu correspondia até me cansar delas. Assim, comecei a dar desculpas para não sair com Sieghart, não queria ser testemunha de sua vida leve e cheia de liberdade.

.

O tempo se passou e certo dia chegou Louise. Sempre pensei que ela era uma de minhas fãs loucas que vieram para a Grand Chase apenas para estar ao meu lado. Descobrir que ela nem ao menos sabia quem eu era - foi onde minha atenção foi capturada.

Assim um sentimento de querer conquistá-la tomou conta de mim. Levei um buquê de lírios como desculpa para dizer que era para recebê-la. A verdade era que nunca vi nenhuma garota não se derreter com um buquê de flores. Mas ao testemunhá-la dormindo, tive que mudar meus planos – não que faltariam oportunidades, pelo contrário, ela agora estaria sempre conosco.

O que aconteceu posteriormente foi totalmente fora de meus planos. Ela não demonstrou interesse nenhum em mim além de companheirismo e isso estava sendo frustrante e desafiador. Caminhando pelas ruas do lado de fora do QG, fui parado por uma bela dama de cabelos dourados que olhava para mim como se eu fosse o diamante que ela esteve sempre procurando.

                — Klaus... – disse ela com certa intimidade – Oh, desculpe. É que eu o admiro muito... Sou Claire – falou a loira passando as mãos no cabelo de forma envergonhada

Analisei-a por um breve momento. Não era de se jogar fora, o que era ótimo. Eu precisava de um passatempo.

                —Não tem problema, senhorita Claire – sorri educadamente – Desculpe por não lembrar de seu rosto... São muitas pessoas... – falei num tom levemente arrependido – Mas eu acredito que nunca tenhamos nos encontrado, pois seria incapaz de esquecer uma dama tão bonita – sorri para ela

A jovem olhou-me com espanto e logo seus olhos brilharam em luxúria.

                — Sim. Nunca nos encontramos, mas seria impossível esquecer depois de vê-lo mesmo que seja apenas uma única vez – falou ela com uma voz um pouco mais baixa para que apenas eu pudesse ouvi-la

Sorri. Durou quanto tempo? 3 minutos pra ela se revelar? Talvez menos.

                — Eu estava indo jantar, gostaria de me acompanhar senhorita Claire? – perguntei

O passatempo com Claire durou cerca de 1 semana. No dia que a dispensei, não esperava que ela trombasse com Louise e a usasse de confidente. Eu esperei até que Claire fosse embora com a intenção de chamar Lis.

                — Você pode sair daí de onde está escondido Klaus – falou a dama soltando um suspiro antes que eu pudesse me revelar

Saí da escuridão do beco e me aproximei, sentando-me ao seu lado no banco que dava visão ao rio que cortava a cidade.

                — Como você pode ver, eu não sou como todos pensam. E não preciso de sua lição de moral. Eu só dei a ela o que ela queria.

Lis soltou um suspiro longo.

                — Não vou te dar lição de moral nenhuma, Klaus – disse ela olhando para mim

O silêncio reinou por um longo período até que Lis voltou a falar.

                — Eu não vou contar nada pra ninguém, Klaus. Só quero saber se você está bem – falou ela num tom baixo – Todo mundo tem alguma coisa que não quer mostrar para as outras pessoas, mesmo para os amigos... Todos temos segredos, não é? – Lis olhou para mim e deu um leve sorriso

Então, ficamos calados. Eu encarei as águas do rio por um longo período, até perceber que ela já havia ido embora, ficando completamente só.

Desde então, comecei a prestar mais atenção a Louise. A forma que ela sorria, o jeito que falava, o que ela gostava de comer... Até perceber que pela primeira vez eu estava de fato apaixonado. Mas eu sabia que ela não havia me escolhido. Lis olhava para Sieghart de uma maneira diferente – admiração, talvez? Mas dava pra sentir que ela confiava muito nele. Prova desse fato foi quando ele os pegou juntos, a garota em prantos dizendo que queria estar com alguém que amava.

                — Você gosta do Klaus? – ouvi Sieghart perguntar

Ha... Era óbvio que Sieghart estava cativado por ela.

                — Sim – respondeu Louise

Por um breve momento, fiquei em êxtase. O problema é que a felicidade dura pouco. Eu sabia que ela quis dizer que gostava de mim como um companheiro, mas não da forma como o Sieg havia entendido – o que me dava a vantagem de poder me aproveitar desse momento...

Assim que voltei ao quarto, alguém veio me entregar uma carta – olhei o remetente. Henley Seyren e o selo da família. Droga.

Abri a carta e pela primeira vez na vida aqueles infelizes me deram uma notícia boa. Na carta estava escrito que meu casamento havia sido arranjado com uma dama nobre de outra família: Louise Fleur d’Angeles.

Notei que Sieghart não havia voltado ao quarto, o que significaria provavelmente que ele passaria a noite fora, o que me daria uma chance de ir ver Lis.

Apressado, corri até o local em que a jovem ficava. Bati algumas vezes e não obtive resposta. Então, quando estava prestes a voltar, timidamente a porta se abriu, revelando uma figura com os olhos vermelhos enrolada em uma coberta.

                — Klaus... O que está fazendo aqui? – perguntou a jovem

                — Eu... Só vim te ver. Percebi que você não estava bem hoje, mas não achei oportuno te sufocar com minhas indagações.

                —Oh... – respondeu ela desviando o olhar para o chão – Está... Tudo bem.

Suspirei.

                —Está escrito por todo o seu rosto que você não está bem. Seus olhos estão vermelhos. Você estava chorando, não estava? – afirmei cruzando os braços enquanto a observava

                — Parece que fui descoberta... – disse ela com um sorriso fraco e os olhos já marejados

                —Lis... – chamei-a baixinho

Em um impulso, abracei-a. Por mais que eu fosse um ser humano maldito, estar com ela me fazia sentir melhor. E eu não queria que ela chorasse. Só que sabia que isso seria para um bem maior, ou melhor, para o nosso bem.

Sentados em um banco dentro do QG, consolei Louise durante toda a noite até ela cair no sono apoiada em mim. Ajeitei a coberta na qual ela já se encontrava enrolada e encontrei uma posição um pouco mais confortável. Acariciei seus cabelos e depositei um breve beijo em sua cabeça.

Cruzei os braços e olhei para o céu.

                — Provavelmente não será o lugar que irei quando morrer, mas adoraria que você estivesse ao meu lado nessa vida – falei num sussurro

E assim, adormeci com Louise apoiada em mim.

Assim que amanheceu, Louise despertou e se despediu de mim, voltando ao seu quarto, pois logo seria a hora do treinamento matinal e eu fiz o mesmo. Tomei um banho, vesti a roupa para treinar e me dirigi ao refeitório, onde Louise apareceu correndo com um sorriso e eu retribuí.

A seguir nos dirigimos ao campo de treinamento e iniciamos os exercícios matinais. Sieghart apareceu depois de um tempo, ofegante.

                — Parece que alguém teve uma noite boa hein – falei dando uma risadinha

Claro que não pude deixar de notar a expressão triste de Louise.

                — Parece que sim... Tem até cheiro de perfume feminino – falou a jovem sem olhar para ele

O que vi a seguir foi apenas Lis que saiu correndo e Sieghart que rapidamente fora atrás dela e eu apenas observei os dois e continuei o treinamento. Porque por mais que os dois lutassem, Louise ainda seria minha esposa no fim de tudo.


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Notas finais do capítulo

Finalmente foi possível chegar ao capítulo 10!
Chegamos a 50 páginas!
Obrigada a todos que acompanharam até aqui apesar de toda a demora com as atualizações e bem vindo aos novos leitores!
Cherryuki ♥



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