Promise escrita por Jajabarnes


Capítulo 10
Faz jus à face.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem se demorei ^^
Capítulo bem longo, então, divirtam-se!
Beijokas!!



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Na infância, Susana era a única garota que Pedro achava legal, pelo fato de ela se comportar como ele, sem medo de se sujar, ou como outras coisas que ele e Caspian achavam “frescuras”. Quando ele partiu para se dedicar à carreira no exército real, só haviam se passado 4 anos desde que Caspian viajara, ela tinha 10 anos e ele, 11, Susana ainda se comportava como sempre, com as cabelos soltos e bagunçados de tanto correr e brincar com ele.

Pedro também sentiu muito a falta de Caspian, afinal ele era como seu irmão de outros pais, e com saudades em comum, Susana e Pedro se aproximaram mais depois da partida de Caspian. Eles eram como unha e carne, mas então foi a vez de Pedro partir.

Ele se sentiu um monstro por “abandoná-la”. Eles já estavam mais crescidos, entendiam mais das coisas, e Susana compreendeu que não era para sempre, ela não estava perdendo um amigo e tinha a garantia que Pedro lhe dera que ele voltaria. Ao contrário de Caspian, que poderia não voltar.

Pedro não queria se afastar de Susana, naquele momento e em momento algum, ela era muito especial para ele, mesmo sem entender muito bem o que se passava em si, Pedro estava começando a olhá-la com outros olhos. Mas mesmo assim ele foi e durante os 6 anos seguintes ele nunca se esquecera de sua despedida.

“-O que você faria se eu fosse embora? - perguntou ele. Ambos estavam molhados e deitados na areia da praia, com as cabeças lado a lado e os pés em direções opostas.

–Por que está me perguntando isso? - disse ela, unindo as sobrancelhas.

–Por que eu quero saber, ora.

–Bem... Eu iria sentir sua falta. - respondeu ela.

–Muita?

–Deixe de ser bobo, Pedro! Você é meu melhor amigo, é claro que vou sentir muita, assim como sinto a de Caspian, vocês são muito especiais para mim.

–Quanto eu sou especial para você? - perguntou ele, tímido. Susana pareceu não entender por que ele estava fazendo aquelas perguntas.

–Como assim?

–Quanto sou especial para você, oras.

–Bom... O suficiente para eu sentir muito a sua falta? - ela sorriu e Pedro também, eles olhavam-se nos olhos. - Mas por que essa conversa estranha? Até parece que você vai embora.

Pedro suspirou e levou alguns segundos para responder.

–Mas eu vou, Su. - falou por fim. Ela se pôs de pé num salto.

–O quê? Por que?!

–Calma – pediu ele, ficando de pé também. - Sempre foi meu sonho ser um cavaleiro, você sabe, e já estou na idade de começar a seguir carreira. - Ele percebeu a respiração acelerada de Susana, ela realmente não esperava por isso. - Não será para sempre, Su – ele pegou as mãos da menina. - Eu vou voltar.

–Você promete? - perguntou ela, seus olhos demonstrando o quanto ela estava aflita. Pedro sorriu docemente.

–Claro que prometo. Você também é muito especial para mim, Su, jamais ficaria longe de você para sempre. - garantiu ele, olhando docemente nos olhos dela, sentindo-se feliz por ser tão importante para ela.

–E... quando você vai?

–Soube que o Rei mandou anunciar, chamando por novos candidatos. Partirei amanhã com eles. - contou. Susana olhou para baixo.

–Não fique triste, Su. - ele tocou seu rosto, fazendo-a olhá-lo nos olhos. - Já disse que não é para sempre. - repetiu ele.

–Tudo bem... - ela sorriu levemente, mas Pedro sabia que ela estava triste. Primeiro fora Caspian, e agora ele. - Está quase escurecendo, temos que ir, não posso me atrasar para o jantar...

–Eu também não. - concordou ele, abraçando-a. Quando o abraço apertado se desfez, eles olharam-se nos olhos mais uma vez, sorrindo um para o outro, então Pedro, movido por um impulso, encostou seus lábios nos dela. Não foi sequer um selinho, uma vez que foi apenas um rápido roçar de lábios, mas foi suficiente para fazer seus coraçãozinhos dispararem. Logo um seguiu na direção oposta ao outro, em direção a suas casas.

Foi a última vez que se viram até a manhã de hoje. Pedro recordava-se desse momento deitado em sua cama, finalmente em casa depois de tanto tempo, ele pensara em fazer uma surpresa para todos não avisando de sua vinda, mas foi ele o surpreendido. Ficou muito feliz ao ver todos os seus amigos ali para recebê-lo.

Sua irmã estava muito diferente, muito bonita, mas isso não importava para ele. Edmundo não mudara praticamente nada em fisionomia, continuava com os mesmos traços, agora crescidos, claro, assim como Dash. Quem realmente o surpreendeu foi Lúcia, ele não conseguia acreditar no quanto ela tinha crescido e mudado, chegando ao ponto e fazê-lo sentir-se velho. Pedro não pode deixar de rir por isso. E Susana, a doce Susana estava mais bela do que ele se lembrava, muito mais bela... Ele realmente sentiu seu coração acelerar ao vê-la.

E então, surgiu à sua frente quem ele menos esperava reencontrar. Caspian havia ficado mais alto que ele, o que era diferente quando eram crianças, não havia mudado nem um pouco, a não ser pela voz e pelos cabelos. Ver Caspian novamente fez uma leve apreensão surgir no fundo do seu coração, pois certamente, ele também voltara para Susana...

Em outro ponto da cidade, Caspian se preparava para subir ao seu quarto após o jantar, mas seu pai o chamou e volta a sala.

–Onde você esteve o dia todo? - perguntou Tirian da poltrona, com um olhar cúmplice em direção ao filho.

–Nadando... - respondeu Caspian.

–Sozinho?

Caspian percebeu que não conseguiria escapar do pai daquela vez - ele nunca escapava, para falar a verdade -, então sentou-se próximo a ele.

–Estava com Susana...

Tirian remexeu-se na cadeira, na face tentava manter uma expressão séria sendo terrivelmente traído por seu olhar. Caspian, por sua vez, estava calma, embora ainda já estivesse certo de que já queria conversar com o pai sobre Susana, ele achava que esse assuntou cabia somente a eles dois, porém precisava de conselhos.

–Caspian, veja bem, meu filho, quando um homem e uma mulher se amam, é normal sentir desej...

–Pai, por favor! - Caspian sentiu arder as bochechas.

–Tudo bem! - Tirian ergueu as mãos em sinal de rendição. - Quero apenas que seja franco comigo. Quase não temos conversado desde que chegamos, parece está escondendo de mim o que anda fazendo...

–Apenas não tenho feito nada demais... - falou sem convicção.

–Eu criei você, Caspian, acha mesmo que eu vou acreditar nisso? - Tirian ergueu as sobrancelhas. Caspian suspirou.

–Bem... Eu conversei com Ana logo depois que chegamos.

–Ana? - questionou o pai.

–Susana, pai, Susana... - explicou Caspian, ao se dar conta que só ele chamava-a de Ana.

–Ah, sim, claro. Continue. - Tirian olhava interessado para o filho, com a mão no queixo.

–Nós conversamos e eu toquei no assunto da promessa...

–E o que ela disse? - Tirian realmente estava ansioso para saber. Durante os últimos 10 anos ele acompanhou todo o sentimento e ansiedade do filho para esse momento, acabou tomando parte por esse amor.

–Ela disse que achava melhor não forçar um relacionamento imediatamente, e eu concordo com ela.

–Mas como assim?! Não era você que mal via a hora de voltar, e morria de medo de encontrá-la comprometida?

–Me deixe contar, pai.

–Sim, claro, desculpe. Continue.

–Susana disse que se passou muito tempo, muita coisa mudou nesse tempo, nós mudamos. Talvez tudo fosse por água abaixo se forçássemos alguma coisa agora, e eu concordo com ela. Claro que meu desejo era outro, mas é melhor assim. - explicou Caspian.

–Entendo... Mas e então?

–No dia que chegamos, quando eu a acompanhei para a feira, nós marcamos de nos encontrarmos depois. Foi quando conversamos, e também foi quando eu a beijei. - confessou Caspian, sorrindo. Tirian riu.

–Se Raphael souber disso!

–Enfim, - Caspian respirou fundo. - Nos encontramos por acaso na cachoeira algum tempo depois... Acho que posso dizer que fizemos mais um avanço ao que...

–Pela Juba do Leão, Caspian!

–Não é nada disso do que você está pensando!

Tirian respirou aliviado e os dois ficaram em silêncio.

–Eu a amo demais, pai. - confessou por fim. Tirian ergueu os olhos para o filho, sorrindo orgulhoso.

–Então por que não fala com Raphael de uma vez e oficializa compromisso com Susana?

–É o que eu pretendo fazer o mais rápido possível. Hoje mesmo conversei com Susana a respeito. - o olhar de Caspian se perdeu. - Ela pareceu nervosa – riu. - Adoro isso...

–Deixá-la nervosa?

–Sim... Ela se comporta de um jeito tão tímido, doce, gentil... Quando a beijo, ela fica corada... É encantadora...

–Faz jus à face de anjo. - comentou Tirian.

–Mas estou preocupado. - confessou Caspian.

–Preocupado? Como o que? Não há nada para se preocupar. - incentivou o pai.

–O problema, pai, é que Susana não pode ser bela só para mim. Com certeza deve despertar o interesse de outros caras...

Tirian ergueu as sobrancelhas e deu um sorriso torto, dando um tom irônico ao rosto. Cruzou os braços e pôs-se a encarar Caspian em tom de provocação, mas estava cheio de orgulho por seu filho.

–Está me dizendo que Caspian, o Navegador está com ciúmes? - provocou. Caspian rolou os olhos.

–Não é só isso. Claro que tenho ciúmes, mas algo está me incomodando desde cedo, não consigo parar de pensar nisso e ao mesmo tempo me sinto mal por pensar assim, sinto que estou julgando injustamente.

–O que aconteceu?

–Hoje, nós fomos receber Pedro, como lhe contei ontem a noite. Bem, Pedro estava muito feliz por rever a todos, continua do mesmo jeito, mudou apenas na aparência... E percebi que o olhar dele mudou quando viu Susana.

–Como assim?

–Ele parecia nunca ter visto pessoa mais bonita, parecia ter visto um anjo, ficou com uma cara boba e tudo o mais...

Tirian riu.

–Igual à você quando a viu depois que chegamos.

–Exatamente. - disse Caspian, então Tirian compreendeu. - E não foi só ele, Dash também agiu assim. - acrescentou Caspian. Tirian, após lamber os lábios, falou.

–Talvez você esteja exagerando. Talvez ele esteja só impressionado, afinal se passaram anos também.

–Eu sei. Por isso me sinto mal em desconfiar dele

–Então não desconfie, Caspian! Ora, Pedro era seu melhor amigo e acredito que aina seja, você ama Susana e está na cara que ela também ama você, não há o que temer. - confortou. Caspian sorriu.

–Tem razão.

Naquele mesmo momento, na casa de Edmundo, o mesmo jogara um travesseiro no rosto do primo que estava deitado em sua cama, ao lado da de Edmundo, com os braços cruzados sob a cabeça, olhando para o teto com um olhar sonhador e um sorriso suave no rosto, Dash sequer ligou para o travesseiro contra seu rosto, mas Edmundo voltou a jogar-lhe o travesseiro, só então tirando-o de seus pensamentos.

–Ora, Edmund! Non amole! - reclamou jogando o travesseiro de volta.

–Está tudo bem com você? - perguntou Edmundo.

–Sim, está tudo bem. - respondeu, voltando a olhar para o teto, perdendo-se em devaneios novamente.

Edmundo não entendeu e estranhou o comportamento do primo. Normalmente ele não ligaria, mas Dash estava se mostrando uma ótima companhia, os dois tinham conversado muito nos últimos dias.

Deitou-se em sua cama, cobriu-se e virou de frente para a parede, fechando os olhos. À sua mente veio a lembrança de hoje cedo, do reencontro com seu velho amigo Pedro, e o quanto achou exagerada a reação dele ao ver Lúcia. Mas, pensando bem, não era de todo exagero.

Edmundo pôde perceber isso quando ela seguiu com ele e Dash. Ele notou seu andar gracioso, o rosto sempre sorridente, maduro demais para sua pouca idade, a pele de porcelana, os longos cabelos castanhos e os belos, grandes e expressivos olhos azuis. Sim, talvez Pedro não tenha exagerado, até por que Edmundo passou todos esses anos conviendo com Lúcia, então era normal que não notasse tão drasticamente seu crescimento. Naquele momento, Edmundo não conseguiu entender como não tinha notado isso antes, mas foi cortado de seus pensamentos pelo primo, que começou a falar de repente.

–Ela non ser linda? - perguntou Dash, do nada.

–Quem? - fez Edmundo virar e levantar-se apoiado no cotovelo, para encará-lo, sentindo uma breve inquietação, como se Dash tivesse feito um comentário aos seus pensamentos sobre Lúcia, mas logo notou o quanto isso era tolice.

–Susan. - disse Dash, sonhador. - Seus olhos son tão belos... Sua face tão linda e... Como se diz...? Única... Ela ser muito especial, Edmund, ela ser tão doce, tão meiga... Tão encantadorra!

Edmundo ouviu o primo, vendo-o olhar para o teto com os olhos perdidos em pensamentos.

–O que quer dizer com isso? - sondou.

–Ora, Edmund, Susan ser una jovem e bela mulher... Eu estarria mentindo se dissesse que non desejaria ter a ela...

–Como é?! Está me dizendo que está interessado em Susana? - questionou, incomodado, afinal, Caspian era seu amigo.

–Bem... Talvez non ser algo mais forrte, mas acho quê si, Susan ser una belíssima moça, seria cego se non a notasse.

–Se Caspian ouvir isso, você já era. - disse o primo, convicto.

–Ainda non entendi por quê você e Lucy diziam aquelas coisas para Lillian... Sobrre Caspian ter ido apanhar Susan em su casa...

–Não sei se você percebeu, Dash, mas há uma coisa muito forte ligando Caspian e Susana. Você deve se lembrar do quanto eles eram próximos quando crianças. - disse Edmundo.

–Isso non dizerr nada. Pelo quê sei, eles non tem nenhuma namoro oficial...

–Mas estão prestes a ter, com certeza, então o aconselho a ficar longe de Susana. Caspian pode ser um cara legal, mas tenho certeza que não abriria mão de Susana facilmente, afinal, ele esperou 10 anos por isso. Agora me deixe dormir. - Edmundo deitou-se novamente, preparado para cair no sono logo, mas não sem antes anotar mentalmente um lembrete para alertar Caspian sobre o primo...

Deitada para dormir, o sono não chegava à Susana. Ela não conseguia parar de pensar em Caspian de jeito algum, estava se tornando sufocante, mas de uma deliciosa forma sufocante da qual ela não abriria mão. Em sua mente não paravam de passar as lembranças do dia na gruta, dos beijos, dos toques, dos braços fortes de Caspian abraçando-a apertado. Não aconteceu nada além de beijos e carícias tímidas, nenhum dos dois teve coragem de avançar, embora o desejo fosse crescente.

Não haviam mais dúvidas em seu coração. Quando Caspian chegou de viagem, Susana achava melhor não assumir logo um compromisso, mas agora era o que ela mais queria que se oficializasse, e, quem sabe, até um casamento em breve, era o que ela mais queria. Seu coração transbordava de amor por Caspian, ela adorava estar com ele, seus beijos, abraços, palavras, olhares, sorriso, tudo. Caspian era com certeza o homem dos seus sonhos, ela estava realmente certa disso e mal podia esperar para que ele viesse falar com seu pai.

Na gruta, ele tocara nesse assunto, disse que queria falar com seu pai o quanto antes e Susana fez questão de enfatizar “o quanto antes”, logo beijaram-se novamente. Ficou certo de Caspian vir com Tirian jantar com os Pevensie no dia seguinte e Susana via-se a ponto de pular de ansiedade e nervosismo, talvez esse fosse um dos fortes motivos que a faziam perder o sono, deixando-a animada demais.

Mal sabia ela, que viver esse amor seria mais difícil do que jamais imaginara.


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Notas finais do capítulo

Então, que tal? Quero reviews e, quem sabe, recomendações? Ah, vai, digam se mereço.
Beijokas!!



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