Ontem, Hoje E Para Sempre escrita por Jajabarnes


Capítulo 7
Um anjo.


Notas iniciais do capítulo

Voltei com um capítulo muito especial ^^
Divirtam-se!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/327049/chapter/7

Ben.

No dia seguinte, durante a aula do Kirke, arranquei uma folha do caderno e escrevi um recado.

Nos vemos na biblioteca no almoço?

Amassei a folha e joguei-a para Anna quando o professor estava de costas. Ao espiar por cima do ombro, pude vê-la escrever e amassar a folha antes de jogá-la para mim, de olho no professor. Desdobrei a folha e encontrei uma caligrafia bem diferente da minha.

Claro que sim.

Eu mal podia esperar. Para a infelicidade de todos, o professor não continuou a contar sobre a história do livro “Além de Um Ponto Brilhante”, disse que se quiséssemos saber o final detalhadamente, teríamos que fazer o trabalho, o que nos obrigaria a ler o livro.

No almoço tive que explicar a Lillian o motivo de não poder almoçar com ela, e depois de muito tentar, a contragosto, ela acabou aceitando. Corri para a biblioteca da escola onde encontrei Anna, sentada a uma das mesas, concentrada em um livro de capa verde e detalhes dourados.

-Oi! - cumprimentei, recuperando o fôlego, jogando a mochila em cima da mesa e sentando ao seu lado.

-Oi. - disse ela. - Achei que não vinha mais.

-Me atrasei apenas. - sorri e ela sorriu de volta. Abri a mochila para tirar o exemplar de “De Ouro à Uma Era”, abrindo na página que marcara. - Você fez muitos avanços? Eu não consegui muita coisa com os livros de poesia, mas tem umas coisas interessantes... - mostrei a capa do livro a ela. - Esse livro trás diversas informações, canções e artefatos daquela época, olha o que ele diz aqui – abri na página marcada e empurrei o livro sobre a mesa, puxando minha cadeira para mais perto dela. Era a foto da carta que o Rei Caspian mandara a Rabadash, por motivos que desconheço. Li novamente, acompanhando Anna que lia em silêncio.

-Nossa...! - comentou ela, quando terminou a legenda. - Nunca vi um Rei fazer nada parecido com isso!

-Esse cara era doido... - ri, passando para a outra página marcada.

-O que será que Rabadash fez à Rainha para deixá-lo tão furioso? - perguntou.

-Ainda não descobri. - respondi. - Com certeza foi algo gravíssimo, mas enfim, isso não é a única coisa interessante. Olhe o que isso aqui diz sobre o Rei Pedro. Mais uma vez acompanhei a leitura silenciosa de Anna, mas agora, era apenas a imagem de uma pintura, uma das feitas pelo Magnífico. O Grande Rei estava deitado em uma cama, provavelmente em seu quarto em Cair Parável, ele estava sem roupas, deitado em meio aos lençóis bagunçados e o mesmo estava enrolado em seu quadril. No seu, e no quadril da mulher deitada ao seu lado, também nua, ele a abraçava lateralmente e o braço dela, passado pelo pescoço dele, cobria parte de seus seios. Ambos estavam mergulhados em um beijo, a cabeça dele cobrindo o rosto dela, o que não permitia ver o rosto de nenhum dos dois.

Anna analisava a imagem, ajeitando graciosamente o cabelo atrás da orelha, as sobrancelhas levemente unidas, com o rosto bem próximo ao meus, eu podia sentir seu perfume de lavanda.

-“A paixão proibida do Grande Rei, o Magnífico”... - leu, logo observando: - A legenda não diz muito a respeito.

-Não. - concordei, pegando mais papéis na mochila.

-Mas o que poderia haver de diferente nesse quadro?

-Como a legenda não informa muita coisa, eu dei uma pesquisada na internet. - falei. - Sabe quem é essa mulher que está com ele?

-Não. - disse ela, sem entender minha enrolação. Foi quando entreguei a superficial pesquisa a respeito do quadro. Vi os belos olhos de Anna percorrerem rapidamente o texto, curiosos.

-Por Aslam! - exclamou ela, o que fez a bibliotecária nos mandar fazer silêncio. Anna cobriu a boca com uma das mãos.

-Surpreendente, né? - perguntei, sorrindo e cochichando.

-Muito! - logo aquele sorriso característico iluminou seu rosto, excitado pela descoberta. - Então, a paixão proibida do Grande Rei Pedro era a própria irmã?!

-Sim. - sussurrávamos.

-Qual delas?

-Não se sabe. - contei. - Era uma paixão proibida, e só chegou aos conhecimentos arqueológicos algum tempo atrás. O livro que conta a história deles, “Ao Fugir do Sangue”, era um dos que mais se considerava fantasioso, mas séculos atrás, essa pintura, assim como outras, foram encontradas num esconderijo no qual, segundo dizia a lei, o Rei proibiu a entrada de outra pessoa a não ser ele. Obviamente podemos deduzir que nenhum dos outros irmãos soube desse romance proibido.

-Agora me diga, Ben, a História ainda lhe causa sono? - perguntou. Eu ri.

-Não mais. Isso está ficando interessante.

Nós rimos.

[…]

Meus pais havia saído e eu convidara Anna para estudarmos em minha casa. A princípio ela pareceu desconfortável com a ideia, mas deve ter achado ser má educação recusar. Agora nós estávamos em meu quarto, ela sentada na poltrona e eu jogado na cama debruçado sobre livros.

Eu ainda estava lendo “De Ouro à Uma Era”, descobrindo estar mais interessado em História do que eu jamais pensei estar um dia. De vez em quando, arriscava um olhar para Anna, vendo-a concentrada na leitura, com aqueles olhos brilhando cada vez mais à luz do pôr-do-sol que invadia pela janela. Pensei, então em acelerar as coisas e, pouco tempo depois, achei a desculpa perfeita para colocar em prática.

-Anna, veja isso! - disse, usando como desculpa para me aproximar dela, mas aquilo realmente era interessante. Ajoelhei-me a sua frente, colando meu livro a sua frente sobre a cama e empurrando-o para ela.

-Quem é ele? - perguntou.

-Seu nome era Tirian. - contei. - Ele era apaixonado pela Rainha Lúcia, segundo esse livro. Está vendo isso aqui? - indiquei as sombras que saiam de trás de suas costas, naquela imagem sombria. - São asas.

-Asas?! - admirou-se ela.

-Sim. - disse.

-Então... Ele era um anjo? Um anjo de verdade? Isso é incrível! - disse ela, admirada, olhando iluminada para a pintura. - Mas não entendo esse ambiente sombrio... - comentou.

-Ele servia à Tash. - falei. Anna me olhou assustada.

-O que?!

-A doce e bondosa Rainha Lúcia se apaixonou por um anjo de Tash... Surpreendente, não?

-Muito! Eu jamais imaginaria. - sorriu ela, deliciada.

-Essa pesquisa realmente está superando minhas expectativas. - confessei. - Pelo pouco que li passei a admirar os Grandes Reis...

-Por sua capacidade de governo? - perguntou ela.

-Não. - falei olhando-a nos olhos. - Por sua capacidade de amar.

Anna não esperava essa resposta e ergueu os olhos para mim, eu estava com os cotovelos apoiados na beira da cama, a poucos centímetros de seu rosto, e por segundos incontáveis nos perdemos nos olhos um do outro.

-Acho que estou começando a compreendê-los... - confessei. Anna sorriu timidamente.

-Realmente. - concordou. - Eu vejo como você olha para Lílian... - desviou o olhar para baixo.

-Eu não estava falando dela. - disse, buscando seu olhar novamente, com o indicador sob seu queixo fazendo-a olhar-me novamente.

-O que quer dizer? - perguntou, baixo. Sorri de leve e respondi aproximando meu rosto do dela e tocando seus lábios com os meus. Foi um choque arrebatador. Seus lábios eram inocentes e intocados, o que fez meu coração acelerar ainda mais, mesmo sendo um beijo singelo e casto. Ao fim do mesmo, a respiração de Anna estava um pouco acelerada; toquei seu rosto com a ponta dos dedos, tocando minha testa à dela. A ponta de meu nariz roçava a do dela e eu não pude resistir em aproximar nossos lábios mais uma vez.

Anna retribuía timidamente enquanto eu ia de forma um pouco mais avançada. Não era difícil perceber que ela não tinha trocado muitos beijos durante sua vida, se é que tinha trocado, e isso me encantou de forma inacreditável. Senti uma de suas mãos apoiada em meu pescoço, com uma das minha afagava seus cabelos macios e com a outra segurava sua mão que estava em cima da cama. O beijo quebrou-se com um suave estalo e novamente encostei minha testa na dela, e assim ficamos.

-Por que fez isso...? - perguntou ela, não parecia chateada, apenas curiosa.

-Não sei ao certo – falei, sincero. - Você tem alguma coisa que me atrai, que me cativa... Muito.

-Como assim?

-Ainda não sei ao certo... Apenas sei que sinto... Desculpe se me precipitei. - falei, com medo de ter ido longe demais.

-Não precisa se desculpar... - disse ela, sorrindo e corando.

Sorri de volta, satisfeito. Estava tudo indo às mil maravilhas... Com certeza isso me renderia mais agrados de Lílian...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Como sempre, eu preciso saber o que vocês estão achando, se têm dicas, sugestões, ideias (amo ideias!), enfim, reviews!
Beijokas!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ontem, Hoje E Para Sempre" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.