Ontem, Hoje E Para Sempre escrita por Jajabarnes


Capítulo 4
Aula de História.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ;)



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Nós fomos até a sala de aula conversando. Fazendo as perguntas básicas que sempre se faz quando conhecemos uma nova pessoa. Foi inevitável que chamássemos a atenção. Todos os olhares se voltaram para nós, enquanto entrávamos na sala, e logo começou um burburinho. Assumimos nossos lugares sem dar atenção a isso. De relance, enquanto sentava, pude ver Gina questionando Anna aos cochichos.

-Ben... Será que daria para solucionar a confusão em minha cabeça? - perguntou Edward, sentado ao meu lado.

-Não é nada demais. O que há de anormal em conversarmos? Fazemos parte da mesma turma. - dei de ombros.

-É. - concordou ele. - Estudam na mesma turma desde o jardim, não acha estranho só estarem se falando agora? Qual é, Ben! Vá enganar outro! Você nunca prestou atenção nela, o que está acontecendo para você começar a notá-la a essa altura do campeonato?

Dei de ombros, mas a professora de Biologia começou a falar, o que fez a atenção de Edward e de todos voltarem para a aula. Para a minha sorte. Depois das duas aulas de Biologia, tínhamos mais uma de história.

Professor Kirke entrou na sala animado e nos cumprimentou empolgadamente. Ele disse que nesta aula, iriamos fazer algo diferente, iríamos conversar. Fiquei um pouco mais animado com isso, com a possibilidade de não cair no sono, mas minhas esperanças se foram quando ele sentou na mesa. Sim, na mesa e não à mesa.

-Qual assunto vocês querem tratar? - perguntou ele. Uma garota do outro lado da sala levantou a mão, ele deu permissão para que ela falasse. - Marly.

-É... Eu estive lendo em livros de história sobre a existência de uma coleção bem antiga, chamada... - ela olhou no papel em que provavelmente tinha anotado. - “Amor de Rei e Rainha”, e queria saber mais sobre essas histórias.

-Bem, alguém aqui já leu ou ouviu falar dessa coleção? - perguntou o professor, correndo os olhos pelos alunos. Ninguém respondeu.

-Já ouvi falar nela. - disse Lillian. - Mas não achei-a interessante o suficiente... - não deu importância. O professor a olhou.

-Senhorita, sabe que está falando da maior e mais incrível obra literária narniana de todos os tempos? - Ela se calou. - Bom, - o professor voltou a todos os alunos. - O assunto que Marly sugeriu é bem interessante. Talvez, só pelo título, alguns já os discriminem, mas essa coleção fascina os narnianos e estrangeiros desde os tempos da Era de Ouro. A coleção narra uma história verídica, e vem alimentando os românticos sonhadores há gerações, mas não despreze essa história apenas pelo romance. É uma narrativa extremamente rica e o romance não é o único gênero, por isso agrada a todos. Há comédia, ação, suspense, há batalhas e monstros...

-Cabeças rolando e incêndios catastróficos? - sugeriu Edward, sarcástico, fazendo alguns rirem. O professor ficou com os olhos brilhando.

-Sim, cabeças rolando e incêndios catastróficos!

-Há isso nessa história? - Ed pareceu não acreditar.

-Sim! - o professor se animou.

-Professor – John começou a falar. - Minha avó contava que essa era a história mais emocionante que ela já havia visto, e que ela passara boa parte de seu tempo livre pesquisando sobre a Escritura que os irmãos esconderam...

-Bem, na verdade, não há confirmação de que essa Escritura realmente exista... Ninguém, durante todos esses séculos, nunca, repito, nunca... Encontrou essa Escritura. Ou ela realmente não existe mais... Ou os Antigos Reis eram muito bons em esconder coisas.

Houve um breve riso pela classe. Pela primeira vez, eu não estava com sono, aquela história parecia interessante o bastante para me deixar acordado e, de certa forma, me era familiar, mas eu não lembrava se já havia ouvido falar sobre ela.

-Mas de que essa história trata, afinal? - questionou um garoto ao fundo. Era a deixa que o professor queria.

-Diz a lenda que Narnia enfrentou um inverno de cem anos, mas, um belo dia, a chegada de quatro irmãos tratou de aproximar o fim daqueles tempos...

-Er... Sabemos dessa parte professor, toda a luta contra a Feiticeira e a coroação deles. - comentou Dan, após levantar a mão para falar. O professor riu levemente.

-Bem, devem saber também que 1300 anos depois eles retornaram a Narnia para livrar seu reino da opressão telmarina, foi quando Caspian X foi coroado. A coleção “Amor de Rei e Rainha”, conta a história após a coroação. - começou ele de um jeito encantador de contador de histórias que fez todos fixarem suas atenções em suas palavas, fazendo-nos imaginar cada cena, sentimentos e fatos. - Não há certeza de quem exatamente escreveu a coleção. O primeiro volume, cujo subtítulo é “Além de Um Ponto Brilhante”, conta a segunda mais doce história de amor dos quatro livros. A narrativa relata o amor de Rei Edmundo, o Justo, e uma estrela. Sim, uma estrela, mas não uma estrela qualquer. Ela se chamava Luna, irmã de Lilliandil, a estrela azul que ele, Caspian e Lúcia conheceram em A Viagem do Peregrino da Alvorada. Dizem, que Luna era a mais bela que Ramandú possuía no céu, além de ser a única habitante do céu escuro e noturno, só ela iluminava as noites de Narnia e todo esse mundo. Ela era a própria lua.

-Mas e as estrelas? - perguntou o mesmo garoto.

-Vou chegar nessa parte. - disse o professor pacientemente, logo voltando a sua narrativa. - Era o ser mais doce e belo das Ilhas recém-descobertas. Edmundo a amou no primeiro momento que a viu e a amou até o fim, mesmo Caspian tendo demonstrado um pequeníssimo interesse pela dama, Edmundo sabia, em seu íntimo, que ela seria sua. Porém eles deixaram a Ilha pois precisavam seguir e derrotar as trevas que tomavam conta de tudo aos poucos; na verdade, ele não se deu conta de quão grande era o que sentia por ela, apenas sabia que desejava vê-la de novo e desejava de todo coração. Quando cumpriram sua missão no fim do mundo, chegara a hora de retornar a Narnia; Edmundo queria parar na Ilha de Ramandu para encontrar com Luna, mas Lúcia o aconselhou a não fazer isso pois a própria Luna disse que não estaria mais na Ilha e então seria uma viagem perdida até lá. Lúcia teve o apoio de Caspian que, antes de deixar Narnia, havia brigado com Susana e apenas por esse motivo havia se metido nessa viagem, mas se arrependera e não via a hora de voltar e pedir perdão a sua amada. Com dois contra um, Edmundo não teve chances e acabou concordando em voltar a Narnia. De volta ao castelo de Telmar, o tempo foi passando e ele não conseguia tirar Luna de seus pensamentos, todas as noites, ele ficava até tarde na janela de seu quarto, observando a lua solitária no céu escuro. Quanto mais os dias passavam, mais ele se sentia angustiadamente impossibilitado de permanecer um dia mais longe de sua amada. Ele conversou com seu irmão, Pedro, e o mesmo o encorajou a buscá-la. Edmundo deixou o castelo no meio da noite com seu cavalo com destino ao bosque narniano. Cavalgou por muito tempo até encontrar o Lago do Caldeirão, lá, olhando o reflexo de sua amada nas águas do lago, ele chamou por ela. Não demorou para que a familiar luz prateada descesse do céu e se materializasse a sua frente na bela moça que roubara seu coração. Ali, eles declararam seu amor um ao outro e deram seu primeiro beijo. Tudo parecia perfeito, mas tal ato despertou a ira de Ramandu... - ele fora interrompido pelo sinal que assustou a todos. - Bem, continuamos em outro momento. Antes de vocês saírem, peço que façam um trabalho. Trabalho sobre essa coleção! - disse quando todos levantavam. Levantei e preparei-me para sair quando olhei para o lado. Edward estava lá, com uma expressão estranha.

-Está tudo bem, Ed? - perguntei.

-Claro, claro... - ele se levantou, jogou a mochila nas costas e saiu sem dizer mais nada. Saí em seguia indo para meu armário, guardar alguns livros. Algumas portas de distancia de onde eu estava, outra porta se abriu. De esguelha vi que era Anna. Tentei mandar-lhe um olhar rápido e discreto, mas não consegui desviar quando foquei em seu rosto doce e extremamente familiar. E para completar, ela percebeu, ao ver que eu a olhava, sorriu gentilmente e eu retribuí. A vi fechar a porta de seu armário e vir em minha direção.

-Acho que isso é seu. - disse ela, estendendo-me um livro. - Estava na sala.

-Ah, obrigado, nem percebi que havia esquecido. - agradeci, guardando o livro de Biologia dentro do meu armário. Levei um tempo maior do que o necessário para arrumá-lo lá dentro no meio daquela bagunça, mas na verdade estava ganhando tempo, tempo para encontrar algo a dizer para ela.

-Foi uma bela história que Kirke contou dessa vez... Bem, pelo menos, eu consegui ficar acordado. - comentei e nós rimos.

-Sem dúvida deve ser ótima. - concordou ela. - Eu já havia ouvido falar dela, mas nunca tive a oportunidade de lê-la. Vai ser uma chande e tanto fazer esse trabalho. - nós já caminhávamos rumo a saída.

-Para você talvez, mas sou péssimo em história, com certeza vou zerar esse trabalho, como aconteceu com o último... - lamente.

-Ora, mas é fácil!

-Mas me dá sono! - confessei. Ela riu. Então eu tive uma ideia. - Poderíamos fazer o trabalho juntos. - disse de repente. Ela me olhou, parecendo indecisa. - Pelo jeito você é boa em história e eu realmente preciso de uma nota alta, sem contar que será muito chato para você fazer tudo sozinha...Além disso, poderíamos aproveitar para nos conhecer melhor, estudamos há tanto tempo juntos e nunca sequer nos falamos... - falei indo direto ao ponto e ignorando a repulsa que eu sentia de mim mesmo em ter concordado com as ideias loucas de Lillian. Ela parecia insegura, doce e timidamente insegura.

-Seria ótimo. - concordou por fim, direcionando a mim aquele sorriso enorme e belo que fez meu coração palpitar feliz. - Mas... E Lillian? Vocês estão sempre juntos, achei que iriam trabalhar juntos...

-Não, não, ela sempre faz os trabalhos com Jade.

-E o Edward?

-Ele trabalha com Daniel. - expliquei. Ela ia falar, mas foi interrompida.

-Anna! - chamou uma voz. Olhamos na sua direção e vimos Gina aguardando Anna na calçada.

-Eu tenho que ir. - disse Anna. - Então... Nos vemos amanhã.

-Sem dúvida. - concordei.

-Até logo.

-Até.

E ela foi embora, sorrindo, mas logo a buzina do carro de meu pai chamou minha atenção e eu caminhei até ele com um leve sorriso no rosto.

Seria mais fácil do que eu imaginava...


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Notas finais do capítulo

Qualquer sugestão para a história, é só me mandar, principalmente se for para a história narrada na coleção "Amor de Rei e Rainha"!
Comentem!
Beijokas!!



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