Hannah POV’S ON

Estou agora esparramada no sofá do apartamento de minha Nee-chan. Coloquei comida para Mikka, e me joguei nesse sofá confortável. Logo começo a refletir.

Todos esses quatro dias foram horríveis para mim. Ver minha Nee-chan naquele estado deplorável foi doloroso. Minha única saída foi Ichiro, que visitou ela comigo ao longo desses dias para eu não me sentir só. Ele é maravilhoso comigo, quero muito tê-lo ao meu lado, mas tenho um pouco de receio quanto a isso. Meus antigos relacionamentos não deram certo, não acho que sou boa o suficiente para ele. Afinal, ele é perfeito. E eu? Estou longe de chegar a isso. Muito longe.

Tenho medo de me apaixonar novamente, já fui muito iludida antigamente. Achava que eles estavam interessados em mim, e não em minha aparência. Sorrio ao lembrar das noites que fiz Mitsuko passar em claro, só falando sobre o encontro que foi um tremendo fracasso, ou sucesso, e ela, pobre, tendo faculdade pela manhã e seu trabalho de meio período à tarde, ouvindo a tudo com extrema paciência. Ela me mimou tanto, teve tanto cuidado comigo e com meus sentimentos. Ainda tem. Me trata como se fosse algo frágil, uma garota de porcelana. Mais que sua irmã mais nova de consideração, ela me trata como uma filha.

-Haruka? Está aí? – ouço um som abafado vindo da porta, e logo após, batidas incessantes. Levanto num pulo, ajeito os fios de meu cabelo vermelho fogo e vou atender a porta com certa preguiça. Ao abrir, deparo-me com Ichiro, segurando uma caixa de chocolates, um pacote cinza e sorrindo.

-Ichiro! – logo animo-me. Ele está aqui! Pulo em seus braços e ele me recebe com os mesmos abertos. Damos aquele abraço gentil e terno e depois tratamos de nos separar. –Entre! Entre! Estou feliz que esteja aqui! – disse com um sorriso de orelha a orelha.

-Obrigado Haruka. – ele disse antes de adentrar o apartamento. –Sua irmã não iria reclamar, não é?

-Que ela iria...Iria. Mas ela está voltando para o prédio onde vocês trabalham na companhia de Ryuuzaki. Acho difícil ela se importar. – ele riu e me entregou um pacote.

-Toma. Vim aqui para sermos os primeiros a usar o que comprei. – eu abri a caixa. E lá dentro tinha simplesmente um lindo...

-É o God of War edição de colecionador! – disse aos pulos

-E ainda vem com um controle personalizado. – ele falava, pegando o console com a mão direita. Empurrei-o no sofá e disse:

-Espera que eu vou pegar meu Ps3 agora! – fui correndo ao quarto pegar o console, ainda conseguindo ouvi-lo aos risos pelas minhas reações. Mal voltei e já fui conectando os cabos com maestria, afinal, todo gamer que se preze tem que saber montar seu próprio videogame. –Pronto, pronto. Cadê o jogo?

-Se acalme. Eu vou dar. Mas quero algo em troca. – ele dizia, malicioso.

-Já estava desconfiando...Você vindo aqui, trazendo jogos, sem nenhuma intenção escondida. Diga-me logo. O que quer de mim?

-Quero te contar um segredo. Mas não fale pra ninguém. Promete? – afirmei, ainda desconfiada –Ok, se aproxime um pouco para eu falar. - estava sentada no chão e ele no sofá enquanto conversávamos.

-Mas o quê? Tá bom...Tudo pelo jogo. – me aproximei de seu rosto, foi quando ele roubou de mim um beijo. Estava favorável a meu lado, eu podia parar se quisesse, SE quisesse. Pois bem, eu queria. Sendo mais correta, eu sempre quis. Desde de nosso primeiro beijo, eu sempre quis um “restart”.

Como um simples ato pode trazer tantas sensações diferentes? Minha respiração não se encontra mais ritmada, meu coração bombeia rapidamente, estou com uma sensação de leveza em meu ser, uma ótima sensação, algo que gostaria de repetir. Paramos para recuperar o fôlego, pois ele não estava mais presente. Quando recuperei parte dele, puxei sua camisa para encontrar meus lábios aos dele novamente. Ele pousou sua mão em meu cabelo, para dominar meus movimentos, e eu deixei tal ato ocorrer. Depois de tal, pus-me de pé, com sua ajuda e disse:

-Quer algo para beber? – respirei fundo. –Uma água, coca, chá gelado?

-Uma coca seria ótimo. – ele sorriu de canto. –Tenho a permissão para usar a cozinha? Posso preparar um hambúrguer para nós dois.

-Claro! – disse descontraindo o ambiente –Oh, finalmente uma refeição decente! – ele continuava a rir, eu olhei para ele, sua expressão de felicidade mexia comigo. Era tão bom vê-lo assim...

O ajudei cortando o alface e as fatias de queijo, enquanto ele cuidava de todo o restante. Jantamos em frente a Tv, e depois passamos a noite toda jogando. Foi muito divertido. Eu amei passar a noite com ele. Acabou que viramos a noite jogando e conversando. Quando deu 5:45 ele disse:

-Haruka, eu adorei passar esse tempo com você. Mas tenho que voltar...Ryuuzaki nos dá até 6:20 para comparecer na sala de controle. Nos dias normais, como esse claro. Muito obrigado por deixar-me entrar e desfrutar de sua companhia, eu ador... – dei um rápido selinho nele e falei:

-Já está bom. Eu também amei tê-lo aqui comigo. Não precisa tanta formalidade. Ok? Até mais Ichiro. Espero que venha aqui mais vezes. – ele deu um sorriso de canto e eu devolvi com outro sorriso sincero. Nos despedimos e ele se foi.

É...talvez eu até leve em consideração sua proposta. Afinal...Qual é o problema de jogar um pouco esse jogo de amor?