Enjoy the Silence escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 42
Segundo livro. Capítulo XIII - Deliberadamente.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem *corações*



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Eu sinto muito. Tinha a impressão que nos últimos dias as palavras mais presentes em meu vocabulário que agora se mostrava nada extenso eram essas de apologias. Eu sentia muito por muitas coisas e eu ainda ousava acrescentar que era porque eu nunca supria as necessidades dos outros. Como uma desculpa eu simplesmente dizia um “sinto muito” que não era bem o necessitado.

O que mais eu poderia dizer? Não conhecia nenhuma palavra melhor.

Não estou pronta. Eu nunca estava. Essa era outra frase a qual eu estava usando muito desde que havia acabado meu namoro com William uma vez que todo mundo estava me pressionando a superá-lo o mais rápido que eu conseguisse. E eu estava tentando, mas a minha definição de rápido não era a mesma que a deles. Ou talvez fosse, eu que não capaz de fazê-lo.

Tinha medo de que nunca conseguisse.

Eu sabia, era besteira pensar que eu passaria uma vida inteira tentando superar um cara que havia ficado três meses e alguns dias em minha vida. Mas eu me conhecia e sabia muito bem que eu teria essa capacidade ridícula. Que patético seria, hein? Passar anos tentando esquecer um namoro que não havia acabado de uma maneira boa.

Sinto muito, não estou pronta ainda. Foi o que eu havia dito para Edward quando ele declarou que me queria de volta. Para a minha total surpresa, ele havia sorrido e erguido a mão para colocar uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha, carinhosa e hesitantemente. Como se fosse a primeira vez que ele estivesse me tocando, ou melhor, como se tivesse medo de levar um murro.

Bom, para a felicidade dele eu estava impossibilitada de erguer a minha mão para esmurrá-lo. Eu não queria fazer aquilo, não na frente de Luna — mesmo sabendo que ela não se lembraria disso mais tarde. Meu rosto estava quente demais, corado pela vergonha que aumentou quando ele falou que era paciente. Que esperaria.

Eu neguei com o rosto, sorrindo amargamente. Edward continuou me olhando, curioso com o meu ato de balançar o rosto sem falar nada. As palavras haviam se perdido entre o toque dele e o corar de minhas bochechas.

— Eu… não quero que espere. — Murmurei por fim, colocando uma mão em seu pulso e puxando-o com o máximo de delicadeza que eu consegui assumir para baixo, para que ele tirasse a mão de minha nuca.

O sinal abriu e, aliviada, virei-me mais uma vez para frente e tentei evitar o olhar confuso e frustrado que Edward continuava a me lançar.

— Por quê? — Ele enfim perguntou.

— Você vai perder tempo, tempo o qual você poderia estar usando para se apaixonar de novo por outra pessoa menos complicada…

— Você não escutou nada do que eu te disse? — Edward perguntou. — Eu quero aqueles tempos de volta com você.

— E eu te disse que não estava ainda pronta. — Olhei-o ligeiramente e prensei meus lábios.

— Eu vou esperar até estar pronta.

— Não posso te garantir que… quando eu estiver pronta seja para você.

Ele suspirou alto, frustrado.

Apesar de por muitas vezes ter pegado Edward me olhando, abrindo os lábios para falar algo e desistindo logo em seguida, não conversamos mais nada. Quando parei de frente ao seu apartamento, ele me agradeceu e, mesmo que tivesse se esforçado, pude ver a aspereza em seu tom. Mas o que eu poderia fazer? Havia sido sincera o e era aquilo que toda pessoa merecia.

Suspirando de exaustão, joguei-me em minha cama quando eram somente sete horas da noite. Ainda estava claro lá fora, por isso eu fechara as cortinas e estava prestes a apagar o abajur para conseguir dormir quando meu braço tocou em um objeto que eu tinha quase certeza ser um livro. E era. Jane Eyre. Perguntei-me o maldito motivo pelo qual Edward sempre estava em tudo que eu fazia.

Até para ir dormir! Será que eu não merecia um descanso dele? Sentia o sangue arder de tanta raiva. Dele. Com outro suspiro, abri com relutância o exemplar que eu só havia lido as cem primeiras páginas e continuei de onde havia parado. Eu tinha de admitir que talvez ele tivesse bom gosto para livros e para presentes também. Terminei de ler antes do ano novo.

Dia trinta e um de Dezembro Alice me arrastou para a casa de Renée que era onde seria o jantar, mesmo eu lhe dizendo que preferia me arrumar em minha casa. Sozinha. Ela me disse que não tinha chance nenhuma de minha vontade ser realizada, daquela vez queria ver que roupa eu iria colocar e me impedir de fazer desastres como no natal.

Fui emburrada, mas quase exultei quando percebi que Edward não estava lá. Alice, percebendo a minha expressão de felicidade, arqueou a sobrancelha para mim. Não demorou cinco segundos para ela perceber o porquê de minha felicidade e logo tratou de acabar com o meu sorriso, entrando no quarto para pegar uma Luna adormecida nos braços. Como o irmão, ela tinha uma habilidade notável.

— Ele só foi ao mercado, bebê — Ela segredou. — Daqui a pouquinho ele volta.

Meu sorriso murchou mais ainda.

Enquanto Alice se distraía com Luna e toda a fofura que ela exercia, sem ter nada para fazer, joguei-me na cama de um quarto que estava vazio — não antes de tirar minha calça jeans pesada. Enfiei-me debaixo das cobertas e sorri com o frio devido ao ar-condicionado que o quarto tinha. Ótimo para dormir em um dia que Alice havia me tirado da cama de sete horas somente para fazermos as unhas e ajeitar o cabelo do melhor jeito que conseguíamos.

Eu não queria ter escovado meu cabelo, o resultado disso era uma dor de cabeça incômoda. Eu gostava deles ondulado e não havia problema algum em passar o ano novo com um rabo-de-cavalo, havia? Aposto que não. Pelo menos não para mim. Afinal, qual é o sentido de se arrumar para um jantar de ano novo na casa de sua mãe com todas as pessoas que você já conhecia? Não tinha lógica.

Estava sonhado com a mesa de jantar quando notei a porta do meu quarto se abrindo. Na minha quase inconsciência juro que pensei que eu ainda continuava a sonhar — um pesadelo, mas ainda sim um sonho. Edward entrou no quarto distraído, tirando a camisa que ele vestia sem erguer os olhos para a cama. Claro, por que ele me olharia? Eu estava tendo um sonho e não era visível nessa dimensão.

Por que diabos eu estava sonhando com ele tirando sua calça? Senti um riso incrédulo se formar em meus lábios e uma gargalhada de nervosismo explodindo em minha garganta. Não a impedi porque eu estava sonhando e ele não escutaria…

As coxas dele continuavam da mesma forma que eram antes. O peitoral também, embora estivesse um pouco mais magro do que eu me lembrava…

Mas então Edward ergueu os olhos para a cama e me olhou fixamente. Somente naquela hora que eu me dei conta de que aquilo não era um sonho e não acontecia em outra dimensão. A gargalhada seguida ficou presa em minhas cordas vocais e eu engasguei, sentindo meu rosto se esquentar na medida em que eu tossia, sufocada.

Levantei-me, arfando, entalando e colocando uma mão na frente da boca.

Edward soltou uma estrondosa gargalhada, aproximando-se de mim da melhor maneira que ele conseguia por sua calça ainda estar presa em seus tornozelos. Antes de se aproximar mais, ele tratou de se livrar dela.

— Não… se aproxime de mim, seu tarado! — Exclamei.

— Tarado? Eu? — Ele ergueu as sobrancelhas e riu mais uma vez. — Eu estou em meu quarto. Você estava observando eu me despindo em total silêncio.

Dei uma tapa raivosa em sua mão quando ele tentou tocar meu rosto em uma carícia sarcástica.

— Em primeiro lugar esse quarto é meu, cheguei aqui primeiro. — Tudo bem, aquele argumento havia sido um pouco infantil, porém o que importava mesmo era que era válido. — E em segundo… eu pensava que estava sonhando, ok?

— Ah é? — Edward riu mais uma vez. — Você sonha com a minha nudez?

— Desculpe, eu acho que eu me… expressei errado. — Meu rosto estava quente. De vergonha. — Seria a primeira vez que eu tenha sonhado com você nu e… bom, se me entende estaria mais para um pesadelo.

Ele sorriu largamente, avançando sua mão antes que eu tivesse tempo de detê-la com uma tapa e encaixou-a em minha nuca. Ele beijou a minha testa ainda com um sorriso em seus lábios, pude sentir isso contra a minha pele.

— Tenho que sair daqui. — Murmurei. — Se vire.

Ele ergueu os olhos, fitando-me com um sorriso torto em seu rosto que exalava cinismo.

— Por quê?

— Não estou de calça.

— Ah, Bella, bobinha, não tem nada aí que eu já não tenha visto e tocado — Ele abriu um sorriso malicioso. — Ou beijado.

Dei um murro em seu ombro com toda a raiva que eu consegui.

— Me respeite!

— Eu estou falando a verdade. Deixe de besteira. — Ele massageou o ombro que ganhara uma coloração vermelha por sua pele ser branca demais.

— Vamos, Edward, se vire.

Com uma risadinha ele se virou e, incerta, joguei o lençol para o lado antes de disparar até o outro lado da cama, no chão onde eu havia a jogado sem qualquer cautela. E o pior de tudo era que a droga estava ao contrário, tive tirá-la do avesso antes de vestir-me com ela, com as mãos apressadas e, por várias vezes, atrapalhadas.

— Você continua com lindas pernas, Bella. — Edward murmurou casualmente.

Mesmo sem tê-lo pegado no flagra, eu sabia que ele havia se virado.

— Quando eu estiver completamente vestida, eu vou te bater tanto que você vai ficar sem falar pelo ano que vem todo. Idiota!

Ele tombou o rosto para trás em uma gargalhada.

Ele ainda espiou mais uma vez, mas felizmente eu já havia subido a minha calça, salvando minhas pernas de seu olhar. Algo em minha barriga se virou de ansiedade e eu já sabia o que era: vontade de vomitar por estar em um quarto sozinha com aquela criatura maliciosa e seminua. E que ainda tinha costas largas com sinais claros. As famosas pintinhas que eu adorava tocar outrora.

Eu não planejava que minhas ameaças fossem vazias. Era apenas que eu estava acanhada pela sua seminudez, por isso saí depressa daquele quarto. Eu queria dizer que aquele quarto era meu e que eu havia chegado primeiro, queria tirar as coisas as quais eu havia colocado assim que cheguei e socar o rosto presunçoso e malicioso de Edward. Ainda não entendia qual era o problema de se vestir de novo e rumar para um dos dez quartos que aquela casa tinha.

Bufando de raiva, eu iria para o último quarto do corredor se não tivesse escutado um choro de criança. Eu teria ignorado, pois certamente teria alguém perto dela para ampará-la, no entanto o choro continuou por mais uns segundos, e incapaz de fingir indiferença dei a meia-volta e fui para a sala.

— Alice? — Chamei. — Renée? Carlisle?

Nenhuma resposta, Luna continuava a chorar com tanta força que seu rosto estava vermelho. Suspirando e esperando que meu desastre tivesse diminuído, tirei-a do carrinho delicadamente e a coloquei em meus braços, amparando seu corpo pequeno e frágil da melhor forma que pude assim como Alice e Edward faziam. Consegui, deliberadamente, apoiar sua cabeça em meu braço.

Ela fungou manhosamente mais algumas vezes antes de ficar em silêncio. Olhou-me de modo curioso e, como Edward dizia, abriu o berreiro mais uma vez.

— Shhh, Luna, Shhh — Sussurrei, andando de um lado para o outro. Todos os métodos de acalmá-la pareciam falhos. — Eu sei que eu não sou o papai, mas… — Eu ri nervosamente. — Mas vale mesmo assim, não é?

Sua resposta foi negativa tendo em vista que ela continuou a chorar.

No desespero, a minha ideia mais óbvia foi que ela estava com fome. Bebês viviam com fome, não era? Eles viviam defecando também, mas a parte esperançosa de minha mente esperou que fosse a primeira situação. Eu estava pronta para segurá-la, sim, contudo limpar fezes fedidas eu nunca estaria preparada. Nem mesmo do meu futuro filho — esperava que pudesse amadurecer nessa parte.

Tentei ir para o quarto onde Edward estava, batendo em sua porta com força, o chamando. Não ousaria invadi-lo, apesar do meu desespero.

Confirmando a tese a qual nascera de repente em minha mente, em cima do balcão da cozinha tinha uma pequena mamadeira rosa com o que eu presumia ser leite materno que Edward comentara brevemente de ter pegado do banco de leite humano que o hospital fornecia. Olhei-a com hesitação. Edward me mataria se Luna engasgasse e eu não tinha certeza se conseguiria fazer isso.

Incentivada pelo choro infantil dela, peguei a mamadeira e sentei-me na poltrona da sala, tirando a tampa para levar o bico até os lábios ansiosos dela. Luna estava faminta, sorvendo — ou tentando — o leite da mamadeira com impaciência. Mas não estava saindo nada! Eu franzi meu cenho e balancei a mamadeira com fúria. Nenhum pingo de leite saíra e durante a minha breve distração a garotinha apressada voltara a chorar.

Eu sabia que eu não tinha muita experiência com bebês e essas coisas todas — nenhuma a não ser o que eu aprendia com os filmes e observando as outras pessoas —, mas eu quase gargalhei da minha estupidez ao perceber que a passagem estava tampada. É claro!

Com um pouco de esforço, manobrei Luna para que eu só usasse um braço para segurá-la e ajeitei a sua mamadeira. Ela não parara de chorar enquanto isso. Depois, quando tivesse encontrado alguém para ficar com ela, limparia a poltrona escura de Renée com um lenço umidificado com água. Antes que ela pudesse perceber. Depois de pronta, voltei a aninhá-la em meus braços cautelosos e finalmente lhe dei a mamadeira, sendo dessa vez bem sucedida.

Seus olhos verdes azulados continuaram me fitando até a metade da mamadeira, depois ela os fechou. Seu sono, no entanto, não a impediu de continuar sugando o conteúdo da mamadeira até quase seu fim.

Foi quando eu levantei meus olhos para procurar por um relógio e saber que horas eram que eu percebi Edward encostado a parede que levava ao corredor. Ele só vestia uma calça de moletom e a visão de seu peitoral desnudo me fez perceber que o soco que eu lhe dera no ombro havia sido muito, muito forte.

— Desde quando você está aí? — Indaguei, sentindo minhas bochechas esquentarem.

— Hmm… acho que desde a sua luta furiosa com a mamadeira. — Ele riu, expondo sua arcada dentária reta e branca.

— Sabe, pessoas legais viriam me ajudar.

— Não — Ele balançou o rosto e caminhou despreocupadamente pela sala. — Era uma visão engraçada demais para interromper.

Engoli em seco.

— Então… eu acho que Luna dormiu.

— Na verdade, ela só está com preguiça demais para abrir os olhos. Olhe só… — Ele se abaixou a minha frente. — Cadê a garotinha do papai? Cadê? — Deslizou dois dedos pelo rosto dela.

Por incrível que pareça, ela abriu os olhos e eu podia jurar que eles estavam sorridentes e acesos de reconhecimento — poderia ser somente uma impressão, no entanto. Não pude evitar um sorriso doce de escapar de meus lábios. Edward gargalhou de orgulho e felicidade, uma risada alta e que ele raramente dava.

Ele a puxou para seus braços e se deixou cair de costas cair no tapete fofo, segurando Luna contra o seu peito. Na minha distração encantada com a cena a minha frente eu não havia percebido as quatro pessoas, com expressões ligeiramente chocadas e Edward parecia igualmente absorto, falando alguma coisa com a garotinha. Só quando ele se levantou para ficar sentado e a aninhar em seus braços foi que percebeu e soltou um sorriso amarelo para a plateia.

— Onde vocês estavam? — Perguntei, franzindo meu cenho.

— No mercado, ora. — Renée respondeu. — Faltavam algumas coisas para serem compradas.

Eu assenti.

Perguntei-me o porquê de todo mundo estar calado, perguntei-me o porquê de eles estarem deixando o clima desconfortável. Estava tudo tão leve antes deles… Não pude deixar de perceber o olhar confuso de Carlisle na minha direção e eu logo fugi do mesmo, levantando-me resignadamente e indo até a cozinha. Senti os olhos queimando as minhas costas e quase bufei de raiva.

Eu só estava indo beber água! Quando eu me virei, todo mundo já havia se dispersado e só sobrara Renée que ficara na cozinha, sentada em uma cadeira. Ela me olhava com perguntas curiosas em seus olhos verdes e eu ainda me perguntava o porquê de tudo ter se tornado tão hostil de um segundo para o outro.

— Preciso de um quarto para dormir. — Murmurei. — Quais estão desocupados?

— Bells… — Ela chamou suavemente. Ah não, pensei, o apelido de Forks. — Eu estou preocupada com você.

— Comigo? — Eu bufei.

— Você parece confusa e… e…

— Mãe — A interrompi. — Eu não estou confusa e mesmo se estivesse não seria um motivo para se preocupar comigo. Se o motivo da minha confusão seja o que eu estou pensando, eu vou para Cambridge daqui a dez dias.

— E Edward? — Ela perguntou.

Franzi meu cenho.

— O que tem ele?

Ela franziu as sobrancelhas e me olhou longamente.

— Nada, não tem nada. — Suspirou.

— Mãe…

— Pode me ajudar na cozinha? — Indagou.

Eu suspirei, assentindo.

Viriam uns amigos de Carlisle e de Renée para passarem o ano novo por aqui e a última coisa que eu estava querendo ser era extrovertida. Tudo que eu queria era passar o ano novo dormindo, afinal haveria noites iguais aquela durante os outros 364 dias não era? Eu achava uma bobagem. Mentira, não achava, era que eu estava sem paciência para conversar e distribuir sorrisos pelo resto da noite.

Para não deixar Renée chateada, decidi que eu me esconderia depois do jantar no jardim, em uma parte agradável que tinha de frente a piscina. Diria que eu estava precisando de um ar se alguém fosse me procurar e ficaria assistindo a queima de fogos até todas as pessoas irem embora e eu não ter mais nenhuma obrigação de falar com ninguém. E, sim, eu sabia que estava sendo rabugenta e introvertida demais. Pouco me importava em corrigir isso.

Antes de começar a me arrumar, tomei um remédio para dor de cabeça e suspirei.

Meu vestido era vermelho com mangas curtas e grossas que se prendiam e paravam em meu ombro. Era lindo e tudo mais, porém a minha primeira escolha foi negada por Alice que me lançou um sorriso dizendo que era melhor usar em outra ocasião. Não teimei com ela por dois motivos: O primeiro era que minha paciência estava escassa e o segundo era que eu havia gostado daquele vestido, gostava da cor e de como ele se prendia até a metade de meu torso para depois abrir-se.

Alice insistiu em ajeitar meu cabelo e eu também não teimei muito sobre a minha capacidade de me ajeitar sozinha. Ela falava sobre Jasper e o quão fofo ele era quando estava pedindo desculpas por alguma burrada que havia feito e por algumas horas me deixei relaxar e escutar Alice sem a minha impaciência comum. Sua voz apaixonada e risonha ao me contar acabara me acalmando e eu até aceitei que ela me maquiasse. Como poderia não o fazer?

— Por que você deu um murro no ombro de Edward? — Ela perguntou, de repente.

— Aquele mexeriqueiro foi contar para você, foi?

— Não — Ela negou rindo. — Eu perguntei e ele falou isso. O que foi que aconteceu?

— Ah… é uma longa história. — Tentei me esquivar.

— Eu gosto de longas histórias. — Alice disse, sorrindo maliciosamente.

— Não gosta, não. — Beijei astutamente a sua bochecha e saí de seu quarto.

Quando eu saí para a meia-luz do corredor, avistei Edward e Luna. Ele estava a ninando e quando percebeu a minha aproximação, pôs um dedo sobre os lábios em um sinal que era para eu fazer silêncio. Ele ainda não estava pronto ainda, só vestia uma calça branca e ainda estava sem camisa. Olhando atentamente para o seu rosto, eu percebi que Edward havia feito a barba, tirando os pelos do maxilar. Finalmente.

Ele parecia de novo com um garoto de dezessete anos com o peitoral e o rosto sem pelos algum, mas talvez minha concepção estivesse sendo afetada pela pouca luz que o corredor oferecia.

— Bella? — Ele sussurrou, levantando o rosto para me olhar.

Estaquei com a mão na maçaneta da porta do meu quarto, olhando-o com curiosidade.

— Hmm? — Incentivei.

— Você está linda. — Sorriu.

— Obrigada. — Disse timidamente.

Eram nove e cinquenta quando eu saí de novo para o corredor, após ter colocado os sapatos que Alice disse que ficariam ótimos com o vestido. O problema era que eu poderia torcer o meu tornozelo sem muitos esforços. Era só andar e ops, vamos para o hospital no ano novo! Não tinha ninguém na cozinha, sala ou corredor e, aproveitando a oportunidade, escapei para o jardim de trás, onde ficava a piscina.

Renée também mantinha uma estufa com os mais variados tipos de flores, mas, naquela hora, ignorei o lugar e fui direto para frente da piscina. Escondido por um teto de galhos e flores brancas e rosas claras, tinha um banco de pedra com um teto abobadado. Era um lugar extremamente atraente e aconchegante, o bastante para passar o ano novo olhando os fogos de lá.

Alguns minutos depois de minha chegada, vi alguém se sentando ao meu lado e colocando uma flor rosa clara em meu colo. Eu esperava que fosse Edward e já estava pronta para corar horrores quando o olhasse, mas um sorriso nasceu em meu rosto quando percebi que era Carlisle.

— Esse aqui é o meu lugar. — Ele disse.

— Cheguei primeiro. — Respondi.

Edward era irremediavelmente igual ao seu — e meu — pai, até o modo de falar com presunção e olhando fixamente em seus olhos.

— Esse argumento não é válido. — Carlisle informou.

Eu ri.

— Claro que é. Todo tipo de argumento é válido.

— Ainda não estou convencido disso. — Ele murmurou e eu baixei meus olhos para a flor, pegando-a com cuidado de meu colo para acabar não afundando meu dedo em um espinho. — O que você está fazendo aqui sozinha? — Indagou.

— Hmm… nada de importante.

— É mesmo?

— Lá dentro não tem nada para fazer, aqui também não. Precisava apenas tomar um ar.

Ele hesitou e eu o olhei de lado, vendo as suas sobrancelhas franzidas.

— Edward está te incomodando?

— O quê? Não! — Eu não sabia por que eu havia negado tão rápida e apressadamente.

— Ah, entendi. — Ele sorriu, sem mostrar os dentes. — Você ainda sente algo por ele.

— Não.

— Ora, Bella — Carlisle rogou. — Eu passei… cinco anos preso e nunca deixei de amar Renée. Não entenda mal o que eu estou lhe dizendo, não estou apelando para você voltar para o Edward ou qualquer outra coisa, estou apenas tentando abrir os seus olhos que você insiste em deixar fechados.

— Eu nunca te pedi desculpas por tudo que eu fiz, não foi? — Franzi meu cenho, minha mente se centrando na primeira parte do que ele falara.

— Isso não me importa.

— Não. — Eu insisti. — Você pode me desculpar? Me desculpar por minha idiotice e infantilidade sem fim… — Indaguei, virando-me para lhe olhar.

Ele parecia constrangido, mas mesmo assim soltou um sorriso.

— Já o fiz há muito tempo.

— Obrigada. — Eu sorri.

Carlisle me abraçou com força e beijou os meus cabelos carinhosamente.

— Eu sempre… quis ter uma filha de sangue. — Ele disse.

Eu sorri largamente.

Carlisle teve de ir alguns minutos depois receber os convidados que havia chegado e eu só fui depois de muito protelar, praticamente me arrastando até a sala. Tinha umas quatro pessoas desconhecidas na sala que sorriram com cortesia para mim quando fui apresentar por Renée como sendo sua filha. Isabella.

Sorri também, estendendo a mão para cumprimentar todos. Tinha um garoto, em especial, que segurou a minha mão por mais tempo do que o necessário.

O coitadinho estava tentando flertar comigo.

Renée contratou alguns garçons para passar com as bebidas — o que eu achava um exagero tendo em vista que a comemoração era íntima e pequena. Abstraí-me rapidamente deles, ficando perto da mesa de comida o tempo todo, beliscando os salgados e de vez em quando alguns doces. Meu plano era ficar lá até começar o jantar, mas o garotinho continuou a tentar flertar comigo.

Ele se aproximou fingidamente despretensioso, começando uma conversa sobre quão delicioso os salgados estavam — pelo amor de Deus, quem em sã consciência conversava sobre comida e levava o assunto em diante? Até tentei ser complacente e paciente de uma forma que eu normalmente não era, estava apreciando o esforço dele. Mas não funcionou quando, depois de dez minutos de conversa, sugeriu que fossemos para o jardim.

Tanner era o nome do indivíduo. Ele não era feio, para falar a verdade, tinha a minha altura e cabelos escuros assim como os olhos, rosto redondo. O problema foi que ele forçou demais a barra. Até chegou à, enquanto esperava minha resposta, colocar uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha.

E quem o havia dado permissão? Não eu.

Não foi com delicadeza que eu tirei sua mão de minha nuca e me controlei para não agarrar seu antebraço e o torcer. Seria um ótimo ano novo para ele…

— Desculpe, Tanner — A voz veio logo de trás de mim quando eu estava prestes a lhe xingar de todos os nomes possíveis. — Ela não está interessada.

Edward. Podia reconhecer a mil quilômetros de distância a sua voz rouca, a que ele usava quando estava ameaçando alguém. Para todos os efeitos, o garoto que eu julgava não ter mais que dezessete anos me olhou mais uma vez e me deu as costas, andando rapidamente para longe de mim. Reprimi a risada de zombaria que queria escapar por entre meus lábios.

— Você não sabia disso!

— Pare de implicar comigo, Isabella. — Edward murmurou, rindo. — Eu vi como você se desvencilhou do toque dele e eu impedi um assassinato.

— Bom, eu… poderia estar fazendo charme.

— Você não é de fazer charme. — Ele ergueu uma mão para tocar uma mecha de meu cabelo e sorriu. — Se você quer, você quer. Se não quer, não quer. Não é dessas que trocam as respostas… é uma das coisas que eu gosto em você.

E inclinou o rosto para beijar a minha testa.

— Renée está chamando para o jantar.


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