Enjoy the Silence escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 21
XX. Nunca voltar.


Notas iniciais do capítulo

Eu estava me perguntando o porquê de os reviews no capítulo anterior terem sido tão baixos, a única resposta que me serviu foi que ES não está agradando. Não vou me prolongar sobre isso por aqui, estou apenas dizendo pela última vez que se a situação não mudar, eu paro de postar ES aqui no nyah e a mantenho pra mim e para as leitoras que comentavam antes (porque, claro, eu não vou ter tanta desconsideração por quem sempre comenta ♥).
Anyway, esse capítulo é dedicado a Elle Vedder ♥ que mandou uma recomendação perfeita para ES. Obrigada, sua linda!



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Eu demorei um milhão de anos para fixar meus olhos na figura sarcástica de Carlisle e em seu maldito sorriso presunçoso. O que eu estava esperando, afinal? Que ele não me entregasse na primeira vez que me visse com o seu filho? Ah, eram esperanças tão falhas… e eu sabia disso agora no momento em que Edward se virou para mim, o cenho franzindo e em seus lábios um dos sorrisos mais inocentes que ele já deu perto de mim.

Sentia muito, realmente.

Tentei encará-lo de queixo erguido, sem me mostrar abatida, mas minha dignidade eu perdera há muito tempo. Ela ficara com ele, na cadeia. Eu até tentei também pensar em alguma coisa boa para falar, que me tirasse daquela enrascada, porém a tentativa foi falha. E como! Eu não tinha desculpas boas o suficiente para falar, nem mesmo como me defender. Eu deveria ter pensado nisso antes de jogar todas as minhas opções para o alto.

Patética, infantil, e todos os outros adjetivos depreciativos que existissem no mundo.

— Vocês se conhecem? — Edward perguntou finalmente.

— Bella? — Carlisle inclinou o rosto em minha direção, dando-me a chance de me entregar.

Eu desviei os olhos, passando-os por todo o salão a procura de alguma coisa que pudesse me salvar. Como o esperado não tinha nada.

— Bella? — Edward sibilou, o sorriso torto sumindo de seu rosto conforme ele percebia a minha hesitação.

— Me diga, Isabella, como anda Renée? — O loiro perguntou.

— Me diga você! — Vociferei, tomada por uma raiva incoerente. — Esteve com ela essa manhã.

Carlisle sorriu, apoiando uma mão na mesa quase vazia se não fosse pelos pratos e talheres para se levantar. Ele parecia mais alto do que antes e mais magro. Talvez a cadeia não oferecesse tanta opção para se nutrir tão bem quanto ele estivesse acostumado.

Aquele pensamento me fez perceber que, sim, eu estava me roendo de raiva dele — uma coisa que não deveria acontecer. Eu era a errada, ele quem tinha o direito de estar com raiva, não eu. Mas em algum lugar da minha mente, eu esperava que ele fosse gentil comigo, que não piorasse as coisas. Talvez todos nós nos apoiássemos em uma esperança que sabíamos ser mais que falhas. Talvez tivéssemos esse senso que nos levava ao desespero eminente.

— Eu não estou entendendo nada… — Disse Edward, sua mão se fechando em punho ao lado de minha cintura.

— Nunca contou a ele que é de Forks, não é? Nunca o contou das coisas terríveis que fez com pessoas inocentes? — Agora a raiva era o que predominava a sua vez, o escárnio ficava logo em seguida.

— Eu era uma criança!

— Uma criança que sabia muito bem mandar as pessoas para a cadeia, não é? — Ele parou, controlando-se. Não funcionou. — Isso não justifica merda nenhuma!

Eu não sabia nem como nem quando Edward me puxou para fora do restaurante, apenas tinha consciência de que sua mão não estava mais tão carinhosa quanto antes em minha cintura, estava quase me puxando grosseiramente. Eu pisquei e acelerei minha respiração para que as lágrimas que se acumularam não caíssem. Eu não choraria na frente de Carlisle, era humilhante demais cogitar a ideia.

Então, raivosamente ao perceber que eu não havia conseguido, passei a mão em minha bochecha direita, limpando o rastro que a lágrima morna deixara. Tudo que eu queria era não conversar mais sobre isso, me deitar e chorar até que essa dor horrível saísse de dentro de minha mente.

Eu nunca, antes, tinha percebido o quanto minhas ações afetariam o futuro. Mas, por favor, eu tinha 13 anos! O que eu poderia saber sobre ações errôneas? Eu estava desesperada por minha mãe. Eu era sozinha e a queria de volta. Será que era tão difícil entender isso?

Além da raiva cortante que estava sentindo por Carlisle, comecei a entender como ele sabia que eu estava com Edward. Renée, claro, havia o contado e ferrado com toda a minha vida como ela sempre adorava fazer! De tanta raiva que eu estava, podia sentir o meu rosto esquentando da mais pura fúria que eu tive em toda a minha vida.

— Você tem muito o quê me explicar. — Edward disse.

— Podemos, por favor, conversar em casa? — Minha voz saiu quase como uma súplica.

Eu não sabia bem o que havia acontecido depois que havíamos saído do restaurante, apenas percebi que Edward abriu a porta do carro. Assim que eu entrei no mesmo, ele fechou a porta do passageiro onde eu estava sem muito alarde e continuou conversando com Carlisle do lado de fora. Ambos estavam mais que nervosos e eu não entendi o ato de impedir que Carlisle chegasse perto do carro que Edward teve. Perguntei-me se ele estava me defendendo e aquela foi uma das várias perguntas pelas quais eu nunca tive uma resposta.

Eles continuaram discutindo em voz alta — eu podia perceber isso por causa do modo que suas bocas se mexiam e seus rostos ficavam vermelhos — por mais alguns torturantes e lentos segundos.

Eu havia estragado tudo sem fazer nada no presente. Uma proeza que só pessoas estúpidas conseguiam fazer sem muitos esforços e sem premeditar antes. Além da noite, eu havia estragado também toda a confiança que Edward talvez tivesse em mim e isso foi mais que perceptível quando ele entrou no carro e sequer desviou seu olhar para mim, fechando a sua porta com mais força que o necessário.

Não estava exagerando ao dizer que ele passou o caminho inteiro em silêncio e com as mãos apertadas contra o volante escuro do carro. E para piorar a situação ele também estava com o maxilar trincado e quase soltando fogo pelas narinas. Eu queria ter coragem o suficiente para começar a falar as minhas apologias, no entanto a minha covardia estava gritando dentro de minha mente.

Aquela era a primeira vez que eu sentia medo de verdade na presença de Edward. Eu sentia medo dele. Uma coisa terrível e que só a mim cabia à culpa. Eu e a minha infantilidade passada havia feito isso, deixando-o a ponto de explodir a qualquer momento. Estava claro que aquilo somente atingiria a mim e era exatamente disso que eu tinha medo. Eu nunca tinha conhecido o Edward que ele era quando estava raivoso e preferia ficar sem conhecer pelo resto de minha vida.

Ele passou a viagem toda sem olhar para mim e evitou os sinais vermelhos para que o nosso tempo dentro do carro não se alongasse mais que o necessário. Eu não fiz esforço nenhum para que ele me olhasse, seu olhar para a estrada era frígido e furioso demais para me causar algum tipo de conforto.

Mas eu era humana e era apaixonada por ele, então não consegui ficar em silêncio por muito mais tempo.

— Edward, eu sinto… — Eu tentei falar, sendo bruscamente interrompida.

— Não — Sua voz foi alta, um grito. —, você não sente nada. E não ouse falar nada enquanto estivermos dentro desse maldito carro. Quero que ele chegue intacto.

Em toda a sua fala, ele não tirou a vista da estrada, apertando os olhos conforme sua raiva aumentava. Era nesses momentos que eu gostaria de não o conhecer tão bem quanto eu o conhecia, não gostava de saber essas coisas, que ele estava com raiva ou ódio de mim.

— Você vai estacionar na garagem? — Eu perguntei quando ele parou de frente a minha casa.

— O que você acha? — Ele me olhou com os olhos pressionados mais uma vez, sua expressão combinando com o tom de voz enojado que ele tinha. — Claro que não.

Eu engoli em seco e observei, entorpecida, ele sair do carro e bater a porta com força. Suas passadas foram largas e ele já estava no meio do meu jardim quando eu decidi finalmente reagir e sair do carro. Eu me sentia enjoada, como se eu pudesse vomitar a qualquer hora, mas não dei atenção para aquilo. Acontecia sempre que eu ficava com vontade de me descabelar de tanto chorar e acabava não fazendo por querer demonstrar autocontrole.

Respirei fundo e com as mãos trêmulas e a vista embaçada, tentei achar a chave dentro da minha bolsa parcialmente vazia. Foi difícil fazer alguma coisa com os olhos de Edward queimando em minha pele de uma maneira que definitivamente não era boa. Ele estava impaciente e podia escutar retumbando em minha mente o barulho que seus tênis faziam quando batiam no chão.

Eu fui cautelosa ao abrir a porta e mesmo antes de eu poder entrar direito, ele já havia fechado-a com tanta força que eu pude sentir estremecer o piso de madeira. Eu odiava tanto quando ele agia daquele jeito!

— Edward — Eu tentei falar de novo, mas minha voz não passava de um sussurro falho em consequência de minhas patéticas lágrimas. — Edward, eu posso explicar.

Ele passou as duas mãos pelos cabelos, passando por mim e preferindo ficar de costas.

— Claro, claro que você pode explicar — Ainda de costas, ele falou. Sua voz estava uma oitava mais alta do que em situações normais. — Nós estamos juntos há quase um mês, porra! Não poderia ser antes? Porque, sabe, melhoraria mil vezes a sua situação comigo

— Você queria que eu te falasse como isso? — Agora eu também estava gritando com as bochechas encharcadas de minha dor. — “Ah, Edward, eu fui uma idiota quando eu tinha treze anos e ferrei com a vida do seu pai”. Não dava para fazer isso!

— Seria melhor do que o que está fazendo agora.

Ele me olhou. Preferia que ele não tivesse o feito, preferia encarar as suas costas a seus olhos arregalados de raiva. Estavam tão acusadores, enojados e desesperançosos que eu tive de olhar para a parede e puxar a minha franja para trás, tirando-a de meu rosto. Ainda pude, porém, vê-lo negando com rosto, um sorriso amargo nascendo em seu rosto que nem mesmo raivoso poderia ser considerado feio.

— Eu não sei como ainda espera que eu fique com você depois disso.

— Não fique! Você não está sendo forçado. — Eu gritei, sentindo meu rosto esquentar mais um pouco enquanto eu o virava para a figura alta e imponente de Edward. Ele estava mais próximo de mim, por isso eu dei um passo temeroso para trás. — Volte para Tanya, aposto que ela ainda tem a maldita aliança guardada com esperança.

— Tanya pelo menos não mentiu para mim como você fez. — Edward acusou.

— Eu nunca menti para você! — Gritei, fechando minhas mãos em punho. Tanto que pude senti-las ficarem geladas. — Você que nunca fez as perguntas certas.

— Poderia ter me dito sobre essa merda quando eu te contei sobre a minha vida. Mas mesmo assim você sequer cogitou a ideia.

— Para você é fácil falar quando não se coloca na minha situação!

— É porque eu não sou tão covarde quanto você!

Foi apenas um segundo depois que meu punho bateu em seu rosto com força. Não foi o suficiente para acabar com toda a minha fúria, por isso, enquanto as lágrimas preenchiam a minha visão já turva pela raiva, bati em seus ombros com os meus punhos e o meu antebraço. Não demorou nada para que ele me pegasse pelos braços, apertando as mãos neles para impedir meus movimentos. Talvez não tenha sido difícil para ele me controlar, talvez eu tivesse me deixado controlar.

Eu me remexi em seu aperto que, não, não tinha nada de carinhoso. Até cheguei a gritar. Não uma coisa coerente ou até mesmo humana, foi um grunhido que parecia mais ter vindo de um animal colérico.

— Você está me machucando. Me solta! — Eu gritei, o empurrando com um soco em seu ombro.

Eu parei depois que o vi longe de mim. Respirei pesadamente enquanto sentia a minha cabeça girar e um soluço se formar em minha garganta, sendo libertado sem muita cerimônia.

— Eu não tinha a intenção de machucar nenhum dos filhos que Carlisle pudesse ter — Eu disse depois de um tempo. — Eu só queria que ele ficasse longe da minha mãe. Eu era uma criança… não pensei nas coisas direito.

— Você não era uma criança, Isabella. — Ele murmurou por entre os dentes trincados. — Você ainda é.

— Deveria ter pensado nisso antes de ter decidido ter uma merda de relacionamento comigo.

— Às vezes estamos atraídos demais para considerar os contras. — Edward disse, lambendo o sangue que tinha no seu lábio inferior. — Talvez isso que eu e você tivemos só seja isso: atração. Você não sabe o que é amor e eu não… — Ele se parou.

— Diga, continue a sua frase. — Encorajei, engolindo mais uma vez em seco. As lágrimas voltaram a cair sem aviso nenhum e eu não tentei impedi-las. Eu sabia que não conseguiria. — Diga que nunca soube o que é me amar.

Edward me ignorou, me deu as costas e foi pegar alguma coisa que lhe pertencia em minha cozinha. Eu aproveitei os segundos que ele estava longe para prensar os meus lábios para impedir um soluço de escapar de minha garganta. Até tentei me manter em pé, manter a minha já escassa dignidade, mas minhas pernas tremeram e eu desabei em cima do braço do sofá. Abaixei meu rosto e o escondi entre as mãos, soluçando tão baixo que Edward não iria escutar nem mesmo se quisesse.

Então, eu só o escutei falar:

— Mas está tudo bem. — Ele concluiu e eu tive de levantar meu rosto na direção de sua voz. — Eu não planejava que isso que eu e você tivemos durasse por muito mais tempo. Essa intercorrência só… apressou as coisas.

Edward não estava olhando para mim e sim para a porta que tinha em sua frente. Em sua mão, ele carregava sua jaqueta de couro que mais cedo ele deixara em minha cozinha e as chaves de seu carro.

Eu ainda fui boba o bastante para tentar o chamar.

— Edward…

— Adeus, Isabella.

Eu nunca chorei tanto quanto naquela noite, encolhida em posição fetal no sofá que parecia me abrigar sem reclamar. Ah, se ele tivesse boca com certeza estaria se lamuriando por minhas lágrimas estarem molhando-o. Ele gritaria comigo assim como Edward o fez e falaria coisas piores do que eu escutei hoje. Ele também não entenderia se eu dissesse que sinto muito e ficaria com raiva por causa dessa declaração.

Foi horrível passar a noite toda esperando escutar um mínimo barulho de carro, mais precisamente do carro de Edward. Ele me daria oportunidade de me desculpar e depois ele se desculparia pelas coisas horríveis que ele me falou hoje. Edward falaria que só estava com raiva demais, por isso ele havia falado que não me amava. Mas ele amava e precisava de mim, até demais.

Céus, até hoje de tarde eu tinha a plena certeza de que o amor cujo ele dizia sentir por mim era forte e verdadeiro, mas só foi ele dizer que tudo não se passou de uma atração louca que minha mente já absorvera e aceitara a ideia. Sem nem mesmo revogar ou fazer os questionamentos de praxe. Ela simplesmente aceitou porque a ideia de alguém me amar era absurda demais para ser verdade.

Apesar de todas as coisas que eu passei, nada nunca havia doído tanto quanto isso estava doendo. E eu não estava exagerando, juro que não estava, era apenas a dura e legítima verdade. Eu nunca havia sido tão realista quanto estava sendo agora.

Eu poderia pensar e me torturar sobre todos os momentos que eu passei com ele ou qualquer coisa desse tipo, no entanto meus soluços estavam altos demais e eu estava tentando me concentrar neles para me acalmar e afastar as malditas memórias. Eu não queria me lembrar dele, não agora quando eu podia morrer de tanto chorar e ninguém nunca viria me procurar.

Porque, vamos ser sinceros, quem era a pessoa agora que ansiava a minha presença? Eu havia ferrado com a vida de todas as possíveis opções. Eu entendia, não as culpava por esse tipo de sentimento, eu teria a mesma reação ou talvez — devido ao meu gênio forte — um pouco pior.

Pensei em até fazer a burrice de ligar para Alice, mas aí eu me lembrei de que Edward provavelmente, por causa de sua raiva aparente, já havia a contado da quão vadia eu fui no passado. Será que ninguém conseguia entender os meus motivos? Por mais fúteis que eles sejam? Foi somente naquele momento que eu senti falta de amigos, um daqueles que te apoiavam. Um daqueles que não estivessem interligados com o seu passado sombrio.

A ideia de suicídio até passou por minha mente — e, mais uma vez, eu sentia a necessidade de declarar que eu não estava sendo exagerada nem mesmo covarde — e logo foi embora. Eu não era corajosa o bastante para fazer isso. Eu digo isso porque eu já tentei… cortar meu pulso, amarrar uma corda no teto, me afogar, tomar veneno… todas essas coisas. E nunca consegui. Eu tinha medo do que viria a seguir.

Minha vó sempre me disse que quem se suicidava não ia para o céu e eu, criança, criara a ideia em minha mente que eu não queria ir para o inferno. Agora, no entanto, eu não tinha mais certeza se eu iria mesmo para o céu depois de todas as merdas que eu fiz… imaginar pessoas iguais a mim no céu reforçava a ideia. Imagina que lugar seria se houvesse semelhantes a mim lá?

Estava amanhecendo quando eu finalmente estiquei minhas pernas para me virar para o outro lado, dando de cara com o estofado do escuro do sofá. Encolhi-me de novo e suspirei, passando uma mão pela bochecha que estava livre, sentindo as lágrimas enxutas sendo substituídas por novas. Era só eu me dar conta de que eu havia parado de chorar para que voltasse tudo de novo.

Eu já estava cansada disso. Meus canais lacrimais pareciam não sentir a mesma coisa já que estavam ativos sem se cansar. Ele só se parou quando minhas pálpebras pesaram de sono e no sofá mesmo, eu dormi encolhida e com as bochechas ainda molhadas de lágrimas recentes — uma coisa que eu teria me acostumar com o passar do tempo porque estava claro que eu não iria superar isso com rapidez.

Edward foi — ainda é e sempre seria — o primeiro homem que eu havia amado de verdade sem pensar duas vezes, o primeiro a me levar para a cama e a pessoa pela qual eu me deixei ser fraca com mais facilidade. A fraqueza me parecia boa quando se tratava dele — foi um dos vários e apaixonados pensamentos que eu tive quando o olhava sorrir daquele modo torto que era inteiramente meu — ou talvez não tanto.

O meu sono foi conturbado, eu sempre me acordava uns dez minutos depois com a respiração entrecortada e o rosto mais uma vez encharcado de lágrimas. O resultado disso tudo forma olheiras escuras debaixo de meus olhos quando eu ousei olhar-me no espelho do banheiro. Além das olheiras horríveis, os meus olhos também estavam inchados e vermelhos — uma prova ótima de que eu passara toda a noite e quase metade do dia me acabando de chorar.

Não importava mesmo, eu não planejava sair de casa, então ninguém teria a infelicidade de me olhar e se assustar com quão macabra eu estava.

Depois que eu tomei banho, deitei-me na cama de cabelo molhado sem me importar se meu travesseiro acordasse molhado amanhã. E então joguei o travesseiro que tinha ao lado do meu — o que Edward costumava se deitar — no chão em um ataque de fúria que só serviu para acelerar minha pulsação. Eu era patética, todos sabiam disso, mas foi uma confirmação para mim mesma quando, arrependida, peguei novamente o — antigo — travesseiro de Edward e o agarrei, enterrando meu nariz nele.

Não dormi, apenas fiquei encarando a parede e perdida em falsos pensamentos dos quais eu não me lembrei no dia seguinte. Tudo que eu sabia era que eu sentia uma maldita falta dele e queria muito parar de realizar aquilo. Não era saudável.

Demorou uma semana completa para que eu percebesse que Edward não iria aparecer milagrosamente na minha porta ou qualquer outra coisa que eu fantasiava em minha mente iludida demais. Foi a partir daquele momento que eu me desiludi em todos os sentidos. Sobre tudo.

Se fosse possível, eu me tornei um pouco mais dura sobre o que a vida era.

Eu finalmente reaprendera aquilo. Só não tinha certeza se isso continuaria fixado dentro de mim se eu esbarrasse com Edward por aqui.

Levantei-me cedo naquele dia, decidida a sair do clausulo que minha casa se formara para mim e respirar um pouco de ar fresco. Quem sabe não funcionasse um pouco para a dor de cabeça que estava me atingindo toda noite?

Vesti uma calça e uma camisa enquanto o notebook iniciava. Depois de pronta, sentei-me na cama com ele no colo e fui para o meu e-mail, procurando o e-mail que a Universidade de Cambridge tinha me enviado. Não demorou muito para isso e um sorriso torto nasceu em meu rosto quando eu passei meus olhos pelas informações que ele me dava. Eu felizmente ainda estava em dia.

Eu não iria esperar por Edward, não iria esperar sua boa vontade que poderia nunca acontecer, eu iria para Cambridge e construir a minha própria vida sem depender de ninguém. Eu voltava novamente para o aspecto perfeito de vida que eu tinha mentalizado desde o começo do ano e se perdera por algumas semanas… mas estava de volta e eu nunca mais deixaria ir.

Estava quase sorridente quando desci as escadas e peguei uma maçã para ir mordiscando no breve caminho que eu teria até o aeroporto. Meu sorriso hesitou quando eu escutei a campainha tocando enquanto eu fechava as janelas para que não enchessem de poeira as estantes e os sofás.

Esperei que fosse minha mãe — eu realmente queria falar com ela —, mas aí eu dei de cara com o homem alto e loiro a minha frente com uma expressão no rosto bem diferente da qual eu lembrava recentemente. Estava de novo paciente e passiva como costumava ser no passado.

— Podemos conversar, Bella? — Carlisle perguntou, passando os dedos pelo cabelo como seu filho costumava fazer quando nervoso.


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Notas finais do capítulo

Bom, agora que eu estou de férias e que eu estou quase terminando Enjoy the Silence, eu pensei em postar duas vezes na semana. Mas vocês tem que colaborar também. Se não, só posto de sete em sete dias ou em quinze. Ou não posto mais. É isso aí.
Espero que tenham gostado do capítulo. Comentem e recomendem.
Até quinta-feira, talvez!

ps: A Driih R deu a ideia de um group no facebook. O que vocês acham? Espero respostas.