Enjoy the Silence escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 12
XI. Passado.


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Tudo bom com vocês? Então... tem uma coisa que está me incomodando muito e vocês já devem saber o que é. ES tem 36 leitores e somente 4 comentaram no capítulo anterior. Tipo... quatro! É muito pouco considerando o número de pessoas que estão lendo. É isso. Eu peço que comentem, eu preciso saber o que vocês acharam e tudo isso. Espero que gostem, beijos! ♥



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Eu não preciso dizer que minha bochecha atingira um tom inalcançável de vermelho quando Alice ergueu as sobrancelhas finas e escuras para mim, seu olhar especulando o que estava acontecendo. Eu queria dizê-la que ela não tinha o direito de saber aquilo ou ter alguma de minhas respostas hostis que funcionasse com ela. Não era tão simples, porém. Edward era seu irmão que não tinha nenhum tipo de contato comigo que ela conhecesse.

No breve momento de reflexão que eu tive, desejei que Tanya não existisse, que Edward tivesse algo o qual pudesse reconhecer comigo. Somente comigo. Eu não queria ser a outra que recebia a esmola de sua presença. Aquele pensamento me incomodou o bastante para que eu ficasse por alguns segundos olhando para o rosto de Alice sem realmente a ver, voando dentro de minha própria mente.

— Acontece que eu vim entregar um recardo que a mãe de Bella tem para ela. — A mentira saiu tão facilmente pelos lábios de Edward que se eu tivesse um pouco mais distraída, acharia que era mesmo verdade. — Você deve saber que a Sra. Swan não pode sair sem o marido, não é, Alice? Então assim que eu fui dispensado, vim aqui para falar com a Bella, ela me convidou para tomar um café e aqui estamos nós.

— Pensei que tivesse largado ontem… — A voz de Alice era desapontada, sem razão agora que viu suas desconfianças eram falsas.

— Charlie me pediu para ficar, Alice. — Ele murmurou pacientemente, saindo do meu lado para deixar que a baixinha entrasse na sala.

Eu ainda continuava corada demais para pensar em falar alguma coisa, por isso somente murmurei que precisava ir a algum lugar — sim, fora desse jeito mesmo que eu falara — e que eles me esperassem que eu já voltava. Terminei indo para frente do espelho, analisando as minhas bochechas e choramingando baixinho porque eu sabia que aquilo não iria sumir tão rápido quanto eu queria, iria continuar por mais alguns minutos.

De lá de cima eu podia escutar a conversa de Alice e Edward, não que eles falassem alto. Na verdade, eu que tinha me encolhido ao lado da escada para que eu pudesse escutar sem que eles me percebessem. Foi um bom plano, afinal de tudo, mas eles não falaram nada que eu queria ouvir. Ouvir para me torturar já que tudo que eu queria era saber sobre Tanya e Edward, o que tinha acontecido… eu queria certezas.

Coisas que eu nunca tinha com Edward.

Eu era… era a amante. Será que todo mundo conseguia perceber o quanto esdrúxula essa palavra era estando aplicada a minha situação? Talvez fosse só eu e minha mente paranoica, talvez fosse um senso comum a todos. Só sei que eu não gostava de ser a amante de Edward, a garota com quem ele traia a sua noiva a qual, por acaso, estivera apenas a um passo de casar com ele. Apenas mais um passo e ela seria sua esposa.

Já eu estava longe de ser a sua namorada. Ao perceber aquilo, não soube qual foi da raiva letal que preencheu minha mente e me fez apertar o punho, as bochechas voltando a corar dessa vez por ódio. Era tudo tão injusto para mim. Isso que eu tinha com Edward era tão pouco que eu chegava a me indagar silenciosamente se tínhamos mesmo algo. Algo concreto e sério, um compromisso.

Claro que não, sua idiota! — Vociferei para mim mesma. Será que não consegue nem notar o significado de amante? Amante, amante, você é a pessoa para quem ele corre quando ele está desapontado com a mulher que tem um anel que ele a deu no dedo. Ela quem tem. Não você. Você só é a distração que ele usa. Em breve ele vai arranjar um problema e acabar tudo que tem com você — se é que tem algo — quando se resolver com a sua noiva.

Respirei fundo e com muito esforço vindo de minha parte, empurrei esses pensamentos de tortura para o canto de minha mente. Eu não queria pensar naquilo, não queria perceber nem muito menos falar sobre. Não queria nunca conversar com ele, poderíamos deixar o assunto de lado… eu o faria sem hesitar duas vezes, aceitaria tudo que ele estivesse me propondo já que Edward parecia ter pavor àquele assunto.

Depois de termos tomado café… não, só ele e Alice tomaram café, eu fingi que tinha comido algo antes e mesmo recebendo um discreto e repreensor olhar de Edward, fui em frente. Minha mente estava afetando o meu estômago e eu tinha certeza que não conseguiria engolir nada estando daquele jeito.

E então Edward teve de ir embora para que sua irmã inconveniente da qual eu estava quase me abusando não desconfiasse de nada. Eu queria tê-lo beijado antes que ele fosse, queria ter certeza que em seu beijo existia carinho o suficiente para que minha mente se convencesse que ele não estava me usando de estepe. Só um beijo, e eu teria a certeza que eu ansiava, nem mesmo o olhar que ele me mandou me provou nada, apesar de ser carinhoso, piedoso e que eu sabia muito bem prometer sua volta mais tarde.

Seu olhar discreto não impediu Alice de fazer nenhuma pergunta a mim, porém.

— Você e o Edward… — Ela começou a falar com a voz hesitante, o rosto baixo. — Hum… você e o Edward estão… vocês estão transando?

— O quê? Claro que não, Alice! — Minhas bochechas as quais antes estavam pálidas, ganharam cor com a pergunta nada discreta da irmã do cara que eu era amante. Que pensamento lindo! — Nós nem… nem nos conhecemos direito. Ele só estava cumprindo um pedido de Renée.

— Se vocês não se conhecessem, não teria o chamado para tomar café, Bella. Tente mentir um pouco melhor da próxima vez que for abrir sua boca. — Ela parecia um pouco mais rude agora e eu tentei, tentei com todas as minhas forças não deixar meu gênio forte e mandá-la de volta para seu apartamento.

Normalmente eu não era tão paciente quanto estava sendo com ela. Mas estava tudo bem… ela era Alice e tinha seus dias de inconveniência.  

— Talvez você devesse acreditar só um pouco mais em Edward e em mim. Não há motivos para que mentíssemos para você. — Tentei não demonstrar a aspereza em minha voz que queria escapulir por entre meus lábios. — Aliás de conta, ele tem uma noiva, não é? Tanya o nome dela se eu bem me lembro.

— Eles estão passando por maus momentos…

— Isso não quer dizer nada. — Resmunguei. — E além do mais… essa sua desconfiança está soando ofensiva para mim.

E então ela começou a me informar de tudo que estava desconfiando esses dias, que talvez Edward estivesse com outro alguém enquanto continuava com Tanya. Ela me disse que achava uma falta de vergonha na cara ficar com alguém comprometido e observou durante todo o tempo que falava a minha expressão. Não demonstrei ultraje como eu queria porque eu sabia que ela estava certa.

Estar com Edward era uma falta de vergonha na cara, eu também achava, mas Edward era tão… impossível e eu não queria desgrudar dele. Ele me enfraquecia quando o quesito era dispensá-lo ao dizer-lhe que não queria mais fazer parte daquilo, que eu não era qualificada para ser amante de ninguém. Eu não era tão esdrúxula a esse ponto. Mas eu era, por ele eu seria tudo. Com ele.

Alice até me disse que Edward estava feliz demais para estar passando tanta coisa com Tanya, ela me disse que ele costumava ser estressado e simplesmente parou. Do nada. Não que ela não estivesse gostando, Alice logo tentava se explicar, era só que era estranho seu bom-humor tão de repente. E mesmo com as brigas com Tanya, ele continuava de bom-humor depois e por vários dias a mas… seu bom-humor, segundo ela, parecia não ter fim.

Tudo isso graças à garota com quem ele estava traindo Tanya. Ela era grata ao mesmo tempo em que odiava isso. Amparar alguém em uma traição era um ato mais miserável que alguém pudesse fazer, isso é se a garota com quem ele estava se relacionando soubesse sobre seu noivado. Edward parara de usar aliança no mesmo dia em que encontrou a de sua noiva em cima da sua estante.

E eu ainda não sabia como me sentia sobre tudo aquilo.

— Mas eu o entendo. — Ela disse. — Nossa mãe morreu cedo, só tínhamos o papai… meu irmão… ele é carente de carinho, consegue entender, Bella? Não quero que o julgue, só estou te falando isso porque preciso falar com alguém. Desabafar um pouco… o Edward foi forçado a crescer a partir dos doze anos… foi uma vida difícil com o papai. Ele era médico, passava pouco tempo em casa… então Edward tinha que cuidar de mim que só tinha sete anos.

Eu assenti somente para mostrar que estava prestando a atenção na história quando na verdade não conseguia falar por não encontrar nenhuma palavra que fosse demonstrar o quando eu sentia muito por eles.

— Eu sentia falta da mamãe, Bella e eu sabia que o Edward se sentia da mesma forma, sabe? Papai era tão bom… mas ele precisava nos manter e para isso tinha de trabalhar e às vezes passar a noite fora… Todas as noites o Edward orava para que o papai arranjasse um emprego melhor para que ele pudesse passar algumas noites conosco. Só algumas, ele reforçava. — Ela fungou e abaixou o rosto e prensou os lábios.

Esperei em silêncio que ela continuasse. Eu não tinha nada a comentar, meus sentimentos não significavam nada agora que já havia se passado tanto tempo que isso ocorrera. Então esperei que ela conseguisse controlar suas lágrimas a ponto de conseguir falar sem sua voz tremer, Alice era forte e conseguiu fazer isso em apenas segundos.

— Tanya era carinhosa com o Edward e ele gostava disso, consegue entender? Não era o carinho de uma mãe especificamente, mas pelo menos era carinho. Ela era um doce, eu me lembro, no começo do namoro e ficou mais ainda quando eles noivaram. Nos primeiros meses, pelo menos. E depois foi mudando tão rápido… que até eu cheguei a perceber. Ela é uma boa pessoa, eu sei … mas Edward estava ficando tão estressado que ele já chegou a quebrar alguns dos vasos que eu tinha dado de presente para eles em uma das brigas… E agora isso, ele se acalmou de vez e eu aposto que tem uma mulher envolvida.

— Talvez esteja paranoica demais. — Murmurei tentando parecer casual.

Ela discordou e expôs todos os pontos que já havia dito antes com toda a paciência do mundo até que me fez concordar com ela. Eu até pedi que ela ficasse de tarde comigo, mas após almoçar lasanha de micro-ondas, disse que tinha que ir embora, tinha um encontro e precisava estar belíssima para essa noite. Até me ofereci, embora não tivesse nenhum pingo de vontade de ir, para ajudar-lhe, no entanto Alice me conhecia bem demais e sabia que eu estava me oferecendo só por educação.

Eu não queria pensar em nada do que ela havia me dito naquele dia, por isso desenfaixei minha mão e olhei para a cicatriz discreta que tinha no lado externo. Não estava completamente cicatrizada, mas eu queria nadar e fui mesmo assim, sem me preocupar se pioraria a situação. Só era mais alguns dias e estaria bom o suficiente para receber tanta quantidade de cloro. Eu não queria esperar nem mais um segundo, eu havia recebido informação demais para um dia só.

Aquele foi o primeiro dia em toda a minha vida que nadar não resolveu o problema, imagens de Edward pequeno com Alice preencheram minha mente entre uma braçada e outra. Eu poderia imaginar bem o que eles passaram e o quanto Edward precisava de carinho e esse mesmo foi dado temporariamente por Tanya. Até que ela se cansou disso, ou pelo menos era a minha teoria. Só sabia que se Edward precisasse de afeto, eu em nenhum momento hesitaria ao lhe oferecer.

Como eu havia dito antes… por ele e com ele eu seria tudo o quanto ele desejasse. Affair, amante — no bom sentido —, amiga… tudo que ele quisesse de mim.

Eu estava enxugando meu cabelo excessivamente molhado quando a minha campainha tocou duas vezes seguidas e depois de uma pausa deu mais um toque e eu já sabia que era ele. Tinha alguns dias que inventamos esse código já que eu não costumava atender a porta quando a campainha tocava. Normalmente só eram crianças que em seguida correriam rindo e eu ficaria com vontade de esquartejar todas.

— Edward! — Eu já abri a porta com um enorme sorriso e seus braços logo foram me assaltando em um abraço apertado, seu rosto enterrado em meu ombro. — Senti sua falta, sabia?

Ele soltou um som de confirmação que vinha do fundo da garganta, daquele jeito preguiçoso que ele sempre fazia. Até aquele momento eu não tinha percebido mesmo o quanto eu estava sentindo sua falta, então apertei meus braços e beijei a parte de sua nuca onde meus lábios alcançavam.

— Alice te atanazou por muito mais tempo? — Ele perguntou e com um movimento rápido, chutei com a ponta dos dedos a porta que continuava aberta.

— Você não imagina o quanto. — Sussurrei acariciando sua nuca com as minhas unhas médias.

Ele beijou o meu ombro parcialmente descoberto e pegou meu rosto entre as mãos, colando seus lábios úmidos e mornos com os meus que ansiavam por aquele contato tanto quanto uma pessoa desidratada pelo calor do deserto ansiava por água. Apesar da minha ansiedade, foi um beijo calmo e doce que expunha todos os sentimentos que eu sentia por Edward e que ele sentia por mim.

Tudo que eu tinha medo era que aqueles sentimentos não fossem o suficiente quando talvez Tanya parasse de ser rabugenta e quisesse voltar a ser carinhosa com ele. Eu não queria ser alguém provisório, eu queria ser definitiva na vida dele assim como Edward era na minha, eu não iria trocá-lo por ninguém — por quem seria se ninguém a não ser ele tinha permissão de me beijar e tocar?

— Ei — Ele me chamou, levantando meu queixo com leveza quando meu olhar se perdeu em pensamentos. —, você está muito pensativa hoje, não é?

— É… — Hesitei por um momento, procurando tudo menos os olhos especulativos de Edward. — Alice me falou umas coisas e estive pensando nelas durante todo esse tempo que ela foi embora. — Olhei somente de relance para cima, baixando meu rosto porque o olhar não fazia bem para as minhas bochechas.

— O que ela te falou? — A voz dele demonstrava todo o temor que ele tinha dentro de si e me fez perguntar a mim mesma se tinha mais coisas do que ela tinha falado.

— Vamos comer jantar primeiro, por favor? Estou morrendo de fome. — Resmunguei e como que para concordar com o que eu disse, a minha barriga roncou.

Edward assentiu e em vez de ser ele a me puxar pela mão para cozinha, eu o fiz. Ele parecia estar com receio de que Alice tivesse falado algo demais, e de fato ele falou muita coisa que talvez fosse considerada “demais” para ele. E, no entanto, o fato que eu me preocupava era ele achar que eu sabia muita coisa sobre ele, demonstrando sua completa falta de vontade de me informar sobre sua vida.

Tá bom, Isabella. Você está merecendo uma tapa na cara por estar sendo tão dramática com ele. Edward vai te contar quando quiser e não é por isso que ele não quer que você saiba sobre a vida dele! — Minha mente altamente crítica disse… ou melhor, ela gritou para mim, o tom enojado. E eu percebi que talvez ela estivesse mesmo com a razão já que havia — várias — coisas que Edward não sabia sobre mim.

E eu não me sentia a vontade para lhe contar.

— Bella, eu… — Ele hesitou por um momento, os olhos baixos. — Eu menti para você.

Quando ele me olhou pude ver toda a vergonha que ele sentia refletida em sua expressão torturada que fez meu estômago vazio se embrulhar, revoltado. Minha mente vagava em todas as direções, menos a objetiva. Eu estava pensando que naquele momento ele confessaria tudo que mentira para mim sobre Tanya, perguntei-me se ele acabaria todo o affair que tinha comigo e prensei meus lábios contra minha vontade.

Antes fosse alguma coisa com Tanya.

— Quando você me perguntou se eu era filho de Carlisle Cullen, eu menti dizendo que não era. — Ele olhou para o outro lado enquanto sua respiração tremia junto com a minha.

Minha mente era um bolo de confusão da qual eu nunca queria sair.

— Eu sou, eu sou filho dele. 


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Notas finais do capítulo

Não era novidade para vocês, mas pra Bella era! KKKKKKKKKKKK coitadinha! Como será que ela vai reagir? O mundo é realmente muito pequeno! Comentem, por favor! ♥