Redenção escrita por thedreamer


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, e espero que gostem, hehe



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Capítulo Oito

 - Controle-se, Acaiah. O voo deve estar atrasado. – Olho para o relógio pela milésima vez, ignorando a voz de meu pai. Era para a princesa estar em terras brasileiras há 10 minutos. – Veja!

 Ergui os olhos e a vi. Eu não estava errado, ela era da mesma altura de Maria. Para meu desgosto, sua longa trança era loira. Usava um vestido na altura dos joelhos em um tom bem suave de rosa, o rosto, como já esperado, estava tapado por um véu com rendas grossas. Que historinha mais boba! Pensei comigo mesmo. Sua mãe a segurava pelo braço, vestida elegantemente, e estavam cercadas por seguranças.

 - Boa tarde, Vossa Realeza. – Disse a Sra. Castelli. Respondi no mesmo tom, sem tirar meus olhos de sua filha. Não estava certo se ela retribuía o olhar, mas sua cabeça estava virada em minha direção.

 - Vossa Realeza permitiria que eu levasse sua filha para um passeio pela Capital? – Ela crispou os lábios e semicerrou os olhos. Permaneci olhando em seus olhos, tentando transmitir confiança.

 - Tudo bem. Porém com a segurança! – Ela disse ríspida. E acenei positivamente. Estiquei meu braço para que Marie passe o seu por ele, e assim que o fez comecei a andar em direção ao carro.

 Ela permaneceu calada durante todo o percurso, então ousei me aproximar de seu ouvido.

 - Eu não mordo, Vossa Alteza. – Disse em um sussurro. Ela arquejou e poderia jurar que enrubesceu neste instante. Ela permaneceu calada, o que me irritou um pouco.

 A ajudei a entrar no carro, e em seguida me sentei ao seu lado. Ao longo do caminho expliquei sobre os monumentos, como a Esplanada, que outrora guardava senadores, governadores e todo o tipo de políticos, mas atualmente tornara-se o controle por subdivisões da Capital, a Catedral, que permanecera intacta devido à religiosidade de meus pais, o Congresso Nacional, que se tornara o centro de todo o controle e poderio. Passamos pela praça dos três poderes, que agora habitava uma grande estátua da família real. Minha família.

 Passamos pela ponte, antigamente chamada de JK, porém agora recebera o nome de Castilho. E estava cansado, por falar tanto e não receber simplesmente nada em resposta. A garota é muda, por acaso?

 - Tudo bem. Não falo mais. – Digo e ela ergue a cabeça, mas permanece calada. Droga!

 Ao chegarmos ao Palácio, ajudo-a a descer do carro e guio-a até estarmos na sala de estar, diante de seus pais. Deixo-a ali e peço licença, alegando que vou me trocar para o chá da tarde. Chego a subir uns sete degraus, mas mudo de ideia e sorrateiramente entro no sótão.

 Como sempre está completamente silencioso e se eu não soubesse, não imaginaria que há alguém ali dentro. Tento abrir a porta, mas ela nem se movimenta, forço mais um pouco e ela vai se abrindo vagarosamente, mas há uma pressão.

 - Maria? Sou eu. – A pressão sob a porta desaparece quase me levando ao chão. – Mas o que é isso? – Pergunto irritado.

 - Eu tinha de verificar quem era. – Ela dá de ombros.

 - Ah, perfeita sua tática! – Ironizo, mas ela nem me dá bola.

 - O que você quer, Acaiah? – Ela diz friamente sentando-se em seu colchão.

 - Vim apenas lhe contar que a princesa Marie já cegou, e está lá em cima. – Ela fica pálida de repente e vejo o nervosismo em seus olhos.

 - E... – Ela finge não se importar com a notícia.

 - Bom, ela precisa confiar em mim primeiro, assim como a mãe dela. Afinal não dá para despistar quatro seguranças de uma vez só.

 - Claro.

 - Agora você sabe. – Viro-me e saio do quartinho. Ela não pronuncia palavra alguma.

 Encontro as mulheres da casa sorrindo e tomando chá. A rainha me olha dos pés a cabeça e comenta com minha mãe:

 - O clima daqui é muito diferente e esquisito. Quando chegamos estavas um calor infernal, e agora estás chovendo, ora essa. – Mamãe sorri gentilmente.

 - Realmente. Creio que estranharás nos primeiros dias, mas logo te acostumas. Sente-se conosco, Acaiah.

 - Marie disse que tu foste bastante gentil durante todo o passeio, e estás feliz por ter conhecido Brasília assim que pousou em solos brasileiros. – Aceno positivamente, perguntando-me por que ela não me respondeu.

 - Foi uma honra, estarei sempre ao dispor de ambas, Realeza. – Digo servindo-me.

 - Há coisa mais encantadora que educação? Não em minha singela opinião, e você é um moço muito educado. Aprecio formalidades, mas podes chamar-me de Amália.

 - Meus agradecimentos, dona Amália. – Ela sorri, pela primeira vez.

 - Eu gostaria de pedir licença, e que alguém me indicasse o caminho de meu quarto, pois Marie e eu temos de nos preparar para o jantar.

 - Com toda a certeza, queridas. Eu mesma as levarei até seus devidos aposentos. – Mamãe sempre hospitaleira se levanta e as guia enquanto eu sigo outro rumo.

 Levo alguns minutos até chegar à central de segurança do palácio.

 - Onde está Gaspar? – Pergunto após os cumprimentos iniciais.

 - Boa tarde Vossa Alteza. Ele se retirou para buscas aos Imundos ao norte. – Responde um dos seguranças. Faço continência e parto para a garagem.

 Desta vez levo mais tempo, pois fica distante da central. Assim que entro todos me cumprimentam formalmente e peço que me levem até o local onde se encontra Gaspar. Entro no jato, afivelo meu sinto, coloco o capacete e partimos.

 Uma das melhores invenções de todos os tempos certamente foi o jato. Em menos de vinte minutos estamos pousando no norte. Desço rapidamente e ligo meu comunicador. Passo a mão, e a holografia aparece mostrando detalhadamente o local e o ponto vermelho, Gaspar.

 Sigo até o local onde ele se encontra e chego a tempo de vê-lo cortando os quatro dedos de um homem de pouco mais de quarenta anos.

 - Mas o que é isso? – Pergunto em meio aos gritos do homem. Gaspar limpa o suor da testa, se sujando de sangue e logo faz continência.

 - Vossa Alteza, peço licença para questionar por que o senhor está aqui.

 - Eu vim lhe ajudar. – Ele esboça um enorme e nauseante sorriso.

 - Já estava sentindo falta de vossa companhia, Alteza.

 - Vamos lá, sabe que não precisa me chamar assim. – Ele soca o homem de repente e bate o cabo da faca em sua cabeça, fazendo com que caia desmaiado no chão.

 - Que comece a festa, Acaiah. –Rolo os olhos e caminho mais a frente à procura de mais pessoas.

 Seguimos uma trilha lamacenta e depois de alguns passos posso ver claramente em um ponto um pouco distante a lama bem lisa. Alguém levou um belo escorregão. Aceno para Gaspar e ele instantaneamente fica mudo. Aproximo-me vagarosamente de uma árvore praticamente sem vida, com a folhagem completamente queimada, conto silenciosamente até três e avanço.

 Ele rapidamente dá um pulo para trás, mas acerto seu rosto com o punho e choco sua cabeça contra a árvore. Ele fica meio desnorteado, e posso ouvir os risinhos de Gaspar. O seguro contra a árvore pelo pescoço e preparo minha faca de dois gumes, aproximo-a e quando estou prestes a matá-lo ele fala sufocado:

 - Você matou Maria. Desgraçado. - Afrouxo o aperto sendo surpreendido.

 - O que? – Sussurro. – Gaspar, ainda não entendi o porquê de estar observando o meu trabalho ao invés de estar fazendo o seu. – ele ergue as mãos como se dissesse “me rendo” e desaparece ainda sorrindo. – Repita Imundo. – Digo apertando seu pescoço.

 - Você não passa de um covarde. Como pôde matá-la? Como... Maria era apenas uma menina indefesa. – Pisco ainda meio desorientado.

 - A única Maria que conheço não tem nada de indefesa. De onde você a conhece? Ela é do leste e você...

 - Também sou. Mas isso não é da sua conta. – ele me dá um soco que me faz ver estrelas, ergo o braço pronto para esfaqueá-lo, mas recebo outro soco.

 Consigo acertá-lo no braço, mas não a ponto de perfurá-lo, apenas arranhar e ele então chuta minha barriga. Caio de joelhos tentando respirar, meu diafragma completamente esmagado. Tento gritar para que Gaspar o alcance, mas já é tarde, minha voz não sai e ele corre mais rápido que qualquer um que eu tenha visto.

 Recosto minha cabeça na árvore e sinto algo escorrer em minha face, e um terrível gosto metálico.

 - Droga! – Meu nariz está sangrando por conta dos socos. Passo a mão para limpar, enquanto me levanto. Recupero a respiração e decido não esperar, muito menos ir atrás de Gaspar. Coloco a faca no cinto e corro na direção em que o delinquente partiu.

 Corro o mais rápido possível por uns dez minutos, devo ter me distanciado mais de cento e cinquenta metros, mas não consegui ver nem a sombra dele. Por fim resolvi voltar para o jato. Amanhã eu voltaria para encontrar esse babaca.

 Ao chegar sigo diretamente para o meu quarto e tomo uma longa chuveirada. Visto a farda, calço meus sapatos, penteio o cabelo e silenciosamente desço as escadas e sigo para o sótão. Passo pelas escadas com extrema velocidade e abro a porta com força e quase desisto do que vim fazer quando a vejo dormindo. É uma imagem tão tranquilizante e amável, se assemelha com um anjo. Ah, Maria...

 - Vamos, acorde, preciso falar com você! – Digo rudemente sacudindo-a. Ela se levanta com um solavanco, os olhos arregalados.

 - O que aconteceu? – Pergunta assustada.

 - Você não me contou que tinha um amiguinho Inválido. – Ela franze o cenho, mas somente por alguns segundos.

 - O que você fez com ele? – Ela quase grita, colocando-se de pé olhando em meus olhos.

 - Por que não me contou? – Digo entre dentes.

 - Não é da sua conta! – Ela acena como se eu fosse retardado.

 - Ah não? – Pergunto pegando-a pelo braço. – Pois saiba que hoje eu me encontrei com ele. – Sua boca fica branca.

 - Acaiah, você não...

 - Cale a boca e me escute, Maria. – Ela crispa os lábios e com bastante força retira minha mão de seu braço.

 - Escute você. – Ela se aproxima tanto que consigo sentir seu hálito de chá de menta. – Se você tiver encostado um dedo nele...

 - Não fará diferença. Por favor, você já olhou ao seu redor? Você está presa, Maria. Sob as minhas ordens! Um estalar de dedos meu, e você está mortinha, assim como seu amigo. – Seus olhos se enchem de terror e sua boca se abre em um “o”.

 - Não! – Ela grita sufocada – Não você não pode. Não, ele não... – Penso que ela começará a chorar, mas ela apenas em envia um olhar cheio de ódio. – Você não tem alma. – Ela diz simplesmente e se senta em seu colchão novamente, abraçando as próprias pernas.

 Saio dali antes de cometer mais alguma burrada. Em minha cabeça há apenas um pensamento girando: Qual a relação que aquele Inválido tinha com ela? Sentia algo ruim só de lembrar a dor nos olhos dela ao insinuar que o tinha machucado. Ela sequer reparou em meu olho roxo. Suspiro. Não tenho que ficar dando bola para os sentimentos de Maria. Apenas me concentrar no plano.

 Conquistar Marie.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Mereço reviews? Espero que sim, até mais.



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