Redenção escrita por thedreamer


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Esperava mais reviews, pessoas, mas tudo bem, fico feliz por saber que estão lendo e gostando. Obrigada, de verdade. Esse é o meu capítulo favorito até agora, espero que gostem E COMENTEM!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/326755/chapter/10

Capítulo Dez

 Marie estava com um vestido deslumbrante. Era de uma cor suave, quase creme e contrastava perfeitamente com a cor de sua pele, um dourado quase igual ao de Maria. Balanço a cabeça para afastar os pensamentos sobre ela da minha cabeça. Quando Marie chega a mesa com sua mãe, ergo-me e a cumprimento, com um beijo em as mão. Posso sentir seu leve desconforto com o gesto, e faço o mesmo com sua mãe, que apenas sorri. Volto ao meu lugar e concentro meu olhar em Marie.

 Mamãe fez um breve discurso dizendo o quanto estava feliz por receber a família Castelli em nosso país e casa, e se sente “extremamente honrada”. Depois de todo o falatório puxa saco, ela pediu que servissem o jantar.

 Assim que o jantar foi servido, resolvi atacar.

 - Planejo ir ao pontão amanhã. – Digo prendendo meu olhar – É um lugar belíssimo, com uma incrível vista para o lago, um dos mais belos pontos preservados por nossa família. – Amália ergueu suas sobrancelhas. – Adoraria levá-las para conhecer o local.

 - Adorei o convite, Acaiah querido. – Ela disse sorrindo, e pareceu sincera. – Marie também irá adorar, não é mesmo? – Ela olha para a filha que apenas acena. Qual o problema com a língua dela?

 - Bom, eu gostaria de falar algo. – Disse mamãe usando o guardanapo delicadamente, com as costas completamente eretas. Todos a olhamos, á espera. Ela pigarreia e prossegue. – Amália querida, você sabe muito bem, assim como eu, que há um interesse de casório entre nossos filhos. – Ah, mamãe e sua sutileza! Olho para Marie e vejo claramente sua respiração descompassada.

 - Oh. – Disse Amália um pouco surpresa. – Você está certa, todos estão sabendo disso. Quais os seus planos? – Mamãe sorri presunçosa.

 - Quero dar uma festa. – Quase engasguei com meu chá com esta notícia. Ela deu um pequeno gole e prosseguiu. – Não planejo algo estrondoso. Apenas as melhores famílias do país, um coquetel. Algo simples, porém elegante, o que é essencial para anunciar o casamento de Marie e Acaiah.

 - Esplêndida ideia! – Comemorou Amália. Mas eu bem sabia que de simples, essa festa não teria nada. Simplicidade não era suficiente para o ego de mamãe. – E para quando será este coquetel? – Mamãe suspira.

 - Estive pensando em... Depois de amanhã.

 - Depois de amanhã? – Marie se pronunciou espantada e meu espanto foi maior ainda por ouvir sua voz.

 - Algum problema? – Mamãe questionou.

 - Nenhum. – Amália disse seca, repreendendo a filha.

 - Ótimo. Começarei os preparativos hoje mesmo. Usaremos o salão principal, será um belo anúncio. – Ela suspirou feliz consigo mesma.

 O restante do chá passou-se tranquilamente com conversas sem muita importância. Amália deixou bem claro que ama seu país e não o trocaria pelo Brasil, e fiquei me perguntando se ela acreditava que após o casamento eu iria para Portugal. Se sim, estava redondamente enganada. Quando Marie pediu licença da mesa, enxerguei ali minha grande chance. Pedi licença e a segui, chamando-a antes que alcançasse a escada.

 - Marie, ei, espere um segundo. – Ela parou e depois de um longo minuto se virou. – Será que poderíamos conversar? – Digo demonstrando sinceridade. Ela permanece em silêncio, mas digo a mim mesmo desta vez a vencerei. – Por favor, acho que deveríamos ter ao menos uma conversa antes dessa louc... Antes do noivado. – Corrijo rapidamente. Mas isso parece aumentar seu interesse.

 - Tudo bem. Há algum lugar mais privado? – Ela pergunta olhando de soslaio para os guardas parados a menos de dois metros. Sorrio.

 - Sim.

 Depois disso seguimos para a biblioteca, onde há apenas dois guardas parados na porta, mas lá dentro teríamos privacidade. Sorri para mim mesmo. Assim que entramos, ela cautelosamente caminhou até a mesa mais distante da porta e se sentou, após eu puxar a cadeira gentilmente para ela. Depois de respirar fundo por três vezes, ela começou.

 - Peço desculpas por falar desse modo, pode soar grosseiro, porém... – mais uma respiração funda – Não estou de acordo com esse casamento. – Meu queixo caiu.

 - Perdão? – Digo e ela parece se sentir desconfortável.

 - Por favor, não diga nada a minha mãe. – Balancei a cabeça em negativa.

 - Não o farei. – Ela apoia o rosto em sua mão, que repousa na mesa.

 - Essa história toda, é meio cansativa para mim. Não sei você, mas fiquei sabendo dessa história há pouco mais de semanas, e, desde quando casamentos ocorrem, sem que a noiva saiba do acontecimento, e conheça o noivo? – Ela balança a cabeça – Desculpe novamente, mas isto é ridículo.

 - Fiquei sabendo há pouco também. – Digo. Estou conseguindo. Achei seu ponto fraco. – E se é para a sua felicidade, também não é de meu agrado esse casamento. – Ela relaxou os ombros. – Mas, sinto lhe informar, não acho que tenhamos escolha. – Ela soltou um muxoxo de frustração.

 - Eu sei. Mas... – Ela pareceu pensar por um longo tempo.

 - Mas? – Disse meio impaciente.

 - Se você também não se sente bem com relação a isso, o convívio será bem mais fácil. Depois, quando estivermos controlando nossas próprias vidas, poderemos dar um jeito. – Ela soou tão prática e falante, que me perguntei se era a mesma que horas atrás não respondia um cumprimento.

 - Você está completamente certa, princesa.

 - Me chame de Marie. – Ela disse simplesmente. – Minha mãe já está encantada com você, não precisa ficar jogando charminho e fazendo propostas galanteadoras. – Ela diz.

 - Não estou fazendo charme para ela. – Sorrio e ela parece fazer o mesmo. – Me diga, por que usa esse véu?

 - Você não sabe? Realmente? Crenças ridículas de meus pais, mas o que seria de mim se as desobedecesse? – Então ela não concordava?

 - Por que não me deixa ver o seu rosto? – Ela gargalha, e fico tenso e sem graça.

 - Boa tentativa, Acaiah. – Ela se levanta e ajeita o vestido. – Preciso ir. Até mais. – Ela anda mais depressa desta vez, deixando-me sozinho na biblioteca.

 Fico parado aqui por alguns minutos, apenas digerindo tudo o que escutei. Por fim, sigo para a cozinha. Preciso reabastecer a “dispensa” de Maria. Apesar de tudo, não quero que morra de fome.

Maria.

Só de pensar em seu nome algo se movimentava dentro de mim. Por que ela tinha de ser tão teimosa e dona de si mesma? Seria tão mais simples se ela apenas fizesse tudo o que mando, sem contrariar nada, mas ela simplesmente não consegue, tem que meter o fedelho toda vez. Suspiro. Preciso cuidar dessa inquietação dentro de mim à simples menção de seu nome. Confesso que desejei várias vezes tocá-la e até mesmo dizer como me sentia em relação a ela, seja lá o que fosse. Mas sua reação hoje foi suficiente para me convencer de que jamais existirá algo entre nós.

 Nas últimas semanas, foi grande o número de aliados que consegui. Cada vez mais fácil ir até o sótão, mas cada vez mais caro. Ou isso acaba de uma vez, ou ficarei pobre para sempre.

 Lucinda é minha aliada da cozinha. Ela coloca tudo o que peço em um carrinho, com qual desfila pela casa para servir café/chá aos seguranças. Ao se aproximar da porta, ela para e eu sorrateiramente puxo as coisas para dentro. Nossa tática estava infalível. Hoje não fora diferente.

 Com os alimentos em mão, respirei fundo e desci as escadas. Bastava ser frio. Eu deixaria os alimentos, não diria uma palavra, sequer olharia em seu rosto, e voltaria para meu quarto.

 Abri a porta e a vi parada no canto mais extremo. Abaixei para colocar a caixa e fui surpreendido quando ela deu uma joelhada em minha barriga, sugando meu ar, segurou meu colarinho e me empurrou na parede.

 - O que você fez com ele? – Ela perguntou entre dentes. Eu estava tão surpreso que não consegui reagir. – Vamos, fale! – Ela queria gritar.

 - Pelo visto ele era de extrema importância para você. – Cuspi as palavras, morrendo de irritação.

 - Sim! E você vai me dizer o que fez com ele. – Ela empurrou minha cabeça, batendo-a na parede, foi então que perdi a paciência. Segurei seus braços finos e a encostei na parede com a mesma força que ela usou em mim. Prendi seus pulsos com apenas uma mão e com a outra segurei sua cabeça.

 - Quem você pensa que é? – Disse uma palavra por vez, prestes a explodir. Em vez de responder vi pequenas linhas escorrerem de seus olhos. Ela quebrou minhas barreiras. – Maria, não... – Libertei seus braços para secar uma lágrima quando ela usou sua liberdade para socar meu queixo de baixo para cima. Tão surpreso quanto na primeira vez, fui mais ágil. A puxei por seus cabelos antes que tentasse algo e a pressionei na parede. Com as mãos libertas ela socou minha barriga incessantemente. – Qual o seu problema? – Eu disse soltando-a após empurrá-la.

 - É você! – Ela vociferou e partiu para cima de mim mais uma vez. Não esperei que ela tivesse força em seu corpo, e me desequilibrei quando ela se chocou comigo. Caí deitado de costas, ela deitada em cima de mim.

Tudo parou.

De repente ela ficou quieta e prendi meus olhos nos seus. Em meio ao emaranhado de seus cabelos, pude ver claramente o mel de seus olhos, a fúria presa em sua mandíbula e percebi que ela sempre me surpreenderia. Pensei em jogá-la para o outro lado. Amarrá-la se preciso para mantê-la quieta até que sua raiva diminuísse. Mas fiquei quieto. E ela também. Permaneceu estática, paralisada sobre meu corpo.

 Com muito cuidado e delicadeza ergui uma mão e retirei algumas mechas de seu cabelo de seu rosto. Notei que eu praticamente não respirava. Não sei quanto tempo se passava desde a nossa queda, talvez segundos, mas que pareciam horas e então ela fez o que eu menos esperava. Colou seus lábios nos meus.

 No primeiro instante fiquei parado. Completamente em choque, mas obviamente reagi em milésimos de segundos. Coloquei a mão em seu pescoço, puxando-a para mais perto, e pressionei os lábios nos seus com mais força. Realmente esperei que ela me chutasse, ou mordesse meu lábio até sangrar para me machucar, mas ela correspondeu ao beijo. E então foi como se algo houvesse explodido em minha barriga. Tudo se resumia em aqui e agora. Em Maria. Em seus lábios macios e urgentes.

 E por incrível que pareça, fui eu quem recuou primeiro. Olhei em seus olhos, ainda em choque com tudo isso, mas ela não disse nada e seu rosto estava inexpressivo. Mais dois segundos e ela saiu de cima de mim e se sentou abraçando os joelhos. Isso estava se tornando mania.

 - Maria... – Comecei, mas ela me interrompeu.

 - Não fale nada. – Obedientemente permaneci calado, já estava prestes a sair do quarto quando me virei, com a mão na maçaneta e a vi parada a menos de cinco centímetros. Eu podia sentir seu hálito fresco, sua respiração descompassada, podia ver os pontos esverdeados em seus olhos. – Posso lhe pedir uma coisa? – Ela quase sussurrou.

 - Sim. – Digo sem pensar duas vezes.

 - Não a beije, Marie, – ela explica – do mesmo modo. Deixe-me sentir única, ao menos uma vez, ao menos em um sentido. – Puxo seu rosto para meu mais uma vez, sem conseguir me conter beijando-a apaixonadamente.

 - Você é única, Maria. – sussurro após me distanciar, e subo as escadas correndo, para não correr o risco de não sair dali nunca mais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mereço reviewssss??? Espero que sim, beijões.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Redenção" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.