Estou andando a passos largos pela floresta que rodeia a aldeia quando me deparo com um vulto veloz demais para identificá-lo. Paro antes que ele esbarre em mim e mostre a figura conhecida. Na verdade, meus sentidos não estão muito bons, pois não percebo a aproximação do segundo vulto, que para minha sorte, também é conhecido. Jasper e Alice Cullen estão parados de frente para mim e tenho certeza de que a vampira quer me dar um abraço. 

- O que aconteceu? - eu pergunto, sabendo que a resposta deve ser desagradável.

- Eu os vi. Finalmente entendi o que aqueles estranhos decidiram. - Alice está apreensiva e seu olhar é quase suplicante. - É só o começo. Não estão criando um exército, estão eliminando contingente nos lugares mais remotos. Eles são fortes, impiedosos e experientes. - ela abaixa a cabeça e sinto que preciso enterrar a minha no solo. Algo muito ruim vai acontecer e ela já sabe.

- O que podemos fazer? A alcateia já sabe?

- Sabe, mas eles ficarão em La Push. Relatos de pequenos incidentes como os daqui estão ocorrendo por todo o mundo. É a hora dos vampiros! Os lobos não terão chance se não nos unirmos.

- Tá, mas e daí? O que pode ser feito?

- Lutar. Só nos resta lutar quando a hora chegar e, acredite, está vindo para todos. - se vampiros tivessem lágrimas, tenho certeza de que Alice estaria chorando agora. Jasper está calado, mas seu rosto é puro pesar. 

Ouço um farfalhar e vejo meus três companheiros de missão. Jake está assustado, mas Alice parece perceber antes que ele fale e já o tranquiliza quanto à segurança de Nessie. Ela explica tudo novamente e se apresenta a Suhen. Estamos todos desolados e sem fala. Finalmente e, surpreendentemente, Jasper quebra o silêncio ao declarar que seus amigos estão se dividindo pelo mundo para ajudar no que podem.

- Mas o que o clã de vocês fará, exatamente?

- Bem, Edward, Bella, Renesme, Emmet e Rose ficarão em Forks, mas o resto de nós terá que sair pelo mundo. Ajudando onde pudermos e reunindo amigos e novos aliados. É o melhor a fazer. - Jasper segura uma das mãos de Alice, disfarçadamente, mas não sem que eu perceba o que significa. Há uma tristeza em seu olhar e, imediatamente, eu sei. Muitos de nós não conseguirão. Finjo não perceber a energia no ar e procuro esclarecer os fatos que conhecemos.

- Então, se a alcateia não vem... 

- Vocês terão ajuda. Não a nossa, infelizmente. Temos que visitar alguns lugares, alertar alguns grupos e tentar reverter o quadro futuro...

- Então... quem virá por nós? - Paul tira as palavras de minha boca. Não estamos mendigando auxílio, mas já deu para entender que a coisa está feia e vai ficar pior, por isso reconhecemos que estamos em desvantagem neste harém indígena e cheio de pestinhas. 

Sinto a mudança no ar antes de ouvir o barulho das folhas que sobem e se espalham em todas as direções. Poeira se infiltra em meus olhos enquanto Alice e Jasper parecem relaxar e sorrir. Três sombras se aproximam e tenho certeza de que são amigos. Saberemos quem lutará conosco aqui. Fico satisfeita quando uma Kate e um Garret de mãos dadas surgem em meio ao redemoinho de folhas. Eu aceno e os meninos fazem o mesmo. Sabemos do que Kate é capaz e estamos bem com sua presença. Garret também não é nada mal. Seu conhecimento em estratégia nos dará vantagens, espero. 

Mas eles não estão sozinhos. Parece que Tania também está aqui. Por que não estaria? Só pode ser ela, claro. A terceira sombra se move devagar, como quem saboreia o momento e o suspense. Há. Sangue-sugas se acham mesmo, não é? Mas... espera. A figura alta não pode ser Tania.

Estou chocada demais para reagir e sem voz para exclamar um palavrão qualquer. A figura de pele e olhos dourados, que aprecia entradas triunfantes e tem como hobby me importunar só pode ser ele. 

- POR QUE DIABOS ELE ESTÁ AQUI? - Opa, acho que gritei a única frase que consegui proferir, pois agora tenho cinco vampiros e três garotos-lobo me encarando como se eu fosse louca. E eu sei que só posso estar. Meu coração ameaça sair pela boca e o ar não parece entrar. Quando tenho coragem de olhá-lo, ele está de braços cruzados e seu rosto tem uma expressão divertida. Audaciosamente, ele anda em minha direção, enquanto todos os presentes desaparecem em minha visão periférica. De frente para mim, ele faz uma pequena reverência com a cabeça e pega minha mão esquerda, levando-a até sua boca. Ele a retém por dois segundos e levanta o olhar. Suas pupilas estão dilatadas, eu vejo.

- Como tem passado, senhorita? - eu não respondo, óbvio. - Sinto que tenhamos que nos encontrar em meio a esta situação, mas se posso dizer algo... - ele para, por um segundo, dá uma olhada em direção aos garotos e torna a me fitar. - fico feliz por estar ao seu lado nesta luta.

Finalmente, ele solta minha mão e dá um passo para trás. Ainda não posso falar. Devo estar com cara de idiota e com a cabeça pendendo para um lado, como um cachorrinho que tenta compreender a fala humana. Sei por que ele está aqui. E estou pronta para enterrar minha cabeça na terra quando ele solta a bomba, em voz muito baixa, para que apenas eu o ouça.

- Mal posso esperar para criar o próximo fenômeno para você.