“A bondade em palavras cria confiança; a bondade em pensamento cria profundidade; a bondade em dádiva cria amor.”

Lao-Tsé

O restante do mês passou com uma calmaria incomum, pois os Marotos e Lílian não brigavam mais como antes, isso pegou todos de surpresa inclusive Tiago.

Severo Snape não tinha importunado Lílian novamente desde o dia em que a garota o pendurara no meio do corredor do 2º andar, pelo jeito o garoto tinha sido motivo de piada por causa do episódio por vários dias.

Maria estava namorando um garoto da Corvinal, Lucas McKinnon, por quem era apaixonada desde o 5º ano, por isso Lílian estava passando mais tempo sozinha.

As aulas se tornaram cada vez mais difíceis e complicadas e os professores passavam cada vez mais deveres de casa.

Logo setembro chegou e se foi. As coisas estavam cada vez piores e o partido das trevas ganhava cada vez mais poder e cada vez mais seguidores.

Juntamente com outubro veio o primeiro passeio a Hogsmage. Como Maria iria ao passeio com o namorado, Lílian preferiu ficar no castelo a ir sozinha ou ficar de vela, ela aproveitou o dia para fazer os deveres, que eram muitos.

O inverno se aproximava e a chuva dava lugar ao frio, principalmente à noite. Em uma destas noites frias a monitora-chefe Lílian Evans se encontrava sozinha sentada em um sofá vermelho e aconchegante em frente à lareira na sala comunal da Grifinória, fazendo um complicado dever de defesa contra as artes das trevas, uma redação com o tema “Exemplos clássicos de criaturas morto-vivas” em um pergaminho de 30 cm.

Com um livro intitulado Ás forças das trevas: Um guia de auto-proteção” aberto, a garota retirava informações para sua redação:

“Os Zombies habitam apenas na apenas na parte sul da América. São um exemplo, como os vampiros, de morto-vivos e podem ser identificados pela cor acinzentada da pele e o cheiro podre que eles exalam. Se alimentam de carne humana. A forma de contaminação é através da mordica e não há antídoto contra a mordida de um zumbi. Os Zombies geralmente vivem em colônias situadas em florestas tropicais e são atraídos pelo barulho já que não podem enxergar.

Pode-se matar um zumbi esquartejando-o e queimando os pedaços, o que é quase impossível, pois eles só andam em bando e não há tempo para fazer todo o processo. O plural de zumbi é hora.

Outro exemplo clássico de morto-vivo são osinferius.

Um inferius é um morto que foi reanimado por meio de um feitiço das trevas. Não está vivo, é meramente usado para cumprir ordens de um bruxo. Neste caso não há formas de contaminação. Não há como destruir um inferius, apenas como afugentá-lo com fogo.”

A garota estava tão intertida com o trabalho que não percebeu o que já estava tarde.

Um rapaz alto e magro de cabelos arrepiados para todos os lados desceu as escadas que levavam ao dormitório masculino do 7º ano da grifinória. Tiago Potter já estava de pijamas mas por causa da falta de sono ficou inquieto e resolveu descer até a sala comunal.

Ele ainda não tinha visto Lílian no sofá de modo que seguiu até sua poltrona preferida, a mais próxima da lareira e se sentou com um suspiro. Isso foi suficiente para desviar a atenção da moça que surpresa reconheceu o rapaz.

– Potter? – o garoto se sobressaltou ao ouvir a voz de Lílian.

– Li... Evans? O que... O que faz aqui há esta hora? – Tiago perguntou gaguejando.

– Estou terminando o dever de defesa contra as artes das trevas, e você? – Ele perguntou erguendo uma sobrancelha.

– Ah nada. – Lílian o olhou desconfiada com a sobrancelha erguida. – Perdi o sono.

– Hum, está tudo bem? – ela perguntou franzindo as sobrancelhas de forma que se formou uma ruginha entre elas.

– Está... – ele disse confuso.

– Beleza então. Bem eu terminei. – ela começou a recolher o material. – Vou dormir. Boa noite Potter.

– Boa noite. – ela virou as costas e foi em direção as escadas do dormitório feminino.

– Ei Evans, espere. – ela parou e se virou. Ele se levantou e andou em direção a ela ficando de frente pra ela. Como ele não falava Lílian quebrou o silêncio.

– Sim Potter?

– Porque está agindo assim comigo?

– Não estou entendendo.

– Porque está agindo assim comigo? – ele tornou a perguntar.

– Assim como?

– Sendo gentil, educada, amigável...

Ela estreitou os olhos.

– Se preferir, posso voltar a gritar com você...

– Não! Não, não é isso. Gosto do jeito que está. – Tiago disse rapidamente.

– Então porque vive me perguntando isso? – Lílian disse revirando os olhos.

– Porque quero saber o motivo. – Ela o olhou surpresa. – Olha gosto do jeito que as coisas estão... Só que... Não quero que você ou qualquer outra pessoa me trate de forma especial por pena. Não preciso de pena de ninguém. – ele disse amargamente e Lílian se entristeceu com as palavras do maroto, ele estava sofrendo mais do que deixava transparecer. Ela se perguntava para onde tinha ido o Potter arrogante, orgulhoso, que se achava, que não se abalava por nada. Depois ela pensou que talvez esse Tiago Potter só tenha existido em sua cabeça.

– Olha Potter pode ter certeza de que eu não estou fazendo isso por pena. – Lílian disse com segurança.

– Então porque está fazendo isso? – rebateu Tiago.

– Por mim. – ela disse com simplicidade Dando de ombros.

– Por você? – Tiago perguntou confuso.

– Sim, por mim. Pode até não parecer, mas eu não gosto de brigar e gritar o tempo todo, na maior parte do tempo do tempo mais não todo tempo. Minhas cordas vocais não me aguentam mais, imagine o quanto elas sofrem quando eu grito um Potter da vida. – ela disse dando um sorriso. – Você realmente acha que eu gosto dessa situação? Não responda. – ela completou rapidamente com um aceno de mão.

– Eu sei que não parece mais estou cansada disso! Ninguém gosta de brigar o tempo todo. – Ela disse dando um sorriso tristonho e encolhendo os ombros, um gesto tão seu que ele deixou escapar um sorriso nos lábios. – Estou fazendo primeiramente um favor a mim mesmo. Quanto a ter pena de você... Bem eu não seria idiota o bastante para fazer isso.

– Porque não? Acaso se sente tão superior a mim que você não é capaz de sentir nem pena de mim? Só sou digno do seu desprezo? É isso? – ele disse irritado e magoado.

– Pensei que você não quisesse a minha pena. – ela disse o provocando e dando um sorriso debochado, porém depois deu um sorriso meigo e acrescentou docemente. – Você é forte Tiago, mais forte do que você pensa. E não adianta fingir o contrário porque ninguém vai acreditar. Você é um péssimo mentiroso. – e dizendo isso ela caminhou em direção as escadas que conduzem ao dormitório feminino, quando chegou ao primeiro degrau ela se virou, olhou para ele que ainda continuava parado no mesmo lugar a olhando admirado e surpreso. – Como você acha que eu descobria todas as suas marotisses? – Ela disse dando um sorriso sapeca e subiu.

Tiago ainda ficou por um tempo olhando abobado o lugar onde antes Lílian estava. Depois subiu novamente para o dormitório masculino.

Mal sabia Lílian que ela era a única para quem Tiago não conseguia mentir.

Com um sorriso nos lábios ele adormeceu.

Lílian era assim, com poucas palavras ela conseguia provocar sensações indescritíveis em Tiago.