“Me encante com uma certa cama.
Sem pressa. Tente entender a minha alma.''

Pablo Neruda

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A atmosfera em Hogwarts foi mudando com o passar dos dias, pois o natal se aproximava e com ele as férias de natal.

Lílian, Maria e os Marotos resolveram passar o natal em Hogwarts assim como quase todos os alunos do 7º ano, pois era o último ano deles em Hogwarts e todos queriam aproveitar.

Apesar do recesso de natal estar chegando os professores não aliviaram e passaram várias tarefas para serem feitas durante o recesso natalino.

Os alunos do 7º ano da grifinória teriam logo pela manhã aula dupla de porções juntamente com os alunos da sonserina.

Dois pequenos bolinhos de alunos se formaram na porta da sala de porções. De um lado os alunos da grifinória e do outro os alunos da sonserina.

– Olha só, se não é a dama sangrenta - uma voz do meio do bolinho sonserino gritou quando Lílian se aproximou da entrada da sala.

Os sonserinos haviam dado esse apelido à Lílian por causa do que tinha acontecido a ela na véspera do dia das bruxas. O apelido era uma referencia ao Barão Sangrento, fantasma da sonserina que era coberto de sangue prateado.

A menção ao do apelido o bolinho grifinório se agitou e todos ficaram muito irritados. Neste momento o professor Slughorn abriu a porta da sala, evitando assim, o começo de mais uma briga entre alunos das duas casas.

Os alunos começaram a entrar na sala e foram ocupando seus lugares.

– Posso me sentar com você? - Tiago perguntou, a garota ergueu os olhos e viu que ele estava de pé ao lado da sua mesa.

– Claro. - ela respondeu sorrindo levemente para o garoto.

Tiago se sentou e o professor começou a explicação de como seria a aula.

– Hoje vocês vão aprender a preparar a porção do amor. - Slughorn fez uma pausa teatral e observou a reação das garotas que estavam na sala. Algumas suspiraram, outras deram gritinhos animados e outras começaram a dar risadinhas nervosas. Lílian foi a única que permaneceu séria, afinal, era uma porção como outra qualquer e o interesse dela era puramente acadêmico. Slughorn sorriu para ela e prosseguiu. - O trabalho hoje será em dupla. A dupla que preparar a melhor porção ganhará um frasquinho de porção revigorante para poder enfrentar as terríveis noites de estudos que se aproximam, e ainda mais 20 pontos para sua casa. Abram o livro na página 161 e podem começar.

Ouviu-se o barulho de papel quando os alunos começaram a folhear as páginas do livro de porções. Lílian abriu o livro e deu uma olhada na fórmula da porção que não lhe pareceu complicada e começou a separar os ingredientes.

Enquanto ela concentrada preparava a porção Tiago a observava encantado. Ele a achava incrível.

Quando seus amigos lhe perguntarão por que mesmo depois dele ter recebido tantos nãos, continuar chamando a garota para sair, quando ele poderia ter qualquer garota da escola. Ele respondeu que era porque Lílian não era como as outras garotas da escola, ela era diferente. E era justamente essa diferença que o fez se interessar por ela, que o fez se apaixonar por ela.

Lílian então ergueu os olhos e percebeu que Tiago a observava, ela corou constrangida e desviou o olhar, olhou para o livro dele ainda fechado e franziu as sobrancelhas.

– Não vai me ajudar a fazer a porção? - ela perguntou.

– Vou, vou sim. Só estava pensando...

– Em que? - Lílian perguntou intrigada.

– No passado. - o rapaz a respondeu misteriosamente. Lílian o encarou por mais alguns segundos e depois mudando de assunto perguntou:

– Você quer cortar e espremer os ingredientes ou cuidar do caldeirão?

– Vamos fazer os dois. O que acha?

– Pra mim está ótimo. - ela respondeu animada e os dois concentrados começaram a preparar a porção.

Com o fim da aula se aproximando poucos alunos haviam conseguido chegar ao ponto de lume baixo, onde a porção ficaria por mais três meses, a porção era demorada e complexa, o tempo necessário para ela ficar pronta era de sete meses. O ponto certo era quando as porções adquirissem a cor azul perolado. E era exatamente assim que a porção de Lílian e Tiago estava neste instante.

No meio da sala estava um grande caldeirão com a porção já pronta. Ela era da cor pérola e a fumaça saia dela em expirais exalando uma mistura de cheiros maravilhosa.

– Hum... Que cheiro bom! - Tiago disse aspirando o aroma do ambiente.

– Cada pessoa sente um cheiro diferente que corresponde com o que mais o atrai. - Lílian explicou.

– Que cheiros você sente? - ele perguntou de forma incisiva.

– Hum... Sinto cheiro de terra molhada, flan de caramelo, livro novo e...

– E? - Tiago perguntou curioso.

– Vinho? - ela disse confusa.

– Vinho? - perguntou Tiago incrédulo. - Não sabia que você gostava de vinho.

– E não gosto. É um cheiro diferente... Parece vinho mais também tem um toque amadeirado... E é bem familiar. Nossa que estranho! - ela disse com as sobrancelhas franzidas. - Acho que pode ser o perfume do meu pai... - ela disse incerta.

– É pode ser. - ele concordou pensativo.

– Mas e você? - Lílian perguntou animadamente.

– Eu o que? - Tiago perguntou evasivo, rindo da animação de Lílian.

– Que cheiros você sente? - Lílian perguntou com uma voz sedutora no que Tiago engasgou.

– Eu... Eu... - Tiago gaguejou ele sentiu o cheiro e começou a descrevê-lo - Eu sinto cheiro de madeira de cabo de vassoura - ele deu um sorriso torto e Lílian revirou os olhos. - também sinto cheiro de doce de abóbora, cheiro de chuva e...

– E? - Lílian perguntou encorajando-o a falar.

Tiago corou levemente antes de responder.

– E um perfume floral. - ele disse arrepiando os cabelos.

– Talvez seja o perfume da sua mãe. - sugeriu Lílian docemente.

– É talvez... - Tiago disse com uma nota de mistério na voz olhando para Lílian intensamente.

Quando Lílian abriu a boca para falar o professor Slughorn apareceu.

– Com certeza sua porção é a melhor Lílian. Ninguém nesta sala tem tanto talento para porções quanto você. - o professor disse com bajulação. Então Slughorn se virou para Tiago como se só o tivesse visto neste momento. - Tiago meu rapaz! Como vai?

– Bem tio Slug e o senhor? - ele disse sorrindo. - Conseguiu resolver aquele seu probleminha nas estufas?

– Não, não consegui. A professora Beisel falou que eles ainda não estão prontos para serem colhidos. Uma pena, uma pena. - Slughorn disse estalando a língua. - Mas basta deste assunto. Vim aqui para convidá-los para minha tradicional festa de natal. Desta vez vocês poderão levar acompanhantes é claro. - Ele disse olhando de um para o outro e dando um sorriso sugestivo. - Espero que desta vez você possa ir Tiago.

– Vou fazer o que puder, mas o senhor sabe, sou capitão do time de quadribol da grifinória e às vezes os dias dos treinos caem no mesmo dia de seus jantares. E com a partida contra a Corvinal se aproximando não podemos nos dar ao luxo de relaxar. - Tiago disse como se lamentasse.

– Às vezes? Eu diria sempre! - Slughorn disse exasperado. - Mas vocês podem abrir uma exceção, afinal de contas é natal, ninguém treina na véspera de natal, além do mais o jogo é só em janeiro, ainda tem bastante tempo para treinar. Bem de qualquer modo espero vocês lá. - Slughorn se afastou com um olhar malicioso para os dois que fez Lílian cora fortemente.

– Por que você nunca vai aos jantares do Slughorn? - Lílian perguntou tentando mudar de assunto.

– Já falei quadribol.

– Ah me poupe Tiago! Sei muito bem que é você quem marca os treinos é o capitão, e posso apostar que toda vez que o Slughorn marca um jantar você marca o treino da grifinória no mesmo horário. - Lílian disse perspicazmente. - O que foi? Pensei que gostasse de bajulação para alimentar o seu ego. - ela finalizou com um sorriso debochado.

– E gosto, mas tudo em excesso cansa. - ele disse rindo pelo nariz. - Sou culpado por achar essas reuniões entediantes? - sussurrou para Lílian.

– Pelo contrário, isso faria de você um santo! - Lílian disse brincalhona e os dois riram, então ela continuou sussurrando. - Eu também as acho entediantes, mas eu não tenho uma desculpa tão boa quanto a sua para fugir delas. - ela disse acusadoramente.

– Se você quiser, posso ficar de detenção todas as noites em que tiver os jantares do tio Slug e você pode aplicá-las. - Tiago disse conspiratóriamente.

– Me sinto extremamente tentada. Lílian piscou para Tiago. - Mas não posso aceitar.

– É uma pena! - Tiago franziu os lábios.

– Mas, o que era aquele "probleminha nas estufas" de que você estava falando? - Lílian fez o sinal de aspas com os dedos.

Tiago e Lílian se aproximaram para que mais ninguém ouvisse o que eles falavam.

– Ontem eu estava indo visitar o Hagrid e resolvi passar pelas estufas quando vi o tio Slug perguntando se poderia colher algumas flores de zarkana para ele usar nas aulas. Você sabe que flores de zarkana valem uma fortuna. - Tiago disse susurrando.

– Isso é típico do Slughorn. - Lílian disse olhando para o professor, então ela olhou para Tiago e percebeu que ambos estavam muito próximos e se afastou corando enquanto Tiago pigarreava.

Ela ficou muito surpresa consigo mesma ao perceber que tinha flertado com Tiago, durante toda a conversa dos dois. Ela corou intensamente.

Tiago e Lílian não conversaram mais até o término da aula. Quando ela enfim acabou os dois levaram para o professor uma amostra da porção que eles tinha feito juntos durante a aula e foram recepcionados pelo mestre das porções com outro olhar constrangedor.

Do lado de fora da sala os dois, Tiago e Lílian, se encontraram com Sirius que deu um sorriso malicioso aos dois. Remo estava distraído parado ao lado do primeiro e coçando a cabeça enquanto lia um folheto intitulado: ''Desenvolva sua bruxa interior''. Pedro estava perto dos outros dois amigos devorando um bolinho açucarado e tinha mais três iguais ao primeiro nas mãos, ele olhava para todos os lados como se alguém pudesse tomá-los dele. Quando Tiago e Lílian se aproximaram Maria que estava ao lado de Sirius olhou de um para o outro e suspirou de encantamento, Lílian revirou os olhos e Tiago sussurrou no seu ouvido, provocando cosquinhas na garota:

– Nós só temos amigos loucos. - cochichou em tom conspirador, mal percebendo o efeito que aquela ação causava na garota.

– Doidos varridos, sem dúvidas. - ela disse balançando a cabeça em concordância.

Juntos os seis amigos subiram para o salão principal para almoçarem.

Na mesa da grifinória eles encontraram Frank e Alice. O almoço transcorreu agradavelmente em meio a conversas e sorrisos. Em certo momento o houve uma onda de gargalhadas quando Sirius fez uma piada sobre veados o que deixou Tiago emburrado pelo resto do almoço murmurando esporadicamente: '' É cervo, droga. É cervo, quantas vezes vou ter que repetir pra ele? É cervo. ''

Quando as risadas começaram a cessar o almoço já estava chegando ao fim e todos já estavam contaminados com o estado de preguiça que as pessoas sempre ficam logo depois do almoço.

– Qual é a nossa próxima aula? - Sirius perguntou preguiçosamente.

– História da Magia. - disse Remo.

E todos gemeram em unissonoro. As aulas de História da Magia eram mais eficazes para dormir do que porção do sono.