School Of Rock III escrita por Snapelicious


Capítulo 23
Spin-Off: The Light Behind Your Eyes


Notas iniciais do capítulo

*grunhidos de zumbi cansado*
Esse capítulo é dedicado à todos aqueles que me encheram de mensagens privadas, tweets e chats sobre o próximo capítulo. Vocês são minha inspiração, pessoal.
Não sei nada sobre romance. Me processem.
(eu literalmente esqueci que eu era uma escritora por uns quatro meses, tipo wtf giordana. eu esqueci. por isso que eu não sou convidada pra ir nos lugares, eu provavelmente me esqueceria lá tbm)



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Ted Lupin

Victoire ria. O som ecoava pelas paredes do carro, arrepiavam minha pele e se perdiam no vento.

A estrada estava vazia, e a única iluminação vinha da lua e dos faróis do carro. Não dirigia para nenhum lugar em particular, apenas vagava nas estradas ao redor de Hogsmeade. Quando cheguei na cidade, costumava fazer muito isso, então conhecia as colinas como a palma da minha mão. Fazia isso sozinho, à procura de um lugar para pensar. Victoire estar comigo era como um novo começo. Um dia você simplesmente encontra alguém e para de vagar sozinho por aí.

Ela colocou a mão para fora da janela aberta, e começou a dedilhar o vento. Seus longos cabelos prateados voavam para trás, mas ela não parecia se importar. De todas as garotas que eu já conheci em toda minha vida, Victoire era a que menos se importava com seu cabelo. E isso fazia dela a mais bela de todas.

–Oh, eu adoro isso - suspirou ela, ainda sorrindo abertamente. Eu quase concordei antes mesmo de saber o que era - Nunca tinha feito isso em toda minha vida. É uma estranha forma de liberdade, sabe. Poder pegar o carro e dirigir para lugar nenhum. Eu me sinto tão rebelde.

–Você ainda não viu nada - sorri para ela, logo voltando meus olhos para a estrada vazia - Ás vezes vale a pena ser rebelde, e fazer algo sem a permissão de ninguém. Só temos que aprender analisar o que vale a pena arriscar.

–A confiança deles? - perguntou ela.

–Eu ia dizer a sua internet, mas acho que isso também serve.

Victoire gargalhou alto, e eu a acompanhei com uma risadinha. Não sabia quais seriam as minhas consequências de ter saído desse jeito, mas decidi aproveitar enquanto podia. Talvez eles nem percebessem que eu saí; não é como se eles fossem os parentes mais preocupados do mundo.

–Oh, eu adoro essa! - exclamou a garota quando uma música começou a tocar no rádio, e ela imediatamente se esticou para aumentar o volume.

–Sério? Você não tem cara de quem curte Green Day - estranhei.

–E você não tem cara de alguém que é tão fofinho no primeiro encontro, então acho que estamos quites – ela comentou, mas não insistiu no assunto. Eu? Fofinho? Tentei impedir que meu rosto corasse, mas no fim só agradeci aos céus que era noite. - Embora eu escute principalmente música folk, eu gosto de Green Day. Todo mundo tem aquela banda que significa outra parte de você mesmo, e acho que Green Day é a minha. E, aliás, eu simplesmente adoro cabelos coloridos. Mas acho que não teria coragem de pintar o meu.

–Pintar para quê? - perguntei, rindo - Seu cabelo é praticamente branco!

–Não é branco! - respondeu Victoire, se fingindo de ofendida - É só realmente muito loiro.

–Acho que se você passar giz de cera, a cor pega. Ou papel crepom! – brinquei. A garota riu.

–Bobalhão.

O silêncio logo foi tomado pela rápida batida da música.

–E você? – perguntou Victoire, depois de um tempo. Ao ver minha cara de confusão, ela acrescentou – Tem alguma banda assim?

–Como um guilty pleasure, um prazer culposo? Algo que escutamos, mas não gostamos de admitir?

–Não acho que devemos sentir culpa por nenhum dos nossos prazeres. Mas é basicamente isso. Uma banda que parece que lê sua alma para escrever suas letras. Mas que ao mesmo tempo é só sua.

Soltei uma risadinha nervosa.

–De repente o assunto ficou profundo, não acha? – perguntei sorrindo, mas ela não respondeu. Suspirei – Twenty One Pilots, provavelmente.

–Nunca ouvi falar – comentou Vicky, baixinho.

–Poucos conhecem, na verdade. E não, não é aquele papo hipster de “eu conhecia antes deles ficarem famosos”. Ás vezes faz bem colocar os fones de ouvido e escutar algo que não toca nas rádios. É algo mais... pessoal.

Victoire não disse nada.

É estranho, se formos parar para pensar. Duas pessoas aleatórias que se encontram em um dia qualquer, e de repente tudo muda. Nunca pensei que algum dia estaria andando de carro com uma garota de madrugada, ainda mais uma garota como essa. Se por um segundo ela tivesse abandonado a ideia de me repreender por causa daqueles cigarros, nada disso teria acontecido, e eu provavelmente nunca teria me aproximado dela, e a julgaria pela aparência, como sempre faço. Loira, magra, bonita, aquele estereótipo de sempre. Eu provavelmente estaria deitado em casa a essa hora, ouvindo música alta e fumando com a janela aberta, tremendo de frio sem poder fazer nada. A janela do carro estava aberta. Mas era como se eu só sentisse o calor da garota ao meu lado.

A vida é engraçada, ás vezes.

Mas talvez fosse pra ser. Nunca acreditei em destino, para mim fazemos o que quisermos e depois temos que arcar com as consequências, ponto final. Mas parece tão absurdo. Como eu consegui me aproximar de Victoire? Como eu consegui me apaixonar por uma garota como essa? Todo o meu ser é treinado para imediatamente afastar pessoas assim. Por que dessa vez é diferente?

–Olha! – exclamou Victoire de repente, apontando para a janela á nossa esquerda – Tem um campo ali. Acho que o sol já vai nascer. A vista vai ser perfeita.

Diminuí a velocidade com cautela e entrei com o carro lentamente no campo. Parecia mais uma grande clareira em uma parte alta da colina. Estava escuro demais para conseguirmos ver o final dela, mas de fato era um ótimo lugar para observar o céu.

–Tem certeza disso? – perguntei a ela baixinho, como se alguém pudesse nos ouvir.

Victoire deu uma risadinha.

–O quê, está com medo do escuro? – e pulou do carro logo quando estacionei a alguns metros da beira da estrada. Para prevenir, deixei os faróis acesos.

–Isso pode ser propriedade privada, sabe – comentei ao sair do carro, mas ela não me deu ouvidos, apenas encostou-se ao capô em silêncio e olhou para cima.

Juntei-me a ela, e silenciosamente observamos as estrelas no céu escuro. Meu cérebro começou a trabalhar rápido demais, pensando no que falar, ponderando se eu precisava falar alguma coisa, medindo a temperatura para saber se eu deveria dar meu casaco a ela e tentando impedir meu corpo de falar coisas desnecessárias. Mas no fim, tudo que ela disse foi:

–Você sabe o nome das constelações?

–Não. Você sabe?

–Não sei. Achei que você soubesse.

Se meu cérebro achou idiota o fato de ela achar que eu sabia algo sobre nomes de estrelas e constelações, eu não sei. Estava ocupado demais observando a expressão pacífica da garota ao meu lado, sem ao menos me preocupar com meu sorrisinho abobalhado. De repente, o rosto de Victoire se iluminou como uma estrela. Ela sorriu para mim, e desceu do capô do carro.

–Eu amo essa música – sussurrou.

E começou a dançar.

Hogsmeade, cinco e meia da madrugada. Ted Lupin e Victoire Weasley têm o seu primeiro encontro. Eles assistem a um filme abraçados, fogem dos pais irritantes e dirigem até o meio do nada escutando música alta e falando sobre se sentir vivos. Quando eles percebem, estão tomando um banho de estrelas em um campo vazio. A garota sorri. O garoto não consegue acreditar em sua própria sorte.

Sinceramente, acho que John Green escreveu o roteiro da minha vida.

I'll be your light, your match, your burning sun

(Eu serei sua luz, seu fósforo, seu sol escaldante)

I'll be the bright, in black that's making you run

(Eu serei a luz, na escuridão que te faz correr)

And we'll feel alright

(E vamos nos sentir bem)

'Cause we'll work it out

(Pois vamos resolver isso)

I'll be doing this, if you ever doubt

(Eu farei isso, se você alguma vez duvidar)

'Till the love runs out

(Até o amor acabar)

Victoire dançava como se estivesse sozinha. Como se não estivesse sendo assistida pelo brilho de milhares de estrelas e por um garoto que muito provavelmente não conseguia entender os próprios sentimentos.

Victoire dança e canta como se não houvesse amanhã. E olha pra mim.

I got my mind made up

(Eu já me decidi)

Man, I can't let go

(Cara, não posso voltar atrás)

I'm killing every second till it saves my soul

(Estou matando cada segundo até matar minha alma)

Ooh, I'll be running

(Oh, eu estarei correndo)

'Till the love runs out

(Até o amor acabar)

Ela bate os pés no chão, balança os cabelos e rodopia, sempre sorrindo. Meu coração se aperta ao pensar egocentricamente que seu sorriso é só pra mim. Vicky se aproxima de mim, e me puxa com força pelas mãos para eu me juntar a ela. Fico estático de pavor por vários segundos, mas ela não parece se importar.

And we'll start a fire

(Começaremos um incêndio)

And we'll shut it down

(E então o apagaremos)

'Till the love runs out

(Até o amor acabar)

'Till the love runs out

(Até o amor acabar)

Quando eu finalmente começo a embaraçadamente me balançar no ritmo da música, ela acaba. Consigo apenas meu coração batendo em meus ouvidos, e a respiração de Victoire. Próxima demais.

Outra música começa. Reconheço os acordes no mesmo instante. E sei exatamente o que fazer.

So long to all of my friends

(Adeus a todos os meus amigos)

Everyone of them met tragic ends

(Todos eles encontraram finais trágicos)

Lentamente, aproximo minha mão esquerda da cintura de Victoire. Meus olhos pedem permissão, e os delas brilham em resposta. Minha outra mão encontra a da garota no meio do caminho, e minha palma queima com o toque da sua pele.

Nunca paro de olhar em seus olhos.

With every passing day

(Com todo dia que passa)

I’d be lying if I didn’t say

(Eu estaria mentindo se não disesse)

That I miss them all tonight

(Que eu sinto falta de todos esta noite)

And if they only knew

(E se eles ao menos soubessem)

What I would say

(O que eu diria)

Lentamente, começamos a nos mover. Não há guia nessa dança delicada. Parecemos saber exatamente para onde ir. Enquanto dançamos como um só sobre a luz das estrelas, tento com todas as minhas forças acreditar que não estou sonhando. E mesmo se eu tivesse, não interromperia este momento por nada.

If I could be with you tonight

(Se eu pudesse estar com você esta noite)

I would sing you to sleep

(Eu cantaria para você dormir)

Never let them take the light behind your eyes

(Nunca deixaria eles tirarem a luz por trás de seus olhos)

One day, I’ll lose this fight

(Um dia eu perderei esta luta)

As we fade in the dark

(Enquanto apagamos no escuro)

Just remember you will always burn as bright

(Apenas se lembre que você brilhará)

Victoire não diz nada, mas pela primeira vez em minha vida, o silêncio não é cortante. Ele é compreensivo. Encaramos um ao outro enquanto nos movemos ao som baixinho da música. Não tenho certeza se algum de nós estava prestando atenção no mundo ao nosso redor. Mas nada disso realmente importava.

Be strong, and hold my hand

(Seja forte e segure minha mão)

Time becomes for us, you’ll understand

(O tempo virá para nós, você entenderá)

We’ll say goodbye today

(Diremos adeus hoje)

And we’re sorry how it all ends this way

(E sentimos muito que isso acabe desse jeito)

If you promise not to cry

(Se você prometer não chorar)

Then I'll tell you just what I would say

(Então eu vou te contar o que eu diria)

If I could be with you tonight

(Se eu pudesse estar com você esta noite)

I would sing you to sleep

(Eu cantaria para você dormir)

Never let them take the light behind your eyes

(Nunca deixaria eles tirarem a luz de trás de seus olhos)

E quando o primeiro raio de sol iluminou seus cabelos, Victoire me beijou.


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Notas finais do capítulo

Ted é a rainha vampira emo gótica roqueira do inferno, repassem
Amanhã tem mais! E quem decifrar significado que a última música vai ter mais adiante na história ganha bolo (eu to praticamente dizendo como a fic vai acabar, acho que tenho que parar com isso)
*se esconde em abrigo anti-bombas*