O Feiticeiro Parte III - O Medalhão de Mu escrita por André Tornado


Capítulo 83
IX.10 Encerramento.




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Devolveu o murro recebido com outro murro bem colocado nos queixos do outro. Escutou o osso estalar, mas não se partiu. Ele era rijo, o adversário mais rijo que já havia enfrentado. E agora fazia-o pela segunda vez, com acérrima raiva e uma vontade terrível de vencer.

Fixou o adversário. Estava transtornado com o que experimentava dentro da alma, um tropel tumultuoso de memórias que varriam toda a noção que tinha de bom senso. Sentia-o e não refreava o seu descontrolo.

Havia muito tempo que não se sentia tão excitado com um combate.

Talvez porque estava a perder e isso irritava-o acima da razão, alimentando a besta selvagem que dormia dentro daquele corpo aparentemente civilizado e domado de acordo com os requisitos da Terra.

O adversário endireitava o pescoço. Olhava-o e mostrava-lhe todos os dentes que tinha na boca bem apertados, numa dentadura impressionante. Uma gota de suor escorreu-lhe pela têmpora. Perfeito! Ele também estava a sentir a inquietude que o dominava e que ameaçava explodir em algo imparável.

E iria acontecer… naquele momento!

De punhos apertados, espetou o peito, cerrou as pálpebras, lançou a cabeça para trás. Soltou um brado que foi escutado do outro lado do mundo, reverberou até aos confins do Universo, tocando nos limites infinitos do espaço e do tempo.

Sentia-se desfazer em pedaços, os átomos fundindo-se gerando outra entidade, um poder imenso nascendo de toda a frustração acumulada, das memórias mais antigas. Era doloroso, mas gloriosamente soberbo. Deixou-se embarcar na sensação de invencibilidade enquanto se transformava no guerreiro poderoso que sempre fora destinado ser, desde o berço, desde o antigamente, quando conseguia sonhar com as impossibilidades e com os mitos.

Quando terminou, o corpo cintilava como uma estrela imortal. Os cabelos compridos tocavam-lhe nas costas numa cascata loira, o rosto tinha as feições esbatidas e os olhos estavam de um verde mais escuro.

Vegeta tinha-se transformado em super saiya-jin, nível três.

Não exultou. Limitou-se a olhar o adversário com despeito.

Majin Bu arquejou, surpreendido com a mudança radical. Fechou a boca, fazendo desaparecer a dentadura, recuou ligeiramente para ganhar espaço e ser capaz de suster o próximo ataque.

Que não podia ser sustido.

Vegeta uniu as mãos à frente do peito.

O último Final Flash estava preparado, latejava-lhe entre os dedos com impaciência para se soltar e desfazer o adversário. Majin Bu reunia rapidamente a sua energia numa barreira que lhe permitisse aguentar com toda a potência de um ataque de um super saiya-jin de nível três.

Depois daquele último Final Flash era o fim daquele maldito Majin Bu que regressara da tumba para o atormentar. Então Vegeta sorriu. Mas também lhe tinha mostrado o caminho para alcançar aquele nível de poder e agora estava igual a Kakaroto.

Uma torrente luminosa vinda do Templo da Lua invadiu o cenário daquela batalha mortal e Vegeta rosnou irritado com a interrupção. Não demorou muito, contudo, apenas alguns segundos que aproveitou para insuflar o seu próximo ataque flamejante com mais energia. Quando a luz se dissipou, teve a sensação esquisita que algo mudara no mundo mas não desfez o ataque. Mantinha-o apontado certeiro ao adversário que recuou mais um pouco.

Um círculo elétrico rodeou-lhe os pulsos.

Um grito ecoou pelos ares.

- Não! ’Tousan!!

Era a voz de Trunks. Mas nada o iria impedir de rematar aquele odiado Majin Bu que lhe arregalava os olhos como se o estivesse a ver pela primeira vez. Nada…

Juntou a energia que faltava e exclamou:

- Final Flash!

Novo grito.

- Não!

Vegeta soltou uma gargalhada. O seu ataque era indefensável.

A vitória por que tanto ansiava naquela malfadada tarde acontecia.

Primeiro, era super saiya-jin nível três. Depois, matava o seu adversário.

Repentinamente, calou as gargalhadas ao ver outro disparo de energia a intercetar o Final Flash. Os dois raios chocaram com estrondo, o primeiro levou o segundo para os céus e, no vácuo do espaço explodiu, neutralizando o ataque de Vegeta.

Fora Trunks, que passou por ele em direção a Majin Bu.

- Mas o que raios estavas tu a fazer? Queres matá-lo?!!

A sensação extasiante de invencibilidade esvaiu-se e Vegeta regressou ao seu estado normal. Cuspiu para o lado. Aterrou a ver o filho aterrar uns passos mais adiante com o seu patético adversário nos braços que tinha perdido os sentidos.

Experimentou um cansaço extremo que o fez dobrar os joelhos trémulos. A energia que consumira quando se convertera no nível três dos super saiya-jin tinha-o drenado mais do que desejava admitir. Disfarçou a fraqueza com um berro, lembrando que acabava de ser interrompido:

- Larga-o, Trunks! Vou acabar com esse maldito!

O filho não se afastou. Perguntou-lhe mais admirado que zangado:

- Mas por que é que queres acabar com Ubo, ‘tousan? Enlouqueceste?

- Ele não é Ubo, é Majin Bu…

- Já terminou tudo. Zephir foi eliminado.

Um arrepio fê-lo estremecer.

- Nani?!

A solução fácil que abominava. O Medalhão de Mu tinha sido utilizado num altar imperfeito e a magia derrotara o feiticeiro. Fechou os olhos, respirou fundo. Tentou acalmar-se, tinha ainda o coração a bater acelerado no peito. Repetiu num sopro:

- Nani?...

- Não sentes? Zephir já não existe… Keilo também desapareceu. Então, também Ubo deixou de estar enfeitiçado e já não está contra nós.

Olhou por cima do ombro. Piccolo e Goten chegavam. Enquanto o primeiro carregava um homem ao ombro, o filho de Kakaroto tinha uma rapariga nos braços que não era a intrometida. Não procurou reconhecê-la. Trunks estava de braço estendido.

- ‘Tousan, preciso de um senzu. Rápido! Deixaste Ubo em muito mau estado.

Atirou a sacola castanha, Trunks agarrou-a no ar. Vegeta sentou-se abatido, deixou pender a cabeça.

A vitória tinha sido amarga. Mas escondeu um sorriso… Tinha descoberto o segredo para mais um estágio de poder e, no final de contas, pessoalmente, fora o que mais ganhara com aquela aventura.

Trunks enfiou o senzu na boca entreaberta de Ubo. Obrigou-a a mastigar. O corpo do rapaz deu um esticão, escancarou os olhos e a primeira coisa que disse foi:

- Toynara-san?

No céu passava Goku que entrava no Templo da Lua.

- ’Tousan… – murmurou Goten.

Levantaram voo e foram atrás dele.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Vitória.



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