O Feiticeiro Parte III - O Medalhão de Mu escrita por André Tornado


Capítulo 40
V.7 Fuga possível.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo narrado na primeira pessoa.



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O berro de Piccolo assustou-me.

- Ana! Vem cá.

Levantei-me do colchão onde me tinha sentado. Estava escondida num canto em que fosse possível ficar invisível com a ajuda da penumbra.

Piccolo aproximou-se tanto de mim que eu recuei de medo. Apanhou-me o braço direito, puxou-me, apertou tanto que abri a mão. Depositou nesta uma pequena esfera cor-de-laranja.

- Ana, guarda esta bola de dragão. Agora, vai. Quero que fujas daqui e que te escondas.

- O que é que está a acontecer? – Gaguejei.

Empurrou-me na direção da floresta, que me pareceu de repente enorme e assustadora.

- Foge! E não olhes para trás.

O suor perlava-lhe a testa. Parecia mais amedrontado que eu, o que não era bom augúrio, pois era suposto ele estar ali para me proteger.

Acatei a estranha ordem e corri para as árvores.

O sol baixava no horizonte e as sombras cresciam vagarosamente. Apertei a bola de dragão, o cérebro vazio, enquanto corria, ignorando que me estava a enfiar numa floresta com a noite a chegar. Mas quando os pensamentos tornaram a encher-me a cabeça, como uma torrente ruidosa, abrandei o passo e acabei por parar. Olhei para trás, para a clareira onde estava a cabana e onde ficara Piccolo. O namekusei-jin sentira algum perigo, certamente, e espicaçara a minha curiosidade.

Mordi o lábio inferior. Não o devia fazer, mas queria ver o que é que estava a acontecer. Fiz o caminho inverso. Próximo da clareira baixei-me e rastejei até alcançar uns arbustos. Abri uma pequena abertura para espreitar. Sustive um grito de horror.

Piccolo enfrentava o demónio de Zephir.

- Kumis… – murmurei.

- Está bem, respondo à tua pergunta – concordou o demónio sorridente. - Não me importo de te contar, já que vais morrer daqui a pouco. Segui-te desde o Templo da Lua, pois tinhas contigo uma bola de dragão.

- Não vais conseguir levar nada daqui, Julep.

O nome era outro. Olhei para o demónio, admirada. Mas se aquele era outro demónio, era igualzinho a Kumis. Seriam gémeos? O que os distinguiria?

Piccolo tirou o turbante e a capa que embateram pesadamente no chão, levantando uma baforada de pó, junto aos arbustos onde eu estava escondida. Tapei a boca e o nariz para não tossir.

- Primeiro, terás de passar por cima de mim.

- Seguir-te acabou por ser a tua desgraça e a minha fortuna. – O demónio soltou uma gargalhada. – Para além da bola de dragão, também escondes a rapariga da Dimensão Real. Depois de me livrar de ti, levarei ao meu mestre dois presentes.

Encolhi-me. O demónio sabia que eu estava ali. Piccolo rugiu:

- Se pensas que ela está por perto…

- Procurarei por ela. E aposto que foste tão estúpido ao ponto de lhe entregares a bola de dragão.

Piccolo não lhe respondeu.

O combate começou. Não distingui os primeiros golpes, foram demasiado velozes para os meus olhos destreinados. O meu coração batia como um tambor, o meu sangue fluía quente pelas veias. Deveria ir-me embora, fervia de medo e era fácil encontrar-me no meio da vegetação que arrefecia com o fim da tarde. Seria um prémio glorioso para o demónio.

Ouvi um estrondo e uma pancada. Os dois lutadores abandonaram a invisibilidade e vi o namekusei-jin cair com um pontapé.

Entrei em pânico. Piccolo estava a perder.

Recuei apressadamente do refúgio dos arbustos, resvalei por uma ladeira, andei agachada alguns passos. Espreitei por cima do ombro, a clareira ficava do outro lado daquelas árvores altas, troncos estreitos como as barras de uma cela. Uma luz intensa iluminou tudo, lançando faixas cegantes, como raios de um sol, por ali adentro. Encontrei-me entre duas faixas, miraculosamente na sombra.

Não me podia demorar. Havia muita coisa em jogo e não devia deixar-me apanhar pelo demónio, mesmo que essa ideia fosse hilariante, pois o que podia eu fazer contra um demónio que conseguia derrotar Piccolo?

Levantei-me com um pulo, voltei-me para a escuridão da floresta e corri, corri, corri…


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Convite ao confronto.



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