-Mãe, precisamos te contar uma coisa – Pietro disse se aproximando da mãe, que estava na sala assistindo

- Diga filho – ela respondeu sem encará-lo e quando fez, viu Juliana e Pietro com as mãos dadas

- Isso não é novidade pra senhora, mas quero que saiba da forma clássica

- Hum...

-Eu e Juliana estamos juntos

Graça encarou ambos por algum tempo e depois fez um sinal para que se sentassem no sofá junta a ela.

- Eu sei que nada do que eu disser vai mudar o que vocês estão sentindo, mas não é fácil isso pra mim

- Mãe!

- Eu sei, eu sei. Na verdade sempre soube que vocês tinham ou iria ter alguma coisa a mais. As mães sentem. Mas pra mim, vocês sempre serão os priminhos briguentos

-Para nós também tia. Ainda somos os mesmos briguetos, chatos, que se odeiam, mas se gostam ao mesmo tempo, entende? A única diferença é que agora tentamos ser mais fofos um com o outro

-O que não dá muito certo – Pietro completou

Graça suspirou e olhou novamente para os dois. Sorriu e então sentou-se no meio deles.

- Qualquer dia vocês ainda acabam com minha sanidade

Graça não foi a única a dizer que Juliana e Pietro juntos era uma coisa difícil e estranha de acostumar. Todos ficaram olhando torto para eles, pois Pietro resolveu não contar que descobrira que era adotado, só para seus amigos.

Juliana e Pietro tentavam não trocar caricias na frente das pessoas, e dos amigos. Andavam de mãos dadas e só. Também era estranho para eles revelarem seu relacionamento.

-Então?

-Então o que?

-Você me disse sobre a carta, mas não falou o que ela tinha

Os dois estavam no quarto da menina, conversando e namorando, aproveitando que sua tia estava trabalhando.

- Não disse, porque ainda não li

-Por quê?

- Porque estou com medo

-Ju...

- Eu sei que é apenas uma carta, mas foi minha mãe quem escreveu. Eu não sei o que ela estava sentindo, se chorava ou não e pensar nessas coisas me faz ficar ainda mais triste

- Você quer eu leia com você ?

- Não sei...

Juliana levantou-se da cama e caminhou ate a gaveta onde estava a carta. Olhou para Pietro, que lhe deu um sorriso encorajador. Voltando para a cama, Juliana encarava firmemente a carta em suas mãos.

- Você lê , eu vou está aqui ao seu lado

- Obrigada

-Não há de que – Pietro deu um selinho nela e então a abraçou , esperando que Juliana abrisse a carta

Antes de fazer, Juliana respirou fundo por algumas vezes e começou chorar. Pietro a apertou ainda mais. Ela estava nervosa e tremendo.

- Você consegue – incentivou

Juliana abriu a carta, e então começou a ler em voz alta.

‘‘ Querida Juliana,

Eu sei que não vai ser e nem está sendo nada fácil pra você encarar tudo isso. Eu não sei como te dizer que sinto muito. Eu também sei que não há uma forma de explicar como eu e seu pai a deixamos e queria muito que isso não acontece, pois você não teria que ler isso. Juliana, minha filha querida, você sempre estará em meu coração e jamais me arrependo de tê-la colocado nesse mundo, pois  foi a maior felicidade de todas. Suas manias, qualidades, defeitos, seu jeito teimosa e determinada de ser, sempre vou guardá-los comigo, onde quer que eu vá. Você é a melhor filha que alguém poderia ter, e eu e seu pai fomos os sortudos no final. Espero que você seja uma grande pessoa, mais ainda, e que nos deixe orgulhos, e que se deixe orgulhosa. Torcemos e sempre estaremos ao seu lado.

                                                                                    Mamãe e Papai te amam, meu anjo.’’

Depois que Juliana terminou de ler, chorou muito. Abraçou Pietro com mais força e desabou em lagrimas.