Juliana ficou paralisada quando Pietro abriu a porta. Seu primeiro pensamento fora de como ele estava sexy e lindo daquela forma. Depois sentiu vontade de correr para seus braços e lhe dá um beijo. Mas ela lembrou o porquê de estar indo para seu quarto arrumar suas coisas.

-Oi Juliana – Pietro disse com um sorriso quase imperceptível

- Oi 

-Você quer ajuda? – ofereceu indo ate a menina, que deu um passo pra trás

- Estou bem

-Hum... – ele disse voltando para a porta – Que bom que você voltou

- Pois é – respondeu – Vou pro meu quarto

Juliana voltou a caminhar em direção ao seu quarto e quando chegou, fechou a porta rapidamente. Permitiu-se respirar novamente e algumas lagrimas escorreram pelo seu rosto. Aquela conversa foi completamente diferente que ela pensou que seria. Pareciam dois estranhos que não se viam há décadas, mas que não tinham nada para compartilhar.

Pietro estava pensando da mesma forma que Juliana. Aquela fora a pior e mais estranha conversa que já tivera na vida. Sua vontade era de abraçar Juliana e poder dizer o quanto ela fazia falta e que ela não agüentava mais de saudades. Poder beijá-la, tocá-la..., mas nunca pensou que seria daquela forma, sem vida, sem sentimento.

Depois de quase uma hora, Juliana desceu para a conzinha e encontrou Pietro e Graça terminado de arrumar a mesa. Por alguns segundo, ela congelou, mas respirou fundo e tentou agir normalmente, pelo menos ate Pietro olhar em sua direção e lhe da um sorriso lindo.

- Já ia te chamar Ju – Graça disse – O almoço está pronto

- Ah sim , obrigada tia

Juliana sentou-se de frente para Pietro, mas tentou ser o mais natural possível , teria que esconder a vontade de simplesmente agarrá-lo ali mesmo.

A mesa permaneceu em silencio por algum tempo, o que era fora de normal, pois as refeições sempre fora com conversas e risadas.

- John me disse que vocês estão bem próximos ultimamente – Pietro disse quebrando o silencio da mesa

Juliana não respondeu rapidamente, demorou um tempo e então respondeu

- Ele esta sendo bastante legal comigo ultimamente – respondeu sem encará-lo

-Hum... – gemeu

O silencio voltou a tomar conta da mesa novamente. Mas Graça resolveu quebrá-lo

-Ah Ju, chegaram algumas cartas da faculdade pra você

- Serio tia ?

- Sim, está em cima da mesa ali – Graça indicou o local e Juliana saiu correndo para buscá-los

- Ai meu Deus – disse ansiosa já com os papeis nas mãos. Começou a abri-los e quando abriu o que te interessava e leu, começou a chorar

- O que aconteceu Ju ? – Graça perguntou assustada

- EU CONSEGUI TIA , CONSEGUI!

- Você passou?

- SIM!

Juliana sentou-se na mesa novamente e respirando rápido, tentava se acalmar. Ela tinha conseguido passar em umas das melhores faculdades de letras  que havia no país. Tinha enviando sua inscrição no começo do ano letivo e como faltava apenas quatro meses para se formar, havia se esquecido dessas inscrições. Com sua vida um pouco fora de ordem, ela desistira de receber a resposta ou já estava aceitando um ‘‘não’’ da faculdade.

- Ah Ju , parabéns querida – Graça a abraçou forte – Estou contente por você

- Já estava quase me conformando com um não

-Mas você nunca mencionou que queria fazer faculdade em outra cidade para nós – Pietro disse

- Eu tinha enviado as inscrições no começo do ano letivo, mas ai aconteceu tanta coisa na minha vida que acabei esquecendo-se disso

-Hum... Parabéns – Pietro disse e depois se levantou, saindo da cozinha e subindo para o quarto

-Vai ser difícil – Graça comentou

- A culpa não é minha tia

 - Eu sei querida, eu sei

Depois de almoço, Juliana ajudou sua tia na arrumação e depois subiu para seu quarto. Ao abri a porta, encontrou Pietro deitando em sua cama brincando com um ursinho de pelúcia

- Pois é amigo , ela vai nos abandonar – comentou quando percebeu que a menina entrou no quarto

- O que você está fazendo aqui ?

- Desabafando com meu novo amigo – mostrou o ursinho – Excelente ouvinte

- Serio?

- Eu que te pergunto – Pietro sentou-se na cama e encarou Juliana – Então é assim ?  Brigamos, agimos como estranhos e depois fico sabendo que você vai embora?

- Não brigamos, você brigou comigo. Não me deu a chance de explicar nada e ainda me magoou. 

- Você tem idéia do que é saber que você é adotado, e que seu melhor amigo e namorada sabia e simplesmente esconderam isso ?

- Eu não tinha o direito de falar isso para você, mas o grande inocente e dramático não entendeu isso e foi falando coisas que não sabia o peso que iria ter

- Me arrependo por ter dito aquilo. Eu estava com a cabeça quente

- Pelo menos isso – Juliana andou ate sua janela e respirou fundo, tentando não chorar – E sobre a faculdade, eu não sei se realmente vou

- Mas você estava toda feliz lá embaixo que eu achei que...

- Eu tomei aquela decisão antes dos meus pais morreram , porque era isso que minha mãe queria. Que eu me formasse em letras e pudesse dar aulas, já que era isso que ela fazia. Eu adorei a idéia, porque sempre amei letras e tinha vontade de ser escritora. Mas ai ela morreu...

-Sinto muito

- Eu também – Juliana voltou a encarar Pietro e ele sorriu pra ela, de forma que ela também sorrisse

- Senti sua falta

- Eu também senti a sua

Pietro caminhou ate Juliana e ao se aproximarem, deu-lhe um abraço forte e confortante. Ambos sentiam aquela necessidade de sentir o corpo quente do outro, ouvir a respiração de perto, o coração acelerar, o perfume sendo inalado. Precisavam um do outro

- Me desculpe por agir daquela forma no acampamento, de ter dito aquelas palavras para você

- E eu por ter sido curiosa o bastante para descobrir uma coisa que não era da minha conta

-Mas pensa pelo nado positivo... Não somos mais primos

- Exatamente

Pietro acariciou o rosto de Juliana e finalmente pôde beijá-la. Sinta-la novamente o fez saber o porquê ela era a garota dos seus sonhos e da sua vida.