-Ju?

- Oi Lary

- Você precisa comer

-To sem fome

Juliana estava hospedada na casa da Larissa havia quase uma semana desde que Pietro descobrira tudo. Não tinha coragem de olhar para sua tia, de encarar Pietro, de ficar na sua própria casa. Foi embora naquela mesma noite da discussão. Sua tia a culpava por ter sido curiosa, e de uma forma, ela estava certa. Não tinha o direito de ter mexido onde não devia.

Quando saiu de casa, saiu às escondidas. Pietro estava no seu quarto e sua tia também. Procurou fazer o mínimo de barulho possível e então resolveu ir pra casa da Larissa. Mesmo sua tia estando com raiva, telefonou para saber se a sobrinha estava lá. Sabia que estava, pra onde mais Juliana iria?

Pietro estava sem ir à faculdade. Bruno contara que ninguém tinha notícias deles. John e Guilherme tentaram falar com ele, indo ate sua casa, mas ele sempre se recusava a conversar e pedia pra eles irem embora.

Graça havia contando tudo a Pietro. Ele passou pela fase de negação, raiva, questionamento e estava entrando no estagio de aceitação. Sabia que sua mãe biológica não tivera culpa por ter morrido no parto, e muito menos Graça. Mas sentiu-se enganando e Graça não pode culpá-lo.

- Você não come desde ontem à noite, vamos logo – Larissa puxou a menina da cama- Minha mãe fez uma torta maravilhosa, e eu tenho certeza que você vai amar

- Chata!

Estava tudo diferente. Juliana estava abatida e perdera alguns quilos durante aquela semana. Não sentia vontade de fazer nada. Ia pra escola por ser obrigada e também por ser seu ultimo ano. Estava com saudades de casa, da sua tia e principalmente de Pietro

- Ju, não é querendo te expulsar, mas quando você decidira voltar pra casa?

-Ai Lary – ela suspirou- Eu não tenho coragem de enfrentar minha tia. Ela estava praticamente com ódio de mim. Me culpava e Pietro me acha uma mentirosa

- Mas não é culpa sua. Nunca foi e nunca será

- Mas eu não...

-Escuta – ela segurou o rosto da amiga – Eu só quero que você resolva isso logo. Você está sofrendo por algo que não é pra ser sofrido por você. Está tomando as dores dos outros.

- Vou resolver

Pietro estava andando pelo seu quarto, pensativo e casando por tudo aquilo. Não queria ser um egoísta com Graça. Não queria que as coisas mudassem em nada o relacionamento que tivera durante esses anos todos. Ela foi errada em esconder sim, mas entendia seus motivos. Não a julgava, só era difícil pra ele aceitar aquilo.

Também pensava em Juliana. Ela estava fora havia quase uma semana. Não a via, por não sair de casa, não sabia noticias dela. Não sabia sobre ela estar bem ou não. Estava com saudades, isso era fato. Mas lembrava do fato dela ter mentindo pra ele. Sabia que ela não podia e nem deveria contar isso a ele, já que era uma coisa que só Graça poderia, mas mesmo assim se sentia traído. E se sentia culpado, por ter dito aquelas coisas pra ela no dia do acampamento.

- Juliana?

- Adam? – perguntou surpresa – O que faz aqui ?

Juliana estava sentada perto de uma pracinha que havia no condomínio da Larissa. Já era quase cinco da tarde e o sol começava a se pôr.

- Eu vim visitá-la – ele sorriu e sentou-se ao seu lado – Ver se você está bem

- E como sabia que eu estaria aqui?

- Bruno me disse que você estava passando uns dias na casa dele, então eu deduzi que estaria acontecendo algo

- Obrigada pela preocupação e estou bem

-Certeza?

- Um pouco – ela deu uma risada fraca – E você?

- Irei ficar bem melhor se você me acompanhar em uma caminhada

Juliana e Adam caminharam por quase duas horas. Pararam para tomar um sorvete. Brincar com algumas crianças no parque. Alimentar pombos. Ver os formatos das nuvens. Conversar sobre coisas sem sentidos

- Obrigada pela caminhada Adam – Juliana disse quando chegaram à porta da casa da amiga – Estava precisando

- Estou ao seu dispor – ele fez reverencia, provocando uma risada na garota – Fica bem Juliana

- Ficarei

Adam se aproximou de Juliana e lhe deu um beijo na testa e um abraço forte.

- Boa noite

Juliana viu Adam se distanciar e aquela tarde só a provou uma coisa que ela havia quase certeza. Não importava quem fosse, nunca seria a mesma sensação como era quando ela estava com Pietro.

- Pietro? – Graça entrou no quarto do filho, o encontrando deitando, olhando para o teto – Trouxe algo para você comer

- Obrigado mãe, mas não estou com fome

- Você precisa comer – ela sentou-se ao seu lado e ele a encarou – Está acontecendo mais alguma coisa?

- Sinto falta da Juliana – ele admitiu – Ela é uma chata, mas faz falta

- Também sinto filho – ela suspirou – Mas não posso obrigá-la voltar

- Talvez se a senhora falasse com ela, ela voltaria. Ela está apenas com medo de encarar a senhora e a situação. Ta, ela foi errada, mas não me disse nada sobre isso. Não de uma forma direta. Ela não tem culpa

- Eu sei Pietro – outro suspiro vindo de Graça e o lugar permaneceu em silencio por alguns minutos – Filho?

- Oi

- Você gosta dela, não é mesmo?

- Mãe, eu amo aquela garota.