Peça Por Favor escrita por Juliana Natelli


Capítulo 1
Ética Masculina


Notas iniciais do capítulo

Quando a inspiração bate, a gente não pode evitar, né? Vejo poucas fics hets por aí, por isso vim postar a minha, ainda que eu curta alguns ships yaoi de SP. Bom, vou tentar não deixar o negócio muito vulgar em questão de palavreado, mas é South Park então... Pois é, não há muito o que dizer eheheh
Acho Kybe fofo e pouco valorizado, por causa disso, os escolhi como os principais desta vez.
Ah é só isso, eu acho... Boa leitura, gente!



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Olhem, eu tenho uma boa noção do “certo” e do “errado”, ao menos, na maior parte das vezes. Quer dizer, ao contrário daquele idiota do Cartman, eu não sacanearia os outros a troco de nada (que tal aquela vez que ele me infectou com AIDS só porque eu falei que era uma ironia do destino ele ter pegado? Aff, aquele gordo filho da mãe...). Mas a questão é, ando tendo alguns conflitos de consciência.

Eu desejo a namorada do meu melhor amigo. E isso não poderia ser pior.

Digo, o Stan, apesar das nossas eventuais brigas e tudo mais, é um cara incrível e eu sei que tenho muita sorte por ele me considerar tanto quanto o considero (isso poderia soar um pouco mais gay? É, acho que não.). Mas o que eu posso fazer se ultimamente Wendy Testaburger tem provocado em mim as sensações mais esquisitas desde a vez em que notei que a Bebe tinha peitos? Pois é, não consigo simplesmente ignorar.

Tudo começou há uns três meses, bem no fim do ano escolar. Eu havia estudado muito para as provas finais e estava bastante confiante, apenas esperando que as folhas de perguntas fossem distribuídas.

Wendy, que se sentava na minha frente, se virou para falar comigo. Cara, eu não estava esperando por aquilo que me atingiu.

Primeiramente, eu notei como os cabelos negros feito ébano dela contrastavam de uma maneira impressionante com aquela sua pele branca. Os lábios, naturalmente avermelhados, eram tão bem delineados e formavam um gentil sorriso na minha direção. Então, havia seus olhos. Tenho certeza de que o Kenny diria que toda essa descrição é a maior boiolagem, mas foda-se. Os olhos dela eram os mais azuis que eu já havia visto. Como não notara antes?

Não sabia por que aquela avalanche de detalhes tinha sido absorvida pela minha mente naquele segundo, naquele momento em especial. Eu só sabia que havia ficado completamente perdido na beleza de Wendy.

– Kyle? Kyle! – ela me chamou com a voz elevada, um vinco leve se formou entre suas sobrancelhas.

– Hã? O quê? – despertei do transe.

– Eu perguntei se você tem um lápis para me emprestar. O Clyde pegou o meu na aula de Literatura e não devolveu.

– Ah claro – eu prontamente revistei o meu estojo. – Aqui está – estendi o objeto para ela.

Wendy sorriu mais uma vez.

– Obrigada, Kyle. Daqui a pouco, eu devolvo – pegou delicadamente o lápis da minha mão e se endireitou na cadeira.

Eu fiquei parado por uns bons dez minutos sem nem piscar, mesmo quando já haviam colocado a prova sobre a minha mesa.

Mas que porra fora aquela? O que havia dado em mim? Era só a Wendy, namorada de longa data do Stan. Eu já a havia visto umas mil vezes e inclusive já havia saído com ela quando estávamos em grupo. Não era nenhuma novidade, ou pelo menos, não devia ser. Foi quando entendi.

Mais cedo naquele mesmo dia, eu estava discutindo com os caras sobre o motivo de eu ainda estar solteiro, ou, como disse o Cartman:

– Porque você é um judeu virgem e feio pra porra.

– Cala a boca, Cartman!

– Que é, Kahl, não se lembra daquela “lista”?

– Estávamos na quarta série e isso já foi esclarecido. Foi uma armação das meninas.

– Mesmo assim, você sabe que eu tenho razão. Dá só uma olhada nesse nariz de judeu!

Grunhi irritado, escondendo o nariz com as mãos.

– Anda, Kyle, vai mesmo escutar o Cartman? – Stan perguntou, revirando os olhos. – O motivo de você estar sem namorada é que ainda não encontrou a garota certa.

– Hmmp rhmp hmmrp – adicionou Kenny, mas eu não entendi droga nenhuma, aliás, ninguém entendeu.

Ele tirou o capuz do rosto, um pouco incomodado.

– Preferia quando vocês entendiam o que eu falava.

– Foi mal, cara – Stan deu os ombros.

– Eu disse que o Kyle devia sair com alguém tipo ele.

– Como assim? – questionei.

– Acho que entendi o que o Kenny quis dizer. – Falou Cartman. – Você tem que procurar por uma nerd deslocada, irritante, que liga pra coisas inúteis e que seja estraga-prazeres. Bom, com essa descrição, eu só consigo pensar em uma garota do nosso ano.

Rolei os olhos, cruzando os braços.

– E quem seria?

– A Wendy Testaburger, é claro.

– O quê!?

– Você é idiota? Ela é minha namorada, seu cretino! – logo disse Stan, cerrando um punho e o erguendo para que Cartman visse.

– Calma aí, Stan! Eu só estava dizendo... Afinal, os dois são aqueles que eu mais odeio nessa escola e, por acaso, eles têm características em comum o suficiente.

Stan e Kenny riram com desdém.

– Até parece! E outra coisa, mesmo que eu não estivesse mais com a Wendy, Kyle nunca ficaria com ela.

– E por que isso? – perguntei sem processar direito. Apenas havia sentido uma provocação para o meu lado. Que é? Eu não era bom o bastante?

Kenny e Stan se entreolharam, depois meu melhor amigo ergueu uma sobrancelha para mim como se fosse tudo muito óbvio.

– Qual é, cara. Você não pode namorar uma ex de um amigo seu.

– É a regra número um – completou Kenny.

– Ah sim, eu sei – falei rapidamente, tentando retificar meu erro.

Não, é claro que o Stan não queria dizer que eu não servia para namorar a Wendy. Era apenas um dos princípios básicos da ética masculina. E eu havia prometido há muitos anos para ele que jamais faria uma coisa daquelas, além de tudo. É, Wendy era um fruto proibido.

– Sendo assim, você vai morrer um judeu virgem, Kyle – declarou Cartman e eu me segurei para não virar um soco na cara dele.

Então, passei as horas seguintes refletindo. Cartman podia ser um idiota, mas, em parte, ele tinha mesmo razão. Eu e Wendy nos dávamos bem. Ela era muito inteligente e eu tinha as melhores notas da classe, até estudávamos juntos de vez em quando. Ela se importava com causas relevantes e eu achava aquilo fascinante. Além disso, éramos as pessoas mais importantes para o Stan e isso devia ser porque tínhamos traços em comum, não é? E, para completar, ambos odiávamos com fervor o Cartman (aquilo com certeza rendia alguns pontos). Enfim, a Wendy era uma ótima garota.

Mas... Será?

E, foi após todo aquele tempo pensando em suas qualidades, que eu coloquei meus olhos sobre ela na hora da prova de Cálculo. Uma luz completamente nova a iluminava. Wow, eu nunca havia reparado direito na Testaburger antes, como era possível?

Cara, o Stan era mesmo o garoto mais sortudo da escola. Ela era maravilhosa.

Logo percebi que estava ferrado. Eu não podia estar afim da Wendy. Eu não deveria estar.

Mas que merda.


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Notas finais do capítulo

Bom, caso encontrem algum erro no decorrer da fic em relação ao show, me desculpem pois faltam episódios para eu terminar de ver tudo hihi Reviews são sempre muito bem vindos, então não se acanhem e me digam o que acharam :D Só leva um minutinho!
Bjooos!