Because Of You

"Tenho o horrível dom de não ver maldade nas pessoas"

Quando abro a porta de casa desabo em lágrimas, sinto uma dor de cabeça me invadir e sento no banco da cozinha até eu conseguir andar. Subo as escadas e deito na minha cama com os olhos fechados, então vejo que minha porta foi aberta e eu me sento abrindo os olhos.

- Eu não pedi pra você pedir comida em casa? - é meu pai, ele parece estar furioso - Será que você nega a me respeitar?

- Pai...olha...me desculpa - falo em pausas tentando controlar minhas lágrimas - Eu já voltei, não vai mais acontecer.

- Quem você quer ser Madison? Uma menina que vive na rua festando? - ele grita comigo e eu respiro calmamente.

- Olha pai, eu estudo pra caramba, fui me descontrair um pouco - levanto da cama - Meus amigos estavam lá e eu me diverti.

- Eu e sua mãe nunca fomos para nenhuma festa, ficávamos estudando dia e noite, a gente se esforçou, e você? Está se esforçando bastante? - ele pergunta cruzando os braços - Será?

- Eu realmente me esforço sempre pai, só você que não percebe pois está muito ocupado com o seu trabalho e nunca presta atenção em mim - começo a chorar - A mamãe me dava atenção.

- Mas ela não está mais aqui Madison!! Ela não está e eu tenho que fazer trabalho dobrado - ele se acalma - Eu que preciso cuidar de tudo, do seu futuro...

- Eu sempre quis ser médica, mas se for pra você não reconhecer o que eu faço por isso, eu desisto - tento refletir o que eu acabei de falar - É isso ai, eu desisto - sinto minha bochecha esquentar e percebo que pela primeira vez meu pai me bateu.

- Acho bom que você honre seu futuro Madison - ele sai e bate a porta.

Começar a chorar descontroladamente e penso que talvez eu possa estar desistindo do meu futuro. Tento imaginar o que causou isso em mim, então na minha cabeça vem Justin. Lembro dos beijos que ele me deu essa noite. Penso nas minhas notas do ano passado e de como eu e meus amigos falamos das preocupações do futuro. Mas eu vou mudar, não quero me esforçar para o meu pai jogar na minha cara que eu não me dedico. Talvez eu queira curtição, igual Justin disse. Essa não, ele está me mudando por completo.

Vou ao banheiro e jogo água no rosto, então me olho no espelho e todo o meu lápis está escorrendo pelas minhas bochechas. Meus olhos estão inchados e pretos, e eu estou realmente um lixo. Ninguém mandou você se entregar Madison, penso, olha o que uma pessoa pode fazer com você. Minha cabeça continua estourando, me apoio no vaso sanitário e coloco pra fora tudo que eu não tenho no meu estômago, então me retiro e me jogo na cama, e na mesma hora durmo.

(...)

No dia seguinte acordo um pouco melhor e dou graças a Deus que hoje é sexta-feira. Olho no relógio e acordei um pouco mais cedo, falta duas horas para as aulas começarem, então eu tenho certeza que meu pai não está em casa e desço as escadas. Abro a geladeira e vejo um grande bolo de chocolate me chamando, nem ligo pelo fato de ser seis horas da manhã, e ataco ele. Como ele inteiro e lavo a louça, pensando porque eu tinha comido tanto por causa de um impulso.

Me troco sem tomar banho mesmo e vou em direção ao ponto de ônibus, então Math Rupert vem em minha direção e antes mesmo que ele possa começar eu interrompo.

- Cara, me da um tempo ok? Não quero saber da sua coleção nem de seus video-games - dou um sorriso de lado e continuo com minhas música no Ipod. Ele me olha estranho, mas não fala nada.

Todo o percurso da escola eu me mantenho calada, não falo bom dia para o motorista e ele não dirige uma palavra para mim. Avisto Julie de longe, me esperando, então eu dou um abraço nela e ela retribui.

- Oi Mad, você tá com uma carinha estranha - ela para de andar e me olha - aconteceu algo?

- Não Ju - só falo isso - Quando você vai cair na real e ver que você não consegue mentir pra mim? - ela parece zangada

- Eu beijei Justin - ela parece espantada - é isso ai, eu beijei ele. Cheguei tarde em casa e percebi que meu pai não reconhece meu esforço para seguir a carreira da minha mãe e ainda levei um tapa na cara. Cansei de ser uma garotinha certinha, e não tente mudar minha decisão.

- Mas... - Julie está sem fala, ela não sabe o que me responder - você sempre quis ser médica e ser igual sua mãe, você não pode desistir por um menino e porque pessoas duvidam de você - ela pega na minha mão

- Não é uma pessoa que duvida de mim, é meu próprio pai - sinto escorrer uma lágrima, mas logo a seco, não vou mais chorar, nunca mais - e talvez eu queira curtição.

Saio andando em direção ao meu armário, Julie por algum motivo me deixa ir sozinha. Será que ela vai desistir de mim?