Meredith

No almoço me encontrei em uma situação horrível, não sabia com quem me sentar... Eu só vi no fim da cantina uma mesa obscura, Andrew estava lá, sozinho. Com o pânico na minha cabeça, eu me aproximara da mesa e perguntei se poderia sentar convosco, ele confirmou com a cabeça.

Sem assunto. Foi assim o meu almoço, eu não quis puxar assunto primeiro por que sou horrível e começaria a falar besteira, segundo não queria incomodá-lo, eu já tinha sentado sem ser chamada e depois ficar puxando assunto iria ser muito chato...

As aulas depois do almoço foram bem tranquilas, não falava com ele, nossa comunicação era através de sorrisos, eu deixava uma folha em branco na mesa dele, ele olhava para mim, sorria e eu retribua.

Quando a aula acabou eu não quis ir embora logo, eu queria esperar um pouquinho para ver se eu conseguia me comunicar com alguém, ou ver a Lilian. Quando avisto o Andrew me sinto na obrigação de falar com ele.

–Oi – falei baixo, olhando para o chão

– Oi, volta a pé também? – Ele perguntou meio sem graça

Confirmei com a cabeça, não devia ter ido falar com ele...Não sei mais o que eu falo.. Antes de me despedir ele me faz uma pergunta bem simples, mas que me encheu de esperança de que ele não me odiava:

– Você mora para onde? Se for por aonde eu vou a gente podia ir junto ... Só se você quiser, é claro.

– Quero sim, eu vou reto e só dobro no fim da rua ai vai indo até chegar ao meu prédio.. E você? Acho que você não entendeu bem o caminho – Respondi sem jeito

– Entendi sim, é o mesmo caminho, mas duvido que você more no meu prédio... Não tinha nenhuma vaga , mas vamos indo. Ou você quer esperar algo?

–Não, quero chegar logo em casa, já são 15:00 vou fazer a tarefa, lanchar e dormir um pouco, procurar um horário de jazz para mim e ai vou ficar livre por hoje.

Começamos a andar, estávamos no silencio então sugeri um jogo:

– O jogo da pergunta. Por exemplo : Eu te faço uma pergunta, você responde e daí é sua vez , é um jeito da gente se conhecer melhor.

– Mas eu começo. Por que você se mudou para um subúrbio em Nova Jersey ?

– Por causa do trabalho da minha mãe. Doce ou salgado?

– Salgado.. Lógico! Bem melhor do que doce

– Como você pode preferir doce ao salgado? Seu estranho! - Brinquei empurrando ele.

– Ei! Sou eu que faço a pergunta agora. O que achou da escola hoje?

– Terrível. Ninguém falou comigo. Fiz uma cara de triste e depois sorri para ele. Reparei o quanto ele era mais alto do que eu, eu batia no ombro dele.

– Sei como é, nunca falam comigo também, eu não gosto deles. Sua vez.

Viramos a rua, já dava para ver o meu prédio de longe.Que triste queria falar mais com ele.

– Já repetiu o ano? – Perguntei pelo tamanho dele

– Não, nem fiquei para recuperação. Por quê? Tenho tanta cara de burro assim?

– Não é por que você é muito alto, ou eu que sou baixa?

– É você que é baixa. Matéria que menos gosta?

– Magoou.- fiz um biquinho e depois comecei a rir- química. Matéria preferida?

– Matemática, “ta bom” você não é taao baixa assim.

–Matemática?? Eu sou péssima em matemática, como você pode gostar de matemática?

– É muito legal. Gosta de Pizza?

–Ei é minha vez! Não é justo.

– Não mesmo senhorita, você me perguntou como eu podia gostar de matemática.

–Chato! Ei esse é o meu predio, tchauzinho, e não, eu não gosto de pizza.

– Eu também não. Ah serio?O meu é esse do lado, tchau.

Entro na portaria... O que foi tudo isso? Eu acho que encontrei um amigo, meio confusa com o que havia acontecido, procuro a chave na minha bolsa, destranco a porta. Reparo que o lanche da tarde está na mesa com um bilhete :

“Filhota tive que ir ao meu trabalho rapidinho, aproveite os bolinhos”

Ela tinha feito biscoitos e bolinhos, antes de começar a comer eu vou tomar um banho.Depois de sair do chuveiro e de vestir uma roupa casual eu reparo que no prédio do lado tem um menino, parece o Andrew. Resolvo me aproximar para saber se realmente é.

– Andrew?

– Ah... Oi, nossa dá... Para a gente se falar pela as janelas.Er... Eu vou lanchar... Tchau

Continuei olhando para a janela até ele fechar as cortinas, não deveria ter falado com ele, deve ter se sentindo envergonhado, vou pedir desculpa amanhã, mas por hoje eu só vou lanchar, fazer as tarefas e dormir. Não quero buscar horários de dança na minha nova academia perto daqui, só começa próxima semana, busco mais tarde.

Lanchei os bolinhos e os biscoitos, tenho que agradecer á Deus por uma mãe tão maravilhosa e que sabe cozinhar muito bem, começo o dever de casa, por que matemática é tão difícil? Escuto um ruído na porta, minha mãe chegando, ela me dá um beijo e rouba um bolinho do meu prato, peço ajuda no dever que não dá para fazer.

Depois de fazer todo o dever de matemática, permito-me dormir 10 minutinhos depois eu conto a minha mãe como foi meu primeiro dia de aula.