Andrew

Saí da casa da Meredith, o clima estava meio estranho e pesado, a mãe dela estava chorando, então eu caminhei até a minha casa, até que eu percebi que minha vida estava totalmente perfeita. Eu tenho uma namorada perfeita, eu não uso mais drogas, graças a Meredith eu parei e fazia uns dez meses que eu usava.

Cheguei a casa, mas o meu pai estava no trabalho, ele é médico e estava de plantão, a nossa empregada, que conseguiu organizar o meu quarto e manter ele assim, a Jane. Ela tinha feito vários lanches.

Não tinha muito que fazer em uma sexta a noite com o meu pai dando plantão, então eu resolvi começar a ler um livro, eu sempre quis lê-lo, mas sempre tinha algo a fazer. Quando se passaram uma hora e meia, decidi ligar para o Stan, ele ia sair com a amiga dele. Aquela que encontramos no parque.

– Fala Andrew!

– E ai Stan, para onde você vai leva- lá?

– Acho que... Eu não sei! Praia?

– Não! Tenta um boliche ou pizzaria, algum lugar que você possa relaxar e conversar com ela á vontade.

– Tudo bem então. Espero que você esteja certo!

– Stan! Você continua fazendo... Bem... O que você fazia?

– Não com tanta frequência, mas eu não faço mais filhos, só bebo... Algum dia eu paro, quem sabe?

– Bem, eu só te desejo boa sorte.

Eu desliguei o telefone e vejo a Madison chegando de algum lugar, seus olhos estavam vermelhos e inchados como se ela estivesse chorando. Seu cabelo estava com aparência bagunçada e seu olhar desesperado. Assim que ela me viu, me abraçou muito forte e começou a chorar no meu ombro.

– Madison! O que foi?

– Eles... Por quê?! – Ela soluçava bastante e as palavras saiam desorganizadas e abafadas.

– O que foi que aconteceu?

– Os... Pais... Volt.... Hoje.... Avião

– Madison, você tem que se acalmar.

Eu estava muito desesperado, nunca havia visto minha prima daquele jeito, ela sempre fora muito alegre e vendo o lado positivo, o que havia acontecido realmente era bastante grave, quero muito ajudá-la.

– Vamos Madison, respire fundo.

– Os meus pais.

– Certo, seus pais, o que têm eles?

– Eles iam voltar hoje.

Nesse momento ela começou a chorar mais do que o normal, saiu dos meus braços e foi de encontro com o chão, fazendo com que ela batesse o joelho muito forte no solo, mas isso não importou, ela continuou a desespera-se e chorar. Então eu entendi tudo, seus pais estavam mortos. O avião deve ter caído em algum lugar.

– Madison! Tudo vai dar certo.

Eu não tive vontade de chorar, eu nunca os conheci direito e há cinco anos eu não conversava com eles, tinha uma magoa deles, pois eles fizeram com que a Madison esperasse um mês que se estendeu para quase oito meses morando conosco.

Liguei a televisão, em todos os jornais falava a mesma coisa, um incidente onde várias pessoas morreram, famílias foram destruídas, sonhos acabados, esperanças estraçalhadas, eu nunca consegui lidar muito com mortes, nem consolar alguém com elas.

Eu dei um calmante para a minha prima e sai do meu quarto, tinha que explicar a situação para o meu pai, ele teria que reformar o gabinete para virar o quarto dela, eu nunca deixaria que ela dormisse para sempre no meu quarto.

– Pai?

– Oi filho. O que aconteceu?

Expliquei toda a situação para ele, meu pai não iria reagir tão surpreso, ele não falava com a sua irmã desde que eles eram adolescentes, a mesma é mãe da sua sobrinha preferida. Os meus outros tios poderiam ficar mais chateados, mas não é o caso do meu pai.

– Ligue para os seus tios se eles ainda não souberem e depois para o arquiteto, precisamos de um novo quarto para a nossa sobrinha, e você do seu quarto de volta.

Todos os irmãos dos meus tios já sabiam do ocorrido, então só liguei para o arquiteto, para fazer algo espontâneo, alegre e despojado, sem muito espaço para fotos com porta retratos escritos algo de família, pois o que ela não precisava era ser lembrada do fato.

Meu pai a transferiu imediatamente para a minha escola e eu tive que ir à mesma pegar o seu uniforme, chegando lá, eu busquei a sua saia azul xadrez, seu casaco preto, sua blusa branca de mangas compridas, mas eu não consegui imaginá-la com eles, só conseguia imaginar a Meredith nele, confesso que não paro de pensar na minha pequena.

Foi tudo muito rápido, depois de uma semana, Madison estudava no meu colégio, era órfã, praticamente minha nova irmã, e seus moveis chegariam hoje, então, em vez de passar uma sexta com a minha namorada, vou ter que ficar colocando mobílias no quarto de uma prima minha.

O quarto era realmente lindo, branco com alguns detalhes verdes e lilás, com várias estantes, pois ela amava ler, tinha uma mesa para ela estudar, um tapete prata este era totalmente confortável, uma televisão e um sofá, confesso que o seu quarto era muito mais legal e bonito do que o meu, mas ela não tinha a melhor qualidade. Uma ligação externa com o quarto da Meredith.

– Andrew! Anda logo! Empurra esse sofá, eu não tenho o dia todo, só por que você anda pensando na Meredith, você não quer mais trabalhar!

– Eu estou indo, já estou colocando! – falei rindo.

Assim que eu terminara de falar, meu pai apareceu na porta da sala, ele se encontrava com um olhar apaixonado, mas eu não sabia ao certo a razão, talvez uma mulher, ou uma promoção.

–Pai?! Por que anda assim? Está todo apaixonado, todo errado, é bastante engraçado!

– An?! Eu? Está enganado. Eu estou completamente normal.

– Aham... Quem é ela?- perguntei desconfiado.

– Só a pessoa mais linda da cida.... Ninguém! Que mulher?!

Comecei a pensar em uma mulher na nossa casa, se eu conseguiria chamá-la de mãe, se ela faria o melhor para o meu pai. Seria perfeito.