The Darkness is Coming escrita por Liran Rabbit


Capítulo 5
Quando a moral de "certo" e "errado" entra em conflito




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Três dias. Três dias tinham se passado depois de ter esbarrado com a filha da Grande Mãe Natureza no polo, ficando nervoso ao vê-la, ansioso com o poder dela o machucar ou que ela jogasse sua ira sobre si. 

Temia as palavras da mãe dela, com o que a mesma quis dizer em “conversar” com Karma. Ele tinha medo dela em sofrer uma consequência, de pagar com algum erro do passado, mas ele tinha um medo maior com o que poderia falar. 

Agora ele estava novamente no polo, reunido com Norte e a Fada, incluindo Sandman que chegou atrasado por conta da sua soneca fora de hora, além de que seria ele a contar e explicar toda a situação alarmante, ou melhor, o plano emergencial. 

Norte parecia o mais empenhado em procurar uma solução enquanto Fada voltava a sua forma natural e selvagem antes de ter sido encontrada pelos guardiões e Coelhão tentava ser amigável com a neta do inimigo, ou uma das raízes do inimigo. 

— Então são essas nossas alternativas? – Fada olhava para Sand e Norte assustada, com olheiras profundas e suas mãos tremulas – Essa ideia foi mesmo sua, Sandman? – Fada olhou para o homenzinho de areia, esse da qual recuou. 

— Não concordamos com essa ideia, não é, Sandy? – Se enfatizou em suas palavras em um tom sério, parecendo realmente o antigo cossaco russo e burro que Coelhão encontrou em batalha – Não queremos que nenhum dos dois se machuquem ou se sacrifiquem, nem mesmo queremos ofertar que tal coisa aconteça para eles ao jogarmos a realidade de tais acontecimentos. 

— Jack acha que está morrendo, Norte – Fada voltou a falar, incrédula para o homem grisalho – Por todos os molares, ele ainda é um menino!  

Quantas vezes Coelhão não depreciou a imagem de Jack na própria face, jogando e falando mal dele por ele simplesmente querer atenção ou que fazia o que ele nasceu para fazer que era se divertir. 

Agora o garoto estava depressivo com a própria situação, tinha praticamente aceitado o desastre que aconteceu a si e nem mesmo argumentava contra aqueles que tentavam ajuda-lo. Ele apenas... Estava presente, não vivo. 

Recordou da menina humana da qual resgataram e da sua ideia e descoberta do Rei dos Pesadelos, do aparecimento da Mãe Natureza e de que Breu ainda era um guerreiro da antiga e extinta tropa lunar. Bem... Ele ainda era aquele homem honrado, mas estava ainda dominado pelos medonhos até então os fracos pesadelos. Breu foi infectado, mas não curado por completo, mas Jack se encontrava quase na mesma situação, mas de forma mais lenta. 

Coelhão até mesmo recordou para que Jack controlasse o que ele falava de Karma, tudo o que ela poderia fazer o afetaria e o machucaria ainda mais, se ela pudesse dar esperança ao menino, mas nem Coelhão conseguia ser esperançoso e... 

Então uma ideia surgiu em sua cabeça, arregalando o olhar por ter pensado tal coisa apenas com as sugestões absurdas de Sand e Norte para os dois casos em suas mãos. 

— Precisamos de esperança... – Sussurrou e Fada parou de rebater argumentos com Norte e Sandman tinha um ponto de interrogação no topo da cabeça – Precisamos que ela tenha esperança. 

— Mas você é o guardião da esperança, Coelhão – Norte falou confuso. 

E Coelhão sabia disso, por isso, naquele momento ele entendeu o que a Mãe Natureza quis dizer na toca. Claro que ele ainda tinha medo de Karma e de sua força, mas no futuro que a viu nascer e crescer, ela não era a maldade, ela era aquilo que as pessoas demostravam. 

Se fossem maldosos, o pior aconteceria. Se fossem esperançosos, frutos teriam. 

 – Mas enquanto ao Jack? – Fada perguntou, voltando ao assunto anterior, o olhar preocupado e suplicante ao amigo para alguma resposta milagrosa. 

— Um de cada vez... – Tentou tranquiliza-los, tossindo levemente e respirando fundo – Tenho uma solução, não tão firme já que não entre no fluxo temporal para ter toda a certeza... E não é seguro – Mentiu, não queria contar que a Mãe Natureza impediu sua passagem para ver o futuro de Karma – Mas iremos precisar de uma ajuda além de Karma e a minha esperança. 

— Você já está me deixando confusa – Fada falou, os braços cruzados enquanto encarava Norte. 

— Karma precisa falar com o avô dela – Contou e Norte deu uma gargalhada alta, mas muito alta e forçada – Isso nem é uma risada. 

— É verdadeira! – O velho Norte falou, seu rosto ficando serio olhando para Coelhão – Nada do que eu contei você prestou atenção? Você quer mata-la? 

— Nós não quase matamos o Breu a séculos atrás? – Reforçou, alterado e avançando contra Norte, mas contido com a areia de Sandman que o segurava – Nós quase viramos o que os pesadelos o tornaram, Norte! 

— Você acha que vamos arriscar uma vida inocente de novo para por uma ideia tola em prática? 

— E as suas ideias com a do Sand? Eu sugeri que ela conversasse com o Breu e não se tornasse aquilo que todos temem – Zombou, vendo a face do Norte ficar neutra. 

— Você não conversou com ela sobre isso não é? – Franziu o cenho e Coelhão recuou – Você vai usar os poderes dela sem ela saber? Você vai usar ela, sabe disso. 

— Ela não precisa saber... – Negou – Precisamos salvar a mãe dela e do Jack. 

— Não seria melhor contar para ela? Ela mesma sabe que é poderosa, poderia nos ajudar – Fada comentou, olhando para ambos. 

— O efeito deve ser mais eficiente caso ela ache que é involuntário... – Coelhão exemplificou – Ela vai vir atrás de nós perguntar se não tem uma maneira de tornar o sofrimento da própria mãe menos doloroso e iremos contar a ideia dela conversar com o Breu. 

— Acha que alguém como ele irá nos ajudar? – Norte perguntou, descrente – Você acha que isso vai dar certo? 

— Eu não acho nada, eu tenho certeza – Afirmou convicto, sorrindo no final – Eu vou conversar com ela – Declarou, se retirando usando uma de suas tocas, adentrando antes que Norte começasse outra discussão. 

Ele sentia quando a Mãe Natureza queria ser encontrada, sentia quando ela permitia isso principalmente a ele. Iria ajudar o seu amigo, a grande guardiã da Terra e ainda acabaria com essa era das trevas. 

O santuário da Mãe Natureza ficava afastado dos humanos, às vezes em lugares paradisíacos e cercado pela flora e outro mais simples cercados pela urbanização, mas ela estava justamente no local onde Karma tinha nascido. Talvez Coelhão tivesse esquecido como a Mãe Natureza aumentava seu tamanho quando estava mais saudável, mas isso não parecia intimidar Karma nem um pouco quando ela se balançava em galhos que a mãe criava. 

Ela se divertia já que pareciam ser poucas as vezes que conseguiam se ver. 

— Mais alto, mãe! – Ela pedia, mas com Coelhão se aproximando, a Mãe Natureza abaixou seus galhos com a intromissão – Mamãe? 

— Creio que você tem uma visita, minha querida – A voz dela também mudava, se tornava mais grossa e se misturava com um tom masculino e outro um pouco mais infantil. 

Quando Karma chegou ao chão, ajeitou suas vestes com a ajuda da mãe, sorrindo abobada para o pooka.  

Ela andava descalça até ele, o olhar com expectativa e curiosidade clara com o interesse dele em estar ali, afinal, a própria mãe dela falou que a visita era para Karma e não para ambas. 

— Creio que deixei tudo em ordem no polo – Karma falou – Tem algo de errado? – Perguntou e de soslaio, Coelhão olhou para a mãe dela, vendo a mesma diminuir de tamanho. 

— O quê? Não, claro que não – Falou, dando uma risada – Por que teria algo errado? 

— É que ninguém vem me visitar quando volto para casa – Sorriu e Coelhão conteve mais as palavras – Ninguém é meu amigo no polo, todos são apenas gentis por causa da minha mãe – Comentou. 

— Bem, eu não sou apenas gentil e poderia ser seu amigo caso você deixasse – Contou e o sorriso dela cresceu ainda mais – Não notei sua presença no polo, achei que poderia vê-la por aqui caso isso não a incomode. 

— De jeito nenhum! – Sorriu, eufórica – Visitas sempre são bem vindas, principalmente para amigos, amigos novos também. 

— Peço desculpas pelo susto que dei a você alguns dias atrás, não foi minha intenção. 

Não foi intenção, mas ele poderia deixar na cara que tinha medo dela quando na verdade, se precisasse conversar com Karma, ela não teria aceitado essa desculpa tão facilmente. 

Mas ali ele sentia o efeito dos poderes dela. Ele a deixou feliz e por consequência, sentia uma felicidade preencher seu peito. Ele deveria dar esperança a Karma e convence-la a conversar com o Breu, mas ela deveria ainda mais ajudar ao Jack. 

— Aquilo? Não foi nada, eu estava de bobeira – Deu de ombros, sem graça e a Mãe Natureza apareceu ao lado da filha, tocando seu ombro – Mãe, o Coelhão é o meu amigo – Contou alegre e ele sorriu para ambas. 

— É mesmo? Espero que essa seja uma boa amizade – Felicitou, sorrindo e deixando um beijo casto na testa da filha – Irei sair, minhas forças estão perdendo controle no sul do Japão e apenas minha presença para acalmar os ânimos. 

E com essa despedida ela os deixou, mas pelo olhar, ela sabia a intenção ou desconfiava do que o Coelhão queria. 

Isso o assustou e não o fato de que os sentimentos de Karma estavam em jogo. 


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Notas finais do capítulo

Eu quis adiantar esse capítulo, agradecer de novo as pessoas que estão acompanhando e lendo a fanfic, apenas por isso eu fico extremamente grata! Espero que tenham gostado e nos vemos em breve.



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